A economia
brasileira foi totalmente esfacelada nestes últimos quatorze anos, o que equivale
a dizer que quase uma década e meia foi totalmente perdida, jogada fora, diante
de um descomunal despreparo do governo central para com o trato com a coisa
pública e com as conquistas realizadas pelo país nos anos noventas dado o
descontrole de então.
Analistas
comentam que para trazer o país de volta às boas práticas de governança serão
necessários dez anos de trabalho duro, o que fatalmente é uma grande
possibilidade. Por outro lado, economistas acreditam que será um período longo,
porém menor do que uma década. Veremos!
O Brasil tem
grandes desafios pela frente o que exigirá invariavelmente um pouco mais de
cada um de nós para revertermos essa situação calamitosa que nos encontramos.
Assim, a
reconstrução do país passa inevitavelmente pelo comportamento imediato de Michel
Temer na presidência como um presidente de fato, não como um presidente
provisório, caso contrário, a coisa desanda antes da hora.
Na realidade Michel
Temer não tem muita alternativa porque a economia brasileira neste momento se
deteriora a taxas elevadas e se torna a cada dia ou mesmo a cada divulgação dos
dados econômicos em um quadro dramático.
A expectativa de
queda de PIB é próxima de 4% para este ano, sendo que em 2015 a queda foi de
3,8%, e em 2014 a economia rodou um PIB de 0,1%. Esse quadro é o que se vê
apenas em países que estão passando por um período de guerra civil ou mesmo por
algum processo de convulsão social muito grave.
Diante dessa
dramaticidade toda é necessário e urgente se trabalhar com medidas de impacto
imediatamente para começar a reverter às expectativas e o curso de naufrágio.
A primeira medida
que um presidente nessas condições precisa tomar seria o de resolver o problema
fiscal brasileiro. Ou seja, tornar os gastos governamentais compatível com o
nível de arrecadação do governo. Por muitos anos o governo brasileiro vem gastando
mais do que se arrecada. Então esse ato se torna importante na reversão dessa
trajetória. É claro que num momento de crise tão aguda não é um procedimento fácil,
porém, é necessário fazê-lo, mesmo dentro de uma taxa de desemprego elevada é
preciso sinalizar que irá tomar medidas a partir de agora para que no futuro,
no médio prazo, coisa de um ano e meio, dois anos, esse quadro tenda a melhorar.
Dentre essas medidas, talvez aquela que
seja mais polêmica e mais custosa politicamente é a Reforma da Previdência que
sensatamente deveria ficar para o próximo governo.
É preciso olhar para a equidade da
previdência pública brasileira considerando a igualdade entre o setor privado e
o setor público, embora saibamos que o sistema previdenciário brasileiro é hoje
insustentável. Ele não tem como se sustentar ao longo do tempo. O Brasil, já
gasta hoje com a previdência em torno de 11% do PIB que é o mesmo gasto
percentual em relação ao PIB que um país muito mais velho do que o nosso como o
Japão, por exemplo.
O sistema previdenciário brasileiro conta hoje
com 12 trabalhadores na ativa para sustar um inativo. É assim que o sistema
brasileiro funciona. A contribuição dos trabalhadores da ativa financia os
inativos. Caso persistirem essas regras atuais, o país chegará daqui a 25 e 30
anos com apenas quatro funcionários na ativa para bancar cada inativo, o que é
impensável deixar que se chegue a esse ponto. Seria uma irresponsabilidade
total. Certamente assim o sistema não permanece de pé. Em algum momento
precisaremos de vontade política, coragem e muita convicção para fazer esta
reforma que é necessária.
A inflação é outro drama. Temos
a economia entrando no terceiro ano de recessão, com desemprego chegando a 11%
da população economicamente ativa, com expectativa que chegue a 12 e 13% se
nada de ruim acontecer e se não houver agravamento do quadro atual. Porém, a inflação
persiste em se manter acima do teto da meta, ou seja, acima de 6,5% e muito
longe do centro da meta que é de 4,5% onde idealmente ela deveria se colocar
para um país o Brasil.
Para a recuperação
do emprego a economia precisa se estabilizar, a inflação precisa voltar a
abaixar um pouco mais e o ambiente interno do país precisa gerar mais confiança
aos agentes econômicos. Confiança se torna então em uma palavra chave neste
momento.
O governo da
presidente Dilma até agora não conseguiu transmitir à sociedade brasileira,
principalmente aos empresários, aos investidores nenhuma confiança de que esses
dilemas da economia brasileira, ou seja, o quadro fiscal e a questão da
produtividade, dentre outros, serão equacionados a qualquer momento. Com isso o
investimento cai. E caindo o investimento o Brasil para.
A recuperação da
confiança depende do estancamento do grau de incerteza que existe na economia e
no Brasil como um todo.
Temos um quadro
de incerteza com a atual presidente que não tem maioria parlamentar e que se
mostrou muito débil politicamente na questão de articulação e para fazer essas
reformas que o Brasil precisa como o ajuste fiscal. Para se conseguir isso é preciso
ter maiorias relativamente confortáveis no Congresso, além de muita convicção
que esse é o caminho.
O governo que se despede
infelizmente não tem nem a convicção nem as condições políticas para realizar
as reformas que o país precisa.
Assim o governo
Temer precisará dar sinais de curto e médio prazo para a sociedade, os
empresários, os credores brasileiros sejam eles internos ou externos fazendo
uma redução equilibrada dos ministérios, enxugar a máquina pública, trazer especialistas
para a administração pública, dar credibilidade a contabilidade pública do
país, fazer a reinstitucionalização do país com seriedade e rigor máximo
construindo paulatinamente o caminho para as reformas política, tributária e de
segurança pública que o país tanto precisa.
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