terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Tempestade Perfeita

Como se não bastasse os erros de gerenciamento do Brasil nos últimos 12 anos, agora é o cenário internacional que também preocupa.
A queda abrupta dos preços do petróleo está abalando o mundo. Os principais países a sofrer as conseqüências imediatas são Rússia e Venezuela, que estão numa situação extremamente delicada devido à dependência de comercialização desta commodity (petróleo), o que por aqui, tende a inviabilizar o pré-sal, desenvolvido a um preço de US$ 90 o barril contra um preço atual de US$ 46.
Embora as economias emergentes estejam muito diferentes hoje do que estavam na crise do petróleo de 1998, quando estavam bem mais endividadas, esses países sofrerão o impacto em suas economias. O Brasil, embora ainda com um nível de reservas internacionais maiores do que no passado e com nosso câmbio flutuante, rasteja em cima da má gestão pública do decadente populismo petista. Este é o grande entrave.
Estamos todos preocupados com o cenário brasileiro para 2015 e 2016: economistas, empresários, investidores e, como não poderia deixar de ser, o público em geral, que descobre envergonhado que, em realidade, não se está e nunca se esteve no país das maravilhas vendido e propalado pelo populismo barato.
Temos um cenário de tempestade perfeita pela frente. De um lado, uma economia com crescimento nulo, inflação alta, uma situação fiscal difícil com déficit estratosférico. Por outro, uma realidade desagradável, gastou-se o que tínhamos e o que não tínhamos em nome da Copa das Copas e das eleições e de brinde acrescente-se todo o escândalo de corrupção que afeta as atividades econômicas e políticas, diminuindo os investimentos no país.
Assim, a queda no preço do petróleo internacional força a Petrobrás a repensar o seu negócio, com decisões empresariais importantes que exigirá da empresa uma tomada de decisões estratégicas, difíceis de serem pensadas em momento de tanta turbulência em meio às denúncias de corrupção.  Fica a pergunta: será que a companhia está em condições, neste momento, de tomar tais decisões? Baseando-se na demonstração do balanço do terceiro trimestre do ano passado o qual a Petrobrás não incluiu o rombo de US$ 88 bilhões da corrupção e da desativação de investimentos mal planejados, verificamos que não!
A empresa parece querer jogar para debaixo do tapete a roubalheira, que não será engolida por aqui e nem mesmo pelos investidores internacionais que muito provavelmente jogarão o preço da estatal no chão para adquiri-la em lotes vultosos de ações, numa privatização às avessas do maior patrimônio do país. De sobra, teremos que acompanhar o que os Estados Unidos farão com os seus juros básicos, provavelmente aumentarão em virtude do melhor desempenho da economia do Tio Sam, o que atrairá para lá investimentos do mundo inteiro secando as fontes de dólar barato para os emergentes, tornando a captação de recursos ainda mais cara.
A Petrobrás, por sua vez, enfrenta dois desafios ao mesmo tempo. De um lado, as denúncias de corrupção e os impactos que elas podem ter, inclusive na SEC (Securities and Exchange Comission) dos Estados Unidos. Por outro, o preço do principal produto, o petróleo, caiu pela metade e isso requer decisões estratégicas na empresa.
Por aqui pode haver uma retração brusca do nível de atividade da economia o que atingiria a arrecadação pública com impacto crescente nas contas governamentais já tão combalidas com os episódios sabidos.
Assim, sem crescimento e sem arrecadação fica muito difícil bancar os superávits desejados. Então, se tivermos uma retração forte do PIB (Produto Interno Bruto), a situação fiscal deve se contrair e piorar ainda mais a situação que já não é das melhores.
Por outro lado, o Brasil apresenta um déficit de R$ 1 trilhão no setor de infra-estrutura, os quais grandes fundos soberanos e de investidores de longo prazo internacionais indicam interesse em investir. A preocupação dos investidores internacionais é, em até que ponto um cenário de tempestade perfeita pode inibir o potencial desse investidor de longo prazo em 2015, respingando em 2016?
O capital estrangeiro de curto prazo, arisco ao risco, já bateu azas. Já o capital de longo prazo tende a esperar os resultados da busca de credibilidade da economia brasileira combalida na gestão Guido Mantega, o que refletiu nas atividades do mercado de capitais brasileiro em 2014, que contabilizou o pior ano, desde os últimos dez anos, superando até os anos da crise de 2008/2009.
Assim uma tempestade perfeita fica por conta da soma de dificuldades internas - economia estagnada, inflação alta, situação fiscal difícil e denúncias de corrupção - com incertezas externas vindas da queda do preço do petróleo e da expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos.
Quem viver, verá!

O Vale do Aço está ficando ilhado!

