O atual tarifaço
da energia elétrica brasileira teve seu começo não numa festa de São João, como
em uma famosa canção do compositor carioca Noel Rosa, mas num pronunciamento em
cadeia de rádio e televisão pela Senhora Presidente da República do Brasil em
janeiro de 2013, o qual diz:
“Na próxima terça-feira (…) vou ter o
prazer de anunciar a mais forte redução de que se tem notícia, neste país, nas
tarifas de energia elétrica das indústrias e dos consumidores domésticos. A
medida vai entrar em vigor no início de 2013. A partir daí todos os
consumidores terão sua tarifa de energia elétrica reduzida, ou seja, sua conta
de luz vai ficar mais barata. Os consumidores residenciais terão uma redução
média de 16,2%. A redução para o setor produtivo vai chegar a 28%, porque neste
setor os custos de distribuição são menores, já que opera na alta tensão. Esta
queda no custo da energia elétrica tornará o setor produtivo ainda mais
competitivo. Os ganhos, sem dúvida, serão usados tanto para redução de preços
para o consumidor brasileiro como para os produtos de exportação, o que vai
abrir mais mercados, dentro e fora do país. A redução da tarifa de energia
elétrica vai ajudar também, de forma especial, as indústrias que estejam em
dificuldades, evitando as demissões de empregados.”
Pois é, diante de
tanta arrogância, mentiras e falta de espírito público a Senhora Presidente fez
apenas o que não convém a nenhum dirigente público. Fez uma redução do preço de
energia elétrica por decreto, não levando em consideração as condições
mercadológicas das empresas do setor, o que nos custou e ainda nos custa R$ 105
bilhões.
Para se ter uma
idéia o rombo causado pelo apagão de 2001 custou aos cofres públicos R$ 25
bilhões e o rombo de agora corresponde a quatro vezes mais o de 2001. E o
ajuste fiscal de arrocho aos brasileiros, tenta arrecadar R$ 66 bilhões e gerar
um superávit fiscal de 1,2% do PIB brasileiro.
A baixa forçada
do preço da energia elétrica deixou as empresas do ramo, sem margem de lucratividade,
trazendo um rombo para o caixa das mesmas. As empresas tiveram então que se
socorrer no setor bancário solicitando um papagaio (dinheiro emprestado) para
suprir a lacuna de seus caixas. Mas o besteirol da tal medita continuou fazendo
estragos, baixando os preços através de subsídios aos consumidores, tanto para
as indústrias quanto para as residências através de recursos do Tesouro Nacional,
ou seja, do dinheiro recolhido dos impostos pagos pela população, fazendo assim
uma redução artificial de preços.
Resultado, as
empresas se endividaram com os empréstimos bancários para fazer frente a seu
caixa, o setor se desorganizou e a conta veio agora para todos nós. Bacana,
não?
Atualmente a
nossa conta mensal de energia elétrica é um cabide de impostos e taxas
embutidos para cobrir os empréstimos bancários das empresas, além de um valor
para cobrir a utilização de energia proveniente das chamadas Termoelétricas
(geração de energia à base de óleo diesel, de alto custo), cujo sistema foi
implantado nos anos noventas para operar apenas como um “buffer” (reserva), em
momentos de dificuldades na geração de energia através de turbinas movidas a água,
as chamadas hidroelétricas.
Diante de tanta
lambança, caso estivéssemos num Sistema Parlamentarista de governo, essa pérola
administrativa, por si somente, já fazia cair a tal “presidente” juntamente com
todos os seus ministros.
Assim, o tarifaço
incluiu na conta de energia elétrica para o consumidor, além dos aumentos
habituais concedidos às operadoras do sistema, o repasse do aumento de preço da
eletricidade de Ipaipú (concedido ao governo de Fernando Lugo do Paraguai pelo então
presidente brasileiro, o Sr. Luiz Inácio LULA da Silva); a cobrança dos
subsídios dados antes da eleição de 2014, pela atual presidente, o qual ficou
conhecido como redução na conta de energia elétrica dos brasileiros, que nos
custa agora, R$ 9 bilhões. E para algumas empresas este tarifaço pode chegar a
60% de aumento na conta de energia elétrica.
Segundo
especialistas, à época do anúncio
da redução de energia, o país já necessitava de se organizar para um
racionamento de energia elétrica, porém, a redução do preço da energia trouxe
aumento de consumo que disparou nas residências, e criou um buraco no caixa das
empresas que tiveram que se socorrer aos bancos e também ao Tesouro Nacional,
ou seja, tudo o que agora vemos repassado aos consumidores na forma de aumento
da energia.
É preciso ainda
lembrar que o alto custo da energia no país chega a compor até
45% do custo das indústrias, o que diminui sobremaneira a lucratividade
empresarial.
Precisamos
entender e, principalmente, o governo que o setor energético precisa deixar de
ser visto como um mero coletor de impostos, e sim como um setor fundamental ao
crescimento da economia brasileira.
É
preciso tornar as nossas indústrias mais competitivas, e para isso é
fundamental que pensemos em uma grande reformulação no quadro tributário e de encargos
ao setor elétrico, antes que nos cobre até pela
luz do sol.
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