sexta-feira, 19 de junho de 2015

O dia a dia da Crise

Com as contas públicas internas e externas desequilibradas por longo período e com falta de foco gerencial do país, as projeções para a economia brasileira para 2015 não seriam nada agradáveis. Estes eram os comentários, que há muito, circulavam nos meios técnicos e acadêmicos e, por que não dizer, nas rodinhas de festividades e até mesmo nos botequins. Apenas o governo central insistia em contrariar as análises dos especialistas fazendo com que suas absurdas mentiras regadas a óleo de peroba, se firmassem em uma plataforma cor de rosa através do marketing ostensivo direcionado a população desinformada.
Há décadas, os preços da gasolina e mais recentemente, o preço da energia elétrica, ficaram praticamente congelados com a estreita visão de conter a inflação, o que desestruturou as margens de Petrobrás e do setor elétrico como um todo, como se este fosse o único caminho para combater a inflação. Mas, a sabedoria do tempo mostrou ao próprio governo o que os economistas já sabiam: que não é assim que se combate a inflação. Não é assim que se comanda uma economia do tamanho da brasileira. Desta maneira, essa conta, claro, mais dia menos dia, iria cair no colo, ou, melhor, no bolso do brasileiro. Era, apenas, uma questão de tempo. Ou seja, era uma bomba a relógio que iria explodir logo adiante levando estilhados a toda a economia, como estamos presenciando agora.
O panorama hoje é desastroso e causa apreensão. Porém, a sensatez pede para se manter a calma e, principalmente, para que mantenhamos a liquidez (a facilidade de se converter um ativo em dinheiro), ou seja, preservar o dinheiro nesse momento de dificuldades.
Em dezembro de 2014 foram registrados dois trimestres consecutivos de queda do PIB, o país entraria em recessão técnica, o que não acontecia desde o fim de 2008, com a crise financeira internacional do “Sub-Prime” e isso, por si só, já era um indicativo de que o Brasil estaria indo para um período de turbulências no curto prazo. Mas as vozes governamentais continuavam a ludibriar o povo brasileiro com a falsidade de um país cor de rosa.
Assim, no dia a dia a crise vem mostrando a sua face. E nessa toada, podemos dizer que o que mais impacta na vida do brasileiro no momento, é a inflação, por ser ela uma espécie de monstro que suga o bolso do brasileiro, o que, invariavelmente, mostra o grau de desorganização governamental dos últimos anos, agora estampado a todo país.
Como sinalizavam os especialistas, o represamento de preços de produtos e serviços administrados pelo governo para fins eleitoreiros, foi a primeira variável que puxou o aumento da inflação na economia. Com o aumento dos preços da gasolina e da energia elétrica, veio de carona a contaminação direta de toda a cadeia produtiva, já que estes insumos são básicos a todo o processo produtivo e à circulação das mercadorias dentro do país.
As empresas, por outro lado, com custos elevados tendem, invariavelmente, a repassar esses custos aos preços de seus produtos e mercadorias retirando assim renda das famílias detentoras dos salários.
Desta maneira, pela primeira vez, desde 2003, a renda média real, descontada a inflação, e a massa salarial tiveram queda. A inflação corroeu o poder aquisitivo da população, e o desemprego voltou a subir, preocupando famílias já super-endividadas.
Não tenhamos dúvidas, a crise atual brasileira, é reflexo da caótica situação em que se encontra a econômica brasileira que guarda relação direta à grave crise política pela qual o país passa em meio a tantas denúncias de roubalheiras puxadas do novelo da Petrobras e que se estende a outras estatais importantes.
Infelizmente, não será possível passar ileso a esta crise. Não é possível. Exceto as instituições bancárias que sempre se preparam para enfrentar momentos difíceis, mas a maioria dos brasileiros não se preparou para isto. Nem se quer pensavam em crise, visto a avalanche de citações governamentais dizendo, estritamente, o contrário durante as eleições.
