Muito utilizado
na Europa e nos Estados Unidos, a seleção às cegas é um método de recrutamento,
que visa diminuir as chances das empresas e recrutadores de discriminar os
candidatos de maneira consciente ou inconscientemente, por preconceitos, ou mesmo,
por falta de foco em seus aspectos profissionais.
Assim, para
acabar com a seleção padronizada e evitar contratações baseadas no nome da
faculdade ou na idade do postulante, foi criado na Europa o modelo de recrutamento
às cegas.
Este tipo de
seleção está associado a modelos de empresas que prezam pela diversidade e
inclusão no ambiente de trabalho; os quais contemplam outros valores associativos
como a ética e a justiça na contratação de profissionais, a fidelidade aos
aspectos profissionais definido no perfil do candidato e a busca pelas
necessidades da empresa.
A seleção às
cegas oferece grandes vantagens às empresas, já que visa aumentar o rendimento
do processo seletivo, permitindo que o candidato seja avaliado de forma anônima,
o que ajuda a eliminar vícios e preconceitos entre os recrutadores como também dos
requisitantes na busca de novos talentos.
As empresas que
adotam este modelo se utilizam de plataformas de vagas com critérios de seleção
que eliminam informações do currículo que possam caracterizar discriminação. O
candidato entra em uma plataforma ou site, acessa o anúncio e cadastra o seu
currículo. A plataforma apresenta aos recrutadores os candidatos mais adequados
à vaga de acordo com o seu currículo, seus aspectos profissionais e os
resultados de todas as avaliações. As informações referentes a gênero, idade,
estado civil, endereço, cidade, se possui filhos, sua etnia ou outros aspectos
pessoais não são repassadas.
A seleção às
cegas é uma metodologia de recrutamento utilizada por empresas que possuem
valores norteadores pautados na diversidade, integridade, sustentabilidade e na
gestão de alta performance, dentre outros, onde os valores fazem parte da sua cultura
organizacional.
Desta
forma, antes de adotar o método de seleção às cegas, é importante que a cultura
e ambiente corporativo estejam alinhados com esta nova proposta.
O foco, na realidade, é no
perfil profissional. Se os aspectos pessoais ficam de lado na hora da
seleção, é importante focar no que realmente importa na seleção às cegas, ou
seja, nos aspectos profissionais. Assim, todos os profissionais envolvidos no
recrutamento e seleção devem considerar características técnicas, competências,
habilidades e tendências comportamentais do postulante. Em todas as fases do
processo seletivo são estes os critérios que devam ser considerados.
As
vantagens deste modelo são a produtividade industrial; a diversidade de
colaboradores; a melhoria da imagem da empresa
entre o público interno e a comunidade ou país onde atua; a identificação dos valores
empresariais; a antevisão do comportamento do candidato; a redução de custos
com recontratações e com o próprio processo seletivo e a valorização do
profissional. Portanto, um processo mais assertivo de seleção.
Por outro lado, a
seleção às cegas não impede a empresa de realizar entrevistas presenciais
posteriores, nas fases finais do processo seletivo, o que é positivo no reforço
da cultura praticada pela empresa.
Esse modelo vem
ganhando corpo no Brasil. Aliás, o Brasil tem um
cenário perfeito para este tipo de seleção, uma vez que a nossa diversidade
cultural e social é um grande atrativo e não um obstáculo a esta nova modelagem
contratual.
Assinalemos ainda
a existência de registros de que esse modelo vem beneficiando também
trabalhadores seniores, que de certa forma, também sofrem com preconceito e
discriminação.
Estudo realizado
em 2016 pelo “Peterson Institute for International Economics” e pela auditoria “Ernst
& Young” que analisou quase 22 mil empresas de capital aberto de 91 países,
revelou que as companhias com pelo menos 30% dos cargos de liderança ocupados
por mulheres tiveram rentabilidade de até 15% superior às concorrentes. E pesquisas
diversas reforçam que empresas com maior diversidade profissional têm
conseguido melhores retornos financeiros.
Assim, investir
na diversidade não é algo apenas politicamente correto, mas uma necessidade na
melhoria de resultados e na busca de inovação.
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