domingo, 25 de maio de 2014

A Força da Marca

Melhor do que inventar um produto que todo mundo use é fabricar um produto que todos usem, o joguem fora e voltem a comprá-lo novamente. O sonho de qualquer empreendedor é ver sua marca virar sinônimo do que fabrica. Poucos, ou melhor, pouquíssimos conseguem em suas melhores noites de sono imaginar que isso possa, de fato, acontecer. Pois não é que “King Camp Gillette” aos 40 anos de idade, viu de sua inquietude por buscar novas soluções para o cotidiano das pessoas se materializar em algo que todos conhecem pelo nome Gillette? Ou você pede ao vendedor “lâminas de barbear” quando vai ao mercado? Muito provável que não.
Essa história de sucesso começou em 1895, quando o norte americano de “Winsconsin” de sobrenome “Gillette” desenvolveu um aparelho de barbear. Sua intenção era criar algo descartável, que ao ser consumido prestando sua utilidade, fosse jogado fora e voltasse a ser objeto compra novamente. Algo que fosse mais prático que a tradicional navalha, instrumento que lhe serviu de inspiração ao nobre inventor.
Cabe explicar: um dia, enquanto afiava uma navalha comum, teve “Gillette” teve a idéia de substituí a navalha por uma fina lâmina de aço com duas extremidades, colocada entre duas chapas e presa no lugar por um cabo em forma de “T”.
“Gillette” enfim, descobriu onde queria chegar. Criou um sistema de barbear durável e que fazia uso de lâminas descartáveis.
No ano de 1901 em Boston (Massachussets),“Gillette” se associou ao engenheiro mecânico William Nickerson e juntos montaram a “Gillette Safety Razor Company” para iniciar a fabricação em larga escala do revolucionário aparelho de barbear. O primeiro lote foi comercializado em 1903. Foram vendidos 51 aparelhos de barbear e 168 lâminas. No ano seguinte, em 1904, o êxito se confirmou. A venda subiu para 90 mil aparelhos e cerca de 12 milhões de lâminas.
Um marco dentro da evolução da empresa foi a estratégia utilizada para quebrar um paradigma da época e distanciar os homens das barbearias e incentivar que a barba fosse feita em casa. Assim, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Gillette enviou aparelhos de barbear aos soldados norte-americanos que estavam em combate, que, com isso, aprenderam a fazer a sua própria barba.
Outra importante ação de marketing aconteceu em 1939 quando a marca passou a figurar em eventos esportivos, o que não deixou de fazer até hoje, o que trouxe simpatia junto ao grande público consumidor.
O exemplo de “King Camp Gillette” ensina a persistir, a apostar na inovação constante, na criatividade, na autoconfiança como forças motrizes da empresa que busca a perenidade. Há muito tempo, a marca “Gillette” se tornou sinônimo de aparelho e lâmina de barbear.
Atualmente os aparelhos de barbear da “Gillette” contemplam um formato mais arrojado com três ou quatro lâminas deslizantes acompanhando a modernidade dos produtos se utilizando das facilidades tecnológicas dos nossos tempos, além de atuar também com produtos complementares na linha de barbeamento.

Fonte: Revista Brasileira de Administração. Ano XXIII. Nº93. 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Sua gestão é ultrapassada?

