A Usiminas é um
projeto Nipo brasileiro que teve como alvo a formação e expansão da indústria
de base brasileira nos anos cinquentas e sessentas, a qual proporcionou os
japoneses se apresentar para o mundo como capazes de dominar a tecnologia da
indústria do aço, e que, portanto, o Japão estava apto a atender ao mercado
externo neste segmento de mercado.
A parceria dos
japoneses com os mineiros deu muito certo, e o projeto se revelou complementares
entre Brasil e Japão. A Usiminas foi um sucesso de mercado e um dos principais
símbolos da siderurgia e da indústria brasileira, embora atualmente passe por
inúmeras dificuldades em vias até mesmo de cair em uma indesejável recuperação
judicial.
Mas o que é uma
recuperação judicial?
A recuperação judicial é uma medida jurídica para se evitar a
falência de uma empresa e pode ser solicitada quando a empresa perde a
capacidade de honrar com suas dívidas. É um meio para o qual as empresas em
dificuldades reorganizem seus negócios, redesenhe seu passivo e se recupere da
momentânea dificuldade financeira.
Para tanto, fontes do mercado apontam que
sem entrada de capital novo para proporcionar um processo de recuperação da
empresa será inevitável que a empresa entre em processo judicial o que afeta profundamente
a imagem e a credibilidade da empresa nos mercados interno e externo, afetando,
principalmente, a compra de carvão e minério de ferro, financiados pela rede
bancaria internacional.
Mas o que está
acontecendo com a Usiminas?
Bem, a Usiminas vem
enfrentando uma conjunção de fatores que a tem levado a situações de
dificuldades.
Assim,
o setor siderúrgico como um todo passa por um ciclo de baixa, reflexo da
superoferta global de aço e pela baixa demanda de aço por parte da China que é
a maior consumidora de commodities mundiais.
No
Brasil, a situação se agravou ainda mais com a crise política e econômica
instalada que trouxe um forte recuo na demanda de aço no mercado interno influenciados
pela baixa demanda das indústrias automobilística, petróleo e construção civil.
Outro
ponto importante, no passado recente, foi a não percepção da necessidade de
preparação de um sucessor para a presidência da empresa que fosse comprometido
com os alicerces da empresa e, que, portanto, estaria comprometido com a
continuidade dos momentos de gloria da empresa.
A
partir daí houve uma desordenada ocupação da presidência da empresa com
titulares que, de certa forma, comprometeram a gestão da empresa com suas
atuações desastrosas.
Tudo
isso veio de encontro às dificuldades conjunturais do mercado mundial, à
elevação dos custos empresariais, com consequente diminuição da margem de lucro
da empresa.
Acrescente-se
a isso a previsão do Instituto Aço Brasil (IABr), de queda de 4% nas vendas de
aço para este ano.
Com
todos esses problemas a empresa ainda teve de conviver e convive com uma
disputa societária entre os principais controladores, a japonesa Nippon Steel e
o grupo ítalo-argentino Techint que infelizmente teve rompimento de relações em
2014.
A
empresa conta atualmente com uma dívida que perfaz 88% do valor da empresa, a
qual chega a R$8,1 bilhões, sendo 50% no mercado
interno e o restante no mercado internacional, com vencimentos previstos
para esse ano no valor de R$ 1,7 bilhão. Sabe-se ainda, que empresa negocia
dívida de R$4,3 bilhões vencíveis em 2018 e que somente com pagamento de juros
da dívida esvai R$900 milhões, além da necessidade de recursos para operar o
CAPEX (investimentos) que deve ficar em torno R$ 300 milhões. Lembrando que o balanço da Usiminas em 2015 trouxe um prejuízo de
R$3,7 bilhões.
Endividada e sem
gerar caixa o aumento de capital ajudaria nas negociações de rolagem da dívida
da Siderúrgica com seus principais credores bancários ITAU, BRADESCO E BANCO DO
BRASIL, além de BNDES e JBIC (Japan Bank for International Corporation), sendo
que o alongamento da dívida é prática corrente entre os bancos comerciais.
Na
reunião do Conselho de Administração da empresa em 17/02 não houve consenso
para injeção de capital na empresa ficando nova rodada de discussões para
início de março que terá em pauta aumento de capital na empresa e choque de
gestão com admissibilidade de atração de um profissional de mercado.
Para
que as propostas sejam aprovadas é necessário consenso do bloco de controle
Ternium, Nippon Stell e Previdencia Usiminas, conforme exigência do acordo de
acionistas válido até 2031.
Dados de mercado
contam que paralelamente a injeção de capital a empresa segue com seu programa
de desinvestimento onde o seu principal ativo é a USIMINAS MECANICA que atua no
segmento de bens de capital, com previsão de R$400 milhões na alienação sendo
que americanos, europeus e asiáticos tem tido interesse pela empresa.
A solução para a
Usiminas fica por conta do entendimento dos principais controladores e passa
por alternativas como aumento de capital que pode ser por empréstimo bancário
ou por parte dos controladores, uma operação de mútuo entre companhias, além de
venda de ativos que tende a ser mais moroso em função de negociações.
No mesmo diapasão
da empresa vão as cidades de Ipatinga e Cubatão que sentem o impacto das
demissões.
Segundo dados da
mídia foram perdidos 1,1 mil empregos em Cubatão e 1,8 mil em Ipatinga, o que
pode chegar a números elevadíssimos considerando empregos diretos e indiretos,
ou seja, de empresas ligadas ao aço.
Com as
prefeituras não é diferente. Ambas as cidades são dependentes da indústria e
sofrem com a queda de impostos como ICMS e ISS, gerando queda de arrecadação
levando a reformulação de contratos e a adequação dos serviços públicos.
Outro segmento
que sofre é o comércio local com quedas de vendas.
Assim,
acreditamos na lucidez dos controladores da empresa e que a Usiminas se
encaminhe para contornar suas dificuldades e voltar a gerar emprego e renda a
seus funcionários nas regiões onde atua, mesmo que a caminhada não seja tão
curta como gostaríamos.
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