A Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional vêm
discutindo uma proposta de reforma tributária para o país.
Diferentemente, de outros tempos, em que se
discutiu essa reforma, agora, temos algo importante como a cobrança de impostos
mais concentrada na renda, do que no consumo; o que traz uma melhoria na
proteção daqueles que recebem menos renda.
Nosso sistema tributário é concentrador de arrecadação
sobre o consumo em vez da renda, um modelo que sobrecarrega os mais pobres e,
como não poderia deixar de ser, recebe críticas generalizadas por ser um modelo
burocrático, confuso e de elevado custo tanto para o governo, entendido como:
estadual, municipal e federal, assim como para as empresas de um modo geral.
Assim, a proposta que está sendo discutida na
Câmara unifica impostos e simplifica a legislação com o compromisso de não
aumentar a carga tributária. Neste sentido, o aumento sobre a renda e o
patrimônio seria compensado por uma redução na carga tributária sobre o
consumo.
Dentro deste cenário, a cobrança dos impostos
passará por uma dimensão “online”, com arrecadação imediata, instantânea, ou
seja, na hora em que se paga pela mercadoria, o dinheiro pago será separado e
enviado, imediatamente, para os cofres públicos, diminuindo assim as chances de
sonegação.
Nesta reforma, vários impostos seriam extintos,
como ICMS, IPI, ISS, assim como as contribuições do PIS/PASEP, COFINS e o
Salário Família. No lugar deles, entraria o imposto sobre valor agregado, o
IVA, em dois modelos.
Um IVA seletivo sobre combustíveis, energia
elétrica, bebidas, aparelhos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, veículos,
supérfluos e telecomunicações. E outro IVA cobrado sobre os demais produtos de
consumo, como roupas, calçados, móveis, utilidades domésticas; enquanto remédios,
alimentos, máquinas e equipamentos não pagariam o IVA.
Nesse sentido e seguindo a tendência mundial, os
produtos de exportação também ficariam isentos de impostos. Já o imposto de
renda passaria por uma total reformulação, incorporando a contribuição sobre o
lucro líquido das empresas passando assim, a ter um peso maior sobre os contribuintes mais ricos.
A reforma ainda prevê que o governo federal,
estados e municípios passam dividir impostos que hoje são exclusivos de um
deles, o que sempre gera disputas políticas.
Com esse sistema as empresas ganharão
musculatura e terão um sistema simples, podendo se livrar da guerra fiscal, com
vantagens competitivas de mercado e com possibilidades imensas para voltar a
gerar empregos, ajudando o Brasil a crescer novamente.
Caso a reforma
seja aprovada haverá um período de transição. Assim, as mudanças serão
gradativas, podendo se concretizar em 15 anos, possibilitando que as empresas,
além de governo federal, estados e municípios possam se adaptar à nova
realidade.
Por outro lado, o
texto original da Câmara dos Deputados não muda nada em relação ao Simples
Nacional, que é o regime tributário simplificado, com taxas mais baixas e que é
utilizado pelas micro e pequenas empresas.
Observem também
que não haverá alteração no Imposto de Renda para as pessoas físicas e sim para
o Imposto de Renda das empresas que incorporarão a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).
Outra novidade
importante dentro da reforma em análise é o fim de renúncias tributárias, que
são aqueles benefícios concedidos pelo governo para estimular setores ou
regiões do país. Porém, a Zona Franca de Manaus e programas como a SUDAM e SUDENE,
serão mantidos.
Outra
modernização importante do atual sistema tributário é a possibilidade de o novo
sistema trazer dispositivos que proibirão Prefeitos, a conceder isenções
indiscriminadas em seus tributos, em detrimento das finanças municipais.
Podemos dizer que
a ideia central que norteou a reforma foi o alinhamento do Brasil com os
modelos de tributação existentes no resto do mundo desenvolvido. Nesse sentido,
pretende-se implantar um sistema tributário baseado no modelo europeu.
Para termos uma
ideia, no Brasil, a tributação sobre bens e serviços (consumo), responde por
51% da carga tributária, e o percentual referente à renda representa apenas
18%, enquanto nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), 37% de suas receitas de tributação provem da renda,
contra 25% do consumo.
Cabe salientar,
que os objetivos principais de uma boa reforma tributária, tem como objetivo
incentivar os investimentos; diminuir a sonegação de impostos; acabar com a
guerra fiscal e manter a carga tributária vigente inalterada.
Por fim, podemos dizer que todas
essas mudanças contemplam o conceito tributário, que dentro de uma dinâmica de
reforma, busca a transformação político-econômica numa alteração
de estrutura legislativa de impostos, taxas e outras contribuições vigentes,
trazendo modernização ao sistema, proporcionando um modelo mais igualitário de
arrecadação.
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