quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Navegando em águas turvas

A menos de quarto meses no poder, o presidente Temer conta com uma rejeição de 46%. Será isso normal? Parece que sim, pois em apenas quatro meses de mandato não se tira o Brasil do buraco ao qual o PT nos meteu.
Assim, por conta de quatorze anos de desmandos o país foi jogado na maior recessão de todos os tempos a qual trouxe como brinde de Natal e Ano Novo o índice de desemprego de 12% o qual se traduz em mais de 12 milhões de desempregados em todo o país. Notem que este é o índice médio de desemprego para a economia como um todo, porém quando se verifica o índice de desemprego para os jovens, ele atinge a desagradável marca de 23%, ou seja, mais de vinte milhões de jovens que não conseguem se encaixar no mercado de trabalho, seja pela retração da economia, seja pela má formação profissional, seja pela geração “nem, nem”, aqueles que não estudam e nem trabalham.
Mas não é somente isso, o estrago é tão grande que os empregados do serviço público amargam o atraso ou parcelamento dos salários, assim como do décimo terceiro, país afora.
No frigir dos ovos fica assim: quem está no serviço público não recebe o seu salário e quem está na iniciativa privada, ou é demitido ou corre o risco de receber o inesperado aviso prévio.
Neste contexto cabe a pergunta? Será que essa ideia de que nada está acontecendo no governo Temer, como se vende por aí, é verdadeira?
Considerando às circunstancias de momento, com tanto tiroteio pela imprensa e mídias sociais, perdemos às vezes, a noção de conjunto do que vem ocorrendo no país. Assim, nesse ambiente turbulento, podemos dizer que o governo Temer tem se revelado bom.
O país vem discutindo os seus problemas seja nas finanças públicas, seja no ensino público e a Operação Lava Jato vem cumprindo o seu papel; e há tempos o país não via uma agenda que fizesse tanto sentido ou que fosse composta de escolhas que caminham numa mesma direção.
Por outro lado, lateralmente, verifica-se tamanha conjugação de irresponsabilidades oriundas da oposição, do judiciário, do ministério público, do legislativo, e de setores da imprensa, onde transparece a perda completa de noção de institucionalidade com Ministros do STF concedendo liminares ilegais, com Procuradores da República convocando as ruas contra o congresso e parlamentares sonhando com retaliações, etc. Esse é o clima.
Com tantas atitudes a confundir a população, ainda assim, nesse pouco tempo de gestão, o governo Temer conseguiu aprovar uma PEC de gastos que impedirá, taxativamente, que o Brasil se torne um Rio de Janeiro de dimensões continentais. Aprovou na Câmara dos Deputados a Medida Provisória do Ensino Médio, enfrentando mistificações e desinformações gritantes. Aprovou a Medida Provisória do Setor Elétrico, que quase não foi notícia – área, especialmente, devastada pelo governo Dilma Rousseff. Aprovou o projeto que desobriga a Petrobrás de participar da exploração do Pré-Sal, e contratos já foram fechados sob as condições da nova regra. Aprovou a Lei da Governança das Estatais, palco da corruptela. Apresentou uma boa proposta para a Previdência Social, que, certamente, vai enfrentar resistência, principalmente, dos setores privilegiados da nação. No BNDES está em fase final o levantamento do estrago petista realizado por lá, e, o banco já se prepara para retomar financiamentos. Aprovou o Orçamento Público para o ano que vem e na semana passada anunciou um pacote de recuperação da economia, direcionado à microeconomia, ou seja, endereçado às empresas e às pessoas, que embora seja tímido, tem direcionamento acertado, sem conflitos de direção.
Não parece pouca coisa. Assim, estamos diante de uma agenda que interessa ao Brasil e aos brasileiros a qual não passa pelo esquerdismo nem pelo direitismo, mas uma agenda de estado, que contempla o futuro do país.
Tudo isso não implica que caso Temer tenha que pagar por erros de conduta, que também o pague, porém, após todo o processo investigativo, assim como para qualquer outro político ou brasileiro comum. Lembremos o compositor Herivelto Martins que em uma de suas canções dizia - é preciso julgar pra depois condenar.
Neste imbróglio de momento, é preciso ter cuidado com quem fala; do que se fala e por que se fala, pois, no próximo ano o país não terá crescimento novamente, será o terceiro ano de recessão. Ninguém aguenta isso. Daí o cuidado com os tumultuadores de sempre; aqueles que fazem do tumulto o seu jogo para atrair os inocentes ou desinformados que entram no jogo sem saber para quem se está jogando.
A instabilidade política interessa aos que estão fora do poder, porém, ela prejudica os investidores internos e os investimentos externos que não vêm por causa da instabilidade política e, como sabemos o estado brasileiro não dispõe de recursos para investir porque está deficitário.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O último timoneiro

Perde o Vale do aço o seu maior timoneiro, Dom Lélis Lara.  Com ele se vai o administrador, o condutor, o comandante. Também o líder, o orientador, o mentor, o guia e o gerente. O dirigente, o chefe, o cabeça, o diretor que sempre plantou alegrias e simplicidade.
Ele nos apresentou seu belo sorriso e o carisma que conquistou a todos, sendo sempre aquele que sempre foi em vida – bondoso, generoso, caridoso, humano – uma gente boa!
Assim, um divinopolitano simples, filho de um maquinista e de sua esposa se tornou uma das pessoas mais influentes da região do Vale do Aço e do meio religioso regional e nacional.
Religioso de primeira grandeza da Congregação do Santíssimo Redentor se tornou Bispo Emérito da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, coroando assim todo o seu trajeto religioso desde a tenra infância.
Foi um homem importante e ao mesmo tempo simples que abdicou de todo o bem material, dedicando-se ao respeito, a dignidade e ao amor ao próximo. O que se resumia em amar e compreender o próximo, de acordo com seu lema de bispado: “Caritas Omnia Credit” (A caridade tudo crê – 1 Cor. 13,7), quando nomeado bispo auxiliar de Itabira-Coronel Fabriciano.
Dom Lara plantou em nossa região do Vale do Aço puras e belas sementes de bondade, fé, esperança, cultura, sabedoria e humanidade.
Sua partida deixa um vazio em cada um de nós e em todo o Vale do Aço. Oxalá, saibamos honrá-lo fazendo o bem ao próximo como ele seguiu ao Pai e sempre nos ensinou!
Sua presença espiritual continuará em nossos corações, através da sua fervorosa devoção. Uma chama que não se apagará jamais!
A cidade de Coronel Fabriciano e toda a região do Vale do Aço têm muito de sua historia e de sua capacidade de trabalho em prol de todos.
O nosso querido Dom Lara teve participação importantíssima na defesa, criação e manutenção do ensino na região. Em momentos difíceis da então PUC-MG com problemas financeiros atuou na criação do Instituto Católico de Minas Gerais, (ICMG), no sentido de manter a escola que posteriormente se tornou a UNILESTE que conhecemos, e que hoje tem como mantenedora, através da firme atuação de Dom Lélis Lara, a UBEC (União Brasiliense de Educação e Cultura).
Em janeiro deste ano assumiu através do ICMG o Colégio Angélica, símbolo do ensino de Coronel Fabriciano e do Vale do Aço que por problemas financeiros deixaria de funcionar.
Sua participação religiosa é ampla tendo ainda passado pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
É fundador da Casa dos Meninos - antiga Casa do Menor, exercendo diversas outras atividades em todo o Vale do Aço.
É uma grande pena que ele tenha se ido, assim como cada um de nós iremos um dia.
Porém, deixou a sua grande marca de religioso, educador e grande conciliador regional, o que faz a todos acreditar que ele partiu com sua missão cumprida!

