quarta-feira, 31 de agosto de 2016

E depois do Impeachment?

De acordo com especialistas, o período de interinidade de Michel Temer trouxe certa melhora em relação às expectativas dos agentes econômicos (indivíduos, instituições e conjunto de instituições) e certo ar de tranquilidade à sociedade, ainda que alguns economistas alertem para não se deixar levar pelo excesso de otimismo, pois enquanto não se votar as medidas necessárias ao país e se comece a escrever novos rumos à nação, haverá sempre o risco de permanência ou de aprofundamento da crise.
Porém, com tantas dificuldades pela peculiaridade de ser um governo provisório, interino ele se inicia revertendo expectativas ruins fazendo com que o país deixasse de piorar colocando algum tipo de rumo para 2016 como queda do PIB de 3,2% - quando a previsão era de menos 4%; inflação próxima de 7,5% - contra uma inflação de 10,67% em 2015.
Já após o impeachment de Dilma Rousseff, o desafio do Governo definitivo de Michel Temer será o de equilibrar as contas públicas, retomar a confiança de empresários e de investidores e o de realizar as reformas estruturantes e institucionais exigidas ao estado brasileiro.
Não obstante a esses primeiros passos, lembremos que o governo Temer recebe definitivamente a mais pesada herança maldita da história macroeconômica do Brasil, quiçá da maioria dos países mundo afora, proporcionando um imenso entrave a ser transposto.
Por outro lado, tendo o novo governo um monumental desafio à frente, ao menos isso possa lhe conferir uma oportunidade única de poder contar com apoio parlamentar para realizar as profundas reformas institucionais que reponha o país novamente nos trilhos do crescimento, o que naturalmente somente ocorrerá no médio e longo prazo o que nos confere um longo caminho complexo e difícil a ser percorrido.
Mas, por qual razão o novo governo encontrará um cenário difícil e desafiador pela frente? Porque suas perspectivas econômicas de curto prazo para início de mandato são ruins em função do elevado grau de desorganização do ambiente político e econômico, deixados pelo governo que cai.
Assim, o maior desafio do novo governo será o de realizar um ajuste fiscal que permita evitar uma trajetória explosiva da dívida pública e resgatar a credibilidade do país. Para isto existem duas grandes oportunidades: uma delas é realizar um ambicioso programa de concessões em infraestrutura e uma negociação rápida de acordos internacionais, principalmente, com a União Europeia para que a economia possa se deslanchar.
Para tanto será indispensável buscar um melhor desempenho dos graus de liberdade na gestão orçamentária com o cumprimento da DRU (Desvinculação da Receita da União) que atualmente permite o uso livre de recursos federais da ordem de 20% das receitas em impostos, necessitando de uma desvinculação um pouco maior nestes tempos de crise para que o governo aloque mais adequadamente os recursos arrecadados da nação. Daí a solicitação ao Congresso Nacional de uma desvinculação de 30% da DRU, portanto acima dos 20% atuais.
Em seguida será necessário, uma discussão amadurecida e transparente com a sociedade brasileira para uma possível Reforma da Previdência Social com uma resolução para o longo prazo, pois se torna imprescindível convencer os agentes econômicos de uma mudança mais oblíqua na atual dinâmica do gasto público do país, algo que deva merecer continuidade dos próximos governantes a partir de 2018.
Por outro lado, Temer terá um campo enorme para avançar além das reformas constitucionais através de um vigoroso plano de privatizações da infraestrutura e logística nacional buscando recursos externos para o desenvolvimento pleno dessa área. Além disso, terá que realizar uma melhor caracterização das regras de conteúdo nacional e do marco regulatório do Pré-Sal, retornando ao regime de concessões para facilitar a entrada de recursos externos dado à precariedade de recursos governamentais e privados para os investimentos necessários à nossa infraestrutura.
Outro passo importante será o de buscar uma reformulação financeira para a crise de tesouraria de estados e municípios o que trará efeitos sobre a situação fiscal do governo central o qual deverá ainda estabelecer uma adequada atuação no câmbio, trabalhando um câmbio de equilíbrio evitando assim elevada valorização do real o que exigirá políticas complementares para fomentar as exportações, um dos poucos vetores de crescimento do qual o governo dispõe.
A despeito dos enormes desafios nos campos político e econômico que serão enfrentados, a expectativa é a de que o restabelecimento da governabilidade e o consequente encaminhamento de pontos chaves da agenda econômica resultarão em recuperação gradual da economia a partir do próximo ano.  
