Estamos vivendo momentos
bicudos no mundo de hoje. Ditadura na Venezuela, guerra civil na Síria, ameaças
da Coréia do Norte, dentre outras e, principalmente, o que acontece nos Estados
Unidos de Donald Tramp com seu discurso excessivamente protecionista, em um
país que, tradicionalmente, negocia com o mundo todo.
Recentemente, em
Washington, nos Estados Unidos, aconteceram as chamadas Reuniões de Primavera entre
FMI, Banco Mundial e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), onde essas três grandes instituições multilaterais relataram a importância
do comércio internacional; e ressaltaram aos países membros que não caiam na
armadilha protecionista, de fechar suas economias, prejudicando o comércio
internacional como um todo.
Curioso isto, porque
aqui no Brasil ao longo dessas últimas décadas e, principalmente, nos últimos
anos, durante o governo Dilma e na fase final do governo Lula, utilizou-se de
uma postura extremamente protecionista; que intensificada nos anos Dilma, trouxe
a introdução de mecanismos e regras de conteúdo local que, na realidade, se transformou
em barreiras não tarifárias as quais forçou as companhias que operam no país a
comprar produtos e insumos produzidos aqui; o que, evidentemente, encareceu
todo o processo produtivo ao deixar de adquirir insumos fora do país, com
preços competitivos, o que impediu o crescimento e a produtividade da economia
brasileira. Assim, com esta postura muito protegida foram criadas várias
distorções no núcleo da economia, além de outras distorções que afetaram as
tarifas de importação que se tornaram elevadíssimas.
Atualmente, o
governo brasileiro, tem adotado uma nova postura como a de reviravolta em
relação a esse passado recente de protecionismo.
Desse modo, o
Brasil através do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério da Fazenda,
vem desenvolvendo maneiras de reverter essa danosa situação em relação ao
comércio internacional. Por esse motivo, existem propostas e projetos de abertura
e de redução de tarifas, principalmente, de restrições não tarifarias,
reafirmando um movimento de integração regional e de aproximação entre o
Mercosul e a Aliança do Pacífico, que é um grupo de países que inclui: México,
Chile, Peru e Colômbia, com tratados de livre comércio entre eles, o que beneficia
a todos.
É uma postura muito
diferente do que se viu no Brasil nos últimos anos, o que é positivo; como
mostra a experiência de vários países asiáticos com sua abertura comercial que
permitiu ganhos tecnológicos, aumento de produtividade, aumento de empregos e crescimento
econômico, o que mostra uma agenda muito produtiva para o Brasil de hoje.
É preciso ter em
mente que uma maior abertura permite aos consumidores domésticos o acesso a uma
maior variedade de bens produzidos no exterior a um preço mais baixo; e que nesta
mesma ótica permite às empresas locais a
possibilidade de compra de insumos mais baratos, ou mesmo, de máquinas e
equipamentos mais eficientes a um custo mais baixo.
Lembremos que, maior
abertura comercial impõe maior disciplina imposta pela concorrência externa. Desse
modo, a exposição ao comércio internacional possibilita ganhos de
produtividade, tornando as empresas mais competitivas, seja pela adoção de
melhores tecnologias ou pelo uso de melhores práticas gerenciais e comerciais. Essa
abertura, portanto, tem efeito imediato na ausência de distorções comerciais
fazendo com que se sobreviva aquelas empresas mais aptas, mais competitivas, ou
seja, aquelas com maior produtividade e isto tem um efeito na produtividade
total da economia.
O Brasil é,
portanto, um país com pouca exposição ao mercado internacional, o que explica parte
da nossa baixa produtividade, de nosso custo mais elevado e da qualidade
inferior de alguns de nossos produtos, o que se traduz em nossa quase
irrelevância nas cadeias globais de produção. E caso queiramos ser relevantes
na economia global, será preciso implementarmos medidas que nos tornem mais
abertos ao mundo. O ruído, certamente, será grande, porém, os benefícios serão grandiosos!
Por fim, nada
como voltar a Adam Smith e David Ricardo e a tantos outros pensadores
econômicos, ao longo dos tempos, que nos mostram, na verdade, que o comércio
internacional poderá, certamente, ser um jogo do tipo “vence-vence”, onde todos
ganham.
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