O país em transe

Estamos vivenciando o pós-impeachment de Dilma Rousseff, o distanciamento dos políticos aos anseios da sociedade e as graves consequências de treze anos de populismo barato. Os ânimos estão exaltados e a população, cansada de tantos desmandos e roubalheiras, deu mais um recado aos políticos neste último domingo; e os poderes da república se digladiam, veementemente, como nunca.
A coisa corre mais ou menos assim: no Congresso Nacional, de um lado, se vê o barulho do petismo que ficou fora da administração pública da maioria das cidades brasileiras e assistiu a queda de sua presidente, e de outro, o barulho dos sonhadores com aventuras diversas como o da busca de “salvadores da pátria” e o agito dos parlamentares que estão na mira da Lava Jato tentando se safar grotescamente armando medidas congressuais.
Nas ruas, o povo fortalece a Lava Jato, de olho na faxina aos corruptos.
Em tempos de turbulência tudo isso é normal. Cada um se defende como pode.
Isso é o que temos! Um país ainda por fazer, apesar do atraso dos últimos treze anos.
Assim, o Brasil precisa se redescobrir e eleger a educação como prioridade absoluta para poder se desfazer de suas mazelas na saúde, na segurança pública, no saneamento básico, dentre outras; e tocar adiante as reformas para tirar o país do atraso em busca de novas perspectivas, principalmente, para os jovens. E, como todos sabem, a educação é o fator determinante nessa redescoberta, nessa reconstrução que deve ser consolidada em bases sólidas e consistentes na busca do desenvolvimento que é a vocação natural do país.
A democracia, essencial ao país é outro ponto a ser tocado. Muitos segmentos de nossa sociedade não entendem o sentido, as responsabilidades e a aplicabilidade da democracia e seus impactos dentro do jogo político como acontece nas sociedades mais avançadas.
Como a democracia, traz em seu bojo, o entendimento e a aplicabilidade de direitos e deveres, isso se torna um exercício cotidiano na vida de cada cidadão e de cada entidade representativa da sociedade através do diálogo em torno das principais questões do país, discutindo e ampliando o conhecimento desses problemas para que a sociedade, não apenas acompanhe, mas também participe das decisões nacionais.
Cabe perceber ainda, que em nosso período republicano de país, não vivenciamos uma democracia plena para que pudéssemos compreender que os embates entre poderes é algo natural nos regimes democráticos, porém, o que não é natural é quando um poder invade a seara alheia, ou seja, invade o campo de atividade ou de responsabilidade de outro poder. Assim, a democracia exige que cada poder responda por seus atos, e que, invariavelmente é responsável por suas atuações em seu campo de atuação.
Neste domingo vimos, principalmente nas grandes capitais, as manifestações a favor da Operação Lava Jato e das dez medidas oferecidas pelo Ministério Público Federal contra a corrupção.
A operação Lava Jato tem a sua importância todos sabemos, porém é necessário notar que entre as dez medidas sugeridas pelo Ministério Público Federal, três delas atropelavam o sistema democrático em vigor. São elas, abrigar o uso de provas ilegais desde que colhidas de boa-fé, ou seja, como se falar em “devido processo legal” com o uso de provas ilegais? Não faz sentido. Segundo especialistas, a medida poderia ser derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, assim, a medida acabou por cair na última alteração pela Câmara dos Deputados.
A segunda medida é aquela que se refere “a teste de honestidade para servidores”, que também não faz sentido, e foi alterada para medida administrativa de ordem interna, não tendo implicações penais.
A terceira medida é a que estabelece o fim do “habeas corpus” o que também não é interessante para uma democracia, também caiu.
A polêmica sobre a possibilidade de juízes e membros do Ministério Público poder ser denunciados por crime de responsabilidade, não parece ser interessante a sua inclusão no bojo de Leis contra a corrupção, apenas ser observada em Lei específica, em separado, é o suficiente, ou apenas melhorar os textos já existentes da legislação vigente. O que não pode é uma legislação que cale os juízes.
Já a criminalização do Caixa Dois é plausível já que ela existe apenas no Código Eleitoral e não é prevista para crimes comuns. Assim, a introdução da criminalização do Caixa Dois, em si é saudável. O que não poderia acontecer, como não aconteceu, seria o desvirtuamento da interpretação da Lei, fazendo entender que, pelo fato de não haver Lei Penal para o Caixa Dois, o que aconteceu no passado com os parlamentares seria perdoado ou anistiado pelo motivo de não haver legislação especifica, o que é, na realidade, uma discussão descabida.
Especialistas do direito comentam que na prática essa anistia não seria automática, pela existência de Leis que, embora não tratem especificamente do Caixa Dois, poderiam ser utilizadas para punir essas operações; e que, por outro lado, se a origem do dinheiro movimentado no Caixa Dois tiver sido ilícita, também haveria a possibilidade de enquadramento da transação em outros crimes, como de lavagem de dinheiro e de corrupção.