Diríamos que aproximadamente 70% da população brasileira possui algum tipo de problema financeiro; ou estão devendo ou vivem no limite do que ganham e gastam. Os 30% restante, tendem a certo equilíbrio, ou até mesmo, apresenta crescimento de patrimônio mesmo com a crise.
Nesse sentido, é interessante fazer um alerta para que as pessoas segurem todo tipo de despesa, cortem os gastos desnecessários, e façam um ano de vacas magras.
Por mais que uma pessoa tenha um bom rendimento, é necessário segurar o máximo possível qualquer tipo de gasto, de financiamento e de investimentos, principalmente, aqueles mais duradouros como imóveis. Caso seja possível, assegure uma reserva. O dólar deve continuar subindo automaticamente encarecendo as importações e trazendo inflação de custos para a economia.
Já a situação de pessoas e empresas endividadas tende a piorar caso não tomem algum tipo de precaução, pois, nos períodos de endividamento o que pesa é o aumento dos juros, elevando a dívida.
O melhor a fazer é tentar quitar a dívida ou adiantar o pagamento daquelas dívidas com juros mais elevados como cartão de crédito e cheque especial. Faça uso cauteloso do crédito consignado que trabalha com juros menores. Não fique descapitalizado, guarde uma sobra, uma reserva para os tempos difíceis.
Lembrem-se: os momentos de crise são também momentos de oportunidades e quem possui liquidez em período de crise, é quem ganha. Assim, é possível encontrar muita gente desesperada querendo vender imóveis, empresas, etc., porque não se preparou para a crise. E é nesse momento que as grandes oportunidades aparecem.
É bem possível que os investidores mais experientes e mais acostumados a esse cenário de caos até entrem no jogo, seguindo a lógica das oportunidades. Mas, o mercado financeiro vem muito volátil desde 2014, ou seja, sem uma direção definida, o que reflete certa desconfiança na economia e no próprio país.
Por outro lado, o setor externo não é o grande vilão do desastre brasileiro de hoje, como querem alguns. Esses problemas foram gerados aqui mesmo. Basta visualizar países pares do Brasil aqui mesmo na América do Sul e que não apresentam dificuldades, muito pelo contrário, estão crescendo, o que não acontece com o Brasil.
É interessante salientar que essa crise poderia ser perfeitamente evitável. Porém, não temos agora como alterar as equivocadas escolhidas governamentais feitas nos últimos anos, o que poderia ter feito a diferença, e certamente, nos livraria dessa tragédia tupiniquim.

A Crise do Aço

A atual situação da siderurgia brasileira é sistêmica e, conjunturalmente, é preciso entender que o Brasil, já há algum tempo, deixou de ser um centro de produção de baixo custo e o setor se depara hoje com custos em elevação e demanda encolhendo.
O nível de utilização da capacidade instalada brasileira é de 70% com perspectivas de retração e entre os investimentos firmes compilados pelo BNDES, consta apenas gastos com manutenção do parque industrial existente e com as obras da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), no Ceará e com a parceria entre a coreana Posco, a chinesa Donkuk e a Vale, único projeto novo em curso no país. Não há projetos novos no Brasil enquanto no mundo apenas existem novos projetos nos Estados Unidos e na China.
O cenário do aço tem sido desafiador para o setor siderúrgico global tanto quanto por aqui. O setor vem com dificuldades e o mercado encontra-se caracterizado por sobre oferta (excesso de oferta do produto) e forçadamente trabalha com margens reduzidas.
Por aqui a capacidade produtiva atual é praticamente o dobro do consumo aparente interno, o que não estimula novos investimentos para aumento de capacidade produtiva direcionados para o mercado doméstico.
Outros pontos importantes guardam relação com a pressão de preços com alta nos custos de mão de obra, minério de ferro e carvão, acrescidos do aumento da concorrência externa e dos reflexos da conjuntura internacional desfavorável para o aço, sem perspectiva de mudança de quadro no curto prazo.
