quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Um Choque de Capitalismo para o Brasil

O capitalismo é a forma natural e mais bem-sucedida de organização econômica desde a Antiguidade. Inexiste substituto melhor.
Segundo Max Weber (1864-1920), o capitalismo sempre existiu nos países civilizados. Havia empresas capitalistas “na China, na Índia, na Babilônia, no Egito, na Antiguidade Mediterrânea e na Idade Média, tanto como na Idade Moderna”. Imagina-se que os vendedores que Cristo expulsou do Templo (Mateus 21:12) praticavam um capitalismo primitivo.
O capitalismo moderno surgiu na Europa entre os séculos XVIII e XIX. Derivou de longa obra institucional, da qual se destacam dois eventos na Inglaterra: a Carta Magna (1215) e a Revolução Gloriosa (1668), que eliminaram o absolutismo. A supremacia do poder foi transferida para o Parlamento. O rei perdeu a prerrogativa de demitir juízes e de gastar a seu bel-prazer. O Judiciário independente passou a garantir diritos de propriedade e respeito a contratos. A ordem capitalista começou a emergir da segurança jurídica. Nasceu a liberdade de imprensa. Com a lei de patentes (1624), a propriedade, antes restrita aos bens físicos (finitos), se estendeu às inovações (infinitas). Graças à criação do Banco da Inglaterra (1694), a taxa de juros caiu, e surgiu um amplo mercado de crédito para empresas. A inovação e o empreendedorismo explodiram, desaguando na Revolução Industrial.
Adam Smith (1723-1790) realçou o papel do mercado na prosperidade. Sua obra A Riqueza das Nações (1776) é um portento filosófico que realça as liberdades individuais e destaca a divisão do mercado, a concorrência e a produtividade como motores da expansão econômica e da geração de riqueza. Depois, a pesquisa e o ensino ampliaram o conhecimento sobre o funcionamento da economia. Os governos aprenderam a construir instituições que lidam com os excessos do capitalismo e asseguram a melhor distribuição da riqueza gerada pelo mercado. Na época de Smith, 90% dos europeus ocidentais eram pobres. Atualmente, apenas 10%. Foi a maior revolução social da história até então. A partir de 1978, com o primeiro-ministro Deng Xiaoping (1904-1997), a China protagonizaria outra revolução, mais rápida. Quando as reformas de Deng reinstituíram o capitalismo, a renda per capita era um terço da prevalecente na África subsaariana. Em três décadas, a China passaria a país de renda média, retirando da pobreza mais de meio bilhão de pessoas.
O capitalismo é um gigantesco processo de coordenação de expectativas e de cooperação entre indivíduos, empresas e governo. Não depende de um comando central como no socialismo. Ao contrário deste, incentiva a criatividade, a inovação, o avanço tecnológico e, em última instância, a criação de riqueza.
O capitalismo não é perfeito. Crises financeiras e de outras naturezas provocam recessões que prejudicam a economia e o bem-estar. Sua vantagem é aprender com elas, renovar-se, e promover mudanças que previnem a repetição de erros e suscitam a recuperação. No socialismo não há tais crises, mas o regime fracassou. A União Soviética morreu. As crises do capitalismo tampouco ocorrem em Cuba e na Coréia do Norte, os sobreviventes, pois não têm sistema financeiro. Lá, o socialismo legou uma economia decadente e igualitária na pobreza.
Hoje, a pobreza se concentra nos países que não construíram as instituições propícias ao florescimento do capitalismo. Se um dia se transformarem, o capitalismo também lhes trará o êxito. O fracasso ficará para trás.

Fonte: Maílson da Nóbrega.

Um comentário:

  1. Muito boa matéria, Sérgio, que pelo visto é de autoria do Maílson da Nóbrega ou tão somente foram tiradas dele algumas informações para a sua construção? O que me intriga com o capitalismo - que é defendido no texto como uma verdadeira panaceia para todos os males e dificuldades materiais de nós, humanos - é que o índice de pobreza extrema em algumas nações ainda é assustador. E o fantasma do fascismo e da sedução do totalitarismo na cabeça de alguns párias egoístas cuja vaidade parece não ter limites, ainda ficam a nos rondar. Parece-me - salvo melhor juízo - que todo e qualquer modelo econômico que prescinda da partilha solidária está fadado a falir mais cedo ou mais tarde...
    Abraços.
    João Alves

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