Estados Estrangulados

A crise financeira dos estados é uma realidade constrangedora relacionada à má gestão pública e ao encolhimento da economia e da arrecadação de impostos.
Neste contexto os Estados têm uma característica diversa da União, sofrendo diretamente o impacto da crise orçamentária. Assim, enquanto a União consegue endividar-se no mercado financeiro e postergar medidas mais amargas de ajuste, (o que nem sempre é prudente), os governos estaduais dispõem de poucas opções para equilibrar suas contas, além de elevar tributos e atrasar pagamentos quando o caixa é curto.
Podemos dizer que, praticamente, todos os governadores enfrentam hoje algum tipo de fragilidade fiscal, seja pela queda de receita, seja pelas contas no vermelho, seja pelo endividamento ou por gastos em excesso com pessoal; e mesmo aqueles estados que se encontram melhores nas estatísticas enfrentam problemas em seu dia a dia.
A situação mais dramática é a do Estado do Rio de Janeiro, cuja dívida já ultrapassou o limite máximo fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 200% da receita anual e deve fechar o ano com um rombo de R$ 17 bilhões; e quando esse teto da Lei de Responsabilidade Fiscal é ultrapassado, o Estado fica proibido de contrair novas dívidas, o que dificulta a expansão dos investimentos, principalmente, em infraestrutura.
O Estado do Rio Grande do Sul também esta sujeito a essa restrição de crédito e Minas Gerais está muito próximo desta restrição.
Outros Estados com dívidas acima de 150% da receita anual passam por dificuldades como São Paulo e Alagoas. E os Estados menos endividados enfrentam obstáculos na obtenção de crédito.
Nessa toada, os estados em geral são vistos com desconfiança pelos bancos privados, pois não podem vender títulos no mercado financeiro como o governo federal para gerar lastro para as suas dívidas junto aos bancos.  
Sem muitas alternativas diante da queda generalizada da arrecadação os governadores ficam forçados a promover ajustes imediatos como em São Paulo que apresentou queda nos investimentos da ordem de 40% no ano passado.
A situação dos estados seria pior, se boa parte dos governos estaduais não tivesse recorrido a uma manobra heterodoxa de contabilizar como receita, a partir de mudanças na legislação, recursos dos depósitos judiciais que correspondem a dinheiro em disputa Judicial que estavam depositados em contas bancárias para assegurar o pagamento de uma causa ou demanda jurídica ou mesmo de cálculo de imposto que tenha sido questionado por algum contribuinte. Somente o Estado do Rio de Janeiro se valeu de, pelo menos, R$ 6,7 bilhões dessa fonte no ano passado.
Agora os estados estão utilizando recursos provenientes da repatriação de dinheiro dos brasileiros no exterior para fazer os pagamentos do 13º salário do funcionalismo.
Técnicos afirmam que os gastos com pessoal é a principal mazela enfrentada pela maior parte dos governadores, pois as despesas estaduais mais importantes como em educação, saúde e segurança envolvem o quadro de servidores.
Com a máquina pública extremamente inchada e com tamanha desorganização administrativa a solução parece mesmo ser a austeridade no trato dos recursos públicos, algo a ser resolvido somente no longo prazo.
Uma solução duradoura seria a revisão do chamado Pacto Federativo dada à distorção dos recursos provenientes dos tributos pagos pela população e carreados à União, Estados e Municípios. A situação é muito desigual. Enquanto a União fica com 58% dos recursos; os Estados ficam com 24% e os Municípios ficam coma apenas 18% deles.
Outro ponto importante é a necessidade da execução de um ajuste fiscal e administrativo dos Estados com a revisão das previdências estaduais que são bastante onerosas e certamente contemplam algum tipo de privilégio.
Administrativamente será necessário cortar as regalias dos servidores públicos como carros oficiais para o legislativo e carros oficiais para membros de governo.
Outra questão a ser discutida é a estabilidade do funcionalismo público, algo que não existe em vários países do mundo.
É bom lembrar que a Constituição de 1988 descentralizou funções para estados e municípios sem a correspondente alteração nas políticas fiscal e tributária para que esses entes da federação pudessem absorver recursos suficientes para cumprir financeiramente as tarefas que receberam. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Os solavancos de um país chamado Brasil

O mar de lama da corrupção demonstrada pela operação lava jato e a apropriação indébita de recursos públicos ao privado na gestão pública, impressionam e nos causam ansiedade e angústia. Desse modo o sentimento de impunidade preocupa e nos coloca diante de um dilema patético de realmente passar o país a limpo ou de sucumbirmos com ele.
Dentro de uma crise sem precedentes e que se agrava com as incertezas vindas da eleição de “Donald Trump” nos Estados Unidos, o atual ambiente econômico e político do país nos revela a necessidade de realizar duas operações cirúrgicas, ao mesmo tempo, uma a de salvar o país da corruptela, e outra, a de refazer os desmandos na economia, saneando os gastos públicos, colocando a casa em ordem para trazer de volta o respeito e a seriedade com o trato das coisas públicas.  
Assim, diante de tantos solavancos é a vez do Banco do Brasil espelhar suas dificuldades com o fechamento de agências e convocando seu corpo de funcionários a aderirem a seus planos de desligamento voluntário, fazendo assim o dever de casa deixado de lado por longos anos. Para termos uma ideia desse quadro, o setor privado já vinha, há algum tempo, enxugando suas estruturas com fechando agência e focando em agências digitais enquanto o Banco do Brasil e a Caixa Econômica desavisadamente vinham abrindo agências e aumento o quadro de funcionários.
Como diria Mário Quintana: “nesses tempos bicudos”, você liga o rádio ou a TV, conecta-se à internet ou abre os jornais angustiando em receber notícias dignas e virtuosas, mas somente vê propaganda subliminar, suja e corrupta. E completa dizendo: o deplorável é que a grande maioria das pessoas sequer sabe entender, interpretar, quanto mais projetar a informação no seu hoje e no seu amanhã.
Diante do descalabro de hoje cabe ainda lembrar o Padre Antônio Vieira em seu célebre Sermão do Bom Ladrão escrito em 1655, proferido da Igreja da Misericórdia de Lisboa em Portugal. Presentes o Rei Dom João IV e sua corte, os maiores dignitários do reino, juízes, ministros e conselheiros.
Em seu sermão o Padre Viera ataca e critica aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer ilicitamente, denuncia os escândalos no governo, riquezas ilícitas, venalidades de gestões fraudulentas e, indignado, condena a desproporcionalidade das punições, com a exceção óbvia dos mandatários do século 17.
Dessa maneira o Padre Vieira usou o púlpito como arauto das aspirações públicas, à guisa de uma imprensa ou de uma tribuna política. Embora estivesse na Igreja da Misericórdia, disse ser a Capela Real e não aquela Igreja o local que mais se ajustava a seu discurso, porque iria falar de assuntos pertinentes à sua Majestade e não à piedade.
De início, o padre adverte aos reis quanto ao pecado da corrupção passiva e ativa, pela cumplicidade do silêncio permissivo, e assim, o sermão apresenta uma visão crítica sobre o comportamento imoral da nobreza, da época.
Em um dos fragmentos do Sermão o Padre Vieira diz: Levarem os reis consigo ao paraíso os ladrões, não só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que admitiu na cruz o título de rei. Mas, o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é, em vez de os reis levarem consigo os ladrões ao paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno. Assim, a salvação não pode entrar sem se perdoar o pecado, e o pecado não se perdoa sem se restituir o roubado. Porquanto os seus príncipes, ao invés de tomar conta do povo como os pastores, roubam o povo como lobos.
Em outro momento Padre Vieira narra uma passagem histórica com Alexandre Magno (grande conquistador do mundo antigo), e disse: navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém o pirata, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito poder faz os Alexandres.
Assim, muitos cuidam de sua reputação, porém, não de suas consciências.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Aposentadoria ou recomeço?

