O
capitalismo é a forma natural e mais bem-sucedida de organização econômica
desde a Antiguidade. Inexiste substituto melhor.
Segundo
Max Weber (1864-1920), o capitalismo sempre existiu nos países civilizados. Havia
empresas capitalistas “na China, na Índia, na Babilônia, no Egito, na
Antiguidade Mediterrânea e na Idade Média, tanto como na Idade Moderna”. Imagina-se
que os vendedores que Cristo expulsou do Templo (Mateus 21:12) praticavam um
capitalismo primitivo.
O
capitalismo moderno surgiu na Europa entre os séculos XVIII e XIX. Derivou de
longa obra institucional, da qual se destacam dois eventos na Inglaterra: a
Carta Magna (1215) e a Revolução Gloriosa (1668), que eliminaram o absolutismo.
A supremacia do poder foi transferida para o Parlamento. O rei perdeu a
prerrogativa de demitir juízes e de gastar a seu bel-prazer. O Judiciário
independente passou a garantir diritos de propriedade e respeito a contratos.
A ordem capitalista começou a emergir da segurança jurídica. Nasceu a liberdade
de imprensa. Com a lei de patentes (1624), a propriedade, antes restrita aos
bens físicos (finitos), se estendeu às inovações (infinitas). Graças à criação
do Banco da Inglaterra (1694), a taxa de juros caiu, e surgiu um amplo mercado
de crédito para empresas. A inovação e o empreendedorismo explodiram,
desaguando na Revolução Industrial.
Adam
Smith (1723-1790) realçou o papel do mercado na prosperidade. Sua obra A Riqueza das Nações (1776) é um
portento filosófico que realça as liberdades individuais e destaca a divisão do
mercado, a concorrência e a produtividade como motores da expansão econômica e
da geração de riqueza. Depois, a pesquisa e o ensino ampliaram o conhecimento
sobre o funcionamento da economia. Os governos aprenderam a construir
instituições que lidam com os excessos do capitalismo e asseguram a melhor
distribuição da riqueza gerada pelo mercado. Na época de Smith, 90% dos
europeus ocidentais eram pobres. Atualmente, apenas 10%. Foi a maior revolução
social da história até então. A partir de 1978, com o primeiro-ministro Deng
Xiaoping (1904-1997), a China protagonizaria outra revolução, mais rápida.
Quando as reformas de Deng reinstituíram o capitalismo, a renda per capita era
um terço da prevalecente na África subsaariana. Em três décadas, a China
passaria a país de renda média, retirando da pobreza mais de meio bilhão de
pessoas.
O
capitalismo é um gigantesco processo de coordenação de expectativas e de
cooperação entre indivíduos, empresas e governo. Não depende de um comando
central como no socialismo. Ao contrário deste, incentiva a criatividade, a
inovação, o avanço tecnológico e, em última instância, a criação de riqueza.
O
capitalismo não é perfeito. Crises financeiras e de outras naturezas provocam
recessões que prejudicam a economia e o bem-estar. Sua vantagem é aprender com
elas, renovar-se, e promover mudanças que previnem a repetição de erros e
suscitam a recuperação. No socialismo não há tais crises, mas o regime
fracassou. A União Soviética morreu. As crises do capitalismo tampouco ocorrem
em Cuba e na Coréia do Norte, os sobreviventes, pois não têm sistema
financeiro. Lá, o socialismo legou uma economia decadente e igualitária na
pobreza.
Hoje,
a pobreza se concentra nos países que não construíram as instituições propícias
ao florescimento do capitalismo. Se um dia se transformarem, o capitalismo
também lhes trará o êxito. O fracasso ficará para trás.
Muito boa matéria, Sérgio, que pelo visto é de autoria do Maílson da Nóbrega ou tão somente foram tiradas dele algumas informações para a sua construção? O que me intriga com o capitalismo - que é defendido no texto como uma verdadeira panaceia para todos os males e dificuldades materiais de nós, humanos - é que o índice de pobreza extrema em algumas nações ainda é assustador. E o fantasma do fascismo e da sedução do totalitarismo na cabeça de alguns párias egoístas cuja vaidade parece não ter limites, ainda ficam a nos rondar. Parece-me - salvo melhor juízo - que todo e qualquer modelo econômico que prescinda da partilha solidária está fadado a falir mais cedo ou mais tarde...
ResponderExcluirAbraços.
João Alves