sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Queda na Taxa de Juros e o Comportamento do Consumidor

A taxa de juros, na definição econômica clássica, representa o custo do dinheiro no tempo. Basicamente representa o quanto um individuo paga a mais para consumir hoje, o que ele somente teria recurso financeiro para consumir no futuro. Com esse conceito em mente, podemos inferir que a queda nas taxas de juros nos bancos em geral, deixará mais barato a antecipação do consumo, que em tese somente aconteceria no futuro. Assim a queda nos juros tem impacto nos consumidores em geral, tanto para os devedores quanto para os credores.
Para quem já está endividado, portanto, terá a chance de renegociar o seu papagaio (nome popular para empréstimo), reduzindo assim as taxas de juros de seu empréstimo.
Para as pessoas que ainda não estão endividadas, a recomendação é pensar um pouco antes de se endividar. Pois o juro caiu, mas ainda está muito caro. Procure se endividar de forma correta. Coloque em mente que um endividamento saudável é aquele toma 30% de sua renda líquida, ou seja, o volume máximo de renda a ser comprometido com prestações. Note que é importante respeitar esse limite ou algo parecido com isto. Quando você passa desse limite você assume prestações que comprometem mais do que o razoável de sua renda. Daí você tem uma chance relativamente elevada de ter problemas para pagar as suas prestações. Pois 30% é um balizador importante do endividamento de uma pessoa.
Pense no tipo de empréstimo no qual você está assumindo, pois um empréstimo ou financiamento imobiliário é diferente de um financiamento para consumo. Veja que, em um empréstimo ou financiamento imobiliário, você tem um bem em contrapartida, o que se torna bastante diferente quando o endividamento é destinado ao consumo.
Cabe lembrar que o endividamento não é ruim por si, somente. Ele possibilita que as pessoas adquiram bens diversos como casa, carro, eletrodomésticos, dentre outros, que realmente melhoram a vida das pessoas.
Muitas pessoas tomam crédito de forma equivocada. Há pessoas que rolam meses após meses o saldo negativo no cheque especial ou no cartão de crédito, que naturalmente, são créditos específicos para o curtíssimo prazo. É preciso olhar e tomar a consciência de quanto estão devendo e negociar um empréstimo consignado ou um financiamento pessoal ao consumidor que possui taxas em melhores condições do que as taxas do cheque especial ou do cartão de crédito.
Pense um pouquinho, planeje o seu endividamento através do crédito. Um crédito planejado vem de encontro à melhoria de vida das pessoas. A ausência de um planejamento tende a levar a pessoa à inadimplência (falta de cumprimento com as parcelas da dívida), estragando a vida dos tomadores ou pegadores de empréstimos. Perceba que a idéia de crédito, é justamente ao contrário, é tão somente, para facilitar as pessoas a adquirirem os bens necessários a uma vida normal.
Cuidado então com os empréstimos ou créditos para consumo. Fique de olho no parcelamento na compra dos bens. Não é adequado comprar um bem em parcelas maiores do que o período de vida útil do bem ou mercadoria adquirida. Uma geladeira que tem uma durabilidade de três a quatro anos, você pode parcelar num prazo mais longo. Roupas por exemplo, o prazo deve ser mais curto, no máximo em duas ou três vezes e alimentação, por sua vez, não é recomendado o parcelamento.
A idéia básica é a de que, na hora em que você for substituir o bem já gasto pelo uso no tempo, você já tenha quitado a compra anterior. Essa é uma prática comum que ajuda o consumidor a eliminar ou dosar o seu endividamento. Às vezes a gente vê pessoas comprando ovos de páscoa em dez vezes. Isso não faz sentido algum. Parcelar alimentação ou combustível, não vem ao caso, é o que normalmente se chama de endividamento negativo.
O parcelamento deve ser direcionado para bens duráveis, para aquela viagem dos sonhos, para a sua educação individual ou para a educação dos filhos. Nestes casos o endividamento pode ser considerado positivo ou salutar.

