quinta-feira, 4 de agosto de 2016

BREXIT

Brexit é a palavra mais comentada do mundo na atualidade. Ela é, portanto, a abreviação das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída), a qual designa a saída do Reino Unido da União Europeia, o que se tornou, pelo menos, no curto prazo um terremoto de impacto gigantesco na política britânica agora com a intensificação da demanda por independência na Escócia.
Com a decisão de não permanência na União Europeia o Reino Unido se mergulhou num cenário de incertezas e turbulências tão logo foi encerrada a contagem dos 17,4 milhões de votos que garantiram o histórico rompimento do Reino Unido com a União Europeia.
Esse resultado, de certa forma, inesperado, deixou a Inglaterra sem liderança para conduzir o processo de retirada do bloco e assustou o mercado financeiro a ponto de derrubar bolsas em diferentes continentes e provocar a desvalorização recorde da libra em relação ao dólar em décadas, embora um pequeno alívio fosse observado nos pregões das bolsas mundo afora nesta última terça-feira.
Lá como cá o populismo vendeu facilidades para ganhar o plebiscito e se aproximar do poder britânico.
Tudo isso trouxe turbulência de grande escala aos mercados e para agravar ainda mais o cenário de incertezas, há muitas dúvidas sobre quando começa e de como será o processo de saída do Reino Unido, mais precisamente, dos britânicos do bloco econômico mais poderoso do mundo.
Por outro lado, o Parlamento Britânico precisa referendar o resultado do plebiscito e o Conselho Europeu, com sede na Bélgica, precisa ser formalmente notificado para dar início às negociações previstas para durar pelo menos dois anos, embora grandes países da União Europeia desejem uma saída rápida dos dissidentes para que não se contamine ainda mais o cenário econômico europeu que já tem lá suas dificuldades tradicionais.
O que acontecerá a seguir é a grande pergunta, que ninguém ainda pode responder.
O racha na União Europeia é iminente, uma vez que, Escócia e Irlanda do Norte votaram maciçamente pela permanência na União Europeia e desejam nela permanecer.
As dificuldades após o desfecho do referendo são imensas. Assim, as empresas e os trabalhadores britânicos precisarão de pleno acesso ao mercado único; grandes incertezas já aparecem com os futuros acordos comerciais alternativos do Reino Unido, tanto com o restante da Europa quanto com mercados importantes como os dos Estados Unidos, do Canadá e da China, o que projeta cenários sombrios para os dois anos seguintes segundo instituições econômicas internacionais.
Um estudo elaborado pelo banco britânico HSBC prevê uma desvalorização da libra entre 15% a 20%, uma inflação de 5% e uma perda de 1% a 1,5% do PIB do Reino Unido.
Já o FMI calcula que o PIB nominal britânico seria entre 1,5% e 9,5% menor que o habitual e que Londres poderá perder o status de centro financeiro mundial.
Com tantas incertezas o aumento dos prêmios de risco para a concessão de créditos aos governos e empresas britânicas e europeias se reflete no rebaixamento das notas de risco do Reino Unido pelas agencias de “rating” como Fitch e Standard & Poors.
As principais autoridades financeiras do G-7, grupo formado pelos sete maiores países industrializados do mundo, divulgou comunicado conjunto fazendo um alerta contra movimentos cambiais abruptos e desordenados e prometendo garantir "liquidez adequada" para os mercados, após a decisão esdruxula do Reino Unido de sair da União Europeia afetando os mercados financeiros globais.
Vejam que a saída do Reino Unido da União Europeia não será indolor para a economia global e, portanto, também não para a economia brasileira. A tendência é que o euro se enfraqueça, o que mudará muito o fluxo comercial em todo o planeta.
No médio e longo prazo, o Brasil poderia se beneficiar com o aumento das relações comerciais com os britânicos enquanto que no curto prazo, seria chacoalhado pelo mesmo nervosismo que afetariam outros países.
Por fim, a retirada do Reino Unido da União Europeia dificultará ainda mais os esforços de retomada da economia europeia, que ainda se ressente da crise econômica global que eclodiu em 2008, na esteira do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. 

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