Falar de impostos é sempre uma tarefa árdua tanto
para quem escreve quanto para quem lê. No entanto, é um assunto necessário à
cidadania, no sentido em que possamos fazer um comparativo entre as realidades
tributárias do Brasil e a do chamado primeiro mundo. Vamos lá! Vou tentar ser
didático.
Nos Estados Unidos o leão é o IRS (Internal Revenue Service/Serviço
de Arrecadação Interna), equivalente a nossa Receita Federal que faz parte do “Department
of Treasury” (Departamento do Tesouro). Portanto, é para esse órgão que os
cidadãos americanos têm que prestar contas anuais, o qual caça os sonegadores e
os colocam invariavelmente na cadeia, quando a sonegação ocorre.
Os impostos para
o IRS são o “Federal Income Tax” (Imposto Federal sobre a Renda), o “Income Tax” (Imposto Estadual sobre a Renda -
existente em alguns estados), o “Sales Tax” (Imposto sobre Vendas) e o “Property Tax” (Imposto sobre Propriedade).
O “Federal
Income Tax”, equivalente ao nosso Imposto de Renda, possui uma alíquota única
para todos os americanos. É o imposto pelo qual o cidadão americano é taxado de
acordo com o montante de grana que recebe de salários ou investimentos durante
o ano. Já o “Income Tax”, equivale
também ao nosso Imposto de Renda, porém de natureza estadual, existe apenas em alguns estados.
Nos EUA o “Federal Income Tax” (Imposto sobre a Renda) é taxado
anualmente, enquanto que por aqui os valores são taxados e
recolhidos mensalmente, provocando uma espécie de financiamento do contribuinte
ao ente público, o qual não possui a sensatez em corrigir adequadamente os
valores durante o período do recolhimento do imposto e o período do
procedimento da declaração do Imposto de Renda, chamado também de Ajuste Anual
do Imposto, o qual o cidadão brasileiro processa a entrega de sua declaração do
IR ao leão. Digo isso porque o dinheiro emprestado tem juntamente com o tempo
do empréstimo a contrapartida em juros. Não estou incluindo aqui a inflação do
período.
Considerando um
cidadão americano que ganhe nos EUA US$ 60 mil, ele pagaria de “Income Tax”
US$4.230 de imposto com uma alíquota de 7,05% sobre o seu salário anual. Isso significa que
em um dos estados com o “Income
Tax” (Imposto sobre a Renda) mais elevado dos EUA, quem ganha US$ 60 mil por
ano teria que trabalhar pouco
menos de um mês para pagar esse tipo de imposto.
No Brasil um contribuinte que ganhe R$ 60 mil de salário por ano, equivalente a R$ 5 mil por mês (não
considerando o 13º para equalizar a comparação, pois nos EUA não existe essa
remuneração), somente de IR o contribuinte teria uma alíquota de
27,5%, porém, para os contribuintes que recebem acima de R$ 4.463,81. Notem que
aqui no Brasil essas alíquotas são marginais, ou seja, apenas a parcela da
renda acima desse limite é tributada pela alíquota máxima, não a renda toda
como normalmente se entende. Isso ocorre pelo fato de a renda ser tributada por
faixa de renda e de alíquotas. Assim, quem ganha R$ 60 mil no Brasil paga de IR
o equivalente a R$ 4.633,40, correspondente a 27 dias de trabalho, portanto, com
uma alíquota de 7,72%.
Quanto ao Imposto sobre a Renda não temos o que lamentar. Este
imposto não é o principal tributo em termos de arrecadação no Brasil. Aqui a
tributação é forte no consumo, ao contrário do que ocorre no exterior, onde o
lucro e o patrimônio é que são mais taxados.
