Após dois anos de recessão, o ano passado marcou o início, mesmo que
lentamente, da retomada do crescimento da economia brasileira. O Produto
Interno Bruto (PIB) teve uma alta de 1,1% em 2017 e o Ministério da Fazenda
estima um crescimento de 3% em 2018. Porém, a eleição presidencial poderá pôr
em risco o crescimento projetado, também de 3% para 2019. Isso porque, aos
olhos de investidores e credores do governo, alguns candidatos podem não estar
comprometidos com as reformas e o ajuste fiscal promovido pelo atual governo; e essa incerteza política
pode levar a uma queda nos investimentos, por exemplo, em máquinas e
instalações produtivas, que, se realizados, poderiam dar um impulso maior ao
PIB.
Cabe então a pergunta: é possível que uma agenda de reformas com ganhos
no desempenho econômico consiga alavancar um candidato reformista para disputar
a eleição de outubro? Parece que sim. Porém, somente o tempo dirá.
Assim, caso um candidato que não defenda as reformas tenha chance de
vencer o pleito, o cenário mudará completamente, pois os empresários pisarão no
freio diante da possibilidade da agenda reformista e pró-ajuste fiscal não se
confirmar. Esse é um grande perigo e um grande retrocesso que ronda o país
neste ano.
Caso isso ocorra, os juros tenderiam a subir, já que os credores
cobrariam mais para emprestar e os investidores retirariam dólares do país,
fazendo com que o real se desvalorizasse. Outros efeitos seriam a alta da
inflação, a consequente queda no consumo e o desaquecimento da economia.
Desse modo, as
reformas, sobretudo a da Previdência, para equilibrar as contas públicas são extremamente
necessárias e podem gerar na economia e na sociedade um impacto positivo no
médio e no longo prazo.
Neste particular,
precisaremos de candidatos
que tenham compromissos muito claros para levar o país de volta à
responsabilidade fiscal, social e na gestão da coisa pública, onde não se
misture interesses públicos com interesses privados.
Já o desemprego
que se encontra elevado, atualmente, na casa dos 12,6%, num quadro anti-reformas,
persistiria. Como o custo de
contratação é muito alto e as indústrias permanecem com capacidade ociosa elevada,
nas fábricas, em torno de 20% a 25%, os
empresários tentarão crescer neste primeiro momento sem contratar, fazendo uso de
horas extras, quando necessário.
Por outro lado, existe um ambiente externo favorável justaposto a um
aumento, ainda que tímido, da demanda interna. Porém, à medida que as eleições
se aproximam, investidores estrangeiros ficam mais cautelosos e dão um passo
atrás à espera de definições no campo político, pois, existem preocupações de
como o novo governo vai arcar com a responsabilidade do ajuste fiscal.
O atual governo tirou o Brasil do buraco, fez reformas, baixou a
inflação e também os juros, porém, a redução das taxas de juros leva um tempo
para ter impacto na economia real. Enquanto o mercado reage rapidamente, as
empresas levam um tempo para tomar decisões de investimento. Assim, muito do
que foi realizado pelo governo no ano passado terá impacto na economia neste
ano e nos próximos anos.
Do lado das
empresas, elas têm um cenário externo positivo e os custos de financiamento declinantes
por causa das baixas taxas de juros aqui dentro.
A recessão trouxe
um comportamento novo nas empresas, a busca pela eficiência e a redução de
custos e agora que a economia está reaquecendo, elas se beneficiarão desse
processo, com maiores investimentos visando um crescimento do consumo interno.
A Bolsa segue batendo recordes, embora a nota de crédito do Brasil tenha
sido rebaixada mais uma vez e a reforma da Previdência foi adiada.
Se olharmos bem veremos que em 2017 os mercados globais de ações, foram
positivos, onde o Brasil se destacou. O contexto global de crescimento deu
suporte para o mercado acionário, e o Brasil não é exceção. Além disso, a queda
da Selic tirou a atratividade da renda fixa para ela se concentrar mais
fortemente no mercado de ações.
Lembre-se que os mercados tendem a olhar para frente, e não exatamente o
que está acontecendo agora. Daí o olhar para 2019, ou seja, pós-eleição.
Os eventos políticos são cruciais em decisões econômicas, por isso a volatilidade
deve subir; e o Brasil se tornou um caso particular, dado a
dificuldade de se saber quem de fato vai
concorrer às eleições. E a reação do
mercado pode variar muito, dependendo da disposição dos candidatos em estarem
ou não, focados na agenda de reformas, como a da Previdência, e outras medidas
de equilíbrio fiscal.
Sob outra
perspectiva, dados mostram que não será um mero cálculo econômico que vai
decidir a eleição. A corrupção e as questões não estritamente econômicas vão
contar mais na cabeça do eleitor neste ano.
A
despeito das incertezas, estimativas incorporam um cenário em que o Brasil avance
na agenda de reformas, sobretudo a da Previdência, pois ela é uma variável
chave para uma retomada econômica sustentável.
Os brasileiros parecem
estar alheios a uma possibilidade de um resultado ruim nas eleições. Porém é algo
que não se pode descartar.
Por isso, é
preciso que encaremos as eleições com maior seriedade, já que é uma das
expressões máximas da democracia e da cidadania. Assim, no dia 7 de outubro é o
momento correto para irmos às urnas e votar conscientemente, pois cada voto é
que proporcionará toda a diferença!
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