É sabido por
todos que tornaram o gigante Brasil doentio, debilitado, mórbido. Porém a
situação é mais profunda e, por conta disto, as prefeituras brasileiras, não
estão de fora e, por isso mesmo, estão à míngua.
A situação financeira das prefeituras se deteriorou com a recessão
econômica profunda a que se encontra o país. E some-se a isso, o atraso no recebimento de verbas, o aumento de encargos com a manutenção
da iluminação pública e maiores despesas com a folha de pagamento diante do
encolhimento das receitas. E como não poderia ser diferente, o balanço da AMM
(Associação dos Municípios Mineiros) prevê
rombo nas contas públicas municipais.
Com
recursos financeiros historicamente limitados, os municípios mineiros já sentem
os efeitos dessa previsão e amargam uma de suas piores crises financeiras,
agravada não somente pelo aumento da folha de pagamento, como também pelo ganho
de novas competências, como a responsabilidade pela manutenção da iluminação
pública agora com tarifaço, fazendo com que gestores municipais considerem a
atual conjuntura como “assustadora”.
Para
se ter uma idéia, somente em janeiro deste ano o Ministério da Saúde finalizou
a transferência de recursos de outubro, novembro e dezembro do ano passado para
procedimentos de média e alta complexidade nos hospitais. Segundo a Promotoria
de Justiça de Defesa da Saúde, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o
atraso correspondeu a R$ 168 milhões, se considerados apenas os 746 municípios
mineiros que recebem a verba federal por meio da Secretaria de Estado de Saúde
(SES). As queixas de atrasos se estendem também a outros repasses da saúde,
além de recursos relativos aos royalties do petróleo e de fomento às
exportações a municípios vinculados a esses repasses.
Estudo
da AMM aponta ainda que o aumento da principal fonte de renda da maior parte
das cidades, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), não vai representar
ganho real nas receitas, frente ao peso da inflação, do aumento do salário
mínimo e do piso salarial dos professores. A entidade prevê também que a
manutenção da iluminação pública, que passou este ano a ser de responsabilidade
das prefeituras, vai trazer impacto de 30% nos orçamentos municipais.
Os
municípios não têm crescimento de receita na mesma proporção das despesas dizem
os especialistas. E levantamento da AMM mostra que o valor estimado pelo
governo federal para o FPM dos municípios mineiros é de R$ 9,5 bilhões, apenas
3,5% maior em relação à estimativa do ano passado, que foi de R$ 9,2 bilhões
onde o percentual repassado é quase a metade da variação no período entre 2013
e 2014, que foi de 7,7%.
Outro
agravante, segundo a AMM, é o fato de o governo não cumprir com as estimativas
iniciais do FPM, previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA). Apesar de ter sido anunciado
no ano passado FPM de R$ 9,2 bilhões, o repasse aos municípios foi, na verdade,
de apenas R$ 8,4 bilhões. O que significa que o governo federal não vem
cumprindo com o que fora previsto na lei orçamentária da união, o que traz uma
perda próxima de 10% aos municípios.
Por
outro lado, houve aumento nos preços da gasolina, dos alimentos, dentre outros itens
que oneram as prefeituras, o que na prática faz com que as prefeituras convivam
com um congelamento nos repasses da merenda e do transporte escolar.
Gestores
públicos consideram a situação como “caótica” e afirmam “estamos numa situação
de dificuldade que nunca se viu antes. As responsabilidades estão cada vez
maiores e não há transferências adequadas de recursos aos municípios”.
Especialistas
comentam que os agravantes da crise, vão além do atraso nos repasses do FPM,
pois a queda de arrecadação dos municípios, já se verifica na arrecadação do
ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e somente a
elevação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os
combustíveis significou um incremento de R$ 113 milhões nas contas das municipalidades
mineiras.
Segundo
a coordenação do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça e Defesa
da Saúde de Minas, pela primeira vez, houve atraso considerável no pagamento
dos repasses do SUS aos municípios levando hospitais a suspenderem serviços de
atendimento, o que dá a dimensão da situação delicada que atravessa também a
área da saúde dos municípios.
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