Tem se tornado uma opção cada vez mais popular transformar a aposentadoria em recomeço. Assim, ao invés de se manter aos velhos hábitos e paisagens conhecidas, muitos têm visto este momento para buscar novas aventuras em novos lugares a serem explorados.
Atentos ao crescimento e potencial dessa tendência, vários países têm facilitado a concessão de vistos e benefícios para essa importante fatia da população mundial.
Um ranking feito há mais de duas décadas vem mostrando ano a ano quais são os melhores locais para quem pretende ter uma nova vida a partir de sua aposentadoria.
A revista americana “International Living” que publica há 25 anos o Índice Global de Aposentadoria elegeu os 23 melhores países para quem planeja viver no exterior após a desejada aposentadoria.
Segundo a revista a primeira posição ficou com o Panamá, que alcançou uma nota de 93,5 numa escala que vai de 0 a 100. O Equador ficou com 92,4; o México com 89,3; a Costa Rica com 88,4; a Malásia com 87,8; a Colômbia com 87,7; a Tailândia detém a nota de 84,8; a Nicarágua de 84,2; a Espanha de 83,6 e Portugal de 82,9 completam as dez cidades mais bem avaliadas.
O ranking é montado por uma rede de correspondentes e colaboradores da revista espalhados pelo mundo, levando em consideração uma série de características que vão tornar a vida do aposentado mais agradável no novo país.
Para a elaboração da lista de 2016, foram considerados 10 critérios: Valor de imóveis para compra ou aluguel, benefícios fiscais e descontos para aposentados, vistos de residência, custo de vida, facilidade de adaptação, entretenimento para aposentados, sistema de saúde, estilo de vida saudável, infraestrutura e clima.
Uma das estratégias mais populares para atrair aposentados é a criação de categorias especiais de vistos com burocracia menor que a de um processo convencional, levando em conta uma redução de impostos.
Primeiro colocado no ranking publicado na última semana, o Panamá oferece um visto permanente a aposentados, que ainda garante diversos tipos de descontos em bens e produtos.
Outros países latino-americanos, como Costa Rica e México, também fornecem vistos de longa duração com pouca burocracia, geralmente exigindo apenas a comprovação de que o estrangeiro recebe pensão em seu país de origem.
Em segundo lugar, o país sul-americano mais bem colocado na lista da revista é o Equador que se destaca pelos benefícios fiscais que concede aos aposentados. Como cidadão sênior a pessoa pode ser reembolsada em até US$ 204 (cerca de R$ 822) por mês só com impostos que estão incluídos em produtos, e ainda possui planos especiais em bancos e supermercados como explicam os correspondentes da revista.
Na 10ª colocação, Portugal se tornou, nos últimos anos, um local atrativo para os aposentados brasileiros. A facilidade do idioma e as proximidades culturais estão entre os fatores que despertam interesse, mas os incentivos fiscais também não podem ser descartados.
Há cerca de três anos, o governo luso criou o programa de Residente Não Habitual (RNH), que garante aos aposentados estrangeiros a isenção de impostos por 10 anos no país europeu.
Para receber o benefício, é preciso alugar ou comprar um imóvel e residir por pelo menos 180 dias por ano em Portugal. Também é necessário que o solicitante não tenha residido em território português nos cinco anos anteriores ao pedido.
Portugal também tem um visto de residência especial para aposentados, que pode ser solicitado em seus consulados no Brasil.
Para que o pedido seja aprovado, é necessário uma renda mensal comprovada de ao menos um salário mínimo português, que em 2016 subiu para 530 euros (R$ 2,3 mil). Para casais, deve ser acrescido o valor de meio salário, ou seja, 795 euros (R$ 3,4 mil).
Na lista elaborada pela revista “International Living”, Portugal se destacou nos critérios infraestrutura, clima, estilo de vida saudável e sistema de saúde.
Apesar de o país fazer parte da zona do euro, o custo de vida também foi bem avaliado, mas pode desencorajar os brasileiros por causa da atual baixa cotação atual do real em comparação com outras moedas.
Segundo a avaliação da revista americana, os países vizinhos do Brasil têm como principais atrativos custo, clima, infraestrutura e estilo de vida saudável.
Além de serem mais baratos e da proximidade geográfica, esses quatro países fazem parte do Acordo sobre Residência do “Mercosul” que garante o direito de moradia e de trabalho aos cidadãos brasileiros sem a necessidade de passar por processos burocráticos e dispendiosos.
Façam as malas!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Incongruências brasileiras

