sexta-feira, 29 de junho de 2018

Revolução em 3D


Estamos vivenciando o início de uma nova era através da Impressão em 3D. Embora a fase atual seja ainda considerada como semi embrionária, as novidades virão, e com elas, as tecnologias de criação, as quais farão mudanças reais no mundo o qual conhecemos hoje.
Assim, fundamentado nas tecnologias disruptivas, de inovações tecnológicas, vislumbramos um momento de corrida tecnológica, a qual antecede a uma fase de amadurecimento das tecnologias transformadoras, as quais tangencialmente, podem favorecer áreas como o design, a moda, a arquitetura e a medicina, dentre outras.
Com o crescimento dessa tecnologia em 3D, considerada simples pelos especialistas, e com a possível queda de seus preços no médio e curto prazo, provocará, como primeiro grande passo, a fabricação de componentes em proximidade ao seu ponto de compra ou de consumo; o que facilitará a criação de diversos produtos, bastando apenas, que se pague pela matéria prima para o produto a ser desenvolvido e pela criação dos arquivos de softwares; o que facilitará a centralização da produção e trará benefícios a quem investir nesse processo. Porém, caso o custo por unidade seja elevado, ele acabará por ser compensado pela eliminação do transporte e da formação de estoques.
Um exemplo prático vem da fabricação de automóveis. Os carros são fabricados, atualmente, em apenas algumas centenas de localizações pelo mundo, sendo que um dia, serão fabricados em qualquer região metropolitana onde as peças serão construídas e revendidas em concessionárias, favorecendo as montadoras e trazendo a eliminação de importação de produtos. Tudo isso desencadeará numa nova forma de pensar os setores de suprimento, mão de obra e varejo.
Embora embrionária, já se constata uma profusão gigantesca de novos materiais sendo criados e utilizados. Assim, surgem, quase que instantaneamente, novos materiais com propriedades incríveis como resinas fotopolimerisáveis (composição dentária); filamentos metálicos; filamentos flexíveis; filamentos ultraleves; filamentos que transmitem a luz e, assim por diante.
A primeira ponte de aço feita com uma impressora em 3D no mundo parece ter saído de uma nave alienígena. Ela se apresenta com um design completamente inovador e foi desenvolvida pela equipe MX3D, em Amsterdã, na Holanda. E para que o desenvolvimento da ponte fosse possível, foram utilizadas técnicas com materiais diferentes. A ponte mede 12 metros de comprimento, e será instalada no distrito de “De Wallen”, um dos mais conhecidos da capital holandesa, e promete se tornar, rapidamente, uma atração turística para o visitante de Amsterdã.
Há que se destacar ainda, que essa é a primeira vez que se constrói uma ponte utilizando-se apenas as impressoras em 3D. Por isso, testes de segurança foram executados para estabelecer padrões de qualidade e segurança a serem seguidos pela equipe da MX3D.
Dados indicam que o valor gasto para construção da ponte foi exatamente o mesmo se comparado ao que se gastaria para criar uma ponte tradicional.
Para quem visitar Amsterdã, a ponte ficará sobre o canal Oudezijds Achterburgwal, no famoso “Red-Light District”. No local hoje há uma ponte comum, que logo deverá se tornar uma recordação do passado.
As impressoras em 3D estão entre o que há de mais promissor na tecnologia atual. Esses equipamentos têm impressionado pela sua versatilidade e alto nível de detalhamento na produção de moldes, para as mais variadas áreas. Mas, os desafios prosseguem.
Dois anos atrás, Bart Prorok, professor de engenharia na Universidade de “Auburn”, nos Estados Unidos, decidiu que seus alunos precisavam aprender sobre impressão em 3D, para garantir a eles que estivessem sido preparados para lidar com os empregos do futuro.
A solução que Bart e seus colegas, Louis Payton e Tony Overfelt, encontraram foi construir um protótipo de impressora capaz de imprimir produtos camada por camada. Foi então que, em 2017, Bart e Tony se inscreveram no “Programa de Manufatura Aditiva” da GE, um projeto que fornece impressoras em 3D para escolas a fim de acelerar o uso da tecnologia no mundo. Com isso, “Auburn” se tornou uma das oito universidades a receber uma máquina de fusão a laser, uma moderna impressora em 3D desenvolvida pela “Concept Laser”, uma empresa do grupo GE. Essa impressora consegue construir peças personalizadas a partir de projetos feitos no computador utilizando o laser para fundir finas camadas de metal em pó.