Já o “Sales Tax”, equivalente ao nosso ICMS, não conta com um tipo de
alíquota para cada estado como aqui, tendo um modelo de tributação
fácil de ser entendida pelo cidadão contribuinte. É o imposto que os americanos
pagam na aquisição de produtos ou serviços. Assim, quando um americano compra
um produto vem no “Receipt” (Nota Fiscal), a informação do valor do imposto
pago com a alíquota fixa de 6% praticamente em todo o país, diferentemente do
Brasil, onde cada produto tem uma porcentagem diferente de taxação e quase
sempre muito elevada. O “Sales Tax” possui um limite máximo em cada estado
tendo apenas uma pequena variação de condado para condado, o que eles chamam de
“Local Sales Tax” (Imposto de Venda Local) ou simplesmente “Local Tax” (Imposto
Local), embora existam estados onde não haja cobrança deste tributo.
Assim,
enquanto nos EUA o consumo é taxado, majoritariamente, em 6%, no Brasil a
tributação se equivale a 23,24%, onerando assim a população mais pobre.
Como exemplo, vamos pegar o estado do “Tennessee” nos EUA, onde o “Sales
Tax” (Imposto sobre Vendas) é mais elevado. Em uma dúzia de ovos paga-se 9,45%
de “Sales Tax”, em uma barra de chocolate paga-se 9,45% de “Sales Tax”, em um
carro paga-se 9,45% de “Sales Tax”, enquanto, aqui no Brasil, temos para uma
dúzia de ovos: 20,59% de imposto; para uma barra de chocolate: 38,60%
de imposto e para um carro (um Celta 1.0 da GM): 37,55% de imposto.
Fazendo uso de
uma lógica simples, podemos dizer que o “Income Tax” (Imposto sobre a Renda) penaliza o contribuinte por ganhar
dinheiro e o “Sales
Tax” (Imposto sobre Vendas), penaliza o contribuinte por gastar a sua renda, o
seu dinheiro.
Assim, ter responsabilidade financeira é a chave. Por isso, para uma pessoa que gasta menos do que ganha, o ideal seria
viver em um estado o qual não possua o “Income tax” (Imposto sobre a Renda) ou que
tenha uma taxa deste imposto bastante baixa.
O “Property Tax” (Imposto sobre a Propriedade) é cobrado por cidades, condados ou áreas distritais designadas. Vale
para todo tipo de propriedade, residencial, comercial e industrial. Assim, como
o “Sales Tax”, o estado possui uma porcentagem máxima que pode ser cobrada, mas
o valor pode variar de condado para condado, entre cidades ou áreas específicas.
Desse modo existe por lá, um avaliador que determina o valor de mercado do
imóvel e aplica uma porcentagem de imposto que será cobrada anualmente em relação
ao imóvel avaliado.
Quando compilamos
nossa carga tributária total aqui no Brasil, entregamos três meses e meio de salário para o nosso governo, porém, quando consideramos
a contribuição ao INSS o cidadão
brasileiro entrega 5 meses de trabalho no ano ao governo.
Como nos EUA
existem estados que não cobram o “Income Tax” (Imposto sobre a Renda), e outros
que não cobram o “Sales Tax” (Imposto sobre Vendas), isso oferece uma
possibilidade imensa de você se planejar e escolher onde morar, pagando assim
menos impostos.
Supondo que você
consiga o “Green Card”, status de residente permanente nos Estados Unidos,
pagando US$ 500 mil dólares para entrar no país como investidor ou abrindo uma
filial de empresa, ou mesmo, por vínculo de cidadania você será um cidadão
legal na terra do Tio Sam, daí vai ter
direito a todos os benefícios que o país oferece de acordo com a cultura
americana, porém, vai se tornar um contribuinte americano, um pagador de
impostos, o que não é tão ruim por lá, comparativamente conosco. Porém, vai
estar sujeito às leis americanas que focam claramente em direitos e
deveres. Portanto, não haja por lá como um socialista barato que só deseja seus
direitos e foge de seus deveres. Isso, simplesmente, não funciona por lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário