domingo, 23 de abril de 2017

Estarrecimento ou Vergonha

Ainda ecoa nas mídias brasileiras as delações do grupo Odebrecht em relação ao meio político. Não é para menos!
Todo o país ficou estarrecido ao conhecer o grau de envolvimento, nada republicano, da Odebrecht com os principais políticos e partidos de representação política do país.
Descobriu-se das delações apresentadas, um cartel formado pelas maiores empreiteiras do país, entre elas a Odebrecht, que teria desviado em conluio com políticos da base dos governos Lula e Dilma mais de R$ 40 bilhões da Petrobrás, em dez anos. E nos depoimentos tornados públicos na última semana, apenas a Odebrecht, confessou pagar US$ 3,3 bilhões, equivalentes a R$ 10,6 bilhões em propinas através do Setor de Operações Estruturadas da empresa; um departamento de nome bonito que correspondia ao “propinoduto empresarial”, montado na estrutura oficial da empresa, o qual ocorria de forma paralela às operações da empresa; fazendo pagamentos em dinheiro vivo para políticos do PT, PMDB, PSDB e praticamente a todas as legendas brasileiras, em troca de favores no Congresso Nacional e na União.
Na realidade, ocorreu à apropriação do setor público pela Odebrecht  que se estruturou para ter o estado brasileiro na mão para usufruir, financeiramente, de todas as suas esferas.
Para que tenhamos uma ideia do valor pago pelo setor de propinas da Odebrecht, entre 2006 e 2014, à classe política, basta ver dados do FMI (Fundo Monetário Internacional) onde o volume de recursos transviados superou o PIB (Produto Interno Bruto) de 33 dos 217 países listados do ranking do Banco Mundial, no mesmo período.
A coisa não para por aí. Ainda teremos as delações das empreiteiras: Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Correia e Queiroz Galvão, para citar as mais conhecidas.
Será conhecida ainda a participação em níveis estaduais de governadores e suas câmaras legislativas, de prefeitos e suas câmaras de vereadores, do judiciário, do setor automobilístico, do setor bancário e vai por aí afora.
Pior é perceber que tudo isso se tornou demasiado caro ao país, o que se revela no elevado índice de desemprego; no descaso com a saúde; com a segurança pública; com a educação; com o transporte público; com a infraestrutura do país e com o futuro dos jovens e, sobretudo dos mais pobres, jovens ou não.
Como resolver? Eis a questão? Certamente através das reformas. De todas elas em discussão, pois, o nosso atraso enquanto nação é gigantesco em relação às nações mais desenvolvidas. E a reforma política é uma delas, o que não exclui o olho clínico do eleitor para escolher melhor seus representantes na ocasião das eleições, na hora do voto.
Para tanto, é preciso entender o momento ao qual estamos vivenciando. Fala-se em lista fechada. E no atual contexto a lista acaba por ser uma realidade, pois, temos somente duas maneiras de financiarmos as campanhas eleitorais ou com dinheiro público, através de lista, ou com dinheiro privado através das empresas, o que foi vetado pelo STF, recentemente.
Assim, resta-nos a lista fechada como financiamento público das campanhas. Como o dinheiro público não pode ser distribuído individualmente aos candidatos, senão o candidato pega o dinheiro e some da eleição, o partido é quem recebe o dinheiro e o distribui a seus candidatos em forma de lista. O dinheiro dado aos partidos é recebido de maneira proporcional aos participantes do pleito.
Outra questão é entender que não podemos ficar sem os partidos políticos e sem os políticos, senão caímos no autoritarismo que não queremos. Cabe então depurarmos todo esse processo de crise moral a qual nos encontramos, verticalmente, de cima abaixo; e lembrar que a moral é algo que vem de dentro de cada um de nós e que nos compete melhorar a cada dia, em todos os sentidos, começando pelas pequenas iniquidades do cotidiano a nossa volta.
A questão é seríssima! Indignados e envergonhados estamos todos, com tudo isso que está acontecendo no país e no ceio da política brasileira. E não poderia ser diferente!
A realidade mesmo é que o povo não aguenta mais! O país não suporta mais tanta corrupção!

