As dificuldades
do Estado de Minas Gerais se deparam não somente com o contexto interno da
conjuntura política e econômica brasileira que é extremamente desfavorável como
também do gerenciamento do estado como um todo.
Assim, ícones da economia mineira como Vale, Samarco,
Açominas (hoje Gerdau), Acesita (hoje Aperam) e as construtoras Mendes Júnior e
Andrade Gutierrez vêm apresentando atualmente quedas inimagináveis de receitas o
que contrasta com suas trajetórias de sucesso e se defrontam com um quadro
sombrio para curto prazo e médio prazo.
Com
a Fiat (agora FCA) não é diferente, a empresa amarga 50% a menos de carros
vendidos comparados com o ano de 2012, em meio a paralização de produção com
férias coletivas e demissões.
Esse
quadro se torna preocupante quanto à arrecadação pública de estados e
municípios, assim como do cinturão de fornecedores, dos prestadores de serviços
e da agudeza da situação que traz a possibilidade de levar empresas para fora do
estado.
A
produção industrial de Minas despencou 12% de janeiro a dezembro de 2015, um
desastre que ainda se acelera. Em janeiro deste ano, o setor automotivo
registrou um afundamento de 39,8% sobre janeiro de 2015, um dos piores resultados
da história do setor.
Outro
embaraço é que o Estado de Minas Gerais voltou a ter níveis de produção como os
da década de 90, a despeito de a população do estado ter crescido 20% desde
aquela década de glórias.
A crise em Minas registrou 200 mil
desempregados em 2015, e esse número catastrófico poderá se repetir já no
primeiro semestre de 2016 com as dificuldades da economia e também da Usiminas.
Considerada a
estrela da siderurgia brasileira, a Usiminas empresa instalada em Ipatinga, vem
engasgada com dívidas e prejuízos bilionários e ainda se apresenta com
dificuldades de ajuste, embora tenha havido recentemente injeção de recursos
financeiros na empresa.
A
deterioração da histórica siderúrgica de Minas determinou-se não apenas pela
conjuntura adversa e nem pela briga entre sócios – de um lado, os nipônicos da
Nippon Steel, e, do outro, os ítalo-argentinos da Ternium.
Segundo
especialistas a Usiminas vinha se reestruturando com a gestão dos “argentinos”.
As ações na Bovespa chegaram a seu melhor momento, R$ 14, e a credibilidade
protegia a empresa. Entretanto, o acordo entre acionistas foi implodido. O
grupo Ternium, até pela falta de articulação política no Brasil, perdeu a queda
de braço com os nipônicos; os diretores saíram e, de lá pra cá, a empresa
entrou em parafuso com as ações da empresa não valendo 5% do que valiam há dois
anos.
A
dificuldade maior da empresa foi a redução de geração de caixa em 18 vezes, ou
seja, com saldo de liquidez que não cobre um dia de necessidades. Por outro
lado, os bancos exigem um aporte de R$ 4 bi de capital dos acionistas para
diminuir a exposição da dívida e ainda querem avaliar um plano de recuperação da
empresa que, segundo especialistas, ainda não existe, muito embora a empresa
tenha feito um aporte inicial de R$ 1 bi.
Assim,
arranhada com seus sucessivos resultados negativos a Usiminas se perdeu e, por
fim, perdeu também a credibilidade e o crédito. Segundo as empresas avaliadoras
de risco internacionais a empresa se encontra com nota “CCC1” equivalente a empresa
falimentar, o que deve ser revertido com as últimas medidas de injeção de
capitais na empresa.
Portanto,
dificuldades para a Usiminas, dificuldades para a economia do estado e para a
economia de Ipatinga.
Nas ultimas décadas Minas viu suas indústrias de
bens de capital se transferir para outras regiões, principalmente Campinas em São
Paulo. Atualmente o estado é mero fornecedor de produtos semiacabados e por sua
deficiência de infraestrutura e logística em malha rodoviária e ferroviária,
não consegue atrair grandes investidores para o estado.
A situação
declinante da economia de MG é antiga vem de 20 anos. Não tem havido
planejamento de longo prazo e nunca se buscou alternativas para a mineração e a
siderurgia e o que tem sustentado o estado é o que resta de indústrias de bens
de capital, (hoje poucas) e a indústria automobilística além da força inegável
da agroindústria.
As inteligências
da engenharia de MG estão atuando em outros estados e países.
Enquanto isso Bahia,
Paraná e Pernambuco crescem a taxas superiores a de minas e, se mantido este
quadro, o terceiro PIB nacional poderá trocar de mãos.
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