Dessa forma toda a engrenagem funcionará para a economia. Se ela der sinais positivos, todo o resto ficará mais simples. O  diálogo com o Congresso será fluido enquanto a chamada reforma política deverá se encaminhar a partir de consultas e diálogo com a sociedade civil.
Se Temer resolver o problema fiscal, viabilizar uma retomada do crescimento, não se opuser a Lava Jato (mesmo que isso o leve a ser implacável com eventuais aliados) e mantiver a palavra de não buscar a reeleição, ele passa de presidente que finalizou um mandato para um potencial estadista e com uma reforma política ou da Previdência ele sairia maior do que entrou.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Dinheiro traz felicidades para você?

Pesquisa realizada pelo escritório de estatísticas nacionais do Reino Unido, o “Office for Nacional Statistics” (ONS), com dados de 2011 e 2012, porém, divulgada recentemente revela que ter dinheiro investido em ações ou em investimentos traz mais felicidade para as pessoas do que possuir vários bens como imóveis ou carros na garagem. E ainda, que as pessoas preferem gastar mais o dinheiro ganho com viagens do que em adquirir coisas materiais.
Este estudo realizado no Reino Unido mostra também que o dinheiro não somente aumenta a felicidade como também reduz a ansiedade das pessoas, indicando ainda que quanto maior é a riqueza da pessoa, maior é o nível de satisfação com a vida e com a felicidade pessoal.
Já outro estudo realizado pela “Cornell University” (Universidade de Cornell), em Nova York e divulgado pela “FastCo”, traz algo parecido, mostrando que é as pessoas preferem gastar o dinheiro ganho com viagens para adquirir novas experiências de vida do que comprando ou adquirindo coisas materiais.
Falando estritamente sobre dinheiro precisamos compreender que, em realidade, não existem fórmulas mágicas para o enriquecimento das pessoas, porém, é possível criar caminhos que conduzam a uma vida próspera e feliz.
Dizia Machado de Assis: “O dinheiro não traz felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele”. Aí está uma das sutilezas do dinheiro. Precisamos entender que a felicidade não está no dinheiro em si, mas sim no que ele pode fazer por nós. Desse modo, é preciso buscar uma relação mais saudável com ele o dinheiro.
Vivemos em um período marcado por denúncias de corrupção no qual a questão central está intimamente ligada a má utilização ou malversação (apropriação de fundos no exercício de um cargo) de recursos públicos. Isso nos trás a falsa sensação ou a certeza de que tudo é culpa do dinheiro; que o dinheiro é sujo; que o dinheiro é ruim; e assim por diante.
Por outro lado, ser bem-sucedido financeiramente não é um pecado mortal a ninguém, não é mesmo?
Segundo especialistas, é possível transformar o dinheiro em ferramenta de felicidade. Assim, nunca deixe de aprender! A internet democratizou o aprendizado e hoje vivemos em um mundo cheio de oportunidades e nunca foi tão fácil aprender, não somente, sobre finanças como também sobre tudo o que as pessoas tiverem interesse em conhecer e saber. Desse modo, aprenda o que puder e como puder! Busque, erre e experimente! Aprenda com os erros dos outros! Aprenda com a sua família! Aprenda!
Torne saudável sua relação com o consumo e com o crédito. Estamos passando por um momento delicado na economia brasileira. E nestes tempos de recessão, a tendência é de encarecimento do crédito que se torna algo caro.
Indispensável, porém, será a adoção de uma postura mais conservadora e franca com o dinheiro, apostando definitivamente no “consumo consciente” e no pagamento de compras genuinamente à vista.
É hora de diminuir a busca por empréstimos. Com tanta dívida e financiamento de tudo, não é possível! O caminho deve ser outro, mais focado em prioridades. Defina melhor os objetivos e passe a economizar e a poupar para conquistar um futuro melhor.
Nunca deixe de investir e poupar para o futuro. Por mais que seja um discurso repetitivo, não deixe de segui-lo. Vejam que os economistas falam muito sobre isso, mas em realidade, não se pratica nada disto. Por outro lado, o que isso traz a nós mesmos e ao país é uma realidade triste. Notem que o tempo passa muito rapidamente e vai haver um momento em que as pessoas chegarão à aposentadoria.
Dificuldades é a tônica de grande parte dos aposentados do país e grande parte deles sobrevive com o amparo ou financeiro de familiares e amigos, pois as aposentadorias e pensões não garantem nem mesmo a compra dos remédios. Pense nisso!