A perda de competitividade na siderurgia é patente o que se reflete na queda de participação do aço na indústria brasileira com queda de mais de 20% enquanto as importações indiretas do aço estrangeiro cresceram mais de 60%.
As perspectivas de aumento do consumo de aço ficaram nas obras dos estádios para a última Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016, que não necessariamente, vem acompanhada de aumento de consumo de aço. Conte-se ainda com a atual e desnecessária crise brasileira que faz encolher o setor automotivo, consumidor natural do segmento de aço.
As dificuldades enfrentadas pela siderurgia brasileira desde a crise de 2008 levaram muitas companhias a adotar uma estratégia de verticalização e de diversificação de suas atividades.
Assim, o grupo com menor exposição aos problemas crônicos do segmento de aço é o grupo Gerdau por ser o mais internacionalizado deles.
Já a CSN é o grupo mais verticalizado com forte presença em mineração, com atuação em logística e cimento; e com auto-suficiência em minério e energia elétrica que trazem custos mais baixos de produção para a companhia. A CSN tem como principal receita a venda de aços planos, mas é a segunda maior exportadora em minério de ferro que tem papel importante na recuperação das margens da empresa.
A Usiminas um dos maiores players do mercado e a maior produtora de aços planos do Brasil, porém, vem perdendo relevância. O desempenho das gigantes do aço, Gerdau e CSN vem mostrando que as estratégias de diversificação, internacionalização e verticalização tem sido essenciais para aliviar as pressões sobre as margens.
A Usiminas vem apresentando estruturas de custos de produção muito penalizadas pelo baixo volume de produção atual. E, por sua vez, ainda não atingiu a auto-suficiência em minérios, um desafio para a empresa.
A empresa vem tentando escoar a sua produção no mercado internacional, porém, com preços de comercialização mais baixos.
Uma vez equacionado os problemas de pressão de custos na siderurgia brasileira deparamo-nos com outras fraquezas. Ou seja, aquelas fraquezas que ficam do lado de fora das fábricas e que precisam ser enfrentadas, como a atual Política Tributária do país, inibidora de agregação de valor ao setor; os gargalos pontuais na infra-estrutura e logística; a dependência de importação de tecnologias e de bens de capital e os projetos de engenharia desenvolvidos no exterior. 
Por fim cabe salientar que a produção anual de aço do Brasil equivale a apenas 15 dias de produção na China.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O Declínio da Indústria

A Indústria brasileira já demitiu nestes cinco primeiros meses do ano, mais de 50.000 empregados, contribuindo assim para um aumento de 22% do desemprego do país, em mesmo período.
Acrescentemos a isso o aumento de 30% da inflação e de 13% na taxa de juros, em mesma comparação, donde se conclui que a coisa está realmente preta para os brasileiros, principalmente, para os brasileiros de renda mais baixa, o que caracteriza o ocaso destes doze anos de governo perdulário e sem rumo, que invariavelmente, não fizeram bem ao Brasil.
Se olharmos para a história, num período um pouco mais amplo, poderíamos dizer que o começo da crise industrial brasileira, certamente, se inicia com a Crise da Dívida Brasileira (externa e interna), nos anos oitentas.
Já os duros anos noventas, de muita instabilidade, depois de tentativas fracassadas de controle da inflação, nos deu o “Plano Real”, que debelou o monstro da inflação apesar de uma sobrevalorização cambial que teve seu curso bastante prolongado.
Num período mais recente, dos últimos doze anos, tivemos uma Política Industrial que não se revelou capaz de ir contra tantos acontecimentos atuais e, simplesmente, jogou fora todo o sacrifico que a população brasileira, as duas penas, realizou nos anos noventas. Por uma incompetência absurda e com uma ideologia ultrapassa, destruiu o que tínhamos de melhor, o tripé do Plano Real, calcados nas Metas de Inflação (para controle da inflação e estruturação das finanças governamentais e privadas), Câmbio Flutuante (para atrelar o ajuste automático da moeda brasileira à conjuntura internacional) e o Superávit Fiscal Primário (para controle dos gastos públicos com geração de superávit para pagamento da dívida externa gerando equilíbrio e credibilidade do país junto aos agentes internacionais de negócios).  