terça-feira, 11 de abril de 2017

Furacão Brasileiro

Dentro de um contexto de crise, dado a herança das políticas governamentais equivocadas de governos anteriores ao de Michel Temer, cabe agora ao Governo Federal a penosa tarefa de reequilibrar as contas e controlar as despesas orçamentárias públicas, uma verdadeira sangria de gastos excessivos.
Para sermos justos, adicionemos a esse pacote os três poderes: executivo, legislativo e judiciário em todas as suas instâncias possíveis. Todos desajustados!
Junte-se a isso, a atividade econômica brasileira sempre dependente da atuação do estado, no que se refere a estímulo de investimentos, desvencilhar-se deste cordão umbilical para que suas atividades possam trilhar um novo curso dentro das regras de um cenário de sociedade de livre mercado.
Diante desse quadro de dificuldades, cabe aos governos federal, estadual e municipal, unicamente, a hombridade de estabelecer um processo contínuo de reestruturação de suas atividades através do cumprimento de seus deveres, como o de colocar as contas públicas em ordem, dentro dos parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal, sob pena de o país não se sustentar mais, desconstruindo, assim, o futuro das novas gerações, influenciadas inequivocamente pela cantilena esquerdista dentro das salas de aula das escolas, país afora.
Para dirimirmos a atual crise será necessário um esforço conjunto entre setores governamentais, políticos (entendidos como representantes do povo), empresariais, juntamente com os trabalhadores e a população brasileira, em geral, para que possamos nos livrar mais rapidamente dessa inaceitável situação, deixando de lado paixões, equivocadamente, ideológicas.
Assim, cabe à população repudiar toda essa roubalheira a qual fomos submetidos, mas também, o dever de buscar entender, compreender e abraçar a  adoção de medidas necessárias à modernização do estado brasileiro através das alterações da legislação tributária, da flexibilização das leis trabalhistas (já ultrapassadas), da reforma política com melhores regras (voto distrital, por exemplo) e da utilização de melhores diretrizes de controle dos gastos públicos. 
O país, evidentemente, vem sofrendo muito com todos esses desacertos. Atravessou o ano de 2015, sob tremenda crise, com recuo de 3,8% do PIB - o maior recuo em 25 anos – entrou e saiu de 2016 com a economia em severa retração que gerou um crescimento negativo de 3,6% do PIB e vislumbra uma previsão de crescimento de 0,5% do PIB para este ano, o que não é uma maravilha, porém, indica que o país superou as quedas de 3,8% e de 3,6% do PIB e, provavelmente, conseguirá colocar 0,5% de crescimento para este ano.
Assim, vamos caminhando em meio a um turbilhão de incertezas no campo político, contraposto à tendência de uma recuperação mais acentuada da economia, a partir do segundo semestre deste ano.
É bem verdade que a debilidade da questão fiscal (gastos maiores que as despesas) de estados, municípios e da própria União, é uma debilidade que pode nos levar a uma pressão social elevada; assim como o endividamento das pessoas que apesar de não ter crescido, recentemente, ainda preocupa.
Outra apreensão aos brasileiros é a taxa de desemprego, que atingiu 13,2% da população ativa e aflige 13,5 milhões de brasileiros. Esse é um quadro ruim que tende a se estabilizar a partir do segundo semestre do ano, para depois começar a ceder lentamente, dado que o desemprego é uma das últimas variáveis a ser revertida em momentos de incertezas e de recuperação da economia.
Por outro lado, dados do último relatório do Banco Central, indicam que a inflação deverá perder força em 2017, consequência da própria recessão, que esfriou o consumo, e dos parcos ajustes da economia, o qual projeta inflação abaixo de 5%.
Já os cortes da taxa básica de juros, pelo Banco Central, continuam em ritmo mais acelerado devido à queda da inflação, porém a redução não deverá gerar impactos imediatos ao consumidor, mas, certamente, criará um ambiente mais positivo para a retomada dos investimentos. Assim, a previsão do mercado financeiro para o juro básico - a chamada taxa Selic - atualmente em 12,25% ao ano, é de queda para 9%, até o fim de 2017. Isso significa que, juros em queda provocam diminuição do custo de investimentos, e favorece o pagamento de dívidas governamentais atreladas à Selic. Isso poderá impulsionar a demanda que atrelada ao processo de concessões governamentais auxiliará na abertura de oportunidades para investimentos em infraestrutura, levando ao crescimento mais robusto da economia.