quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O Promissor Recrutamento às Cegas


Muito utilizado na Europa e nos Estados Unidos, a seleção às cegas é um método de recrutamento, que visa diminuir as chances das empresas e recrutadores de discriminar os candidatos de maneira consciente ou inconscientemente, por preconceitos, ou mesmo, por falta de foco em seus aspectos profissionais.
Assim, para acabar com a seleção padronizada e evitar contratações baseadas no nome da faculdade ou na idade do postulante, foi criado na Europa o modelo de recrutamento às cegas.
Este tipo de seleção está associado a modelos de empresas que prezam pela diversidade e inclusão no ambiente de trabalho; os quais contemplam outros valores associativos como a ética e a justiça na contratação de profissionais, a fidelidade aos aspectos profissionais definido no perfil do candidato e a busca pelas necessidades da empresa.
A seleção às cegas oferece grandes vantagens às empresas, já que visa aumentar o rendimento do processo seletivo, permitindo que o candidato seja avaliado de forma anônima, o que ajuda a eliminar vícios e preconceitos entre os recrutadores como também dos requisitantes na busca de novos talentos.
As empresas que adotam este modelo se utilizam de plataformas de vagas com critérios de seleção que eliminam informações do currículo que possam caracterizar discriminação. O candidato entra em uma plataforma ou site, acessa o anúncio e cadastra o seu currículo. A plataforma apresenta aos recrutadores os candidatos mais adequados à vaga de acordo com o seu currículo, seus aspectos profissionais e os resultados de todas as avaliações. As informações referentes a gênero, idade, estado civil, endereço, cidade, se possui filhos, sua etnia ou outros aspectos pessoais não são repassadas.
A seleção às cegas é uma metodologia de recrutamento utilizada por empresas que possuem valores norteadores pautados na diversidade, integridade, sustentabilidade e na gestão de alta performance, dentre outros, onde  os valores fazem parte da sua cultura organizacional.
Desta forma, antes de adotar o método de seleção às cegas, é importante que a cultura e ambiente corporativo estejam alinhados com esta nova proposta.
O foco, na realidade, é no perfil profissional. Se os aspectos pessoais ficam de lado na hora da seleção, é importante focar no que realmente importa na seleção às cegas, ou seja, nos aspectos profissionais. Assim, todos os profissionais envolvidos no recrutamento e seleção devem considerar características técnicas, competências, habilidades e tendências comportamentais do postulante. Em todas as fases do processo seletivo são estes os critérios que devam ser considerados.
As vantagens deste modelo são a produtividade industrial; a diversidade de colaboradores; a melhoria da imagem da empresa entre o público interno e a comunidade ou país onde atua; a identificação dos valores empresariais; a antevisão do comportamento do candidato; a redução de custos com recontratações e com o próprio processo seletivo e a valorização do profissional. Portanto, um processo mais assertivo de seleção.
Por outro lado, a seleção às cegas não impede a empresa de realizar entrevistas presenciais posteriores, nas fases finais do processo seletivo, o que é positivo no reforço da cultura praticada pela empresa.
Esse modelo vem ganhando corpo no Brasil. Aliás, o Brasil tem um cenário perfeito para este tipo de seleção, uma vez que a nossa diversidade cultural e social é um grande atrativo e não um obstáculo a esta nova modelagem contratual.
Assinalemos ainda a existência de registros de que esse modelo vem beneficiando também trabalhadores seniores, que de certa forma, também sofrem com preconceito e discriminação.
Estudo realizado em 2016 pelo “Peterson Institute for International Economics” e pela auditoria “Ernst & Young” que analisou quase 22 mil empresas de capital aberto de 91 países, revelou que as companhias com pelo menos 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres tiveram rentabilidade de até 15% superior às concorrentes. E pesquisas diversas reforçam que empresas com maior diversidade profissional têm conseguido melhores retornos financeiros.
Assim, investir na diversidade não é algo apenas politicamente correto, mas uma necessidade na melhoria de resultados e na busca de inovação.

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