A expectativa de vida do brasileiro vem crescendo muito, mas para que o brasileiro desfrute com mais qualidade de vida deste tempo adicional de vida é fundamental que comece a se preparar o bolso o quanto antes; se possível comece desde o primeiro emprego, para aqueles que estão iniciando no mundo do trabalho. E para os demais, o quanto antes, pois depender dos governantes nunca foi uma boa opção aqui no Brasil.
Não esperemos mais para garantir o nosso futuro! Comece a se planejar! Considere como será sua realidade futura; identifique seus desejos, vontades e necessidades lá na frente! Aprenda que quanto maior for o tempo até lá, mais oportunidades e menores quantidades de dinheiro serão necessárias para construir o futuro ideal.
Para isso, três palavrinhas são mágicas: invista, invista e invista! De outro modo, ou você prepara seu próprio futuro ou terá que depender de outras pessoas para vivê-lo com alguma dignidade. Não pague para ver, isso pode se revelar muito caro!
Algumas coisas somos nós mesmos que as fazemos. Procure não depender totalmente dos outros, pois eles podem não atender suas expectativas de momento e de futuro.
Anote tudo, corte gastos, pague suas dívidas e comece a poupar e a investir. Aos poucos você notará uma mudança incrível em suas finanças e, por conseguinte, em sua própria vida!

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Os Impostos nos Estados Unidos da América

Falar de impostos é sempre uma tarefa árdua tanto para quem escreve quanto para quem lê. No entanto, é um assunto necessário à cidadania, no sentido em que possamos fazer um comparativo entre as realidades tributárias do Brasil e a do chamado primeiro mundo. Vamos lá! Vou tentar ser didático.
Nos Estados Unidos o leão é o IRS (Internal Revenue Service/Serviço de Arrecadação Interna), equivalente a nossa Receita Federal que faz parte do “Department of Treasury” (Departamento do Tesouro). Portanto, é para esse órgão que os cidadãos americanos têm que prestar contas anuais, o qual caça os sonegadores e os colocam invariavelmente na cadeia, quando a sonegação ocorre.
Os impostos para o IRS são o “Federal Income Tax” (Imposto Federal sobre a Renda), o “Income Tax” (Imposto Estadual sobre a Renda - existente em alguns estados), o “Sales Tax” (Imposto sobre Vendas) e o “Property Tax” (Imposto sobre Propriedade).
O “Federal Income Tax”, equivalente ao nosso Imposto de Renda, possui uma alíquota única para todos os americanos. É o imposto pelo qual o cidadão americano é taxado de acordo com o montante de grana que recebe de salários ou investimentos durante o ano. Já o “Income Tax”, equivale também ao nosso Imposto de Renda, porém de natureza estadual, existe apenas em alguns estados.
Nos EUA o “Federal Income Tax” (Imposto sobre a Renda) é taxado anualmente, enquanto que por aqui os valores são taxados e recolhidos mensalmente, provocando uma espécie de financiamento do contribuinte ao ente público, o qual não possui a sensatez em corrigir adequadamente os valores durante o período do recolhimento do imposto e o período do procedimento da declaração do Imposto de Renda, chamado também de Ajuste Anual do Imposto, o qual o cidadão brasileiro processa a entrega de sua declaração do IR ao leão. Digo isso porque o dinheiro emprestado tem juntamente com o tempo do empréstimo a contrapartida em juros. Não estou incluindo aqui a inflação do período.
Considerando um cidadão americano que ganhe nos EUA US$ 60 mil, ele pagaria de “Income Tax” US$4.230 de imposto com uma alíquota de 7,05% sobre o seu salário anual.  Isso significa que em um dos estados com o “Income Tax” (Imposto sobre a Renda) mais elevado dos EUA, quem ganha US$ 60 mil por ano teria que trabalhar pouco menos de um mês para pagar esse tipo de imposto.
No Brasil um contribuinte que ganhe R$ 60 mil de salário por ano, equivalente a R$ 5 mil por mês (não considerando o 13º para equalizar a comparação, pois nos EUA não existe essa remuneração), somente de IR o contribuinte teria uma alíquota de 27,5%, porém, para os contribuintes que recebem acima de R$ 4.463,81. Notem que aqui no Brasil essas alíquotas são marginais, ou seja, apenas a parcela da renda acima desse limite é tributada pela alíquota máxima, não a renda toda como normalmente se entende. Isso ocorre pelo fato de a renda ser tributada por faixa de renda e de alíquotas. Assim, quem ganha R$ 60 mil no Brasil paga de IR o equivalente a R$ 4.633,40, correspondente a 27 dias de trabalho, portanto, com uma alíquota de 7,72%.
