Estamos percorrendo uma era de imensos avanços e ganhos tecnológicos e,
infelizmente, as empresas brasileiras estão presas a tecnologias ultrapassadas,
o que afeta diretamente a produtividade do país.
Essa defasagem tecnológica tem várias explicações. Uma delas é que o
Brasil ainda tem uma economia muito fechada. Assim, com o mercado doméstico
garantido, as indústrias instaladas por aqui têm menos incentivos para investir
em aumento de produtividade.
Outra razão que inibe o investimento em tecnologia é o custo Brasil. Podemos
dizer que uma empresa brasileira gasta, em média, 37% mais do que uma companhia
americana na aquisição do mesmo maquinário.
A terceira razão vem da elevada burocracia existente no país. Isto fica
claro, quando analisamos as aquisições de
máquinas e equipamentos. Aquelas que trazem inovação tecnológica estão
livres de impostos de importação, porém, para conseguir o benefício, a empresa
precisa submeter o seu pedido de importação ao governo, que, por sua vez,
consulta as entidades patronais, levando esse processo a durar perto de três
meses.
Por outro lado as empresas expostas à competição internacional, como a
Embraer, se tornaram, justamente, as mais avançadas tecnologicamente.
Outro dado
interessante, é que no Brasil, a idade média de máquinas e equipamentos é
de 17 anos, ante sete anos nos Estados Unidos e de cinco anos na
Alemanha.
Para termos uma
ideia sobre a produtividade individual do brasileiro, basta olhar a estudos que
dizem: nos anos oitentas um americano trabalhava por três brasileiros e por
vinte e cinto Chineses. Em 2013 um americano trabalhava por cinco brasileiros e
por quatro chineses.
O distanciamento
brasileiro dos mercados globais é o que nos tem causado dificuldades. Será preciso
alterar esse quadro para inserirmos a indústria brasileira globalmente e
aproximarmos das melhores práticas tecnológicas existentes, e fazer com que
elas atuem em nosso favor.
Estudo inédito
sobre difusão tecnológica no Brasil produzido pelo SENAI, com os nove
principais setores da indústria nacional, mostra um quadro desalentador. Na
área metal mecânica, por exemplo, apenas de 10% a 30% do mercado deverá
adotar robôs de soldagem e montagem nos próximos cinco anos.
Dados revelam que
o problema é maior nas pequenas e médias empresas. Elas demoram até dez
anos para adquirir uma tecnologia lançada hoje no mercado, o que é
preocupante. As exceções estão nos
setores mais dinâmicos da indústria.
Outro canal de inovação no Brasil são as
multinacionais, que trazem plataformas globais de produção.
Embora liderado pela indústria automobilística, o processo de
robotização no País se espalha por outros setores, com destaque para as
indústrias de alimentos e bebidas, eletroeletrônica e química. O uso de robôs
em diversas etapas da produção é um importante passo para fazer parte da
chamada Indústria 4.0, ou fábricas inteligentes, totalmente automatizadas.
Até
recentemente a robótica era considerada somente pelas grandes multinacionais,
mas agora começa a ser adotada também por médias e pequenas empresas. Assim, a
robotização se tornou um dos segmentos
tecnológicos que mais crescem no mundo.
No Brasil são
instalados em média 1,5 mil robôs por ano, mas, embora seja um avanço em
relação a períodos recentes, é um volume considerado ainda muito baixo em
relação aos países mais desenvolvidos. A nossa instabilidade política e econômica
tem inviabilizado investimentos nessa área, além do que nos deparamos ainda com
um custo de capital é elevado.
Dados da
Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês), mostram que na
Coreia do Sul, país que lidera o processo de automação, há 531 robôs para cada
grupo de 10 mil trabalhadores na indústria.
Em Cingapura, no
Japão e na Alemanha, a proporção é superior, existem 300 robôs para cada grupo
de 10 mil trabalhadores. Na China existem 49 robôs, mas com previsão de chegar
a 150 até 2025. No Brasil, empresários do setor de automação avaliam que há
apenas 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores na indústria.
Fica
o alerta. Sem nos prepararmos, adequadamente, para enfrentar esse quadro, com
máquinas americanas e europeias, deixaremos apenas rastro no final dessa fila. O
que não nos deixa outra opção a não ser a de abraçarmos a inovação, sem
restrições!
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