Em viagem via automóvel no trajeto Ipatinga/São Paulo, nesta última semana, apenas me certifiquei do que todos já sabemos! O estado das estradas paulistas é excelente, exemplares, eu diria, enquanto a BR 381, de responsabilidade do Governo Federal, entre Ipatinga a Belo Horizonte é, simplesmente, uma lástima.
Apesar das frustrações anteriores, a fantasia da “duplicação da BR-381” na pré-campanha eleitoral ainda cabalou votos para a reeleição de um governo desastroso.
O estado da rodovia, se é que podemos chamá-la assim, é tão ruim, tão lastimável que me dei conta de que, quando funcionário da Usiminas, nos anos setentas, podíamos viajar nos fins de semana para as nossas cidades de origem pela Rio-Bahia, sem maiores transtornos. A mencionada rodovia, construída por Juscelino Kubstchek de Oliveira nos anos cinquentas, já abrigava um fluxo intenso de caminhões pesados e que transportavam a produção brasileira proveniente do Sul e, Sudeste para o Norte do país.
A dificuldade da época era o trecho de Ipatinga até a rodovia no município e Caratinga, que há muito merece também uma duplicação, dada a importância de nossa região. No entanto, estranhamente, ninguém comenta sobre isto, principalmente os “dispensáveis” políticos de plantão que, infelizmente, apenas enxergam o próprio umbigo.
Já a “Rio-Bahia” com mais de 25 anos de uso à época, era super conservada com toda a sinalização pertinente a uma estrada que poderíamos chamar de decente.
Mas, o que é sinalização pertinente perguntaria o usuário da BR-381?
Simples, basta reler os manuais de sinalização rodoviária, aqueles que a gente estudou para tirar a Carteira de Habilitação, e para os mais jovens, o “google” tem todas as informações. Ou seja, uma estrada com sinalização pertinente é aquela que contém todas as faixas no centro da estrada, onde se vê aquelas faixas picotadas onde se permite ultrapassagens. As faixas duplas, onde se deve estar atento e não fazer ultrapassagens perigosas como se faz hoje os “espertinhos do volante” para não dizer outra coisa. As faixas brancas nas laterais da pista são o direcionador do limite de trafego para o motorista. E ainda existiam os chamados “olhos de gato e os percevejos” que sinalizam para um trafego noturno seguro e facilitavam o tráfico nos dias chuvosos. Deparávamos ainda, nos pontos chaves da rodovia, com os guardas rodoviários monitorando a rodovia. E posso lhes dizer com tranqüilidade, numa extensão de quase 500 quilômetros, raramente se via acidentes envolvendo transeuntes.
É bem verdade que na “Rio-Bahia” não existia acostamento o que para hoje é inaceitável, porém pouco a pouco, isto foi sendo equacionado, não com muita demora como nos dias de hoje. Daí se poderia trafegar na rodovia a qualquer horário do dia ou da noite, com chuva ou sem chuva, bastava o piloto programar a sua viagem e seguir a diante.
A qualidade da “Rio-Bahia” acontecia em toda a sua extensão de, aproximadamente, 4.380 quilômetros, contra um trecho traiçoeiro de apenas 220 quilômetros entre Ipatinga a Belo Horizonte. Como diria um apresentador chato da “Rede Globo” aos domingos, “é brincadeira”, não?
Já na BR-381, o motorista precisa descobrir onde está a pista o tempo todo, pois, simplesmente, não existem faixas adequadas de orientação de tráfego. Quando chove, a pista, inesperadamente, desaparece de seu foco de visão pela falta de sinalização pertinente.
Saliências e asfalto danificado encontram-se em abundancia. Curvas aos montes. Quando acaba uma começa a próxima. Os acostamentos! ah! os acostamentos! Esses, o motorista não os pode utilizar, principalmente, no trafego noturno, pois não se sabe, com segurança, onde eles começam e onde eles terminam produzindo uma tremenda insegurança tanto para os caminhoneiros quanto para os motoristas de veículos particulares que desejam trafegar mais moderadamente ou com mais segurança de uso da estrada. O acostamento, que tem por finalidade principal a parada emergencial, é também utilizado, com reservas para facilitar as ultrapassagens de trafego dos “espertinhos do volante” que não respeitam as limitações e a precariedade da estrada, principalmente, no trafico noturno e no tráfego noturno em dias chuvosos.
Passei por essa triste experiência na última semana e ao chegar num local decente para uma parada completa, aquela que atende plenamente aos anseios de higiene para ambos os sexos, senti a indignação de quem se depara com os altos preços praticados pelas casas de atendimento.
Como ficamos mais de cinco horas na pista, pessoas com destino de viagem mais longas estavam perdidas e assustadas com os gastos elevados com os combustíveis que cresceram assustadoramente e ainda como iriam passar a noite, já que não estava previsto todo esse tempo de viagem, muitos com cães e gatos de estimação à procura de um abrigo que pudesse acolher, razoavelmente, humanos e felinos sem estourar o cartão de crédito. Incrível não?
Interessante é que, ao retornar a Ipatinga percebi o mesmo desleixo com o asfalto, em boa parte pelo “inovador” piso colocado pelo Dnit no lugar do antigo que estava em boas condições na BR 458, mas foi trocado em ano eleitoral por razões bastante conhecidas... Assim, não é de estranhar que o Vale do Aço está ficando ilhado e muitas pessoas estão evitando vir por aqui, pois os riscos e as dificuldades não compensam!
Escoar a produção da região é outro “calo” preocupante, com custos elevados e todas as dificuldades de tráfego.
No entanto, o mais incrível, é identificar como muitos brasileiros estão erroneamente se acostumando com todo esse estado de penúria produzido pelo desgoverno central do país. Apesar da insatisfação pela obrigatoriedade de trabalhar para pagar os impostos ao seu sócio majoritário, chamado “governo central” assiste passivamente a vaca indo para o brejo.