Quanto ao Imposto sobre a Renda não temos o que lamentar. Este imposto não é o principal tributo em termos de arrecadação no Brasil. Aqui a tributação é forte no consumo, ao contrário do que ocorre no exterior, onde o lucro e o patrimônio é que são mais taxados.
Já o “Sales Tax”, equivalente ao nosso ICMS, não conta com um tipo de alíquota para cada estado como aqui, tendo um modelo de tributação fácil de ser entendida pelo cidadão contribuinte. É o imposto que os americanos pagam na aquisição de produtos ou serviços. Assim, quando um americano compra um produto vem no “Receipt” (Nota Fiscal), a informação do valor do imposto pago com a alíquota fixa de 6% praticamente em todo o país, diferentemente do Brasil, onde cada produto tem uma porcentagem diferente de taxação e quase sempre muito elevada. O “Sales Tax” possui um limite máximo em cada estado tendo apenas uma pequena variação de condado para condado, o que eles chamam de “Local Sales Tax” (Imposto de Venda Local) ou simplesmente “Local Tax” (Imposto Local), embora existam estados onde não haja cobrança deste tributo.
Assim, enquanto nos EUA o consumo é taxado, majoritariamente, em 6%, no Brasil a tributação se equivale a 23,24%, onerando assim a população mais pobre.
Como exemplo, vamos pegar o estado do “Tennessee” nos EUA, onde o “Sales Tax” (Imposto sobre Vendas) é mais elevado. Em uma dúzia de ovos paga-se 9,45% de “Sales Tax”, em uma barra de chocolate paga-se 9,45% de “Sales Tax”, em um carro paga-se 9,45% de “Sales Tax”, enquanto, aqui no Brasil, temos para uma dúzia de ovos: 20,59% de imposto; para uma barra de chocolate: 38,60% de imposto e para um carro (um Celta 1.0 da GM): 37,55% de imposto.
Fazendo uso de uma lógica simples, podemos dizer que o “Income Tax” (Imposto sobre a Renda) penaliza o contribuinte por ganhar dinheiro e o “Sales Tax” (Imposto sobre Vendas), penaliza o contribuinte por gastar a sua renda, o seu dinheiro.
Assim, ter responsabilidade financeira é a chave. Por isso, para uma pessoa que gasta menos do que ganha, o ideal seria viver em um estado o qual não possua o “Income tax” (Imposto sobre a Renda) ou que tenha uma taxa deste imposto bastante baixa.
O “Property Tax” (Imposto sobre a Propriedade) é cobrado por cidades, condados ou áreas distritais designadas. Vale para todo tipo de propriedade, residencial, comercial e industrial. Assim, como o “Sales Tax”, o estado possui uma porcentagem máxima que pode ser cobrada, mas o valor pode variar de condado para condado, entre cidades ou áreas específicas. Desse modo existe por lá, um avaliador que determina o valor de mercado do imóvel e aplica uma porcentagem de imposto que será cobrada anualmente em relação ao imóvel avaliado.
Quando compilamos nossa carga tributária total aqui no Brasil, entregamos três meses e meio de salário para o nosso governo, porém, quando consideramos a contribuição ao INSS o cidadão brasileiro entrega 5 meses de trabalho no ano ao governo.
Como nos EUA existem estados que não cobram o “Income Tax” (Imposto sobre a Renda), e outros que não cobram o “Sales Tax” (Imposto sobre Vendas), isso oferece uma possibilidade imensa de você se planejar e escolher onde morar, pagando assim menos impostos.
Supondo que você consiga o “Green Card”, status de residente permanente nos Estados Unidos, pagando US$ 500 mil dólares para entrar no país como investidor ou abrindo uma filial de empresa, ou mesmo, por vínculo de cidadania você será um cidadão legal na terra do Tio Sam, daí vai ter direito a todos os benefícios que o país oferece de acordo com a cultura americana, porém, vai se tornar um contribuinte americano, um pagador de impostos, o que não é tão ruim por lá, comparativamente conosco. Porém, vai estar sujeito às leis americanas que focam claramente em direitos e deveres. Portanto, não haja por lá como um socialista barato que só deseja seus direitos e foge de seus deveres. Isso, simplesmente, não funciona por lá.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

As Olimpíadas

As Olimpíadas constituem um dos maiores eventos de massa do mundo e a sua origem remonta à Antiga Grécia, quando eram praticados jogos esportivos na cidade de Olímpia.
