O consumidor brasileiro tem se apresentado voraz ao ir às compras. Não que isso esteja de todo errado, mas ir às compras com tanta avidez retira do consumidor o status de “Rei”, de que “o cliente tem sempre a razão”, de que “o cliente é quem manda”, etc.
É preciso observar que os preços no Brasil estão absurdamente altos. Especialistas estão perplexos e concordam que os preços elevados não se traduzem apenas em inflação, custo Brasil e outras influências, mas sim, em carestia mesmo!
Os preços por aqui estão cinco vezes mais elevados que os da China, três vezes mais que os preços dos Estados Unidos, e assim por diante.
As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro encontram-se entre as dez cidades mais caras do mundo, o que não significa que em outras regiões os preços não estejam absurdamente elevados. Os imóveis chegam às alturas; os restaurantes estão com os preços elevadíssimos; artigos de cama, mesa, banho e móveis, assim como os estacionamentos pagos nas cidades, chegam a ser os mais caros do mundo e a gasolina brasileira atualmente é mais cara do que a dos Estados Unidos. Por sua vez os serviços públicos, a qualidade de vida, o conforto nas cidades de um modo geral são péssimos e os salários - ah! os salários - estão realmente muito baixos!
Muitos perguntam o que poderia estar ocorrendo? Seria a imaturidade dos novos entrantes no mundo do consumo – os consumidores provenientes das classes C e D? Seria o chamado custo Brasil? Seria o dólar em condições muito baixas em relação aos anos anteriores? Ou seria a excessiva carga tributária? Bem, todos esses fatores são componentes fortes no processo, mas não é tudo. Acrescente a isso a indexação ainda existente na economia (não refeitas pelos governos recentes) e o que nos resta identificar como importante: as excessivas margens de lucros do lado dos vendedores.
Cabe então aos consumidores prestarem atenção no dia a dia de suas compras. Perceba que quando você utiliza o seu cartão de crédito e faz o parcelamento de sua compra em três, cinco, dez vezes, você deixa que o vendedor financie a sua compra, porém, você não questiona a ele a que juros a compra foi financiada? Assim, o vendedor fica livre para trabalhar o juro que ele quiser. Imagine que o vendedor trabalhe com juros de 3% ao mês. Parece pouco, mas essa taxa está muito acima da remuneração da caderneta de poupança, por exemplo.
Atenção, portanto! Pois na realidade uma compra de um simples par de calçado ou de tênis, ser financiada em dez vezes sem nenhum juro, não existe!
Por outro lado, os salários nunca estiveram tão baixos. Vejam os sintomas: quando estamos dividindo em muitas parcelas nossas compras é porque algo não vai bem pelo lado da renda. Outro exemplo sintomático é o parcelamento de impostos como IPVA, Imposto de Renda e outros. Isso indica que os impostos assim como os preços estão realmente elevados.
É interessante notar que serviços e produtos básicos no Brasil como telefonia, transportes coletivos, água, energia, combustíveis, alimentos, dentre outros, são extremamente caros, prejudicando maioria da população que não pode usufruir livremente desses benefícios.
Como um país tão grande e tão rico em recursos, como o Brasil, pode em pleno século XXI, não ser capaz de oferecer produtos e serviços básicos a baixo custo ou de acordo com a renda da população?
Um jargão na economia diz que “maior volume de vendas, menores preços unitários”. Mas pelo visto, isto por aqui também não existe! Com essas distorções todas, há uma evidente transferência de renda dos consumidores para os setores produtores e comerciários distorcendo o equilíbrio distributivo.
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