O conceito de juros é bastante antigo e foi amplamente
divulgado e utilizado ao longo da História. Esse conceito surgiu naturalmente
quando o homem percebeu existir uma estreita relação entre o dinheiro e o tempo
dentro dos processos de acumulação de capital e de desvalorização da moeda.
Os Sumérios, naturais da Suméria, uma
antiga civilização ao sul da Mesopotâmia, atual sul do Iraque e Kuwait, foram
os primeiros a tratarem dos juros durante a Idade do Cobre e a Idade do Bronze;
embora na Babilônia, comerciantes emprestassem
sementes aos agricultores que, ao colherem a plantação, pagavam as sementes
emprestadas mais uma determinada parte da colheita.
Atualmente, expressamos
os juros em percentuais e o tratamos como remuneração pelo empréstimo do
dinheiro; e como na antiguidade o calculamos de duas formas, ou seja, como
juros simples e como juros compostos.
Desse modo, o juro pode ser compreendido
como uma espécie de aluguel sobre o dinheiro onde a taxa de juro seria uma compensação paga pelo
tomador do empréstimo para ter o direito de usar o dinheiro de outrem até
o dia do pagamento; enquanto o credor, por outro lado, receberia uma
compensação por não poder usar esse dinheiro até o dia do pagamento correndo o
risco de não receber o dinheiro de volta, ao que chamamos de risco de
inadimplência.
O juro tem grande
importância nas economias locais e mundiais, por isso, se tornou um dos
instrumentos de política monetária, mais utilizados pelos Bancos Centrais de,
praticamente, todos os países.
Aqui no Brasil os
juros acompanham a movimentação da taxa SELIC que é a taxa básica que norteia a
cobrança de juros em nossa economia.
Note que, somente
falamos em juros quando ocorrem duas circunstâncias distintas: falta de
dinheiro ou excesso de dinheiro. No plano individual as pessoas se interessam
por juros quando há excesso de dinheiro ao buscar por uma aplicação financeira;
ou por outro lado, pela falta do dinheiro e da necessidade buscar um empréstimo
para o pagamento de uma dívida, ou mesmo, para iniciar um investimento.
No plano público
acontece a mesma coisa. Assim,
tudo começa com a necessidade dos governos em fazer investimentos na economia
e, por outro lado, pagar suas próprias dívidas. Desse modo, os governos
precisarão construir estradas, hospitais, escolas, investir na segurança e na
saúde da população. Nesse sentido, o governo irá precisar de impostos. Apesar de
o principal meio de arrecadação acontecer pela via dos impostos, existe, para
os governos, outra possibilidade de se antecipar dinheiro utilizando o Tesouro Nacional.
Para isso a
secretaria do tesouro emite Títulos Públicos que serão
adquiridos pelos grandes bancos, de onde os governos
conseguem antecipar recursos que poderão ser destinados aos investimentos na
economia ou para pagar dívidas provenientes do mau gerenciamento dessa mesma
economia.
É o caso das
contas do Brasil que se apresentam com déficit de R$ 159 bilhões. Esse rombo precisa
ser coberto. Para isso, existem três alternativas de resolução: criar novos
impostos, o que a população rejeita; diminuir os gastos públicos, algo difícil,
já que o governo tem apenas 12% do orçamento para atuar, os outros 88% são
despesas obrigatórias e vinculadas constitucionalmente à saúde, à educação, à previdência
e ao pagamento da dívida; ou rolar a dívida através da emissão dos títulos
públicos, o que pressiona os juros e provoca inflação.
Por outro lado, podemos
destacar a criação da TLP (Taxa de Longo Prazo) que veio em substituição à taxa
subsidiada TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) do BNDES. Assim, despercebida da
opinião pública essa mudança fará com que não exista mais crédito subsidiado concedido
pelo BNDES, que de forma sistemática pressionava os juros para os empréstimos
normais às pessoas físicas e às empresas fora do BNDES. Isso tornará competitiva
a oferta de crédito no país, o que contribuirá no médio prazo à uma redução do
custo do financiamento para o cidadão comum e para as empresas normais;
reduzindo os “spreds bancários” (diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar
e a taxa que ele mesmo paga ao captar o dinheiro).
Diante deste
contexto, especialistas encontram certa dificuldade na projeção dos juros para
o ano que vem decorrente do encerramento do ciclo de flexibilização monetária
(redução da taxa de juros). Portanto, espera-se uma taxa de convergência dos
juros para 7% em razão de incertezas de natureza doméstica devido ao calendário
eleitoral, o que pesará na formação das expectativas, a partir do segundo
semestre do próximo ano.
No plano externo,
aparece a ameaça fiscal americana de redução dos impostos. Essa medida
provocará aumento do déficit fiscal americano, forçando o Fed (Banco Central
Americano) a acelerar o processo de
aumento dos juros; o que fortalecerá o dólar e pressionará as demais moedas do
mundo, assim como o Real, introduzindo um direcionamento de desvalorização cambial, ou seja, de desvalorização
das demais moedas em relação ao dólar.
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