A agência de avaliação
de risco Standard & Poor's (S&P) cortou, nesta última
quarta-feira, dia 09/09, a nota do Brasil de "BBB-“ (capacidade
adequada para honrar compromissos, mas com condições econômicas adversas que
podem levar a um enfraquecimento na capacidade de pagamento do país - com
tendência negativa), para "BB+" (primeiro
grau referente à classificação de país especulativo onde o devedor é menos
vulnerável no curto prazo, porém, enfrenta grandes incertezas no momento e em exposição
a condições adversas poderiam levá-lo a uma capacidade inadequada para honrar
compromissos).
Assim, o país perdeu o
chamado “grau de investimento", entrou em “downgrade” (rebaixamento), ou
seja, deixou de ser considerado um país bom pagador, um lugar recomendável para
os investidores internacionais aplicarem seu dinheiro e sinalizou que a
situação pode piorar ainda mais. Isso significa que os desafios políticos que o
Brasil enfrenta continuam a crescer e se resvalam na habilidade de o governo
governar.
Há incertezas na
capacidade e disposição de o governo enviar um orçamento consistente ao
Congresso Nacional para 2016, ou seja, um orçamento que sinalize uma correção significativa
de rumo da política pública implementada no primeiro mandato da presidente brasileira.
Assim, o rebaixamento
aconteceu dez dias depois de o governo brasileiro, enviar
ao Congresso Nacional, uma proposta de orçamento para 2016 com
um rombo de R$ 30,5 bilhões. Um déficit inédito desde que a atual metodologia
orçamentária foi adotada, em 1995.
Por outro lado, o país ainda mantém o grau de investimento de acordo com
as outras duas principais agências de classificação de risco: a Fitch e a Moody's.
Porém, a corrida agora é buscar uma administração pública que possa manter essa
classificação traduzindo em um governo oposto ao que foi realizado nestes
últimos doze anos.
E o que acontece agora?
A decisão da S&P deve elevar os custos de financiamento para o
governo e para as empresas locais. Pode
reduzir o fluxo de entrada de dólares no país, deixando a moeda ainda mais
cara, lembrando que o dólar já acumula alta de mais de 40% ante o real,
somente neste ano.
Como reflexo, as empresas brasileiras também devem sofrer mais para
captar dinheiro, principalmente, no exterior. Essa conta ou despesa
financeira mais alta das empresas deve ser repassada para o consumidor, que,
portanto, irá pagar mais pelos produtos ou por empréstimos que venha a contrair.
As pessoas podem sentir uma restrição mais efetiva ao crédito, um aumento
da inflação e, possivelmente, uma alta do desemprego. Sim, tudo
isso vai tornar mais difícil para a economia recuperar-se, refletindo no
desemprego e na renda do trabalhador.
Muitos
fundos estrangeiros, que têm em seus estatutos a exigência de aplicarem seus
recursos apenas em países considerados bons pagadores, começaram a se retirar meses
atrás, com algum reflexo ainda no presente. Por outro modo, investidores mais
agressivos podem enxergar oportunidades em aplicações brasileiras atreladas às
altas taxas de juros.
Outra dificuldade fica por
conta da probabilidade de as outras duas grandes agências de classificação de
risco, “Fitch e Moody's”, também rebaixar o Brasil para o grau especulativo,
talvez em um horizonte de até seis meses em caso de
continuidade da deterioração do quadro fiscal brasileiro.
Com a economia em
recessão, há um desestimulo para investimentos, o que diminui a capacidade de
crescimento da economia do país no futuro, o que certamente gerará menos
receita para o governo.
Segundo
especialistas, o lado positivo da notícia é a ocorrência da materialização da
perda do grau de investimento mais cedo do que o imaginado o que ao menos
retira uma incerteza do cenário.
Por outro lado, com
a confirmação do rebaixamento da nota do Brasil para um degrau especulativo,
espera-se que agora o Governo e o Congresso tenham uma melhor coordenação para
aprovar e colocar em prática medidas que possam fazer o país ampliar receitas,
mas principalmente, diminuir despesas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário