A
crise econômica brasileira, agravada pelo cenário político turbulento, tem
acelerado os planos de expansão de empresas brasileiras no exterior.
Com
o real desvalorizado, muitas companhias, sobretudo as de commodities, buscam
ampliar suas exportações. Assim, boa parte das empresas nacionais, pensando
estrategicamente, vem abrindo subsidiárias em outros países, como forma de
diversificação de receitas, reduzindo a dependência do mercado interno
brasileiro.
Segundo especialistas no setor o fluxo maior de expansão de empresas
nacionais para o exterior buscam os Estados Unidos, dado o seu maior potencial
de mercado consumidor.
Informações da Câmara Americana de Comércio (Amcham), dão conta que as
consultas de empresas brasileiras de diferentes portes para investir nos EUA
saltaram para 70% no ano passado. Já a agência britânica de comércio e
investimentos (UKTI), registrou movimento expressivo de 30% de empresas
nacionais procurando o Reino Unido.
Não podendo ser diferente, em momentos de crise as empresas tentam
diversificar suas receitas e buscam, naturalmente, outros mercados. Assim
empresas nacionais vêm se deslocando e buscando oportunidades nos EUA e no
mercado europeu.
Na Europa, a Inglaterra tem sido a principal opção, por sua forte
referência como centro financeiro global e porta de entrada para os países
europeus, mais protecionistas.
Deste modo, a mineradora Magnesita controlada pela “GP Investments”,
produtora de materiais refratários, utilizados em indústrias siderúrgicas vem
se preparando para transferir sua sede para Londres. No final de 2015, a
empresa criou a holding “Mag Internacional” e pretende listar suas ações na
London Stock Exchange (Bolsa de Valores de Londres) e seus principais
executivos como presidente, diretor financeiro e jurídico e de relações
institucionais, já estão de malas prontas.
Considerando um momento crítico para o setor de mineração e siderurgia,
com baixos preços do minério de ferro e superoferta global de aço, a
transferência da Magnesita para Londres não poderia ser mais oportuna, constata
os principais dirigentes da empresa. Por outro lado, a Bolsa de Londres é
referência de preços internacionais de minério e podemos captar dinheiro mais
barato, afirmam os profissionais, que registram ainda, que a empresa manterá sua
produção no Brasil e continuará listada na BM&FBovespa.
Seguindo o mesmo diapasão os dois principais bancos privados brasileiros
Itaú e Bradesco, transferiram suas sedes na Europa para Londres.
Em franco processo de internacionalização, o banco Itaú transferiu
recentemente sua sede de Portugal para Londres, de onde coordena também suas
operações da Ásia e Oriente Médio.
Com essa estratégia o banco Itaú pretende capturar estrangeiros
interessados em investir no Brasil, que se tornou muito barato diante da crise,
e, como banco internacional, busca ampliar operações de fusões e aquisições de
empresas e setores.
O exigente mercado europeu, mais protecionista, também está na mira das
empresas de alimentos. Ano passado, o grupo JBS avançou no Reino Unido com a
aquisição da empresa “Moy Park”, enquanto a BRF (dona de Sadia e Perdigão)
anunciou no fim de 2015 a compra da “Universal Meats”, com foco em alimentação
fora do lar para os ingleses.
Entre os 28 países da comunidade europeia, a Inglaterra é o que mais
importa carne de frango, constata os donos da BRF na Europa, sendo que o investimento
na Europa responde por uma fatia importante do faturamento da BRF no exterior. Neste
processo de internacionalização, a BRF adquiriu ainda uma operação na Argentina
e outra na Tailândia que juntamente, com a “Universal Meats”, vão dobrar a capacidade
de produção da empresa fora do Brasil.
Assim são os novos tempos de estratégia, que sobreviver verá!
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