sábado, 24 de fevereiro de 2018

Entendendo o Governo Temer


governo Michel Temer teve início no dia 12 maio de 2016 quando o vice-presidente da República assumiu interinamente o cargo de presidente da república, após o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff, em consequência da aceitação do processo de impeachment pelo Senado Federal. Concluído o processo, no dia 31 de agosto do mesmo ano, Temer assumiu o posto de forma definitiva.
Temer chegou à presidência em meio a uma grave crise econômica no país, herdada do governo anterior e afirmou, no ato de posse, que seu governo haveria de ser um governo reformista. 
Foram trazidas à tona diversas propostas econômicas, como o controle dos gastos públicos, por intermédio da já aprovada PEC 55, que imporia limites aos gastos futuros do governo federal; a necessária reforma da previdência, que está em fase de discussão, embora com menores chances de entrar em pauta devido a sabida intervenção na segurança pública no estado do Rio de Janeiro; a reforma trabalhista, já aprovada; e a liberação da terceirização para atividades-fim. 
Desse modo, o governo se centrou mais nas questões econômicas, com o objetivo inicial de tirar o país da recessão e retomar o crescimento. Por outro lado, houve também mudanças no campo social, como a conclusão e inauguração de parte da obra de transposição do rio São Francisco, e no campo da educação, veio a aprovação da reforma do ensino médio, dentre outras.
Desde a ascensão de Temer ao Planalto, o envolvimento de aliados, ministros e do próprio presidente em escândalos de corrupção trouce polêmicas, embora com o passar do tempo nota-se que a armação dos donos da JBS, não provou de todo o envolvimento do presidente. Mesmo assim, o governo vem conseguindo manter uma base sólida no Congresso, o que tem possibilitado a aprovação de reformas importantes para estimular o crescimento econômico.
Embora tenha realizado muito num curto espaço de tempo e tirado o país da recessão econômica as pesquisas dão um percentual ruim ao atual presidente apresentando uma rejeição de 70% e parte desse desgaste e dessa avaliação negativa diz respeito a uma Reforma da Previdência que não foi concluída. Curiosamente, se olharmos os indicadores econômicos, para a realidade econômica do país, a vida das pessoas, evidentemente, melhoraram muito em relação ao governo Dilma.
Em realidade, não há razão objetiva para haver essa avaliação negativa. O que existe são percepções nas chamadas, esferas subjetivas de percepção, e parte dessa avaliação diz respeito a Reforma da Previdência.
Poucos percebem que a Reforma da Previdência tem caráter de longo prazo, o que traria uma convergência positiva das contas públicas em longo período, não havendo, portanto, nenhum reflexo no governo atual.
Caso a Reforma da Previdência não saia este ano ela entrará, certamente, na pauta do próximo governo, pois se nada for feito nesse sentido, o governo brasileiro colapsará em 2020. Ou seja, se nada for feito, em 10 anos, estaremos gastando 80% do orçamento público apenas com a previdência, tornando o governo insolvente, portanto, sem recursos para a saúde, segurança, educação, etc.
É preciso entender que os agentes econômicos (empresas, famílias e instituições), observam o futuro do país para fazer suas apostas de investimentos, através de perguntas simples:  o déficit do governo brasileiro tem uma resposta no médio e no longo prazo? As medidas tomadas faz o país entrar no azul? Pelo menos, se caminha para um déficit sustentável?
Por outro lado, uma percepção dos investidores, da existência de um déficit crescente e explosivo no curto e médio prazo, faz com que ele se afugente. Assim, a aprovação da reforma da previdência mudaria as expectativas de longo prazo do país.
Por outro lado, poucos se dão conta de que o Congresso votou matérias essenciais para a economia voltar a crescer, como por exemplo, o Teto dos Gastos; a nova lei da Petrobrás que permite outras empresas a fazer a exploração do Pré Sal, etc.
Olhando os números da economia do atual governo através do Boletim Focus do Banco Central de 19/02/2018, vemos que a prévia do PIB para 2017 é de crescimento de 1,04% - primeira alta anual do índice de atividade econômica desde 2013.
Para 2018, a expansão do PIB, segundo dados do mercado financeiro, chega a 3%, e a expectativa da Inflação fica em 3,81%. Já a taxa básica de juros para o final deste ano permanece em 6,75% aa.
