quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As agruras da América Latina

A América Latina constituída por países de línguas derivadas do Latim se compõe de 20 países: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
A região não é pequena, é composta por 600 milhões de habitantes e a totalidade dos países são subdesenvolvidos, apesar da ostentação de certas nações por serem industrialmente e tecnologicamente mais avançadas. Quem controla o avanço industrial e tecnológico na grande maioria dos países latino-americanos é o capital transnacional ou capital estrangeiro, como é o caso de BrasilMéxico e Argentina, países de maior expressão na região. Assim, a economia da maioria dos países da América Latina provém da agricultura que se baseia na primitividade de técnicas e numa desigualdade de distribuição de terras, que sempre dá privilégio aos grandes proprietários.
A maior presença da população ativa se encontra no setor primário (agricultura, pesca e pecuária) que é um dos elementos que caracterizam o grau de desenvolvimento da região. Somente alguns países apresentam significativas parcelas da população economicamente ativa no setor secundário (indústria e construção civil), porém é o setor terciário, de prestação de serviço que mais tem crescido em quase todos os países latino-americanos.
Em geral os países latinos, são dependentes da exportação de commodities agrícolas e minerais. Brasil, Argentina, México e Chile se destacam também na produção e exportação de manufaturados, pois possuem uma boa base industrial que lentamente vem se deteriorando. Quase a totalidade dos países é capitalista e seguem os fundamentos da economia de mercado, exceto Cuba que segue uma orientação equivocada no socialismo. Por outro lado Brasil, Argentina e Venezuela, embora capitalistas vem-se distorcendo dessa orientação, infelizmente.
O futuro da economia da América Latina se apresenta no momento com mais incertezas do que clarividências. Segundo especialistas, o baixo crescimento das economias centrais vem impondo aos países da região a necessidade de realizar “reformas estruturais” para serem mais competitivas.
A queda dos preços internacionais das commodities e a mudança da política monetária americana empurraram os países latino-americanos a uma encruzilhada. Em médio prazo, o cenário trará mais incertezas. O crescimento potencial da região tende a se manter abaixo da média da década passada, segundo especialistas. A região será mais pressionada pela sociedade e pelo empresariado a expor resultados positivos em termos de aumento de produtividade e de competitividade.
Fenômenos como a redução do crescimento na China, a queda nos preços internacionais das commodities exportadas pela região e o possível aumento dos juros dos Estados Unidos a partir de julho de 2015 trarão efeitos diferentes à região e vai exigir qualidade de gestão macroeconômica dos países centrais.
O México e os andinos, em especial, Peru, Chile e Colômbia – terão maior fôlego para enfrentar o cenário desfavorável e devem manter a curva de crescimento. Já o México, Integrado aos Estados Unidos, deverá se beneficiar da recuperação americana e também de reformas adotadas em 2013 no setor energético e na tributação das empresas.
Os andinos (Chile, Colômbia e Peru) souberam como se valer do aumento dos preços das commodities na década passada, mantiveram a inflação e as contas públicas sob controle e ampliaram seus mercados consumidores.
Venezuela e Argentina formam o grupo oposto. Seus modelos econômicos centralizados estão esgotados. Favorecidos pelo aumento dos preços das commodities nos anos 2000 ambos os países expandiram seus gastos públicos, foram lenientes com a inflação e criaram dificuldades ao investimento produtivo. A Argentina tem seu quadro agravado desfavoravelmente com o chamado calote de sua dívida internacional com fundos de investidores.
O Brasil pode ser considerado em um grupo de crescimento frustrante. O País está atrasado nas reformas estruturais para expandir seu potencial de produção e aumentar a competitividade. O desemprego baixo é considerado uma “característica benigna”, mas não vem acompanhado por aumento de renda. Junte-se a isso o gigantesco dispêndio com o “Seguro Desemprego”, o que caracteriza uma tremenda contradição, acrescido do “Bolsa Família”, considerados por especialistas como um assistencialismo deslavado. A situação das contas públicas não é confortável, a inflação está acima do centro da meta e conta apenas com margem monetária – aumento de juros - em especial para enfrentar um cenário mais desfavorável.
O déficit em transações correntes (transação de um país com o exterior) é um grave problema macroeconômico da América Latina, e isso afeta o crescimento regional embora não deva causar dificuldades cambiais porque o nível de reservas internacionais da região é elevado, ou seja, perto de US$ 800 milhões.
As reformas estruturais são o grande desafio para a América Latina. Os países da região terão inevitavelmente de enfrentar esses problemas. A agenda de reformas inclui redução da carga tributária e investimentos em infra-estrutura, educação e mão de obra qualificada. Brasil e México precisam reduzir a dependência de países com grandes economias. No caso do Brasil, em relação à dependência de exportações para Europa e China, enquanto o México é extremamente dependente da economia americana e européia.
Assim, a América Latina tem diversos desafios pela frente, como erradicar a violência que impede o desenvolvimento econômico e inibe investimentos estrangeiros, como realizar as reformas trabalhista, educacional, de infra-estrutura e de segurança, e contornar seu maior problema que é eminentemente político.