quarta-feira, 31 de julho de 2019

Silicon Valley


O Vale do Silício na Califórnia, Estados Unidos, fica na região da baía de São Francisco onde estão situadas diversas empresas de altíssima tecnologia ligadas à eletrônica, circuitos eletrônicos e informática, dentre muitas outras; respectivamente, nas cidades do estado da Califórnia, como Palo Alto, São São Francisco e Santa Clara, estendendo-se até os subúrbios de São José.
Desde o início, no século XX, o Vale se tornou o território de empresas de alta tecnologia, que alinhadas à Universidade de Stanford através de forte sentimento de solidariedade regional pode acompanhar a ascensão empresarial da região onde a própria Universidade teve papel fundamental ao desenhar os primeiros cinquenta anos de desenvolvimento do que hoje chamamos de Vale do Silício.
Durante os anos quarentas e cinquentas, Frederick Terman, engenheiro e reitor da Universidade de Stanford, incentivou professores e graduados a começar suas próprias empresas. Ele estimulou a criação da HP, da Varian Associates, e de outras empresas de alta tecnologia, até que o Vale do Silício cresceu em torno do campus de Stanford. Por isso, Frederick Terman é muitas vezes chamado de "o pai do Vale do Silício".
Durante os anos de 1955 a 1985, foi desenvolvida na Universidade de Stanford uma pesquisa denominada “tecnologia do estado sólido” a qual resultou em três ondas de inovação industrial, que se materializou graças ao apoio maciço de empresas privadas, como a Bell Telephone Laboratories, a Shockley Semiconductor, a Fairchild Semiconductor, e a Xerox PARC (Palo Alto Research Center).
Em 1969, o SRI (hoje Stanford Research Iinstitute International), atuou nos obstáculos originais que compunham a ARPANET (Rede de Agência para Projetos de Pesquisas Avançadas), ou seja, a antecessora da Internet.
Em 2006, o The Wall Street Journal descobriu que 12 das 20 cidades mais inovadoras da América estavam na Califórnia e, que dez delas, pertenciam ao Vale do Silício. O jornal trouxe na liderança San Jose com 3.867 patentes de utilidades depositadas em 2005, seguida pela cidade de Sunnyvale, com 1.881 patentes de utilidades depositadas.
As principais empresas do Vale do Silício são: Adobe Systems; Apple inc.; eBay; Google; Intel; Yahoo; Facebook; HP; Netflix; Oracle Corporation, dentre outras.
Porém, existem outras empresas que mantêm suas sedes em outras localidades, mas marcam presença significativa no Vale do Silício como a Amazon.com, com sede em Seattle no estado de Washington; a Dell com sede em Round Rock no Texas; a Microsoft, com sede em Redmond, no estado de Washington; a Nokia, com sede em Espoo, Finlândia; a Panasonic, com sede em Osaka, Japão; a Philips, com sede em Amsterdã, Holanda; a Samsung Electronics, com sede em Seul, Coreia do Sul; dentre muitas outras.
As principais empresas do Vale do Silício estão localizadas em várias cidades no eixo do Vale como Campbell, Cupertino, Fremont, Los Altos, Los Gatos, Newark, Palo Alto, San Jose, Santa Clara, Saratoga, Sunnyvale, Union City, dentre outras, que por sua vez estão interligadas às grandes universidades como University of Stanford, Carnegie Mellon University, Universidade Estadual de San Jose e Universidade de Santa Clara. Sendo que outras Universidades como a California State University das cidades de Davis e Santra Cruz, não estão localizadas no Vale do Silício, mas funcionam também como fonte de avançadas pesquisas.
Os fatores predominantes que impulsionaram a região estão ligados à Segunda Guerra Mundial e à Guerra Fria, pela necessidade de produção de armas e a construção de aviões de caça, onde as indústrias eletrônicas instaladas no Vale do Silício, se tornaram as fornecedoras de todo material utilizado para estas fabricações.
Outros fatores marcaram a aglomeração das empresas no Vale do Silício como modelos acessíveis de financiamentos para projetos de tecnologia, chamados de “Startups Companies”. 
Conhecido como a Meca da inovação, o Vale do Silício possui uma geografia privilegiada e não poupa esforços nas questões de reinvenção e viabilização de novas ideias, focadas em muito conhecimento e amplos investimentos.
Com uma cultura totalmente voltada à inovação e ao empreendedorismo, essa região da Califórnia, nos Estados Unidos deve ser fonte de inspiração e tendências para empreendedores do mundo todo, dado a concentração de muitos investimentos para a criação e expansão de empresas disruptivas, capazes de revolucionar os mercados mundiais.
Assim, com seu potencial tecnológico e reunião de empresas com elevada capacidade de crescimento e lucratividade, a região se apresenta como forte atratora de profissionais de alta performance de todo o mundo, fortalecendo ainda mais a sua já existente diversidade cultural. E por ser o nascedouro de negócios de alto impacto, o Vale do Silício recebe investimentos de vários países do mundo, o que fortalece cada vez mais o empreendedorismo e a inovação empresarial, fazendo da região um dos maiores Centros de Tecnologia do planeta.
