Pesquisa alemã da
Organização “GFK Verein”, uma associação sem fins lucrativos que promove
pesquisa desde 1934, demonstrou que o brasileiro é o povo que menos confia em seus
políticos entre as grandes economias do mundo. Essa pesquisa mediu ainda a
reputação de diferentes profissões no mundo, em 27 países, envolvendo 30 mil
pesquisas.
No caso
brasileiro a pesquisa demonstrou que apenas 6% da população confiam nos
políticos e que este resultado o traz empatado na última colocação juntamente
com Espanha e França.
Já os dados da
pesquisa, relacionado aos prefeitos não foi diferente, apenas 10% dos
entrevistados confiam neles.
No restante do
mundo, a pesquisa também aponta a baixa credibilidade da classe política. Assim,
no Japão, os políticos tem o apoio de apenas 12% da sociedade, contra 14% na
Alemanha, 16% na Coréia do Sul, 31% na Alemanha e 48% na Índia, algo problemático
segundo os pesquisadores.
A pesquisa também
aponta que a crise brasileira contaminou outras esferas públicas como a
confiança dos brasileiros em juízes, funcionários públicos e policiais,
indicando índices entre 57% e 46%.
Outro setor que
sofreu, segundo a pesquisa, foi o grupo dos empresários. Eles estão mal
avaliados, caindo 5 pontos percentuais, desde a última pesquisa, apresentando
um índice de confiança de apenas 37%, dado a influência dos escândalos de
corrupção e à conjuntura econômica adversa do país.
Uma queda
inesperada e com índice acentuado foi registrada pelos padres, que só obtiveram
a confiança de 43% da população majoritariamente católica do Brasil.
O mesmo estudo
aponta ainda uma queda na confiança do brasileiro em relação aos esportistas,
apesar da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil.
Por outro lado, no
topo da tabela das profissões com maior credibilidade para os brasileiros, estão
os bombeiros com um índice de confiança de 93%; seguidos a alguma
distância por professores com 87% e paramédicos com 84%, os quais desfrutam de
um aumento na confiança em relação aos dados de 2014, indicou a pesquisa. Desse
modo, os cidadãos brasileiros reconhecem os esforços destes grupos de
profissionais apesar da baixa remuneração, afora, em alguns casos, das difíceis
condições de trabalho.
Mas, até que
ponto a desconfiança nos políticos põe em risco a democracia brasileira? E o binômio,
descrença nos políticos e crença nas forças armadas pode criar um caldo de
cultura que pode chegar a um retrocesso em nossa democracia?
Especialistas
acreditam que sim, embora não seja um quadro de curto prazo para o Brasil, pois
as instituições estão sólidas.
O país passou por
um processo traumático em decorrência do impeachment mantendo as instituições e
a constitucionalidade, apesar de o país viver ainda uma intensa polaridade de
passionalidade política.
Em realidade, o
mundo inteiro vive um mal estar democrático, o que é mais acentuado aqui no
Brasil dado a crise política, as investigações da Lava Jato; e a crise
econômica que gerou uma queda de 7% do PIB em dois anos e trouxe uma onda de
desemprego ao país, o que reforça uma tendência de descrédito na democracia.
O mundo vem
passando por mudanças, existe uma revolução tecnológica em curso, o que faz
desaparecer as velhas instituições dos mercados, assim como do meio político,
fazendo a política perder um pouco da sua função.
As pessoas atualmente
se expressam diretamente, se organizam diretamente e boa parte da função dos
partidos políticos tradicionais desde o parlamento, desde a mídia tradicional, desde
os sindicatos, e das velhas organizações que sempre pautaram a democracia
tradicional perderam a sua força. Isso produz certo envelhecimento da
democracia tal qual nós a conhecemos.
Pesquisas
internas aqui no Brasil indicam que 59% dos brasileiros não confiam nas urnas
eletrônicas e 72% não confiam mais nas eleições. Como essas informações podem
impactar as eleições no ano que vem?
Conhecedores do
assunto dizem que uma das promessas da democracia é a de educação do eleitor
onde a participação e a informação dos mesmos é importantíssima. Por outro
lado, a ideia de que temos uma sociedade virtuosa de um lado e um sistema político
corrompido de outro, é uma falsa ideia. Não existe sistema político corrompido
com uma sociedade virtuosa. É preciso entender que nossa sociedade está longe
de ser uma sociedade sem pecados!
A própria ideia
de que uma solução mágica possa acontecer e que possa aparecer um candidato que
rompa com as regras e produza uma salvação para o país, não é verdadeira. O salvacionismo e o
nacionalismo exacerbado nunca deram bons resultados!
Já do ponto de vista da população, o fato é que as pessoas precisam ter uma visão
mais ponderada do que está acontecendo no país.
O Brasil vem avançando com reformas, mesmo num período
turbulento. Tivemos recentemente a reforma trabalhista, a reforma do gasto
público e estamos num processo de recuperação econômica. Fizemos ajustes
econômicos importantes, porém, não fizemos uma reforma política digna das
necessidades do momento, o que traz certa desesperança, muito embora, quase
emplacamos o voto distrital misto, o que poderia ter sido uma mudança
qualitativa na política brasileira.
Assim, o país vive um clima de certa instabilidade democrática,
o que não significa que a nossa democracia esteja em crise.
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