Em 2017 a balança comercial teve um saldo positivo de US$ 67 bilhões – o melhor resultado desde o início da série histórica em 1989.
Dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior e Serviços apontam que as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 6,200 bilhões. O resultado é 21,1% maior do que o registrado no mesmo período de 2017; e a previsão do governo é de que as exportações superem as importações em US$ 50 bilhões este ano.
A Inflação oficial do país fecha janeiro em 0,29% e fica abaixo do esperado. Essa é a taxa mais baixa para o mês desce a criação do Plano Real em 1994, e no acumulado dos últimos 12 meses o índice de inflação é de 2,86%, o menor nos últimos 11 anos.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Usiminas – Novo Pacto de Governança Corporativa


Com novo pacto de governança corporativa os grupos Ternium e Nippon Steel fecharam acordo em 08/02/2018, para encerrar as disputas em torno da gestão da Usiminas; o qual prevê alternância na presidência da empresa a cada 4 anos, além da adoção de um mecanismo de saída que permite a cada um dos sócios majoritários a aquisição da participação do outro na empresa, em caso de novas desavenças. Assim a Usiminas, a maior produtora de aços planos da América Latina adotará novas regras que permitirão a alternância de presidente-executivo e de presidente do conselho de administração a cada quatro anos entre os dois grupos.
Essa nova composição começará com o grupo Ternium indicando o Presidente-Executivo, o atual ocupante do cargo, o Sr. Sergio Leite; enquanto a Nippon Steel nomeará para a Presidência do Conselho de Administração o executivo Ruy Hirschheimer, ex-presidente da Electrolux na América Latina entre 1998 a 2016, o que se efetivará na eleição para a diretoria da Usiminas, prevista para maio deste ano.
Desse modo, o termômetro do acordo ficou por conta do desprendimento entre os sócios em aceitar esse mecanismo de saída, ao qual um deles, poderá comprar a maioria, ou até mesmo, a totalidade da participação do outro na siderúrgica; após quatro anos e meio da eleição da nova diretoria da Usiminas.
Por outro lado, o formato do mecanismo de saída, porém, não foi detalhado pelas empresas participantes do acordo; foi comunicado apenas que o recurso poderá ser iniciado por qualquer uma das partes, com ou sem causa definida, a qualquer momento, após período de negociação de seis meses, onde qualquer das partes poderá comprar um determinado número de ações ordinárias detidas pela outra parte, consolidando o controle. Embora a parte vendedora possa optar por manter cerca de 10 por cento das ações ordinárias  da Usiminas.
Outro detalhe do acordo, diz respeito às demais ações da empresa em circulação, onde  Ternium e Nippon acertaram que nenhum dos dois grupos, e suas subsidiárias poderá comprar ações ordinárias da Usiminas sem a permissão do outro.
O acordo entre os acionista traz ainda que a diretoria da empresa composta por seis membros, incluindo o diretor-presidente, terá nomeações que serão divididas de forma que cada sócio escolha os nomes de 50% dos executivos. 
Dentro de todo esse entendimento faltou esclarecer o papel dos minoritários onde a CSN é a maior acionista.
Cabe destacar que o acordo veio em boa hora, principalmente, depois que a Agência de Classificação de Risco Moody’s, elevou em 24/01/2018 a classificação da Usiminas referente ao rating de crédito de longo prazo em moeda estrangeira de Caa1 para B2, com perspectiva estável.
Essa elevação do rating da empresa reflete, principalmente, a conclusão do processo de renegociação da dívida, com a amortização dos bônus de 2018 emitidos pela Usiminas, o que removeu as pressões de liquidez, o permite agora que a empresa foque ainda mais em suas operações do dia a dia.
Segundo a agência Moody’s a elevação do rating incorpora a expectativa de que os indicadores de crédito vão melhorar gradualmente, apoiados principalmente, na recuperação lenta, mas gradual na indústria de aço do Brasil, facilitando a empresa a gerar fluxos de caixa livre positivo nos próximos anos.