O Brasil entrou em crise. Agora é hora de pagar a conta de tanta gastança desordenada dos últimos treze anos. Assim, a falta de critério com os gastos do dinheiro público, a falta de gestão pública e administrativa e a irresponsabilidade ideológica de um esquerdismo perdido no tempo, algo que não existe mais em nenhum canto do mundo nos levou a esta situação de calamidade.
A situação por si é grave. O país está em recessão profunda, a dívida pública é acentuada, as empresas estatais de grande porte estão falidas, os governos federal, estaduais e municipais também estão todos falidos e com os fundos de pensões das grandes empresas estatais não é diferente.
Dentro deste contexto assistimos a agonia da esquerda fracassada nas urnas em, praticamente, todo o país a qual agora tenta um suspiro com a invasão de escolas e universidades prejudicando ainda mais a já combalida educação brasileira e a grande massa de estudantes que deseja estudar com tranquilidade.
Mais qual é o álibi de agora? O álibi de agora é ser contra a PEC 241 que se refere ao Teto dos Gastos Públicos e a Reforma do Ensino Médio do atual governo. Mas, por que nos treze anos de poder petista não se fez uma educação à moda ultrapassada da esquerda para reclamar agora?
Cabe então a pergunta: a chamada ocupação (invasão) das escolas e das universidades é contra a reforma do Ensino Médio ou é a favor da sabotagem às medidas governamentais para a educação?
Nos anos oitentas exatamente pela falta de critério de gastos com a educação brasileira se vinculou 13% do orçamento público aos gastos com educação. Portanto, já se passaram 36 anos e a educação brasileira não teve nenhum avanço significativo neste período. Todavia, não é a vinculação de gastos com a educação que trará os benefícios sonhados para a educação brasileira.
A má gestão, o inchaço da máquina, as dificuldades de se ter uma gestão séria na área dos recursos humanos para a educação é flagrante. Tudo isto vem impedindo que a educação possa avançar. Não se vê progresso na educação por causa da vinculação de recursos. Onde se vê progresso na educação é com professores bem formados, com escola bem administrada, etc.
O Senador Cristovam Buarque que tem sido uma voz lúcida nessa discussão disse uma frase interessante: “O Brasil não escolheu na sua origem priorizar a educação”. A despeito das dificuldades, o senador tem tido um discurso de prioridade para a educação. Porém, é interessante notar que existem aqueles que quanto mais falam em educação rigorosamente são os que menos fazem pela educação.
Desse modo, a máxima de Nelson Rodrigues que diz: “que toda unanimidade é burra”, acaba por ser verdadeira. Assim, falar de educação é tão unanimidade que acaba por nada acontecer a ela.  
Em realidade o Brasil escolheu não dar prioridade à educação, o que está provado pela nossa historia. Veja que o Brasil começou o seu sistema de ensino pela Universidade ao contrário de outras nações. O Brasil não começou o ensino alfabetizando o índio ou o escravo. Ele começou seu sistema de ensino para satisfazer aos nobres que vieram com a família de Don João Sexto para o Brasil. Assim nasceu a educação brasileira.
Por outro lado, num momento que o país precisa limitar os gastos públicos não está dado que vai haver corte na educação, na saúde ou mesmo em outra área qualquer. Apenas está dado que existe um teto, um limite para os gastos e cada unidade da federação, cada município terá que discutir as suas prioridades, assim como na vida real cada família discute as suas prioridades com os seus. Não podemos é embarcar mais uma vez nas demagogias de sempre, pois o Brasil precisa focar naquilo que é fundamental para a educação. O detalhe é que se o Brasil continuar não dando prioridade, na prática, à educação, com vinculação ou sem vinculação, não teremos futuro!
A mudança no sistema de ensino é necessária. O desenho em potencial para melhorar e organizar o ensino médio e a educação fundamental como um todo é algo para ontem e grande parte da população brasileira quer e precisa de um ensino médio concomitante a educação profissional.
A Reforma do Ensino Médio se apresenta com flexibilidade, com mais escolhas de matérias de estudo pelos estudantes, com a possibilidade de se estudar em tempo integral e com a possibilidade de se fazer um curso profissionalizante. Caso seja dito isso em qualquer país do mundo que os estudantes brasileiros são contra isso, as pessoas perguntarão o que está acontecendo no Brasil? Estão voltando pra trás? O mundo vem caminhando na direção da flexibilização escolar e os nossos alunos são contra?
Infelizmente o Ensino Médio brasileiro tal como ele existe hoje, não existe mais, está falido! Portanto, é um modelo que o país não poderá mais manter.
A realidade do ensino brasileiro é dura. As estatísticas mostram que, infelizmente, mais de 80% dos jovens que saem do Ensino Médio, simplesmente, não conseguem entrar na Faculdade e não conseguem se encaixar no mercado de trabalho porque o ensino médio não prepara o aluno para nada, o que é um desastre.
País nenhum do mundo mantem um ensino médio igual para todo o país, com um monte de disciplinas que não seria necessária ao currículo escolar, mas, que as escolas insistem coloca-las em prática, o que está ligado a um problema de cabeça dos educadores e dos próprios alunos que não conhecem alternativas para o ensino.  
Fala-se muito sobre uma medida provisória para as mudanças do Ensino Médio. Porém, a única coisa que a Medida Provisória fez foi tirar a obrigatoriedade daquilo que já não era obrigatório na LDB (Lei de Diretrizes e Bases).
Segundo especialistas em educação o que passou a ser obrigatório pela LDB é fruto de lobby de sociólogos e filósofos que forçaram em colocar na Lei filosofia e sociologia como obrigatórias, o que acorreu no Governo Lula.
É preciso entender que a Lei de Diretrizes e Bases não diz que Português e Matemática sejam matérias obrigatórias, no entanto todas as escolas têm essas matérias em seus currículos escolares.
Em realidade, o que está em jogo nesta reforma do Ensino Médio é o aluno e pasmem, é a primeira vez que se pensa no aluno como centro das reformas.
Desse modo é preciso dizer que não existe uma justificativa real e sincera para a histeria das invasões escolares, o que é uma pena!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Por que o Teto de Gastos?

O teto de gastos do governo federal vem com o intuito de estabilizar a economia limitando a expansão indesejada das despesas públicas.
A medida foi votada e aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados nesta terça feira para depois seguir para o Senado Federal e ser votada também em duas sessões, uma ao final de novembro e a segunda em dezembro. Depois segue para sanção da Presidência da República.
O quórum para aprovação da medida é de três quintos dos deputados, correspondente a 308 votos e de três quintos dos senadores correspondente a 49 votos.  A aprovação pela Câmara dos Deputados teve 366 votos no primeiro turno e 359 no segundo turno de votação.
É importante dizer que essa medida, é determinante para que o Brasil volte a crescer e a gerar emprego e renda a sua população. Com ela, o governo reduzirá a emissão de títulos da dívida pública brasileira, com isso, toma menos recursos da sociedade para se financiar o que gera sobra de recursos para as demandas do País.
Os efeitos dessa medida serão sentidos no bolso do consumidor no médio e longo prazo, com repercussões positivas, na redução dos juros básicos da economia, na redução da inflação e no aumento dos investimentos produtivos.  
A PEC do Teto foi apresentada pelo governo como Proposta de Emenda à Constituição com a intensão de ter mais credibilidade e força constitucional, uma vez que algumas despesas têm regras ditadas pela Constituição, como saúde e educação e, para alterá-las, é preciso fazer uma proposta de emenda constitucional, a chamada PEC.
Com a aprovação da medida na Câmara dos Deputados e caso passe no Senado, as despesas públicas poderão crescer apenas o percentual equivalente à inflação do ano anterior não promovendo aumento real dos gastos públicos.
Com as contas do País em ordem, aumenta a confiança dos investidores na sustentabilidade da dívida pública e da economia como um todo, trazendo um novo cenário para o país, com diminuição das despesas com juros e com menor inflação a partir do menor gasto público.
Interessante notar que a medida é abrangente e tem como caráter principal limitar o crescimento dos gastos públicos da União estendida aos Poderes Legislativo e Judiciário.
O trâmite da medida nas duas Casas Congressuais traz alguns detalhes: caso o texto seja alterado no Senado ele volta para a Câmara dos Deputados, onde deve ser votado novamente em dois turnos. Desta maneira, a proposta somente se tornará lei quando o mesmo texto, sem qualquer alteração, seja aprovado nas duas Casas legislativas.
O prazo de vigência da medida é por vinte anos sendo possível uma revisão da regra de fixação do limite de gastos a partir do décimo ano. Segundo economistas, o prazo dilatado é importante para sintonizar o ritmo das despesas com os das receitas sem recorrer em mais impostos ou a um corte drástico de gastos.
Os valores mínimos com saúde e educação permanecerão como estão hoje podendo ser revisados daqui a um ano, podendo a partir daí também obedecer aos limites de crescimento dos gastos a partir da variação da inflação do ano anterior.
As vantagens da medida são a queda dos gastos públicos que ajudará na formação de superávits primários (economia para pagar os juros da divida) e, consequentemente, na redução da divida bruta do setor público, o que trará a retomada do crescimento e da confiança na economia.
Mas o ocorreu para chegarmos a essas dificuldades?
Os gastos do governo cresceram mais do que o PIB nestas duas últimas décadas, repetidas vezes. O buraco foi tapado com aumento de impostos, ou seja, com criação de tributos como a extinta CPMF ou a CID (contribuição de intervenção no domínio econômico incidente sobre as operações realizadas com combustíveis), que incide sobre a gasolina. Outra forma foi aumentar a dívida pública, que chegou a 70% do PIB neste ano, bem acima da média dos países com o mesmo estágio de desenvolvimento do Brasil que é de 45% do PIB.
Por outro lado, a recessão, iniciada em 2014, piorou tudo: fez cair as receitas públicas e gerou desconfiança com o futuro do Brasil, o que se traduziu em aumento das taxas de juros cobrada pelos investidores para financiar o governo brasileiro. Com isso, a dívida assumiu uma trajetória insustentável no longo prazo.
Assim, com o teto dos gastos, o aumento das despesas do governo seria limitado à correção pela inflação e elas deixariam de crescer acima do PIB. E as receitas  do governo acompanhariam o ritmo de crescimento da economia após 2020, ou seja, sem aumento da carga tributária, descontadas transferências obrigatórias a estados e municípios, sem contar o pagamento de juros e encargos da dívida pública.
Nesse sentido, para funcionar, o Teto dos gastos públicos, depende de mudanças na previdência que limitem o aumento de gastos com benefícios e pensões. Por isso a reforma da Previdência é importante.
Os gastos com a Previdência representam 45% das receitas públicas e crescem atualmente 4% acima da inflação por ano. Analistas de mercado comentam que sem a reforma da Previdência o teto somente contribuiria para o equilíbrio das contas públicas até o ano de 2019.
Para termos uma ideia, a Previdência Social hoje tem despesas com benefícios que chegam a 8,12% do PIB e as contribuições dos empregados representam 5,74% do PIB. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