A GE também distribuiu 400 impressoras em 3D para escolas do ensino fundamental e médio em todo o mundo, garantindo que cerca de 180 mil estudantes tivessem acesso a essa tecnologia. Com isso, a GE planeja investir cerca de US$ 10 milhões nesse programa.
Espera-se que isso seja somente o começo, pois a GE já produziu inteiramente um motor de avião através da impressão em 3D.
Neste contexto, a impressão em 3D também chega à educação onde as salas de aula são consideradas ultrapassadas e com métodos de ensino exatamente iguais ao de 100 anos atrás. Assim, o sistema de ensino, mundo afora, necessitará se modernizar com a chegada das impressoras em 3D, que, provavelmente, se tornarão o estopim dessa mudança em todas as etapas de ensino, desde o ensino fundamental até as faculdades e universidades. Matérias como biologia, química e geografia se tornarão muito mais atrativas e com elevado índice de prática em salas de aula. Nas universidades, as matérias mais afetadas serão aquelas voltadas para o desenho.
Imagine um estudante de arquitetura podendo desenvolver a maquete de seus desenhos em três dimensões? Isso trará um profissionalismo às salas de aula, assim como o que encontramos no mercado de trabalho. O mesmo ocorrerá com os engenheiros, nas faculdades de engenharia, onde o aluno poderá desenhar e produzir novas peças na prática.
Na medicina não será diferente. Modelos de órgãos, com os mínimos detalhes, estarão na palma da mão dos alunos. Assim, estudar o corpo humano se tornará algo fácil, o que trará uma revolução para alunos e professores.
Cabe observar, que neste novo desenho tecnológico, o risco é algo fundamental. Porém, o brasileiro carrega traços de aversão ao risco e sem risco,  nada se constrói.  Sobra apenas a mediocridade. Daí faz todo o sentido uma nova reorientação aos brasileiros onde a economia de mercado é crucial.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Dilemas da Petrobras


Pedro Parente em dois anos conseguiu reerguer a gigantesca estatal brasileira que acumulava prejuízos de toda a ordem, depois de tê-la assumido em meio a uma imagem extremamente comprometida pelo avanço das investigações da Operação Lava Jato.
Hoje a empresa conta com a reputação recuperada; com indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor; resultados financeiros positivos - como demonstrado pelo último resultado divulgado; dívida em franca trajetória de redução e com um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o país.
Porém, com os últimos acontecimentos após a paralização dos caminhoneiros, a Petrobras se vê diante de novos dilemas ou desafios.
Com a saída de Parente os desafios ficam para o presidente que entra na busca de uma política de preços transparente; de aumentar a nacionalização da produção e de refino no Brasil; de manter a recuperação financeira, juntamente, com a manutenção da capacidade de investimento da empresa. E fugir da pressão política do governo federal se apoiando em regras corporativas. Outro desafio, não menos importante, é fazer com que os investidores tenham a confiança de que não haverá controle de preços por parte do governo.
Desde o início da Operação Lava Jato a Petrobras passou por uma grave crise de imagem e credibilidade, onde a petrolífera acumulou prejuízos de R$ 21,9 bilhões em 2014, de R$ 34,8 bilhões em 2015, de R$ 14,8 bilhões em 2016 e de R$ 446 milhões em 2017. No primeiro trimestre de 2018, pela primeira vez desde o início da operação Lava Jato em 2014, a Petrobras apresentou lucro, de R$ 6,9 bilhões.
A questão dos preços é outro desafio que se coloca. Porém, é possível observar que o preço da gasolina nos Estados Unidos,  país que não pratica o controle de preços, segue trajetória aproximadamente paralela à dos preços internacionais da matéria-prima, elevando-se em períodos de crise e baixando depois deles.
A Petrobras faz uso das mesmas práticas de preços competitivos para cobrir custos tributários, margens de transporte e comércio, ajustando os preços internos de acordo com as variações nas cotações internacionais. Portanto, não existe nenhum mal nisto.
Outra observação interessante é que os desafios de aumento de produção e de equilíbrio da empresa precisam estar ligados a uma boa prática de preços relacionados aos preços internacionais.
