O cenário
político brasileiro guarda estrita relação com a Operação Lava Jato que à quase
dois anos começou a revelar um obscuro esquema de corrupção envolvendo
políticos e as maiores empreiteiras do país.
A operação foi
deflagrada em 17 de março de 2014 e Curitiba se tornou a capital da ordem e da
decência do país a qual nos revelou um bilionário esquema de desvio e lavagem
de dinheiro que também envolveu a Petrobrás, fazendo com que a empresa deixasse
de ser a maior empresa brasileira de todos os tempos.
Segundo dados do
Ministério Público Federal, desde o início da operação foram instaurados 1082
processos, realizadas mais de 411 buscas e apreensões, além do cumprimento de
101 mandados de condução coercitiva e 119 mandados de prisão sendo 62 prisões
preventivas e 63 prisões temporárias e foram firmados 43 acordos de delação
premiada e 5 acordos de leniência quando a colaboração é feita por uma empresa.
Estima-se que os
desvios somam a bagatela de R$6,4 bilhões, sendo recuperados R$2,9 bilhões até
então. Números curiosos não faltam como 84 condenações que somadas chegam a 825
anos e 10 meses de pena a ser cumprida.
A primeira fase
da operação levou para prisão o doleiro Alberto Youssef apontado como responsável
por comandar o esquema de lavagem de dinheiro. Diretores da Petrobrás como
Paulo Roberto da Costa foi pego na quarta fase e Renato Duque na sétima fase,
sendo Nestor Cerveró acolhido na fase seguinte e João Vacari Neto, ex-tesoureiro
do PT, foi preso na décima segunda fase.
O elevado número
de investigados na operação Lava Jato se deveu as delações premiadas, mas a
forma como elas foram fechadas tem gerado controvérsias, sendo que para alguns
advogados a prisão preventiva foi usada para coagir o réu e forçar a confissão,
enquanto outros advogados não pensam exatamente assim.
O último réu a
fechar acordo de delação premiada foi o senador Delcídio do Amaral, o qual teria
se comprometido a revelar supostos envolvimentos de Dilma e do ex-presidente
Lula no escândalo.
Com as últimas
buscas e apreensões nesta última sexta-feira parece que estamos chegando ao fim
da operação, pois as averiguações estão chegando ao topo da cadeia de comando
com investigações de empresários que participaram da roubalheira, assim como de
autoridades públicas que se envolveram no caso, como a direção da Petrobrás e o
ex-presidente Lula, que por não ter mais foro especial se tornou passível de
uma investigação como a de todos os outros mortais.
Para especialistas
a condução coercitiva do ex-presidente Lula é um mero detalhe neste momento e
não cabe toda essa polemica em face da gravidade da situação e das denúncias
envolvidas, pois ela tem apenas como foco o desvio da atenção da população da
real situação do país e da corrupção desenfreada.
Assim, é uma
polêmica totalmente desnecessária, independentemente, se houve ou não abuso,
pois isso é algo trivial para a justiça e acontece rotineiramente em outros
países democráticos.
Em França no ano de
2014, no âmbito de uma investigação de tráfico de influencia o ex-presidente
Nicolas Sarkozy foi conduzido para um depoimento na polícia francesa onde
permaneceu em interrogatório por 15 horas.
Por aqui, não se
trata de algo fora da normalidade democrática, pois foi apenas um depoimento,
não foi uma detenção, o que não significa uma antecipação de culpa.
Lula se lançou
candidato para as eleições de 2018, porém, ninguém tem bola de cristal e não se
sabe a rigor do sucesso ou não dessa candidatura colocada em meio a todo esse
processo de limpeza do país.
Cientistas
políticos acreditam que depois desse episódio do depoimento do ex-presidente
parece que a viabilidade eleitoral dele, numa candidatura a presidência da
república seja decrescente. Pesquisas realizadas antes desse episódio da última
sexta-feira, já mostravam a queda de intensões de voto ao ex-presidente, e, provavelmente,
em novas pesquisas o ex-presidente não teria o mesmo piso de intensão de votos de
pesquisas anteriores que o davam 20% de intensão de votos, porém a tendência de
agora em diante deverá ser de mais queda do pleiteante.
Lembremos que a operação
Lava Jato, trata-se do maior escando de corrupção da história não só
brasileira, como até mesmo do mundo democrático. Não se conhece outro episódio
desta magnitude.
O lado positivo
destes tristes acontecimentos é que podemos reconhecer que o desempenho das
instituições brasileiras tem sido categórico e que as instituições de controle
sobre os governos em geral têm se fortalecido como o Ministério Público e o
Poder Judiciário.
Vale lembrar que
o Congresso teve participação importante neste quesito, pois, toda essa
legislação a qual permite acordos de leniência, acordos de delação premiada,
são novidades legislativas que entraram em vigor em menos de 10 anos.
Diante desse imbróglio,
especialistas acreditam que a situação da presidente Dilma Rousseff tem um cenário
bastante adverso para si e o seu governo.
Todavia, como esse
cenário pode mudar, praticamente, de um dia para o outro, pode-se pensar em 4
desfechos para a crise atual.
O primeiro deles seria
pela possibilidade da presidente Dilma recuperar o prestígio que teve em seu
primeiro mandato, ou seja, ela daria a volta por cima e conduziria novamente a
liderança do país - cenário pouco provável; o segundo cenário seria mais ou
menos continuar do jeito que está até 2018, ou seja, a presidente não teria
forças para se recuperar, mas, a oposição também não teria força para
derrubá-la, permanecendo então o quadro atual; o terceiro cenário seria um
cenário de impeachment ou de renúncia da presidente, aspecto que traria a
figura do vice-presidente Michel Temer para a presidência; e o quarto cenário
seria a cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE, o que obrigaria a realização de
uma nova eleição presidencial.
Assim, não sabemos
os próximos capítulos dessa novela, porém, tudo indica que estamos caminhando para
um cenário de impeachment ou de cassação da atual presidente juntamente com o
seu vice.
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