As distorções da Previdência Social

Há tempos a Previdência Social vem com dificuldades e com déficits sucessivos. Porém, os governos sempre falham ao não colocar de maneira clara e objetiva os seus problemas para a sociedade, trazendo assim, desconforto aos aposentados e aos trabalhadores da ativa que se vêm dentro de um sistema desatualizado e desestabilizado que compromete o curso das aposentadorias dos cidadãos já inativos e das aposentadorias futuras do contingente ativo.
Assim, é importante conhecer os números e as distorções do sistema previdenciário provocado, principalmente, por privilégios dado a certo número de pessoas dentro do atual sistema que invariavelmente serão aqueles que irão resistir às mudanças.
Nesse sentido, o discurso governamental parece vir no caminho certo com a ideia de corrigir e estancar os desvios, algo difícil dado aos melindres que provoca aos privilegiados e, principalmente a esquerda atrasada e populista que compõe a oposição ao governo central, porém é algo que precisa ser enfrentado.
Mudar as regras do jogo é sempre difícil e a expectativa de direito é outro problema, pois ela é apenas uma expectativa e se constitui em algo que ainda não se concretizou.
Assim, corrigir as distorções da previdência social implica, primariamente, em cortes de privilégios. Caso eles não aconteçam, não podemos chamar de reforma da previdência. Desse modo, parece evidente que as coisas não ficarão como estão e caso fique o sistema ruirá. Não temos alternativa!
Em entrevista concedida na semana passada o presidente da república afirmou que todos os setores da sociedade devem dar sua contribuição à Reforma da Previdência, inclusive, os políticos. É bom que seja assim, pois de outro modo à conta recairia por toda a sociedade que, como sabemos, não deseja pagar essa fatura de bondades concedida aos políticos brasileiros.
Nesta entrevista o presidente deu a entender que o texto base do governo vai unificar os regimes público e privado de previdência. O que é correto, pois a unificação é essencial para estabelecer equidade aos participantes do sistema.
Quando se compara as realidades do servidor público e a do trabalhador do setor privado, o que se tem de fato é a existência de uma linhagem superior (os servidores públicos) contra uma linhagem inferior (os demais trabalhadores). E os números provam isso.
Contribuem para o INSS, 54,8 milhões de pessoas. E estes sustentam o pagamento a 33 milhões de beneficiários. E mesmo assim o buraco do INSS, em 2015, atingiu a cifra de R$85 bilhões.  
Fazendo o cálculo do rombo do setor privado para cada contribuinte ele fica em R$1.551,00 anuais. Já no caso dos servidores públicos a conta chega a ser imoral. De 6 milhões de servidores de estados, municípios e união que contribuem para o sistema geram pagamento de benefícios a 3 milhões de pessoas, perfazendo um déficit de R$127 bilhões, correspondente a  R$20.000,00 de déficit anuais para cada contribuinte.
Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas a aposentadoria do setor público constitui-se em uma casta salarial do Brasil superior que, portanto, é a maior responsável pela insolvência do sistema previdenciário o que reforça a ideia de que a reforma da previdência acaba por ter que ser feita, principalmente, por causa do setor público.
Desse modo, os ajustes precisam ser amplos, fazendo com que os militares também entrem na reforma, embora isto seja uma parte delicada do processo de mudanças.
Os militares atuam com regime próprio, e por suas próprias características, alguma diferenciação eles deverão ter em relação aos demais contribuintes, principalmente, por ficar na reserva, o que não exclui a sua contribuição ao sistema.
Os números mostram que atualmente existem 945.062 servidores federais, os quais produziram em 2015, um rombo de R$72,5 bilhões à previdência, sendo que desse total, a previdência dos militares participou com 45% do rombo.
É bem verdade que será preciso elevar a idade mínima da aposentadoria para 65 anos, porém, o que não pode é manter os atuais privilégios aos privilegiados.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Expectativas Macroeconômicas