De outro modo, o mercado de combustíveis no Brasil está longe de ser um mercado genuíno.  Existem ainda uma vasta e complexa rede de subsídios, obrigações e proibições que precisam ser retiradas desse processo.
Outro ponto, é que o governo brasileiro há muito, vem pegando carona tributária nos derivados de petróleo. Assim, caso todos os impostos sobre a gasolina (PIS, Cofins, CIDE e ICMS) fossem abolidos, o preço do litro, hoje, cairia 53%, exatamente a carga tributária desses impostos que incidem sobre a gasolina, sendo que uma fatia do caríssimo preço da gasolina é utilizada pelo governo para subsidiar o preço do diesel ao contrário dos Estados Unidos onde o preço do diesel é mais elevado que o da gasolina por questões de mercado, caracterizado por excesso de procura.  
Cabe lembrar que nos EUA, cujo setor petrolífero é dominado por empresas privadas "malvadas e gananciosas", o preço da gasolina caiu e voltou ao mesmo valor nominal de dez anos atrás.  Hoje, um litro de gasolina nos EUA está custando, em média, R$ 1,90.  Já no Brasil, cujo setor petrolífero é controlado por uma estatal, o preço da gasolina está hoje no maior valor da história do real, chegando a R$ 4 em algumas localidades.
É preciso entender também que as perdas de receita da Petrobras decorrentes da venda de derivados a um preço inferior ao de referência internacional totalizaram R$ 98 bilhões entre 2011 e 2014, portanto, nos governos populistas. Essa é a conta que está chegando agora aos brasileiros. Será mesmo, que é isto que a sociedade deseja?
Nessa toada, a  dívida da Petrobras aumentou em mais de 70% de 2011 a 2013, sendo o aumento mais forte de 2012 para 2013 (36%). Em termos absolutos, entre 2011 e 2013 a dívida bruta e a líquida cresceram mais de R$ 100 bilhões. Esse movimento ocorreu em função de uma geração de caixa insuficiente para arcar com o elevado ritmo dos investimentos da empresa.
Existem diversas opções de políticas em relação à precificação de derivados do petróleo. Além dos mercados totalmente liberalizados, que podem ser compreendidos especialmente a partir de estudos de casos de países como o Canadá e os Estados Unidos, e os apontados pela literatura internacional.
Já o estabelecimento de fundos de estabilização que, combinados a regras de precificação, têm o intuito de amortecer o repasse da volatilidade dos preços internacionais aos preços domésticos deve ser acompanhado com muito cuidado para não se cair em subsídios indesejáveis.
É evidente, então, a necessidade de se considerar um mecanismo de amortecimento dos preços para o Brasil através de uma política que evite o subsídio; mas, que ao mesmo tempo, permita a previsibilidade das mudanças de preços e, consequentemente, a redução dos riscos de investimento de potenciais entrantes no mercado doméstico de combustíveis, através de médias móveis de preços por 30 dias, por exemplo.
Para termos uma ideia de como ocorre lá fora: os preços dos combustíveis no Canadá são explicados majoritariamente pelo preço mundial do petróleo, além dos custos de transporte, margens de refino, níveis de estoque e condições de oferta local e as sazonalidades, sendo que os tributos também compõem seus preços.
O mercado de combustíveis também é totalmente liberalizado nos Estados Unidos e a composição dos preços e os seus determinantes são semelhantes ao do mercado canadense, sendo influenciados principalmente pela interação entre oferta e demanda.
Portanto, a evolução dos preços desses derivados mostra a tendência de alta e a volatilidade a qual estão sujeitos, pois respondem às variações de oferta e demanda mundial.
O câmbio, também é outro componente que interfere no preço da gasolina por aqui. Isso acontece porque, desde 2011, o país voltou a consumir mais gasolina do que produz o que fez aumentar a quantidade de gasolina importada do exterior, que é paga em dólares. E, se o dólar custa mais caro, a gasolina que vem de fora claro, custa mais caro também.
Segundo a Petrobras, o preço da gasolina comum para os consumidores é formado pela seguinte proporção: 31% são custos de operação da empresa para produzir o combustível, 10% são impostos da União (Cide, PIS/Cofins), 28% são impostos estaduais (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS), 15% é o custo do etanol adicionado à gasolina e 16% se refere à distribuição e revenda.