terça-feira, 24 de abril de 2018

Brasil, Eleições e Economia


Após dois anos de recessão, o ano passado marcou o início, mesmo que lentamente, da retomada do crescimento da economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) teve uma alta de 1,1% em 2017 e o Ministério da Fazenda estima um crescimento de 3% em 2018. Porém, a eleição presidencial poderá pôr em risco o crescimento projetado, também de 3% para 2019. Isso porque, aos olhos de investidores e credores do governo, alguns candidatos podem não estar comprometidos com as reformas e o ajuste fiscal promovido  pelo atual governo; e essa incerteza política pode levar a uma queda nos investimentos, por exemplo, em máquinas e instalações produtivas, que, se realizados, poderiam dar um impulso maior ao PIB.
Cabe então a pergunta: é possível que uma agenda de reformas com ganhos no desempenho econômico consiga alavancar um candidato reformista para disputar a eleição de outubro? Parece que sim. Porém, somente o tempo dirá.
Assim, caso um candidato que não defenda as reformas tenha chance de vencer o pleito, o cenário mudará completamente, pois os empresários pisarão no freio diante da possibilidade da agenda reformista e pró-ajuste fiscal não se confirmar. Esse é um grande perigo e um grande retrocesso que ronda o país neste ano.
Caso isso ocorra, os juros tenderiam a subir, já que os credores cobrariam mais para emprestar e os investidores retirariam dólares do país, fazendo com que o real se desvalorizasse. Outros efeitos seriam a alta da inflação, a consequente queda no consumo e o desaquecimento da economia.
Desse modo, as reformas, sobretudo a da Previdência, para equilibrar as contas públicas são extremamente necessárias e podem gerar na economia e na sociedade um impacto positivo no médio e no longo prazo.
Neste particular, precisaremos de candidatos que tenham compromissos muito claros para levar o país de volta à responsabilidade fiscal, social e na gestão da coisa pública, onde não se misture interesses públicos com interesses privados.
Já o desemprego que se encontra elevado, atualmente, na casa dos 12,6%, num quadro anti-reformas, persistiria. Como o custo de contratação é muito alto e as indústrias permanecem com capacidade ociosa elevada,  nas fábricas, em torno de 20% a 25%, os empresários tentarão crescer neste primeiro momento sem contratar, fazendo uso de horas extras, quando necessário.
Por outro lado, existe um ambiente externo favorável justaposto a um aumento, ainda que tímido, da demanda interna. Porém, à medida que as eleições se aproximam, investidores estrangeiros ficam mais cautelosos e dão um passo atrás à espera de definições no campo político, pois, existem preocupações de como o novo governo vai arcar com a responsabilidade do ajuste fiscal.
O atual governo tirou o Brasil do buraco, fez reformas, baixou a inflação e também os juros, porém, a redução das taxas de juros leva um tempo para ter impacto na economia real. Enquanto o mercado reage rapidamente, as empresas levam um tempo para tomar decisões de investimento. Assim, muito do que foi realizado pelo governo no ano passado terá impacto na economia neste ano e nos próximos anos. 
Do lado das empresas, elas têm um cenário externo positivo e os custos de financiamento declinantes por causa das baixas taxas de juros aqui dentro.
A recessão trouxe um comportamento novo nas empresas, a busca pela eficiência e a redução de custos e agora que a economia está reaquecendo, elas se beneficiarão desse processo, com maiores investimentos visando um crescimento do consumo interno.
A Bolsa segue batendo recordes, embora a nota de crédito do Brasil tenha sido rebaixada mais uma vez e a reforma da Previdência foi adiada.
Se olharmos bem veremos que em 2017 os mercados globais de ações, foram positivos, onde o Brasil se destacou. O contexto global de crescimento deu suporte para o mercado acionário, e o Brasil não é exceção. Além disso, a queda da Selic tirou a atratividade da renda fixa para ela se concentrar mais fortemente no mercado de ações.
Lembre-se que os mercados tendem a olhar para frente, e não exatamente o que está acontecendo agora. Daí o olhar para 2019, ou seja, pós-eleição.  
Os eventos políticos são cruciais em decisões econômicas, por isso a volatilidade deve subir; e o Brasil se tornou um caso particular, dado a dificuldade  de se saber quem de fato vai concorrer às eleições. E a reação do mercado pode variar muito, dependendo da disposição dos candidatos em estarem ou não, focados na agenda de reformas, como a da Previdência, e outras medidas de equilíbrio fiscal.
Sob outra perspectiva, dados mostram que não será um mero cálculo econômico que vai decidir a eleição. A corrupção e as questões não estritamente econômicas vão contar mais na cabeça do eleitor neste ano.
A despeito das incertezas, estimativas incorporam um cenário em que o Brasil avance na agenda de reformas, sobretudo a da Previdência, pois ela é uma variável chave para uma retomada econômica sustentável.
Os brasileiros parecem estar alheios a uma possibilidade de um resultado ruim nas eleições. Porém é algo que não se pode descartar.
Por isso, é preciso que encaremos as eleições com maior seriedade, já que é uma das expressões máximas da democracia e da cidadania. Assim, no dia 7 de outubro é o momento correto para irmos às urnas e votar conscientemente, pois cada voto é que proporcionará toda a diferença!

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