Pense nisso e boa sorte!

domingo, 13 de maio de 2012

As Novas Regras da Poupança

A partir desta última sexta-feira, 4 de maio, o rendimento da caderneta de poupança será diferente, ou seja, será baseado no SELIC - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - que é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central do Brasil.
Mais conhecido como taxa SELIC ou taxa básica da economia, este índice de balizamento dos juros será então o indexador da nova caderneta de poupança. Assim, sempre que a taxa SELIC for menor ou igual a 8,5%, o rendimento da caderneta de poupança deixará de ser 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial de Juros (TR) e passará a ser de 70% da SELIC (taxa básica de juros) mais a TR. Essa medida será válida apenas para os montantes aplicados na caderneta de poupança a partir de 4 de maio de 2012.
Nada muda para os depósitos efetuados até 03.05.12. Os saques da poupança podem ser realizados normalmente.
A poupança continua oferecendo os benefícios de sempre: segurança, rentabilidade mensal, isenção de imposto de renda e de IOF, fundo garantidor até 70 mil reais por CPF, livre movimentação na data de aniversário da poupança, para não perder os rendimentos, e não paga taxa de administração.
A caderneta de poupança ainda continua atraente na comparação com fundos de renda fixa e também com CDB.
Por exemplo, um fundo que cobra taxa de administração de 1% a.a. só vai render mais que a poupança se o investidor mantiver o dinheiro aplicado por mais de 6 meses. Se ele sacar antes de 6 meses a alíquota do imposto de renda é bastante alta, de 22,5%, e isso vai tornar a sua aplicação menos rentável do que a poupança.
Nos Fundos DI ou Fundos de Renda Fixa que cobram mais de 2% a. a. de taxa de administração vão perder para a poupança na nova regra.
O investidor deve sempre conferir a taxa de administração cobrada nos seus investimentos de renda fixa e migrar para a poupança se seu banco não lhe oferecer uma rentabilidade líquida, nestes fundos de investimentos, que ganhe da caderneta.
Quanto ao CDB, o ponto de corte é 90% da taxa do CDI para aplicações com prazo inferior a 6 meses. Se seu banco lhe oferecer menos do que isto, prefira a poupança. Se seu banco lhe oferecer mais do que 90% da variação do CDI, fique no CDB.
Quem investe em caderneta de poupança deve prestar atenção à inflação. Ou seja, se a queda da taxa de juros for acompanhada de um controle inflacionário, ninguém perde. A dificuldade vem se o juros caírem e a inflação voltar. Se a inflação voltar, mesmo o investidor que esteja na regra antiga perderá também. Assim, acompanhe sempre as variações da inflação e mantenha as suas aplicações em caderneta de poupança, pois ela é vantajosa para o poupador com pouco recurso ou que esteja iniciando uma acumulação financeira através da poupança. Nestes casos a poupança vai continuar sendo a modalidade de aplicação mais adequada.
Percebam que para as aplicações em poupança vale a data do depósito ou de aniversário, portanto os bancos deverão informar aos poupadores a origem da aplicação, pois em caso de necessidade de resgate, por qualquer razão ou motivo, o investidor deve realizar o resgate na aplicação nova, que tem menor rendimento, desde que a taxa SELIC esteja em 8,5% ou abaixo disto. Não faz sentido resgatar os depósitos na regra antiga que tem uma remuneração maior.
Vale lembrar que para aqueles investidores que tem maior nível de informação financeira, aquele que é mais preparado e que tenha um pouco mais de dinheiro, vão continuar existindo outras modalidades de investimentos como Tesouro Direto ou CDBs que pagam rendimentos maiores do que a poupança.
Na realidade o governo precisava retirar uma armadilha que era a fórmula antiga de cálculo da caderneta de poupança para continuar o processo de redução da taxa de juros, sem gerar uma corrida de aplicações nas cadernetas de poupança em detrimento da rolagem da dívida governamental através dos títulos do governo que perderiam competitividade com a caderneta de poupança.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Classe Média Emergente Brasileira