Com o declínio da civilização grega, as competições esportivas tornaram-se esparsas nas civilizações subsequentes. A proposta de resgatar a prática das olimpíadas e o seu sentido principal, a celebração da paz entre as nações por meio do esporte, só aconteceu no fim do século XIX, por intermédio de uma personagem histórica singular, o Barão de Coubertin.
Coubertin era membro da aristocracia francesa e pretendia instituir um Comitê Internacional de Jogos Esportivos, órgão que realizaria eventos competitivos periodicamente no continente europeu.
No contexto da época do Barão se vivia uma intensa competitividade industrial e política das potências imperialistas do século XIX, o que culminou na Primeira Guerra Mundial em 1914, o que veio a ser uma das razões para a criação de um Comitê Internacional de Jogos Esportivos; e isso se deu pela vontade justamente de produzir uma atmosfera amistosa entre as nações europeias.
Assim a proposta do Barão de Coubertin foi apresentada na União das Sociedades Francesas de Esportes Atléticos (USFSA) em 1892. Nessa proposta, estava a pretensão de criar um Comitê Olímpico Internacional inspirado nos antigos jogos realizados na cidade de Olímpia. Todavia, a criação efetiva do comitê ocorreu apenas dois anos depois, em 23 de junho de 1894, sendo que esse comitê teve como secretário-geral Coubertin e, como presidente, o grego Demetrius Vikelas.
Por intermédio de Vikelas, os primeiros jogos olímpicos foram realizados em Atenas, na Grécia, entre os dias 06 e 15 de 1896. Apesar das muitas interrupções em virtude das consequências geradas por guerras, os jogos olímpicos acabaram consolidando-se ao longo do século XX, gerando uma especialização de esportistas nunca antes vista o que tornou as Olimpíadas um dos mais expressivos eventos de massa do mundo.
Atualmente o maior evento esportivo do mundo transformou-se também no maior espetáculo televisivo dos nossos tempos. A espetacularização do esporte impulsionada pela TV traz sempre a discussão se a mídia é positiva para manter vivos os ideais olímpicos.
No passado os corredores na realidade eram pessoas ricas, portanto, da elite da época. Houve momentos também em que os atletas participantes das Olímpiadas eram apenas amadores, hoje não.
Por outro lado, existiam aqueles que assistiam aos jogos onde se traduz o esporte também como entretenimento.
O esporte é considerado um fenômeno cultural muito vasto e das várias dimensões que o esporte possui uma delas é a de entretenimento.
Como bom entretenimento o esporte vai cada vez mais em direção à qualidade do atleta buscando ou desenvolvendo atletas cada vez mais rápidos, hábeis, fortes e competitivos que se traduzem hoje nos atletas de alto rendimento ou de elevada performance, e para que isso seja possível, o atleta precisa de muito treinamento para seu desenvolvimento.
Como tudo isso veio num crescendo a profissionalização do esporte proporcionou a entrada de todos nas competições, ou seja, a entrada dos melhores, independentemente de classe social.
Para que isso tudo seja possível alguém precisa financiar o espetáculo e quem põe dinheiro nas Olímpiadas hoje é a TV, é a mídia e os estados patrocinadores que infelizmente cobra a conta da sociedade através de impostos ou deixando de atender parte das necessidades coletivas da população em questão, hoje no caso no Brasil, a população brasileira.
Já para quem pratica o esporte, para o atleta em si, ele normalmente fica focado nos treinamentos e numa série de valores como capacidade e qualidade para atender às diversas modalidades de competições seja eles talentos natos ou não, ou talentos desenvolvidos através da persistência, da disciplina, da ética que evita o “dopping”, etc.
Já para quem assiste ao espetáculo, o que conta é a história tanto dos jogos quanto dos atletas, é o estilo do atleta que revela o contexto da sociedade em que vive e também a história de superação do atleta onde entra o lado emocional, onde se encaixa a mídia com a espetacularização dos jogos.
Falando um pouco das estatísticas iniciais da competição podemos dizer que os gastos com as Olimpíadas no Brasil já somam mais de R$ 36 bilhões. Por outro lado, somente em direitos de transmissão o Comitê Olímpico Internacional já arrecadou mais de R$ 10 bilhões. E as principais emissoras de TV do Brasil compraram os direitos de transmissão com centenas de milhões de dólares.