Embora a crise industrial brasileira seja decorrente do passado ela se acentuou nos anos recentes, pois, fomos paulatinamente, perdendo diversas ondas na trajetória da história como marcos e revoluções industriais as quais ficamos de fora e que, no entanto, fizeram a festa em vários países emergentes, no período 2003/2011, por não aproveitarmos o período de abundância global para modernizar o Brasil e, por conseqüência, a nossa indústria. Não captamos a grande onda da indústria eletrônica, da Indústria Farmacêutica, da Indústria Naval e de tantas outras. Tudo foi passando, ao longo da gente, sem que nada tivesse sido percebido e perdemos uma janela de ouro com a bonança do mundo no governo Lula.
Veio então a crise de 2008 que popularmente foi chamada por aqui de “marolinha”, um eufemismo popularesco para suavizar algo sério, e assim, fomos empurrando tudo com a barriga. Fizemos as equivocadas medidas anticíclicas que prestigiou apenas a Indústria Automobilística e um pouco da chamada Linha Branca (eletrodomésticos) sem fazermos algo mais interessante para a indústria como um todo, como, por exemplo, uma Política Industrial pujante baseada na competitividade e no crescimento da nossa indústria, o que simplesmente não aconteceu. Perdemos para o “populismo barato” que nos desviou de curso e nos levou a gastar recursos absurdos na destruição e edificação de estádios para Copa das Copas e sucateamos o país.
O tempo passou e não deixou por menos. Cobrou a conta. E o que está batendo hoje muito fortemente na Indústria Brasileira é o afastamento longevo da economia mundial. Descolamos da modernidade e perdemos as ondas das Revoluções Industriais do presente, que passaram por outros países, mas não por aqui. Ficamos apenas escutando as cantilenas do atraso e fomos ficando para traz.
Mas o que fazer depois de tudo isso?
Primeiramente, precisamos reconhecer que fracassamos que o governo fracassou. Teremos que pagar o preço da incompetência populista, num ambiente triplamente desfavorável, com recessão, crise política e crise moral, acompanhados de um governo fraco e falido, incapaz de se colocar como indutor de algo mais criativo e encorajador.
Saímos de uma eleição muito piores do que entramos, por motivos óbvios. Como sabemos, a utilização da teoria da mentira, do marketing vazio e da propaganda perniciosamente enganosa nos levaram ao nocaute.
Precisamos ter muita calma para recolocar as coisas em seus devidos lugares, mas como pedir calma a uma população insistentemente enganada e agora descrente e desconfiada do seu futuro, que acreditou nas fantasias televisivas do horário eleitoral?
Difícil não! Mas o caminho mais próximo é a recuperação do tripé do Plano Real como as Metas de Inflação (trazer o mostro da inflação, pelo menos, para o centro da meta de 4,5%; recuperar o Câmbio Flutuante (sem gastar bilhões de nossas reservas tentando trazer o preço do câmbio artificialmente para o equilíbrio), e reinstalar o chamado Superávit Fiscal Primário (controle rigoroso dos gastos públicos com geração de superávit para pagamento das dívidas interna e externa, gerando credibilidade ao país) e após essa reconstrução, dar rumo ao país, estimulando a inovação, reestruturando o setor industrial, recolocando as áreas de Educação, Saúde e Saneamento, Segurança Pública e buscar o re-ordenamento Político e a Redução dos Tributos para podermos fugir dessa desastrosa desorganização que campeia o Brasil de hoje.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

O Ensino na Terra do Sol Nascente

O mundo globalizado é sempre uma porta aberta para a competitividade. E dentro deste contexto, os países mais avançados vêem se preparando na busca da construção de seus futuros. Neste ambiente, o mundo empresarial, o esporte, a ciência, a tecnologia, a medicina, a economia e, principalmente, a educação, base de todos os outros conhecimentos, vem se utilizando de novos métodos e quebrando paradigmas, que surpreendem os concorrentes globais. E nessa toada só não vale é ficar parado dentro de um discurso vazio como ocorre atualmente aqui no Brasil.
