A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar
nº 101, de 04/05/2000) estabelece parâmetros a serem seguidos relativos ao
gasto público de cada ente federativo brasileiro como Governo Federal, Estados
e Municípios.
A responsabilidade na gestão fiscal (gasto público) pressupõe ação
planejada e transparente, em que se previnem riscos e se corrigem desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de
metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e
condições no que se refere à renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, com a seguridade social e outras, como dívida consolidada, dívida mobiliária
e operações de crédito, inclusive a antecipação de receita, a concessão de
garantias e a inscrição em Restos a Pagar que são as
despesas empenhadas (reconhecidas), mas não pagas dentro do exercício
financeiro, ou seja, até 31 de dezembro do ano vigente.
Assim, as restrições orçamentárias visam preservar
a situação fiscal dos entes federativos, de acordo com seus balanços anuais,
com o objetivo de garantir a saúde financeira nas três esferas em relação à
aplicação de recursos nos setores adequadas. Entre os itens de responsabilidade
fiscal está previsto que cada aumento de gasto precisa vir de uma fonte de
financiamento correlata. Os gestores precisam respeitar questões relativas ao
fim de cada mandato, não excedendo o limite permitido, a fim de entregar contas
saudáveis a seus sucessores.
A Lei de Responsabilidade Fiscal é, portanto, um
dos mais fortes instrumentos de transparência em relação aos gastos públicos,
indicando parâmetros para uma administração eficiente.
No sentido de atualizar e responsabilizar a
administração pública brasileira, a Lei se inspirou em outros exemplos bem
sucedidos ao redor do mundo, como nos Estados Unidos e na Nova Zelândia.
Já o Orçamento Público reflete a arrecadação dos impostos pagos
pela sociedade e a Despesa Orçamentária é aquela que
depende de autorização legislativa para ser realizada e que não pode ser
efetivada sem a existência de crédito orçamentário que a corresponda
suficientemente.
A Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe também diretrizes
para formação do chamado “superávit primário” que é a economia para o pagamento
de juros da dívida pública do Governo Federal, Estados e Municípios, no sentido
de não se deixar as dívidas crescerem, dando estabilidade e confiança à
economia e aos credores governamentais.
Vindo para a realidade brasileira, com o descontrole total
das contas públicas (omitido na campanha eleitoral) o Governo Federal manda e
aprova no Congresso Nacional graças a sua base aliada um Decreto Governamental
que derruba a
meta fiscal e permite ao governo fechar as contas públicas sem a obrigação de
cumprir o superávit primário para 2014.
No início do ano, foi estabelecido, pelo
próprio Governo Federal um compromisso de um superávit primário de R$ 116
bilhões. Já com a aprovação do projeto, o superávit passou para R$ 10 bilhões, e
num passe de mágica “sumiu” R$ 106 bilhões.
É visível a incompetência governamental.
Depois de exercer a prerrogativa de fixar a meta de superávit fiscal, o governo
federal descumpriu a meta e se absolveu ao arrancar do Congresso uma decisão que
o desobriga de cumprir a meta.
Assim, o projeto de Dilma liquida a Lei de Responsabilidade
Fiscal em troca de 748 mil reais para cada senador e deputado da chamada base
aliada, não havendo assim mais limites para a indecência e a politicagem.
Na prática foi repetida a tática de maquiar
as contas públicas no papel, de maneira explicita com entrega de dinheiro
público na forma de emendas parlamentares aos Congressistas aliados ao fixar num decreto o valor de cada voto — coisa inédita na história do
fisiologismo nacional —, Dilma deixou claro que não faz questão de tirar da
nova lei o valor da propina.
Manobra contábil, com dinheiro público é
fácil de fazer dentro do atual descalabro da vida política nacional, porém, a
realidade é dura, tudo isto vai sobrar para a população brasileira pagar no
curto prazo, ou seja, nos próximos quatro anos de mandado da atual presidente.
Como não poderia ser diferente, a oposição classificou o
projeto como uma “anistia” à presidente Dilma Rousseff pelo descumprimento
da Lei de Responsabilidade Fiscal, livrando-a de responsabilidades penais. Assim
abriu-se a porta para a gastança, para a alegria dos corruptos.
O que aconteceu é como se a “presidenta” que tirou nota 2 em
matemática, cuja média de aprovação era 5, portanto, ficou reprovada. Em
seguida, assim como num passe de mágica baixa um decreto passando a média para
2. E aí se dá a aprovação, incrível não?
Depois de tirado o que havia de melhor na Administração
Pública brasileira, o que resta, onde fica a moralidade e a probidade
administrativa?
Por outro lado, é de se supor que qualquer país com
leis seja uma “República”, e leis existem em praticamente qualquer comunidade,
mas uma República de fato, somente produz leis para o cuidado com a coisa
pública.
Na Roma Antiga, era impossível usar fundos públicos
para causas pessoais. As leis eram
voltadas para o povo e não para proteção dos senadores. Eles, que tinham de ter
honra suficiente para serem ostentados como “O Senado e
o Povo Romano”, protegiam a República – não era a República que
fabricava leis para protegê-los do povo.
É preciso compreender que a República é uma
tecnologia mais avançada do que formas anteriores de governo e não funciona pela
força maior. A idéia de República é o governo do povo, mas não o governo da
maioria. Assim, não importa quantas pessoas decidam por matar alguém sem
julgamento, há uma lei pública que proíbe o assassinato, e esta lei é
catedrática, imutável – não é modificada nem com maioria de votos no Senado.
Dilma quebrou o país e por ter conquistado a reeleição
pensa em considerar-se lícita e legítima, porém esvai-se o dinheiro do
contribuinte, sua moral, sua liberdade e seu futuro.
Assim, se um crime fiscal pode se tornar não apenas
legal, mas a própria lei através da compra de votos pode se tornar legal, qual
será o próximo crime que se tornará norma legal no Brasil?
Não seria por outras razões que o povo mesmo que
timidamente vem saindo às ruas pedindo o “impeachment” da presidente, portanto,
com toda a razão do mundo!
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