As emissoras estão investindo alto na cobertura dos jogos. A “NBCUniversal” que transmite em TV aberta, paga e internet para os EUA conta com 3.000 profissionais ocupando um edifício inteiro no Rio de Janeiro. O grupo Globo tem 2.000 funcionários envolvidos na cobertura Olímpica e o canal fechado Esporte TV conta com 16 canais transmitindo as Olímpiadas.
A internet também traz a sua transmissão deixando o público mais solto em relação aos horários televisivos.
O maior evento esportivo do mundo os jogos olímpicos serão disputados aqui no Rio de Janeiro este ano onde será a primeira vez em que a América do Sul sedia os jogos.
As olimpíadas de 2016 contarão com mais de 10.000 atletas, 42 modalidades esportivas, 204 países e bilhões de espectadores em todo o mundo. Estima-se que somente pela televisão cerca de 4 bilhões de pessoas acompanharão os jogos.
A primeira vez em que as Olimpíadas foram transmitidas pela TV aconteceu em 1936 em Berlim, na Alemanha.
Depois de uma interrupção de 12 anos por causa da Segunda Guerra Mundial as Olimpíadas aconteceram em 1948 na cidade de Londres, sendo as primeiras a serem transmitidas ao vivo em TV aberta.
Já os jogos Olímpicos de Tóquio em 1974 foram os primeiros transmitidos via satélite pela televisão e de lá para cá, as Olimpíadas se tornaram além de um espetáculo esportivo um grande espetáculo comercial e financeiro.
Voltando ao Barão de Coubertin, dizia ele que o importante era competir, porém hoje, além de competir podemos dizer que é o mais importante é faturar.

Economia Criativa

O mundo vem mudando e com ele também a economia e por associação os negócios.
Assim tanto empreendedores privados como empreendedores públicos conhecidos como presidentes, governadores e prefeitos precisam se sintonizar com a nova economia, se ligando ao novo vocabulário de consultores, mentores e investidores para que entendimento e relacionamento fluam uniformemente.
A economia criativa abrange, portanto, todo o ambiente de negócios que existe em torno da indústria criativa, ou seja, aquela indústria baseada em bens e serviços criativos. Desse modo, para estar dentro do novo conceito econômico, o produto criativo precisa gerar valor, produzir riqueza.
Desta forma, tocar violão nas horas vagas ou fazer um filme com os amigos, apesar de atividades criativas, só vão fazer parte da economia criativa quando alguém estiver lucrando diretamente com estas atividades ou pelo menos tentando iniciar esse processo.
Dois conceitos chaves como o “intangible assets” (bens intangíveis) e propriedade intelectual ajudam a entender melhor a economia criativa. O primeiro diz respeito a obras que não podem ser tocadas fisicamente, como o conteúdo de um livro, softwares, músicas ou filmes, mas que podem ter alto valor intelectual e comercial. Por exemplo, a marca “Coca-Cola” (não o refrigerante, mas a marca em si) é só um desenho associado a um nome, mas é também um dos bens mais valiosos do mundo. Já a propriedade intelectual é o conjunto de proteções que podem ser dadas a esses bens intangíveis, como copyrights (direitos autorais) e patentes os quais ajudam a identificar o valor comercial das obras.
A economia criativa teve seu início no Reino Unido onde se observou a necessidade de se implantar uma economia que fosse criativa dedicando mais atenção a políticas públicas que fossem diferentes das outras e também de outros setores.
Dessa maneira é do autor britânico John Howkins o mérito de condensar todas as discussões que vinham surgindo naquele momento e explicar o termo ao mundo, no best seller “The Creative Economy – How People Make Money From Ideias” (Economia Criativa – Como Ganhar Dinheiro com Ideias Criativas), de 2001.
Por outro lado, em um relatório de 1983, publicado pela primeira-ministra Margaret Thatcher, pela primeiríssima vez se reconheceu oficialmente a importância de áreas ligadas à tecnologia e à criatividade para o crescimento econômico do Reino Unido. Quase dez anos depois, em 1994, o então primeiro ministro Australiano Paul Keating publicou políticas públicas voltadas para a cultura, em um documento chamado “Creative Nation” (nação criativa), que já trazia o termo economia criativa. Logo depois, o primeiro ministro britânico Tony Blair incluiu o assunto em sua plataforma de governo durante sua campanha para o cargo de primeiro ministro britânico. Era um momento de grandes mudanças, de tentar entender um mundo que ia se tornando cada vez mais digital, mais rápido e competitivo, além de haver um grande pânico em torno da globalização. Nesse contexto, foi ficando claro que, de duas uma: ou a economia se basearia nos melhores preços ou na diferenciação através do valor agregado. Mas, para fazer serviços e bens diferentes, era preciso reconhecer o talento humano, que é a peça mais importante nessa nova economia e para estimular a economia criativa, investimentos em educação passaram a ser vistos como essenciais.