Assim, o Japão vem testando um plano piloto revolucionário chamado “Mudança Corajosa” (Fotuji no henko) com base nos programas educacionais: Erasmus, Grundtvig, Monnet, Ashoka e Comenius, que se trata de uma mudança conceitual quebrando todos os paradigmas. O método é tão revolucionário que treina crianças como “Cidadãos do Mundo”, não japoneses.
Nessas escolas japonesas não se rende o culto a bandeira, o hino não é cantado, não se vangloria heróis inventados pela história. Os alunos já não acreditam que o seu país é superior aos outros só porque eles nasceram nele. Eles já não vão à guerra para defender os interesses econômicos de grupos poderosos, disfarçados de “patriotismo”.
O foco principal do ensino está na compreensão e aceitação das diferentes culturas com seus horizontes globais e não de cunho nacional.
O mais interessante é que a mudança está ocorrendo numa sociedade extremamente tradicional e machista!
Assim o chamado Programa dos 12 Anos é baseado nos seguintes conceitos: Zero patriotismo; Zero supérfluo e Zero tarefa. São consideradas apenas 5 matérias: Aritmética voltada para negócios com operações básicas e uso comercial para calculadoras. Leitura, onde os alunos começam a ler diariamente uma folha de um livro de escolha livre, porém, o sistema exige que o aluno tenha lido o livro em uma semana. Cidadania, entendida como pleno respeito às leis, coragem cívica, ética, respeito às regras de convivência, tolerância, altruísmo e respeito a ecologia. Computação, com conhecimentos em Office, Internet, redes sociais e negócios On Line. O novo método estabelece o conhecimento de quatro línguas, alfabetos, culturas e religiões, ou seja, Japonês, Inglês, Chinês e Árabe, com possibilidades plenas de fazerem visitas de intercambio com familiares em cada país de estudo no verão.
Mas qual seria o resultado desse programa no futuro?
O resultado imaginado é que jovens aos 18 anos estariam aptos a falarem quatro idiomas, ter conhecimento de quatro culturas diferentes, quatro alfabetos e quatro religiões distintas. Os alunos seriam bastante expertos no uso de seus computadores. Leriam 52 livros a cada ano com restrito respeito às leis, a ecologia e a convivência entre si e os povos, com manipulação minuciosa da matemática empresarial.
O único, porém, é que será contra eles que nossos filhos e netos irão competir.
Mas quem são os nossos filhos e netos?
“Carinhas” que sabem mais de TV, fofocas, nomes de artistas famosos, porém, sem história.
Adolescentes que falam o Espanhol só mais ou menos, têm ortografia ruim, não conseguem fazer somas de frações, e são especialistas em “copias durante os exames”. Crianças que passam mais tempo assistindo à estúpida televisão do que estudando ou lendo, quase sem entender o que lêem. Crianças que são chamadas de “vídeo homo” porque não se socializam, sendo estupidificados com o iPod, iPed, Tablets, skate, blackbarries, facebook, chats, onde só falam das mesmas “porcarias” listadas acima. Ou estão nos joguinhos de computador, em isolamento, num autismo claro capaz de ameaçar a liberdade, a educação, a auto-estima, o respeito pelos seus pais ou outras pessoas, a solidariedade, a cultura, promovendo assim um egoísmo alarmante!
Fica assim um alerta para pais e mestres!

Fonte: Francisco Javier Abad Vélez, Decano na Facultad de Negocios y Ciencias Empresariales – Uma Universidade Privada da Argentina. 

