O primeiro Congresso Internacional sobre o crack e outras drogas no Rio Grande do Sul numa parceria entre UFRGS, RBS, AMP/RS trouxe especialistas do México, Colômbia, Argentina e Brasil para debater o tema e buscar caminhos para qualificar a atuação no tocante às políticas públicas de prevenção, tratamento e redução da oferta de drogas.
Os congressistas lembram que o uso da maconha, fora a dependência, pode causar câncer de cabeça, pescoço e pulmão e uma série de outras complicações. A mais preocupante segue sendo o risco de psicose em sujeitos vulneráveis, com ou sem história familiar de esquizofrenia. Para esses indivíduos suscetíveis, a maconha pode acarretar a antecipação e o agravamento de uma doença muito grave.
Reunidos, profissionais de diversas áreas (psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, policiais, promotores de justiça, educadores e jornalistas) debateram a questão das drogas e, quase a unanimidade concluiu ser temerária a idéia de descriminalização do uso da maconha. A experiência geral é a de que a maconha, assim como o álcool, é porta de entrada para drogas mais pesadas. O custo social que elas representam no Brasil, pela incidência direta na violência urbana e doméstica, pelos investimentos em segurança e saúde pública e pela desagregação familiar, faz com que nos preocupemos toda vez que se defende publicamente a descriminalização. Parece óbvio que o poder financeiro do tráfico possui ligação direta com o número de usuários. A legislação brasileira criminaliza genericamente o uso de drogas, porém a definição de quais são as substâncias proibidas é uma portaria da Agência de Vigilância Sanitária.
Pode-se pensar em, excepcionalmente, permitir a utilização médica como redução de danos. A questão é que atualmente traficantes têm misturado fragmentos de crack na maconha. Em São Paulo essa nova droga é chamada de “mesclado”, em minas de “pitico” e de outros nomes em outros estados. A psiquiatra Solange Nappo, da Unifesp, afirmou, durante o congresso, que em São Paulo e outros estados não há mais maconha “pura”. Nossos jovens estão atentos aos malefícios do crack, mas desprevenidos em relação à maconha. Com isso, traficantes têm investido na venda da maconha misturada e estão, indiretamente, os viciando em crack. Registra-se então que toda manifestação a favor da descriminalização da maconha prejudica o difícil e árduo trabalho de prevenção ao uso de drogas.
Fonte: Jornalista Marcelo Dornelles.
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