A economia criativa responde hoje por boa parte da geração de renda e empregos em vários países. Porém, como a lógica dos bens criativos é diferente da indústria tradicional que segue um modelo de produção e distribuição, fica o desafio de entender como funciona a economia criativa para ajudar na criação de políticas públicas, na organização de redes de inovação, na proteção de propriedades intelectuais e no estimulo ao mercado em torno delas.
Assim, a economia criativa traz a ideia de gerar atividades alternativas ao modelo vigente, que aumentem o fluxo de inteligência dos negócios, incentivem a geração de networking (relacionamento) entre diferentes áreas, unam grupos criativos dispersos e promovam talentos individuais.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

BREXIT

Brexit é a palavra mais comentada do mundo na atualidade. Ela é, portanto, a abreviação das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída), a qual designa a saída do Reino Unido da União Europeia, o que se tornou, pelo menos, no curto prazo um terremoto de impacto gigantesco na política britânica agora com a intensificação da demanda por independência na Escócia.
Com a decisão de não permanência na União Europeia o Reino Unido se mergulhou num cenário de incertezas e turbulências tão logo foi encerrada a contagem dos 17,4 milhões de votos que garantiram o histórico rompimento do Reino Unido com a União Europeia.
Esse resultado, de certa forma, inesperado, deixou a Inglaterra sem liderança para conduzir o processo de retirada do bloco e assustou o mercado financeiro a ponto de derrubar bolsas em diferentes continentes e provocar a desvalorização recorde da libra em relação ao dólar em décadas, embora um pequeno alívio fosse observado nos pregões das bolsas mundo afora nesta última terça-feira.
Lá como cá o populismo vendeu facilidades para ganhar o plebiscito e se aproximar do poder britânico.
Tudo isso trouxe turbulência de grande escala aos mercados e para agravar ainda mais o cenário de incertezas, há muitas dúvidas sobre quando começa e de como será o processo de saída do Reino Unido, mais precisamente, dos britânicos do bloco econômico mais poderoso do mundo.
Por outro lado, o Parlamento Britânico precisa referendar o resultado do plebiscito e o Conselho Europeu, com sede na Bélgica, precisa ser formalmente notificado para dar início às negociações previstas para durar pelo menos dois anos, embora grandes países da União Europeia desejem uma saída rápida dos dissidentes para que não se contamine ainda mais o cenário econômico europeu que já tem lá suas dificuldades tradicionais.
O que acontecerá a seguir é a grande pergunta, que ninguém ainda pode responder.
O racha na União Europeia é iminente, uma vez que, Escócia e Irlanda do Norte votaram maciçamente pela permanência na União Europeia e desejam nela permanecer.
As dificuldades após o desfecho do referendo são imensas. Assim, as empresas e os trabalhadores britânicos precisarão de pleno acesso ao mercado único; grandes incertezas já aparecem com os futuros acordos comerciais alternativos do Reino Unido, tanto com o restante da Europa quanto com mercados importantes como os dos Estados Unidos, do Canadá e da China, o que projeta cenários sombrios para os dois anos seguintes segundo instituições econômicas internacionais.
Um estudo elaborado pelo banco britânico HSBC prevê uma desvalorização da libra entre 15% a 20%, uma inflação de 5% e uma perda de 1% a 1,5% do PIB do Reino Unido.
Já o FMI calcula que o PIB nominal britânico seria entre 1,5% e 9,5% menor que o habitual e que Londres poderá perder o status de centro financeiro mundial.
Com tantas incertezas o aumento dos prêmios de risco para a concessão de créditos aos governos e empresas britânicas e europeias se reflete no rebaixamento das notas de risco do Reino Unido pelas agencias de “rating” como Fitch e Standard & Poors.
As principais autoridades financeiras do G-7, grupo formado pelos sete maiores países industrializados do mundo, divulgou comunicado conjunto fazendo um alerta contra movimentos cambiais abruptos e desordenados e prometendo garantir "liquidez adequada" para os mercados, após a decisão esdruxula do Reino Unido de sair da União Europeia afetando os mercados financeiros globais.
