quinta-feira, 9 de junho de 2016

Minas em Questão

As dificuldades do Estado de Minas Gerais se deparam não somente com o contexto interno da conjuntura política e econômica brasileira que é extremamente desfavorável como também do gerenciamento do estado como um todo.
Assim, ícones da economia mineira como Vale, Samarco, Açominas (hoje Gerdau), Acesita (hoje Aperam) e as construtoras Mendes Júnior e Andrade Gutierrez vêm apresentando atualmente quedas inimagináveis de receitas o que contrasta com suas trajetórias de sucesso e se defrontam com um quadro sombrio para curto prazo e médio prazo.
Com a Fiat (agora FCA) não é diferente, a empresa amarga 50% a menos de carros vendidos comparados com o ano de 2012, em meio a paralização de produção com férias coletivas e demissões.
Esse quadro se torna preocupante quanto à arrecadação pública de estados e municípios, assim como do cinturão de fornecedores, dos prestadores de serviços e da agudeza da situação que traz a possibilidade de levar empresas para fora do estado.  
A produção industrial de Minas despencou 12% de janeiro a dezembro de 2015, um desastre que ainda se acelera. Em janeiro deste ano, o setor automotivo registrou um afundamento de 39,8% sobre janeiro de 2015, um dos piores resultados da história do setor.
Outro embaraço é que o Estado de Minas Gerais voltou a ter níveis de produção como os da década de 90, a despeito de a população do estado ter crescido 20% desde aquela década de glórias.
A crise em Minas registrou 200 mil desempregados em 2015, e esse número catastrófico poderá se repetir já no primeiro semestre de 2016 com as dificuldades da economia e também da Usiminas.
Considerada a estrela da siderurgia brasileira, a Usiminas empresa instalada em Ipatinga, vem engasgada com dívidas e prejuízos bilionários e ainda se apresenta com dificuldades de ajuste, embora tenha havido recentemente injeção de recursos financeiros na empresa.
A deterioração da histórica siderúrgica de Minas determinou-se não apenas pela conjuntura adversa e nem pela briga entre sócios – de um lado, os nipônicos da Nippon Steel, e, do outro, os ítalo-argentinos da Ternium.
Segundo especialistas a Usiminas vinha se reestruturando com a gestão dos “argentinos”. As ações na Bovespa chegaram a seu melhor momento, R$ 14, e a credibilidade protegia a empresa. Entretanto, o acordo entre acionistas foi implodido. O grupo Ternium, até pela falta de articulação política no Brasil, perdeu a queda de braço com os nipônicos; os diretores saíram e, de lá pra cá, a empresa entrou em parafuso com as ações da empresa não valendo 5% do que valiam há dois anos.
A dificuldade maior da empresa foi a redução de geração de caixa em 18 vezes, ou seja, com saldo de liquidez que não cobre um dia de necessidades. Por outro lado, os bancos exigem um aporte de R$ 4 bi de capital dos acionistas para diminuir a exposição da dívida e ainda querem avaliar um plano de recuperação da empresa que, segundo especialistas, ainda não existe, muito embora a empresa tenha feito um aporte inicial de R$ 1 bi.
Assim, arranhada com seus sucessivos resultados negativos a Usiminas se perdeu e, por fim, perdeu também a credibilidade e o crédito. Segundo as empresas avaliadoras de risco internacionais a empresa se encontra com nota “CCC1” equivalente a empresa falimentar, o que deve ser revertido com as últimas medidas de injeção de capitais na empresa.
Portanto, dificuldades para a Usiminas, dificuldades para a economia do estado e para a economia de Ipatinga.
Nas ultimas décadas Minas viu suas indústrias de bens de capital se transferir para outras regiões, principalmente Campinas em São Paulo. Atualmente o estado é mero fornecedor de produtos semiacabados e por sua deficiência de infraestrutura e logística em malha rodoviária e ferroviária, não consegue atrair grandes investidores para o estado.
A situação declinante da economia de MG é antiga vem de 20 anos. Não tem havido planejamento de longo prazo e nunca se buscou alternativas para a mineração e a siderurgia e o que tem sustentado o estado é o que resta de indústrias de bens de capital, (hoje poucas) e a indústria automobilística além da força inegável da agroindústria.
As inteligências da engenharia de MG estão atuando em outros estados e países.
Enquanto isso Bahia, Paraná e Pernambuco crescem a taxas superiores a de minas e, se mantido este quadro, o terceiro PIB nacional poderá trocar de mãos. 

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