Existem outras razões pelas quais o Vale do Silício é tão bem sucedido como o de ser um centro de conhecimento, de oportunidades, de capital financeiro e de investimentos; além de reunir e integrar grandes talentos e profissionais de altíssimas habilidades, procurados à lupa pelo mercado global; tornando o Vale do Silício pródigo em Capital Humano.
Dados analíticos do “Silicon Valley Institute for Regional Studies”, em 2016, mostram que 37% da população do Vale do Silício era composta por imigrantes de todos os cantos do mundo, inclusive brasileiros.
Assim a diversidade cultural e humana do Vale se torna importante por trazer um ambiente plural, com pessoas de diferentes culturas, com hábitos diversos e, que por isso mesmo, promove a criação de ideias ainda mais inovadoras, com abertura para experimentar e aceitar coisas novas, facilitando a adaptação e aceitação de soluções inovadoras ao próprio mercado.
Desse modo, com tanta diversidade e propensão a testar o novo, resulta em pouca resistência a inovações. Pois, mesmo que uma ideia pareça absurda, ela será aceita e discutida, mostrando por que tantas empresas disruptivas nasceram lá.
Todo esse formato tem impactado os empreendedores do mundo inteiro, motivando-os a acreditar em ideias que fogem da normalidade, quebram paradigmas e trazem resultados extraordinários.
Como o ecossistema do Vale do Silício é marcado por uma forte cultura empreendedora, o que mais se destaca é a colaboração entre os profissionais que buscam por oportunidades e propósitos e, para criar negócios, aderem à troca de ideias e à cooperação.
Nesse sentido, os empreendedores tendem a compartilhar suas ideias com um grupo mais amplo, inclusive com competidores potenciais. Eles estão sempre dispostos a compartilhar uma expertise valiosa de negócio. Isso acontece, porque na região, o empreendedorismo está diretamente relacionado à criação de propósitos e ideias que podem mudar o mundo. Além disso, existe abertura em relação aos erros.
Outro fato determinante para o desenvolvimento do Vale do Silício é que as Universidades de Stanford e Berkeley, estão no epicentro do Vale e oferecem centenas de novos empreendedores e mentes talentosas da tecnologia para as empresas locais a cada ano. Por isso, é natural que a região concentre as novidades do empreendedorismo e da tecnologia, incluindo ideias de negócio lucrativos e sustentáveis.
Em artigo para a revista “The Balance”, Larry Alton (consultor de negócios) aponta que o sucesso do Vale do Silício se deve à junção entre a área acadêmica, o setor privado e o governo. Assim, esses três setores importantes convergem juntos para a criação de um ambiente que inexiste em outro país no mundo.
Mas qual a importância do Vale do Silício?
O Vale do Silício é importante porque consiste no berço das inovações em tecnologia e dos negócios disruptivos que nascem nos Estados Unidos e seguem para o mundo; e porque é o local onde prosperam as tendências de produtos e negócios que, mais tarde, serão seguidos por empresas e segmentos diversos em outras partes do globo.
Dados pesquisados pela Consultoria “Price waterhouse Coopers”, informam que os financiamentos de negócios do Vale do Silício aumentaram, sistematicamente, em 2018 em comparação com anos anteriores.
Em números absolutos, os financiamentos para a região, no terceiro trimestre de 2018, alcançou a marca de US$ 4,8 bilhões.
Nesse cenário, muitos fundos de investimento vasculham o ecossistema das startups para encontrar o próximo “unicórnio” (termo usado para identificar empresas desse tipo que são avaliadas em US$ 1 bilhão).
Assim, de um lado, as startups precisam de dinheiro para tirar suas ideias do papel e crescer. E de outro, os investidores que buscam multiplicar seu capital no curto prazo. Daí surgem os “rounds” (rodadas) de financiamento para os negócios promissores.
Em troca, os investidores se tornam sócios das empresas e podem ver seu dinheiro se evaporar ou crescer em pouco tempo, dependendo do desempenho empresarial das startups.
E quanto o Brasil tem a aprender com o Vale do Silício?
Um dos principais aprendizados que o Brasil pode absorver do Vale do Silício é o seu modelo de gestão. Ou seja, no Vale do Silício, a mentalidade predominante é a de que as empresas não precisam ter medo de errar, desde que aprendam com cada um dos seus fracassos.
O empresariado do Vale do Silício considera que é melhor testar um produto rapidamente, mesmo que não esteja perfeito, para verificar se ele tem potencial no mercado.
O resultado disso é uma economia de tempo e dinheiro para reformular um produto sem potencial ou, então, seguir com o projeto.
Essa cultura ainda não é forte entre as empresas brasileiras. Por aqui muitos empreendedores acreditam que o produto ou serviço precisa estar perfeito antes de ser testado no mercado, mesmo que leve muito tempo para que isso aconteça.
Além da gestão, precisamos compreender os modelos de financiamentos; a integração entre universidades e o meio empresarial; a promoção e integração de grandes talentos em ambientes colaborativos, e, principalmente, proporcionar a junção entre a área acadêmica, o setor privado e o setor governo em prol de empreendimentos grandiosos, buscando assim, excelência empresarial e gigantescos resultados.
Desse modo, assumir o Vale do Silício como referência empresarial é uma forma inteligente de se manter sempre bem atualizado no que há de mais interessante em inovações e nos mais surpreendentes acontecimentos empresariais do mercado global.