Vejam que a saída do Reino Unido da União Europeia não será indolor para a economia global e, portanto, também não para a economia brasileira. A tendência é que o euro se enfraqueça, o que mudará muito o fluxo comercial em todo o planeta.
No médio e longo prazo, o Brasil poderia se beneficiar com o aumento das relações comerciais com os britânicos enquanto que no curto prazo, seria chacoalhado pelo mesmo nervosismo que afetariam outros países.
Por fim, a retirada do Reino Unido da União Europeia dificultará ainda mais os esforços de retomada da economia europeia, que ainda se ressente da crise econômica global que eclodiu em 2008, na esteira do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. 

A Recuperação Judicial da OI

Com R$ 65 bilhões em dívidas a Operadora OI deu entrada ontem em um pedido de recuperação judicial que é uma espécie de proteção contra falência. O pedido ainda passará por uma assembleia de acionistas e as negociações de ações deverão ficar temporariamente suspensas por um período de 30 dias, o qual pode ser prorrogado.
Para a Oi, as razões do pedido são baseadas na preservação da prestação de serviços, preservação do valor da empresa, continuidade das operações e atividades corporativas e preservação da posição econômica da companhia, muito embora o motivo seja mesmo pela incapacidade de honrar seus compromissos financeiros.
Este é o maior pedido de recuperação judicial já protocolado no país depois da empresa Sete Brasil, um empreendimento criado para fornecer sondas para o Pré-Sal que declarou à Justiça ter dívidas de R$ 19,3 bilhões, seguido da OGX que pediu recuperação judicial com uma dívida de R$ 11,2 bilhões.
Assim a Oi encerrou o primeiro trimestre do ano com prejuízo líquido de R$ 1,64 bilhão. Em março, a dívida líquida da empresa estava em R$ 40,84 bilhões, alta de 7% ante o fim do ano passado, enquanto o caixa disponível ficou em R$ 8,53 bilhões, com queda de 49,3% sobre o trimestre imediatamente anterior.
A empresa teve dificuldades em renegociar sua pulverizada dívida no exterior e este foi o fator determinante para que a Oi entrasse com o processo, pois, mais de três quartos da dívida da empresa está nas mãos de muitas instituições financeiras internacionais, enquanto que no Brasil sua dívida está concentrada nos grandes bancos do país como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica e BNDES.
A Anatel, a agência reguladora do setor acompanhará a tramitação do pedido de recuperação judicial e a execução do plano de reestruturação econômico e financeiro da Oi.
Já o MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), tem reforçado o seu compromisso com os usuários da empresa, sem deixar de considerar a preservação dos empregos, a aplicação de recursos de instituições estatais envolvidas e o interesse de credores privados, necessários ao investimento sustentável.
A Recuperação Judicial é uma proteção dada às empresas que não conseguem pagar suas dívidas evitando que seus credores peçam a falência da empresa. Tem como vantagem a continuidade do funcionamento normal da empresa, pois, na falência, ela seria fechada e seus bens seriam vendidos para pagar seus credores. Nesse processo os clientes não são afetados.
Os acionistas, por outro lado sim, são afetados sendo que as empresas com ações em Bolsa, ficam com as negociações suspensas.
Não há prazo para que o juiz analise o pedido e autorize a recuperação, mas, em geral, a decisão tende a sair em média em cinco dias. Se o pedido for aceito, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano detalhado de como vai saldar suas dívidas em forma de pagamento, prazos e de onde virão os recursos para isso. Caso a empresa não apresente o plano, o juiz pode decretar a falência da empresa unilateralmente.
Apresentado o plano, os credores têm 30 dias para se manifestar; se não concordarem, haverá nova decisão em assembleia em até 6 meses.
Aprovado o plano, a empresa precisará cumprir todas as obrigações previstas em um prazo de 2 anos, a não ser que negocie alterações eventuais. Se os credores não aceitarem o plano, a empresa vai à falência e o juiz se tornará o fiscalizador do processo recebendo mensalmente a prestação de contas da empresa.
Em seu procedimento de gestão das dificuldades da empresa a OI solicitou ao BNDES um contrato de suspensão da dívida por um prazo de 180 dias (conhecido como stand still) que fora assinado em maio, ainda na gestão anterior do banco, vindo a público nesta sexta-feira (17), após a divulgação pela companhia de documentos relativos ao processo de renegociação com seus credores.
O ruim disto tudo é saber que este fato guarda relação com a interferência dos governos petistas também em grupos privados.