Estamos vivenciando
o pós-impeachment de Dilma Rousseff, o distanciamento dos políticos aos anseios
da sociedade e as graves consequências de treze anos de populismo barato. Os
ânimos estão exaltados e a população, cansada de tantos desmandos e roubalheiras,
deu mais um recado aos políticos neste último domingo; e os poderes da
república se digladiam, veementemente, como nunca.
A coisa corre
mais ou menos assim: no Congresso Nacional, de um lado, se vê o barulho do petismo
que ficou fora da administração pública da maioria das cidades brasileiras e
assistiu a queda de sua presidente, e de outro, o barulho dos sonhadores com
aventuras diversas como o da busca de “salvadores da pátria” e o agito dos
parlamentares que estão na mira da Lava Jato tentando se safar grotescamente
armando medidas congressuais.
Nas ruas, o povo fortalece
a Lava Jato, de olho na faxina aos corruptos.
Em tempos de
turbulência tudo isso é normal. Cada um se defende como pode.
Isso é o que
temos! Um país ainda por fazer, apesar do atraso dos últimos treze anos.
Assim, o Brasil
precisa se redescobrir e eleger a educação como prioridade absoluta para poder
se desfazer de suas mazelas na saúde, na segurança pública, no saneamento
básico, dentre outras; e tocar adiante as reformas para tirar o país do atraso em
busca de novas perspectivas, principalmente, para os jovens. E, como todos
sabem, a educação é o fator determinante nessa redescoberta, nessa reconstrução
que deve ser consolidada em bases sólidas e consistentes na busca do
desenvolvimento que é a vocação natural do país.
A democracia,
essencial ao país é outro ponto a ser tocado. Muitos segmentos de nossa
sociedade não entendem o sentido, as responsabilidades e a aplicabilidade da
democracia e seus impactos dentro do jogo político como acontece nas sociedades
mais avançadas.
Como a democracia,
traz em seu bojo, o entendimento e a aplicabilidade de direitos e deveres, isso
se torna um exercício cotidiano na vida de cada cidadão e de cada entidade
representativa da sociedade através do diálogo em torno das principais questões
do país, discutindo e ampliando o conhecimento desses problemas para que a
sociedade, não apenas acompanhe, mas também participe das decisões nacionais.
Cabe perceber ainda,
que em nosso período republicano de país, não vivenciamos uma democracia plena para
que pudéssemos compreender que os embates entre poderes é algo natural nos
regimes democráticos, porém, o que não é natural é quando um poder invade a
seara alheia, ou seja, invade o campo de atividade ou de responsabilidade de outro
poder. Assim, a democracia exige que cada
poder responda por seus atos, e que, invariavelmente é responsável por suas
atuações em seu campo de atuação.
Neste domingo vimos,
principalmente nas grandes capitais, as manifestações a favor da Operação Lava
Jato e das dez medidas oferecidas pelo Ministério Público Federal contra a
corrupção.
A operação Lava Jato tem a sua importância
todos sabemos, porém é necessário notar que entre as dez medidas sugeridas pelo
Ministério Público Federal, três delas atropelavam o sistema democrático em
vigor. São elas, abrigar o uso de provas ilegais desde que colhidas de boa-fé,
ou seja, como se falar em “devido processo legal” com o uso de provas ilegais?
Não faz sentido. Segundo especialistas, a medida poderia ser derrubada pelo
Supremo Tribunal Federal, assim, a medida acabou por cair na última alteração pela
Câmara dos Deputados.
A segunda medida é aquela que se refere “a
teste de honestidade para servidores”, que também não faz sentido, e foi alterada
para medida administrativa de ordem interna, não tendo implicações penais.
A terceira medida é a que estabelece o fim
do “habeas corpus” o que também não é interessante para uma democracia, também
caiu.
A polêmica sobre
a possibilidade de juízes e membros do Ministério Público poder ser denunciados
por crime de responsabilidade, não parece ser interessante a sua inclusão no
bojo de Leis contra a corrupção, apenas ser observada em Lei específica, em
separado, é o suficiente, ou apenas melhorar os textos já existentes da
legislação vigente. O que não pode é uma legislação que cale os juízes.
Já a
criminalização do Caixa Dois é plausível já que ela existe apenas no Código
Eleitoral e não é prevista para crimes comuns. Assim, a introdução da criminalização
do Caixa Dois, em si é saudável. O que não poderia acontecer, como não
aconteceu, seria o desvirtuamento da interpretação da Lei, fazendo entender que,
pelo fato de não haver Lei Penal para o Caixa Dois, o que aconteceu no passado
com os parlamentares seria perdoado ou anistiado pelo motivo de não haver
legislação especifica, o que é, na realidade, uma discussão descabida.
Especialistas do
direito comentam que na prática essa anistia não seria
automática, pela existência de Leis que, embora não tratem especificamente do Caixa
Dois, poderiam ser utilizadas para punir essas operações; e que, por outro
lado, se a origem do dinheiro movimentado no Caixa Dois tiver sido ilícita,
também haveria a possibilidade de enquadramento da transação em outros crimes,
como de lavagem de dinheiro e de corrupção.
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