Um líder com um estilo de gestão ultrapassada pode prejudicar muito os resultados de uma empresa. Pode desmotivar a equipe e até mesmo perder seus funcionários, assim como causar tantos outros danos empresariais. Porém, antes que a situação chegue ao extremo, alguns sinais de que o líder não está no caminho certo podem ser identificados.
Assim, ter aversão a novas tecnologias talvez seja um sinal óbvio de que o estilo de gestão de uma pessoa pode estar rumando ao fracasso. Atualmente, não dá para ignorar as transformações que o uso de dados e das redes sociais, por exemplo, provocaram na forma de gerenciar empresas e pessoas. Desse modo, se um líder se coloca contra algum novo processo tecnológico, ou fica receoso ou com medo, o sinal já está vermelho. Cuidado! A geração de hoje chamada de "geração Y” simplesmente não suportaria trabalhar com um líder que não tenha habilidade digital.
Não buscar novos conhecimentos é outro ponto claro de que um chefe está ficando para trás. Ou seja, não buscar desenvolvimento, não estudar ou não fazer novos cursos é característica de quem é ou está acomodado  ou, pior, o que se acha o senhor sabe tudo. Um líder nunca estará ultrapassado se estiver constantemente insatisfeito, afirmam especialistas.
Não se preocupar com sustentabilidade é outro sinal gritante. Somente não vivendo neste planeta para não perceber as questões ambientais vigentes. O gestor que só olha para o benefício imediato de suas ações, sem se preocupar com o quanto a decisão que ele toma afeta a natureza ou o ambiente em que ele vive, seja no âmbito social, político ou econômico, está completamente ultrapassado!
Não gostar de dar e, muito menos, de receber “feedback” é outro daqueles sinais que preocupam as novas gerações, pois quem não gosta de receber “feedback” normalmente tem medo de mudanças. O líder que não quer saber o que os outros pensam é porque se sente confortável como está. Não aceita que precisa evoluir em seus comportamentos. Assim, o medo de receber um retorno negativo, muitas vezes, faz com que os chefes não queiram dar “feedbacks” aos seus subordinados.
No passado, o líder falava e os outros não podiam ter reação. Hoje, a noção de autoridade mudou. Ao dar um “feedback”, é preciso estar preparado também para ouvir a outra ponta do processo, explicam os especialistas.
Ficar sempre na defensiva. Ah! Esse é outro sinal, e por que não dizer, outro problema! Normalmente acontece assim: a pessoa ao ser apresentada a algum tipo de problema tem sempre uma justificativa -  e não uma solução -  na ponta da língua. Assim, é o chefe que, em uma reunião, se limita a apresentar o que ele já fez - como quem diz - isso não é comigo – ao contrário de falar o que ele pode fazer para ajudar no caso proposto.
Estar preso à hierarquia é outra situação difícil. É aquele chefe que acha que o seu subordinado deve cumprir uma tarefa só porque ele está mandando e, ao mesmo tempo, o subordinado só faz o que os superiores pedem. Ou seja, ele se prende ao poder coercitivo da hierarquia, o que não é positivo empresarialmente. A liderança, hoje, precisa estar mais próxima das pessoas. Ao invés de tomar decisão de cima para baixo, como no passado, o gestor precisa buscar trabalhar em equipe, gostar de “brainstorms” (chuvas de idéias), de trocar informações, etc.
Outro ponto interessante é não ter uma visão "multicultural", isso é prejudicial. Veja que isto não significa morar em outros países, mas estar disposto a conhecer culturas diferentes e ampliar os conhecimentos. Isto não é também ir para Nova York ou Miami fazer compras. Trata-se de conhecer, por exemplo, o deserto do “Atacama” e entender como aquele povo vive naquelas condições, ou seja, abrir a cabeça para outras realidades.  É preciso que o líder tenha habilidade de atuar globalmente, de entender como outras culturas trabalham. Atualmente, a geografia não é mais um empecilho ao conhecimento. Não é preciso se deslocar para se conhecer novos lugares e povos. Com apenas um clique, você pode vencer as fronteiras do mapa mundi.
Não se interessar por nada além dos negócios, como literatura ou música, também não é saudável. Essas multiplicidades de informações e conhecimentos é que compõem o modelo mental de um líder que agrega, trazendo assim, uma visão ampla das questões, sejam elas artísticas, econômicas, ou culturais, dentre outras. 
Achar que os funcionários estão "descomprometidos" também não é legal. Aquele líder que sempre acha que a sua equipe está descomprometida, deve ficar atento. O problema, na verdade, pode estar com ele. As pessoas sempre estão comprometidas com alguma coisa. Talvez o líder não esteja conseguindo detectar qual é o comprometimento que exista ali.
Segundo especialistas, pode acontecer de o gestor sustentar o imaginário de um modelo de funcionário que não exista mais: aquele que busca, principalmente, segurança no emprego. Hoje, mais do que nunca, as pessoas querem ser reconhecidas e ter potencial de crescimento, querendo ainda se autodesenvolver e expressar as suas opiniões. 
Não ouvir a equipe causa arrepios. O tempo do "manda quem pode, obedece quem tem juízo" já passou. Hoje, o contexto maior é de subjetividade, inovação, criação, empreendedorismo. As pessoas querem expor-se, se colocar. Porém o gestor às vezes pensa somente nos resultados e se esquece que são as pessoas que geram os resultados para todo e qualquer empreendimento.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Inflação Persistente