Qual a trajetória da classe média emergente brasileira, que tem se fortalecido nos últimos anos e mostra-se hoje como o principal potencial de consumo do país?
Essa é a mais importante pergunta e a mais interessante resposta para os setores varejistas brasileiros. E quem conseguir melhor entender o perfil e o comportamento desses consumidores, desenvolvendo modelos de negócio direcionados a esse segmento, terá uma vantagem competitiva estrutural importante e rentável dentro desse amplo mercado, que vem crescendo desde 2002.
Apesar do poder de compra, o padrão de vida e a disponibilidade de renda dos consumidores da classe C ainda está bem abaixo da média. Com renda entre R$ 291 e R$ 1.250 mensais por pessoa, esse grupo, entretanto, já é maior que as classes A e B juntas e, portanto, vem apresentado um crescimento mais acelerado, no conjunto das classes sociais.
O principal representante da classe média emergente tem perfil típico. É constituído de mulheres, negras, jovens e otimistas, com perspectivas de estudar mais e serem reconhecidas no mercado de trabalho. O poder de escolha dessa consumidora acontece entre categorias e não mais, necessariamente, por marcas, embora conheça e reconheça também marcas líderes e conhecidas. Assim, 68% desse grupo de consumidores possuem mais estudos que os pais e representam 53% da renda deles.
Essa consumidora modelo procura serviços, dedicando 65% de sua renda mensal a isso - ante 49,5% em 2002. Dentro desse universo, a demanda relacionada-se com energia elétrica, saneamento básico, banda larga, telecomunicações, TV a cabo, serviços de beleza e viagens. Não há mais seleção de categorias nos supermercados. Essa consumidora típica pode comprar qualquer produto, e o que normalmente varia é a quantidade comprada e a freqüência dessa compra, comentam os especialistas.
O principal meio de pagamento é, definitivamente, o cartão de crédito. Essas consumidoras entendem que, fazer poupança e pagar à vista, é uma decisão mais inteligente, mas, ainda cedem à atração de ter na hora o que desejam. Pesquisas mostram que existem 97,4 milhões de cartões de crédito nas mãos desses consumidores, chamados, de classe C.
O comprador típico é jovem - 63% com idade entre 18 e 33 anos - muitas vezes casais que querem se casar. Desses, 43% tem ensino superior e 70% possuem renda de até seis salários mínimos. Os principais critérios de escolha do imóvel são a localização e a segurança. Depois que o imóvel fica pronto, esse consumidor aciona financiamentos, seja pelo programa Minha Casa Minha Vida, seja por refinanciamentos junto aos bancos.
Os estudantes dessa classe média, cada vez mais, mostram interesse em adquirir educação superior através de alternativas de financiamentos. Notem que houve uma mudança significativa de preferência em relação ao perfil anterior, de não mais, por apenas conveniência e preço baixo.
Portanto, a classe C brasileira, forma um grupo de pessoas que ganham menos de 10 salários mínimos por mês, representam 90% da população, é responsável por 79% do consumo local, atinge 69% do mercado de cartões de créditos movimentando mais de R$760 bilhões por ano, e contribuem com 86% do total de internautas no Brasil. São milhões de consumidores com bolso de classe média e cabeça de baixa renda.
Para facilitar o entendimento do que seja a classe C brasileira, setores de pesquisa, sugerem alguns dados, onde você pode identificar-se nele, ou mesmo em certos aspectos, identificar seus amigos e seus vizinhos nele também. Desta forma: Bem vindo ao mundo do carnê, do consórcio, do SPC.
Bem vindos ao mundo do metrô, do “buzão”, do lotação, da CBTU, do “semi-novo zerado”.
Bem vindos ao mundo do vale-refeição, do PF e da marmita.
Bem vindos ao mundo do supletivo, da escola de cabeleireiro e do curso de computação.
Bem vindos ao mundo do celular pré-pago e da mega sena.
Bem vindos ao mundo do trabalho informal, da pensão do INSS, do despertador, para as 5 horas da manhã, e da mobilidade social.
Bem vindos ao mundo do Ratinho, do Raul Gil, de Bruno & Marrone, da Banda Calypso, do Calcinha Preta, do MC Léozinho e das Rádios AMs.
Bem vindos ao mundo do supermercado com a família, da cervejinha gelada, da macarronada com frango, e do financiamento da Caixa.
Bem vindos, então, ao mundo surpreendente da economia da base da pirâmide.
Assim, você agora é conhecedor de como funciona a classe C e de onde vem as causas de tantas coisas estranhas que aparecem repentinamente fazendo sucesso por aí. O que, invariavelmente, pode ser relacionado como evidência ou predominância de uma classe promissora.