O Balanço da Petrobrás

É duro aceitar o que aconteceu à Petrobrás. Com o balanço publicado ficamos sabendo que 6,2 bilhões de reais, ou 12 por cento refere-se a baixa contábil que foram relacionados com valores desviados em um esquema de super fixação de preços em projetos, suborno e propina, ou seja, o maior de escândalo de corrupção da história do Brasil e também do mundo.
Além de toda essa sujeira, existem ainda perdas de 44 bilhões de reais que merecem a maior de nossas atenções. Pois elas se referem a baixas que refletem decisões ruins de investimento, execução imperfeita, interferência política e a queda dos preços do petróleo, conforme a petroleira reconheceu em seus resultados auditados de 2014, publicados na última quarta-feira.
É igualmente difícil acreditar que o bilionário roubo na empresa é suplantado por 44 bilhões referentes a desajustes ligados a incompetência dos gestores da estatal.
A gestão controlada por políticos e as leis de petróleo nacionalistas, que deixaram a Petrobras sobrecarregada com uma dívida líquida que já soma 282,1 bilhões de reais continuam sendo as maiores ameaças para a empresa e para a economia do Brasil, que depende muito da gigante estatal para investimentos.
Depois de anos de aumento dos gastos e atrasos de projetos, a Petrobras se tornou a petroleira mais endividada do mundo, um fardo que limita a sua capacidade de realizar investimentos necessários para aumentar a sua produção de petróleo e gás e seu balanço anual de 2014 mostrou um prejuízo de R$21,6 bilhões, o maior de toda a história da empresa.
A empresa está muito alavancada (endividada), registram os especialistas que defendem grandes mudanças na empresa, começando com a substituição da equipe de gestão em favor de nomes não nomeados politicamente.
Dois terços da baixa contábil não estão relacionadas a corrupção mas às refinarias Rnest (Refinaria do Nordeste), conhecida também como Refinaria Abreu e Lima no estado de Pernambuco e a Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) , que estavam entre os maiores projetos de infra-estrutura do Plano de Aceleração do Crescimento ( o PAC), um dos carros-chefe da presidente Dilma Rousseff. Elas já custaram mais de 15 bilhões de dólares cada uma, bem acima do orçamento inicial, e, por incrível que pareça, os projetos permanecem incompletos, após anos de atrasos.
Economistas estimam que os problemas relacionados a Petrobrás, podem provocar um corte de até 1,5 ponto percentual no Produto Interno Bruto do Brasil deste ano, acrescentando assim mais problemas para uma economia que já deverá entrar em sua pior recessão em duas décadas.
Por outro lado enquanto a Petrobras tenta virar a página, deixando para trás o escândalo de corrupção, também enfrenta estritas regras de conteúdo nacional que impõem altos custos e resultam em qualidade questionável onde o exemplo maior é a empresa Sete Brasil, contratada para construir 28 navios-sonda de águas profundas no valor de cerca de 1 bilhão de dólares cada uma, está agora com problemas financeiros. Assim, as sondas devem ser alugadas à Petrobras por mais de 500 mil dólares por dia, após serem construídas no Brasil.
A pressão dos preços internacionais do petróleo também causa estragos, e por causa deles, plataformas de perfuração estão agora disponíveis no mercado mundial a 400 mil dólares ao dia ou até menos. Mas a luta do governo para salvar a “Sete Brasil” deve prender a Petrobras à opção mais cara.
Durante anos, o governo forçou a Petrobras a subsidiar os preços domésticos dos combustíveis, causando bilhões de dólares em perdas no refino o que impediu que a Petrobras atraísse parceiros para o setor.
Agora o petróleo mais barato internacionalmente também obrigou a Petrobras a realizar uma baixa contábil de 9,8 bilhões de reais em ativos de exploração e produção, área bastante sobrecarregada.
As dificuldades são muitas sendo pouco provável que o crescimento da produção média anual de 4,5 por cento esperado para este ano e de 3 por cento para 2016 gere caixa suficiente para reduzir a dívida da empresa, o que não é difícil prever que a Petrobras precisará mais do que uma limpeza da corrupção para se reerguer.