Todo esse conjunto de medidas, vêm na direção de ampliar a parceria entre os sócios, de melhorar a governança corporativa e de ampliar a expansão da empresa com vistas ao médio e longo prazo, na busca de maior produtividade e de assertividade nas políticas empresariais voltadas para manter o papel de liderança da siderurgia brasileira. 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Capacidade Tecnológica brasileira e a Indústria 4.0

Estamos percorrendo uma era de imensos avanços e ganhos tecnológicos e, infelizmente, as empresas brasileiras estão presas a tecnologias ultrapassadas, o que afeta diretamente a produtividade do país.
Essa defasagem tecnológica tem várias explicações. Uma delas é que o Brasil ainda tem uma economia muito fechada. Assim, com o mercado doméstico garantido, as indústrias instaladas por aqui têm menos incentivos para investir em aumento de produtividade.
Outra razão que inibe o investimento em tecnologia é o custo Brasil. Podemos dizer que uma empresa brasileira gasta, em média, 37% mais do que uma companhia americana na aquisição do mesmo maquinário.
A terceira razão vem da elevada burocracia existente no país. Isto fica claro, quando analisamos as aquisições de  máquinas e equipamentos. Aquelas que trazem inovação tecnológica estão livres de impostos de importação, porém, para conseguir o benefício, a empresa precisa submeter o seu pedido de importação ao governo, que, por sua vez, consulta as entidades patronais, levando esse processo a durar perto de três meses.
Por outro lado as empresas expostas à competição internacional, como a Embraer, se tornaram, justamente, as mais avançadas tecnologicamente.
Outro dado interessante, é que no Brasil, a idade média de máquinas e equipamen­tos é de 17 anos, ante sete anos nos Estados Unidos e de cinco anos na Alemanha. 
Para termos uma ideia sobre a produtividade individual do brasileiro, basta olhar a estudos que dizem: nos anos oitentas um americano trabalhava por três brasileiros e por vinte e cinto Chineses. Em 2013 um americano trabalhava por cinco brasileiros e por quatro chineses.
O distanciamento brasileiro dos mercados globais é o que nos tem causado dificuldades. Será preciso alterar esse quadro para inserirmos a indústria brasileira globalmente e aproximarmos das melhores práticas tecnológicas existentes, e fazer com que elas atuem em nosso favor.
Estudo inédito sobre difusão tecnológica no Brasil produzido pelo SENAI, com os nove principais setores da indústria nacional, mostra um quadro desalentador. Na área metal mecânica, por exemplo, apenas de 10% a 30% do mercado deverá adotar robôs de soldagem e montagem nos próximos cinco anos.
Dados revelam que o problema é maior nas pequenas e médias empresas. Elas demoram até dez anos para adquirir uma tecnologia lançada hoje no mercado, o que é preocupante. As exceções estão nos setores mais dinâmicos da indústria.
Outro canal de inovação no Brasil são as multinacionais, que trazem plataformas globais de produção.
Embora liderado pela indústria automobilística, o processo de robotização no País se espalha por outros setores, com destaque para as indústrias de alimentos e bebidas, eletroeletrônica e química. O uso de robôs em diversas etapas da produção é um importante passo para fazer parte da chamada Indústria 4.0, ou fábricas inteligentes, totalmente automatizadas.
Até recentemente a robótica era considerada somente pelas grandes multinacionais, mas agora começa a ser adotada também por médias e pequenas empresas. Assim, a robotização se tornou um dos  segmentos tecnológicos que mais crescem no mundo.
No Brasil são instalados em média 1,5 mil robôs por ano, mas, embora seja um avanço em relação a períodos recentes, é um volume considerado ainda muito baixo em relação aos países mais desenvolvidos. A nossa instabilidade política e econômica tem inviabilizado investimentos nessa área, além do que nos deparamos ainda com um custo de capital é elevado.
Dados da Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês), mostram que na Coreia do Sul, país que lidera o processo de automação, há 531 robôs para cada grupo de 10 mil trabalhadores na indústria.
Em Cingapura, no Japão e na Alemanha, a proporção é superior, existem 300 robôs para cada grupo de 10 mil trabalhadores. Na China existem 49 robôs, mas com previsão de chegar a 150 até 2025. No Brasil, empresários do setor de automação avaliam que há apenas 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores na indústria.
Fica o alerta. Sem nos prepararmos, adequadamente, para enfrentar esse quadro, com máquinas americanas e europeias, deixaremos apenas rastro no final dessa fila. O que não nos deixa outra opção a não ser a de abraçarmos a inovação, sem restrições!