Em seu Relatório Trimestral de Inflação o Banco Central anunciou uma redução de 0,25 pontos percentuais na Taxa Selic (taxa básica de juros da economia) a ser referendada na próxima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) prevista para este mês de outubro. Porém, um corte na taxa de juros em outubro depende da evolução da aprovação das medidas fiscais, que precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional.
O cenário macroeconômico previsto é o de um corte total na Taxa Selic de 0,75 pontos percentuais em 2016, fixando, portanto, a Taxa Selic em 13,5 pontos percentuais, iniciando assim uma nova etapa de redução dos juros no país. Porém, a realização de um ciclo de corte dos juros dependerá, principalmente, de três condições básicas: que os choques de preços de curto prazo não seja persistente; que aconteça o progresso nos ajustes e reformas fiscais no Congresso Nacional; e que a desinflação dos serviços prossiga dentro de uma velocidade adequada. Isso traz uma concepção de conjuntura que vem se materializando, qual seja, de uma visão mais positiva da economia com vistas à retomada de investimentos em todo país.
Assim, para o setor de bens de capital existe uma expectativa favorável de que 2017 seja um ano de conexão entre dois anos extremamente fracos (2015 e 2016) para anos melhores, ou seja, um bom 2018 e um forte 2019 que trarão um potencial de melhoria nas margens empresariais refletindo em melhor controle das dívidas das companhias e do setor como um todo.
Por outro lado, a taxa nacional de desemprego que se registrou em agosto e atingiu 11,8%, veio levemente acima das expectativas de mercado de 11,7%.
Já o crescimento nominal de salários foi levemente mais elevado nos últimos dois meses, com crescimento de 7,1% na comparação ano a ano. E na comparação de julho para agosto o crescimento foi de 5,8%, apesar da previsão de mercado para o trabalho ser ainda fraco mostrando que o consumo privado demorará mais tempo para se recuperar, com estimativas de que a taxa de desemprego deva chegar a 12,5% ao final deste ano de 2016.
Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que as exportações brasileiras para o terceiro trimestre de 2016 tem leitura positiva para as mineradoras e para as empresas de papel e celulose. Em relação ao minério de ferro, volumes fortes e preços mais altos devem levar a resultados robustos às empresas.
Já as exportações de aço permaneceram fracas, com menores margens e competitividade reduzida, embora os analistas de mercado tenham expectativas de nova rodada de aumento de preços dos produtos siderúrgicos.
Ainda no setor siderúrgico o destaque é o religamento de um dos altos-fornos da CSN neste mês de outubro o que evidencia a recuperação da demanda, ao mesmo tempo em que os preços devam continuar subindo.
As exportações de carnes referentes a setembro mostraram recuperação de volumes para todas as proteínas (carne bovina, suína e frango). A carne bovina é o destaque com fortes volumes para exportação, que subiram 12,8% em relação ao mês anterior após dados fracos em agosto e julho.
Para o setor de petróleo, gás e petroquímicos, os analistas destacam o otimismo das companhias em relação às mudanças na regulamentação para exploração e produção de petróleo, enquanto a venda de ativos da Petrobras trazem oportunidades de investimentos. O dado mais positivo para o setor de petróleo é que a Câmara Federal aprovou semana passada o texto base do projeto que acaba com a obrigatoriedade de a Petrobrás ser sócia obrigatória, com ao menos 30% de participação nos investimentos e ser a única operadora do Pré-Sal. Com a provação do texto base, as emendas propostas serão votadas nesta segunda feira para depois seguir para a sanção do presidente da República.
As mudanças são necessárias e positivas para a Petrobrás e para a indústria de petróleo e gás brasileira que certamente influenciará na vinda de novos investimentos para o setor, uma vez que permite a outras companhias a operar no chamado Pré-Sal. 

terça-feira, 11 de outubro de 2016

O país foi às urnas, e agora?

O povo foi às urnas e varreu o partido mais corrupto que se tem notícia no Brasil.
Desta maneira, podemos dizer que a população, a cada quatro anos vem cumprindo seu papel de eleger candidatos para a solução dos problemas de suas cidades na esperança de ser atendida em suas reinvindicações.
Nova rodada eleitoral se deu. E agora? Como será o comportamento dos políticos em suas gestões?
As questões são muitas. Será que os políticos eleitos estão em condições de atender as demandas da população? Será que teremos uma máquina administrativa enxuta e um corpo administrativo capaz de executar o trabalhado necessário aos interesses da população? Ou como de sempre, os eleitos, virarão às costas ao povo e se concentrarão em seus próprios interesses?
Percebamos que o momento político outro. O povo está por demais, cansado, de tantos desmandos. A começar pela entidade política mais próxima dele, as Prefeituras.
Assim, as atuais dificuldades provenientes da economia as quais resvalam na indústria, no comércio, nos serviços e no desemprego devem e precisam ser enfrentados.
As cidades clamam por justiça, saneamento, saúde, educação e pela preservação de suas cidades como um todo.
Os Senhores Prefeitos como autoridades políticas mais importantes dos municípios são responsáveis pela administração dos serviços públicos de seus municípios e têm como a mais importante missão administrar a aplicação dos recursos que o município recebe através dos impostos pagos por seus cidadãos.
Outra nobre função dos prefeitos é a de cuidar para que os aspectos de responsabilidade pública da cidade sejam executados, como a preservação e a limpeza de ruas, a manutenção e o aprimoramento dos programas de assistência sociais, a execução da coleta do lixo, dentre outras, aconteçam com qualidade e eficiência.
Para isso é preciso nomear seus auxiliares diretos, os secretários municipais, que como corresponsáveis pela administração pública irão cuidar de áreas específicas de gestão como a Secretaria de Fazenda, a Secretaria de Saúde, a Secretaria de Esportes, etc.
Já os Vereadores eleitos, enquanto agentes políticos fazem parte do poder legislativo e, por serem escolhidos pela população se tornam seu representante legítimo. Assim, sejam eles da situação ou de oposição também são corresponsáveis pela administração pública. E a função de representar a sociedade está entre as ações mais nobres dentre as suas atividades, pois as demandas sociais, os interesses da coletividade e dos grupos devem ser objeto de análise dos vereadores e de seus assessores na elaboração de projetos de leis, os quais devam ser submetidos ao voto da assembleia, ou seja, da Câmara Municipal. Dessa forma, são responsáveis pela elaboração, discussão e votação de leis para a municipalidade, propondo benfeitorias, obras e serviços para o bem-estar da população em geral. Os vereadores, dentre outras funções, também são responsáveis pela fiscalização das ações tomadas pelo poder executivo, isto é, pelo prefeito, cabendo-lhes a responsabilidade de acompanhar a administração municipal, principalmente no tocante ao cumprimento da lei e da boa aplicação e gestão do erário, isto é, do dinheiro público. Assim, vale dizer que o fato de um vereador ser da oposição não significa que ele sempre se posicionará contra as medidas propostas pelo prefeito ou pelos partidos da base do governo municipal.
Por outro lado, a população também é corresponsável pela administração pública. Seu papel é o de cobrar dos eleitos o que fora prometido nas campanhas, fazendo assim a fiscalização de seus representantes legais.
Uma das maiores preocupações da sociedade tem sido a corrupção que se instalou em todos os níveis de poderes de nossa federação e o resultado das urnas foi claro, varrendo as siglas comprometidas com ela, o que sinaliza com nitidez que o povo não tolera mais desmandos.
O descompromisso político dos Partidos é outra preocupação. Os partidos pecam em não se ocupar com a renovação dos candidatos oferecidos no pleito eleitoral. E em todos os cantos é possível ouvir o refrão: “como é difícil encontrar um candidato para se votar”!
Muitos dizem que não existem leis que obriguem os partidos a se renovarem e que o instituto da reeleição não deveria acontecer.
Porém, a realidade é bem outra. Não é, exatamente, culpa da legislação, embora ela tenha lá seus embaraços. O problema se torna de hombridade partidária, pois não é preciso de lei alguma para se renovar os quadros partidários.
Assim, como escovamos nossos dentes todos os dias sem que nenhuma lei nos obrigue a isto, cabem aos Partidos Políticos atrair a juventude, novas lideranças, novas cabeças não atreladas a ideologias ultrapassadas, que vislumbrem os bons valores e costumes da sociedade. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O Ensino Médio nos Estados Unidos da América

