segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Trem Bala Brasileiro

Movido à energia elétrica, ele poderá ter um traçado com 518 quilômetros e fazer a viagem entre Rio de Janeiro e São Paulo em cerca de uma hora e meia. Seu nome oficial é TAV - Trem de Alta Velocidade, mas falta ao governo federal fechar seu projeto definitivo, o que poderia ocorrer até abril deste ano com a realização do leilão para coleta de empreiteiras interessadas ao projeto, porém, o leilão foi adiado por falta de pretendentes. Assim, nova data do leilão foi marcada para o dia 11 de julho para coleta de empreiteiras interessadas, fato que também não ocorreu pelo mesmo motivo – falta de pretendentes, ou seja, nenhum grupo apresentou proposta ao projeto.
Por este motivo o governo notifica a sociedade que decidiu dividir em duas partes a execução da obra do Trem Bala que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Bernardo Figueiredo, disse que na primeira etapa, ainda este ano, será contratada a empresa que vai fornecer a tecnologia e operar o Trem Bala. Na segunda fase, no início de 2012, será contratada a infraestrutura do projeto. A participação do governo não será alterada. O BNDES financiará cerca de 20 bilhões dos 33 bilhões de reais do orçamento da obra.
Após essa etapa, ainda será preciso abrir os envelopes das construtoras que farão a obra e muita paciência para vê-lo finalmente correndo, pelos trilhos. Na melhor das hipóteses, uma pequena parte do trajeto entrará em operação apenas em 2014. Com base em alguns detalhes divulgados pelo governo e de projetos já estudados pelo Ministério dos Transportes (este mesmo da corruptela), dá para se ter uma idéia de como vai o nosso caríssimo Trem Bala.
O trajeto deve ter sete estações e custo de 11 bilhões de dólares, pelos planos do governo. O Trem Bala iria de Campinas ao Rio de Janeiro, num trajeto total de 518 km. Entre o ponto final e o inicial a idéia é passar por cinco paradas em cidades estratégicas, a principal delas, São Paulo.
Movido a energia elétrica, o Trem Bala é uma variação sofisticada dos trens comuns que já circulam no país. O que o ajuda a ser mais veloz é principalmente um traçado especial e um menor número de paradas.
Para o Trem Bala ser rápido, ele precisa de um traçado o mais reto possível, com curvas mais alongadas. E para conseguir isso é bem provável que haja muitos túneis e pontes. Um dos projetos já estudados prevê que 26% do trajeto será realizado por viadutos ou pontes e 33% por túneis.
A energia elétrica necessária para alimentar a linha do trem viria por subestações elétricas espalhadas ao longo de todo o trajeto. Alguns projetos falam em pelo menos 11 subestações. Além delas, seria preciso uma rede de cabos de alta tensão suspensos.
O custo da obra, na previsão oficial é de 11 bilhões de dólares, ou cerca de 25 bilhões de reais, embora o mercado projete um valor de 33 bilhões de reais. Para se ter uma idéia, esse valor ultrapassa o PIB anual do Mato Grosso do Sul, ou seja, tudo o que o estado produz de bens e serviços em um ano.
Comparativamente, 27 bilhões de dólares foi o custo da Usina Hidro-droelétrica de Itaipu; 11 bilhões de dólares é o custo do Trem Bala; e 2,1 bilhões de dólares é o custo de 12,8 km de metrô em São Paulo.
Ainda estão sendo estudados os modelos de Trem Bala de vários países. O japonês N700, um dos mais modernos em operação, tem média de velocidade de 270 km/h. Mas os planos do governo são ambiciosos: fala-se em pelo menos 285 km/h em média.
Dependendo do tipo de trem escolhido pelo governo, e, tomando como exemplo o modelo japonês, o N700, cada trem seria capaz de levar 546 passageiros em oito vagões, três vezes a capacidade do avião mais usado no Brasil.
Quanto ao preço da passagem, por enquanto, só dá para estimar usando um projeto – da empresa Italplan – aprovado pelo Ministério dos Transportes em 2004, mas depois deixado de lado. Por esse projeto, a passagem sairia por 120 reais, o que não é ainda realidade.
O cronograma do projeto tinha como previsão o primeiro trimestre de 2009 para final dos estudos técnicos; em abril de 2009 – divulgação do projeto definitivo; segundo semestre de 2009 – licitação da obra; início das obras em 2010 e conclusão da primeira fase da obra em 2014.
Interessante para o leitor compreender é que o Trem Bala, não é estratégico para um governo sério. Aeroportos, mobilidade humana com a expansão de metrôs nas grandes cidades brasileiras, modernização dos portos, implantação de ferrovias setoriais para escoamento dos produtos de nosso agronegócio e a recuperação permanente de nossas estradas são mais importantes e criaria alinhamentos modais no curto e médio prazo. Portanto, o Trem Bala atualmente só faria concorrência com a Ponte Aérea Rio x São Paulo, já existente, o que de fato não chega a ser estratégico.

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