terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Capacidade Tecnológica brasileira e a Indústria 4.0

Estamos percorrendo uma era de imensos avanços e ganhos tecnológicos e, infelizmente, as empresas brasileiras estão presas a tecnologias ultrapassadas, o que afeta diretamente a produtividade do país.
Essa defasagem tecnológica tem várias explicações. Uma delas é que o Brasil ainda tem uma economia muito fechada. Assim, com o mercado doméstico garantido, as indústrias instaladas por aqui têm menos incentivos para investir em aumento de produtividade.
Outra razão que inibe o investimento em tecnologia é o custo Brasil. Podemos dizer que uma empresa brasileira gasta, em média, 37% mais do que uma companhia americana na aquisição do mesmo maquinário.
A terceira razão vem da elevada burocracia existente no país. Isto fica claro, quando analisamos as aquisições de  máquinas e equipamentos. Aquelas que trazem inovação tecnológica estão livres de impostos de importação, porém, para conseguir o benefício, a empresa precisa submeter o seu pedido de importação ao governo, que, por sua vez, consulta as entidades patronais, levando esse processo a durar perto de três meses.
Por outro lado as empresas expostas à competição internacional, como a Embraer, se tornaram, justamente, as mais avançadas tecnologicamente.
Outro dado interessante, é que no Brasil, a idade média de máquinas e equipamen­tos é de 17 anos, ante sete anos nos Estados Unidos e de cinco anos na Alemanha. 
Para termos uma ideia sobre a produtividade individual do brasileiro, basta olhar a estudos que dizem: nos anos oitentas um americano trabalhava por três brasileiros e por vinte e cinto Chineses. Em 2013 um americano trabalhava por cinco brasileiros e por quatro chineses.
O distanciamento brasileiro dos mercados globais é o que nos tem causado dificuldades. Será preciso alterar esse quadro para inserirmos a indústria brasileira globalmente e aproximarmos das melhores práticas tecnológicas existentes, e fazer com que elas atuem em nosso favor.
Estudo inédito sobre difusão tecnológica no Brasil produzido pelo SENAI, com os nove principais setores da indústria nacional, mostra um quadro desalentador. Na área metal mecânica, por exemplo, apenas de 10% a 30% do mercado deverá adotar robôs de soldagem e montagem nos próximos cinco anos.
Dados revelam que o problema é maior nas pequenas e médias empresas. Elas demoram até dez anos para adquirir uma tecnologia lançada hoje no mercado, o que é preocupante. As exceções estão nos setores mais dinâmicos da indústria.
Outro canal de inovação no Brasil são as multinacionais, que trazem plataformas globais de produção.
Embora liderado pela indústria automobilística, o processo de robotização no País se espalha por outros setores, com destaque para as indústrias de alimentos e bebidas, eletroeletrônica e química. O uso de robôs em diversas etapas da produção é um importante passo para fazer parte da chamada Indústria 4.0, ou fábricas inteligentes, totalmente automatizadas.
Até recentemente a robótica era considerada somente pelas grandes multinacionais, mas agora começa a ser adotada também por médias e pequenas empresas. Assim, a robotização se tornou um dos  segmentos tecnológicos que mais crescem no mundo.
No Brasil são instalados em média 1,5 mil robôs por ano, mas, embora seja um avanço em relação a períodos recentes, é um volume considerado ainda muito baixo em relação aos países mais desenvolvidos. A nossa instabilidade política e econômica tem inviabilizado investimentos nessa área, além do que nos deparamos ainda com um custo de capital é elevado.
Dados da Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês), mostram que na Coreia do Sul, país que lidera o processo de automação, há 531 robôs para cada grupo de 10 mil trabalhadores na indústria.
Em Cingapura, no Japão e na Alemanha, a proporção é superior, existem 300 robôs para cada grupo de 10 mil trabalhadores. Na China existem 49 robôs, mas com previsão de chegar a 150 até 2025. No Brasil, empresários do setor de automação avaliam que há apenas 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores na indústria.
Fica o alerta. Sem nos prepararmos, adequadamente, para enfrentar esse quadro, com máquinas americanas e europeias, deixaremos apenas rastro no final dessa fila. O que não nos deixa outra opção a não ser a de abraçarmos a inovação, sem restrições!

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