Nestes tempos de discussão sobre o ensino médio brasileiro e as suas dificuldades é interessante entender como funcionam as escolas correlatas no chamado primeiro mundo.
EUA, Canadá, Inglaterra e Austrália trabalham com escolas de excelência onde o jovem é o centro de tudo. Essas escolas dão a seus jovens uma base essencial de conhecimento acrescida da possibilidade de o próprio jovem poder escolher a sua trajetória de conhecimento dentro da escola.
Olhemos para o modelo americano que guarda relação com os demais países citados. O que é, de fato, o “High School” americano? O que os alunos estudam e aprendem? Quais as diferenças para o ensino médio brasileiro?
O modelo americano de ensino é bastante flexível e, por isso mesmo, faz com que os alunos tenham liberdade para escolher as disciplinas com as quais tenha mais afinidade. Desse modo, é possível, portanto, estudar Antropologia, Direito Constitucional e Astronomia, dentre outras, focando assim nas matérias às quais o aluno mais goste.
Isso não quer dizer que não existam disciplinas mais específicas que vão muito além das tradicionais Física, Química e Biologia.
Relatos de alunos registram que eles têm a sensação de já estarem cursando uma faculdade, o que eles acham bastante interessante.
No atual modelo brasileiro o aluno não tem flexibilidade nenhuma em seu currículo de formação. Por aqui o aluno passa o ano inteiro estudando de 6 a 12 disciplinas sendo que nenhuma delas tenha sido uma opção do aluno, o que é lamentável. Aliás, isto é o que se deseja corrigir por aqui com as recentes medidas governamentais.
Estudantes que tiveram experiência de estudar nos Estados Unidos acreditam que pelo fato de os alunos terem a possibilidade de escolher as matérias às quais deseja estudar fazem com que as turmas sejam menores, o que facilita bastante o ensino-aprendizagem.
Aqui no Brasil cada turma tem, em média, de quarenta a quarenta e cinco alunos em sala de aula, o que dificulta tremendamente a aprendizagem. Ao contrário dos EUA onde as turmas são de no máximo vinte alunos como exigem os modelos de pedagogia.
Nos EUA não existem as chamadas aulas tipo palestra, a qual o professor fala, fala, fala e os alunos somente escutam. Por lá o aluno participa de vários debates sobre determinado livro lido e sobre assuntos variados dando margem a uma participação maior dos alunos em sala de aula. Assim, as aulas nas escolas norte-americanas são muito mais interativas e dinâmicas do que nas escolas brasileiras. Lá, o aluno é instigado a participar o tempo todo expondo a sua opinião e participando ativamente das discussões.
Outro ponto positivo são as “Viagens Temáticas” onde os alunos podem aprender na prática aquilo que discutiu em sala de aula. Podemos exemplificar viagens que os alunos fizeram à China ou à Galápagos. Na China, os alunos aprendem, por exemplo, a criar a sua própria empresa. Em Galápagos os alunos aprendem de forma prática ciências e biologia.
No modelo americano existe uma preocupação com o ensino seletivo onde os alunos de uma mesma formação são agrupados de acordo com as suas dificuldades de aprendizado. Ou seja, o aluno é encaixado em turmas com graus diferentes de dificuldade. Assim, as turmas de “High School”, em geral são separadas em três níveis: o CP (College Preparatory), que é o nível mais baixo; o Honors, que é o nível intermediário e o AP (Advanced Placement), que é o nível mais avançado. Assim, cada turma tem aula com graus de dificuldades diferentes ajustando os alunos às suas experiências e a seu grau de conhecimento.
Além disso, os “High Schools” oferecem, também, o que eles chamam de “Clubs” que são grupos de encontro de alunos com interesse em temas específicos. De acordo com cada escola, é possível frequentar “Clubs” de idiomas, esportes, artes, culinária, leitura, música, dentre outros. No estado da Carolina do Norte, por exemplo, existem mais de cinquenta “Clubs”.
Alunos que tiveram esta experiência contam que dá para se divertir bastante jogando “Quadribol” (o jogo do Harry Potter), aprendendo Mandarim, participando de Coral ou mesmo aprendendo Esportes Náuticos.
No modelo americano existe também uma preparação intensa para o ingresso do aluno na universidade. Assim, o “High School” tem como atribuição preparar os alunos para entrarem na universidade. No entanto, diferentemente do Brasil, em que os alunos fazem apenas uma prova (vestibular) para, se aprovado, ter ingresso na universidade.
Nos EUA este processo é diferente. É preciso que o aluno pretendente envie a uma instituição de seu interesse uma espécie de “dossiê pessoal do aluno” com cartas de recomendação, notas de provas, redações e o currículo escolar de todo o conteúdo estudado. Veja que a preparação do aluno é totalmente diferente, pois, existe, realmente, uma preocupação com o aprendizado completo e variado do aluno.
As escolas americanas se preocupam ainda em oferecer aplicativos e sites para ajudar os alunos a se prepararem para o processo de “Application” (candidatura) às universidades.  A maioria delas trabalha com o site “Naviance” que tem como objetivo ajudar o aluno a encontrar a melhor universidade de acordo com o seu perfil de aluno.
Como todo aluno possui uma conta no “Naviance” ele pode assim criar uma lista com as faculdades de seu interesse. Para isto, basta digitar o GPA (Média Americana das notas obtidas na escola) e a sua nota no SAT (Prova Padronizada de Ingresso) para que o site mostre suas chances de ser ou não aprovado na escola escolhida.
Como os EUA se tornaram um centro de procura de estudo de alunos de todo o mundo, é possível conviver sadiamente com todos os tipos de credos, cores, raças, etnias e religiões.
Bela experiência!