Em economia consideramos inflação a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro. Porém, popularmente a inflação caracteriza-se por refletir o aumento geral dos preços. Já o oposto de inflação, chamamos de deflação a qual se caracteriza pela queda no nível de preços.
Assim, a teoria econômica considera os índices de preços dentro da estabilidade em uma faixa de variação dos preços que vai de 2 a 4,5% ao ano. Coisa que há décadas não acontece no Brasil, o qual tende ao estouro do teto da meta de inflação de 6,5% agora em maio. Ou seja, o índice ultrapassará o altíssimo teto da meta de 6,5%, o que será péssimo para os brasileiros.
Outra distinção é quando analisamos os efeitos internos e externos da inflação. Externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente a outras moedas, e internamente ela se exprime mais pelo aumento do volume de dinheiro em circulação e pelo o aumento dos preços.
Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado pela desvalorização dos “denários” (moeda da época) que, antes confeccionados em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo tipo de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de perceber essa causa, já que a ciência econômica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços, promulgando no ano 301 o “Edito Máximo”, que punia com a morte qualquer um que praticasse preços acima dos fixados.
Aqui no Brasil, a medição da inflação é feita através de uma cesta de consumo média da população. Geralmente é realizada uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) para determinar a cesta de consumo média dessas famílias. Ou seja, é realizada uma média ponderada das cestas de produtos consumidos por estas mesmas famílias e o índice calcula o gasto com o mesmo consumo em dois períodos diferentes, fazendo com que não ocorra substituição no consumo.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE é que determina as metas de inflação governamental. O IPCA apura a variação de preços nos bens consumidos por famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, em nove regiões metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), no Distrito Federal e no município de Goiânia.
A inflação é responsável por diversas distorções na economia de qualquer país.
Assim, na Distribuição de Renda da população os assalariados não têm a mesma capacidade de repassar os aumentos de seus custos, como fazem empresários e governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a chegada do próximo reajuste salarial.  
Na Balança de Pagamentos (contabilidade governamental) a inflação interna do país, maior que a inflação externa (mundial), causa encarecimento do produto nacional com relação ao importado o que provoca aumento nas importações e redução nas exportações.
Na Formação de Expectativas diante da imprevisibilidade da economia, o empresariado reduz seus investimentos.
No Mercado de Capitais, causa migração de aplicações monetárias para aplicações em bens como terra, imóveis e títulos governamentais atrelados a inflação.
A inflação causa ainda, a chamada Ilusão Monetária, que seria a interpretação errônea da relação de reajuste do salário nominal (valor em moeda)  com o salário real (poder de compra) gerando por sua vez a percepção equivocada de maior renda, traduzindo em decisões fora da realidade do poder de compra das pessoas, que se julgando às vezes mais ricas, demandam mais bens e serviços equivocadamente.
Os bancos centrais sérios costumam definir a estabilidade de preços como um objetivo primordial de suas políticas, com uma inflação perceptível, mas baixa, como ideal.
Por outro lado, o teto do sistema de metas de inflação brasileiro é um dos mais altos do mundo. Entre 38 países pesquisados pelo site “Central Bank News”, especializado em política monetária, somente três nações (Jamaica, Nigéria e Uganda) têm um sistema que permite que a inflação fique acima de 6,5% – que é o "teto" do sistema vigente no Brasil.
Para 2014 e 2015, a meta central na qual teoricamente o BC estaria mirando ao fixar os juros básicos da economia é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
No Brasil, apesar de haver uma meta central de 4,5%, a banda é amplamente utilizada. Em 2011, 2012 e 2013, respectivamente, o IPCA somou 6,5% (no teto e limite da banda), 5,84% e 5,91%. Mesmo com a inflação próxima de 6% em 2013, mais perto do teto de 6,5% do que do objetivo central de 4,5%, a presidente Dilma Rousseff ironicamente comemorou a "inflação dentro na meta".
Os sistemas de metas de inflação não são exatamente iguais em todos os países. Grande parte das nações indica apenas a meta central na qual a autoridade monetária do país está mirando ao fixar os juros básicos.
Dos 38 países pesquisados, 20 trabalham com uma "faixa" de acerto para que a meta seja considerada cumprida. Em nenhum deles, porém, a banda de acerto da meta de inflação é tão ampla quanto no Brasil, que é de quatro pontos, ou seja, entre 2,5% e 6,5%. Com isso, há uma "folga maior" para que a meta seja considerada cumprida pelo Banco Central brasileiro, por meio da fixação  dos juros básicos da economia - atualmente em 11% ao ano.
Do ponto de vista do consumidor, a atual escalada de preços, já afeta o orçamento familiar o que exige adaptações por parte desse mesmo consumidor. Assim, colocar os gastos no papel e calcular a inflação doméstica pode ajudar ao consumidor final a não perder o controle de seu orçamento familiar.