Em meio a tanto
falatório sobre falta de recursos para a ciência e a tecnologia brasileira haveremos
de convir que há falta de recursos para todos os setores no país em função de
uma tremenda crise de financiamento que atingiu o sistema federal
brasileiro.
Desse modo, o governo brasileiro por
alguma razão, no passado recente, de alguma maneira gastou o dinheiro daqueles
anos e o dinheiro do futuro. Agora o país está mergulhado numa falta de recursos
para tudo, não somente para a ciência e tecnologia. Falta dinheiro para a saúde; para as rodovias; para
segurança pública, enfim, para tudo! Porém,
nem tudo são mazelas no Brasil como muitos gostam de alardear.
Para termos uma ideia o sistema de
ciência e tecnologia que temos aqui no Brasil foi construído ao longo de muitas
décadas. Teve seu início com a criação da primeira universidade brasileira, a
Universidade do Paraná, em 1912; que teve sequência na criação de outras
universidades como a Universidade Federal do Rio de Janeiro; a Universidade
Federal de Minas Gerais; a criação da USP – Universidade de São Paulo nos anos
30; além da criação da Academia Brasileira de Ciências; da Sociedade Brasileira
de Química; da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; do CNPQ –
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, nos anos 50; a
criação do INPA – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia; do DCTA –
Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial; da CNEN – Comissão Nacional
de Energia Nuclear e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, etc.
Todas essas realizações vieram se acumulando
ao longo do tempo; e todo esse esforço dos brasileiros permitiu ao Brasil possuir
hoje uma das mais invejadas agriculturas do mundo; não somente do ponto de
vista da produtividade, como também da variabilidade de produtos agrícolas
fornecidos, dentre eles bovino, suíno, frango, etc.
Assim, o Brasil se tornou uma espécie de
celeiro do mundo na agricultura, por causa da ciência e tecnologia; em boa
parte criada por brasileiros que se educaram nas boas universidades brasileiras
onde aprenderam a estudar o solo brasileiro, as plantas brasileiras, os animais
brasileiros, e como fazê-los funcionar melhor aqui no Brasil.
O país possui 200 milhões de bovinos, e ganha
dinheiro sério, com isso, gerando milhares de empregos a nós brasileiros.
O Brasil realizou a sua Indústria Aeronáutica,
a 4ª principal indústria aeronáutica do mundo em São José dos Campos. Tudo
tocado por brasileiros que se educaram, fizeram pesquisa, aprenderam e entenderam
como é que se fabrica avião e como se faz aviões eficientes, de qualidade e
competitivos.
O projeto do álcool etílico brasileiro é
outro exemplo de sucesso. Os brasileiros vão hoje aos postos de gasolina, enchem
o tanque de seus carros com álcool etílico. Pois é. Em nenhum outro lugar do
mundo isso acontece! Todos os países desenvolvidos do mundo estão procurando como
substituir a gasolina do petróleo e nenhum até agora encontrou. O único país do
mundo que conseguiu fazer isso foi o Brasil com o programa do etanol. O que é invejado
no mundo inteiro. E de novo! Feito por engenheiros brasileiros, bioquímicos
brasileiros, químicos brasileiros que se meteram a fazer um país industrializado
a funcionar a base do etanol. Assim, a ciência e a tecnologia produzida no
Brasil tem feito o Brasil ser um lugar melhor.
Lembremo-nos, também, da elevada
tecnologia desenvolvida na Petrobras para extração de petróleo em águas
profundas, das plataformas flutuantes e da extração do Pré-Sal.
Na Unicamp - Universidade de Campinas,
nos últimos 40 anos, seus estudantes criaram mais de 500 empresas que somente
no ano passado sustentaram 28 mil empregos, e todo esse conjunto de empresas
gerou um faturamento de R$ 3 bilhões. Isso é resultado de ciência e tecnologia,
de ensino superior, de boa universidade existente no Brasil.
Por outro lado, sempre se comenta que os
brasileiros estão indo embora. Na realidade, existem brasileiros que estão indo
embora do país; porém, ao contrário disso, a FAPESP – Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo tem recebido e aprovado entre 50 e 100
financiamentos para o projeto Jovem Pesquisador, um programa que acolhe jovens
de qualquer lugar do mundo, brasileiro ou não para começar a sua carreira como
pesquisador financiado pela FAPESP.
Cabe lembrar que
existem projetos fracassados também. É o caso do projeto Ciências sem Fronteiras
que torrou R$ 15 bilhões em quatro anos e não trouxe resultados para o país,
apenas encargos. Esse é um típico caso onde não procede a crítica de falta de
dinheiro para a ciência e a tecnologia no Brasil. Esse recurso gasto sem critério
adequado daria para sustentar os bons projetos de ciência e tecnologia aqui no
Brasil por dez anos. Vejam que o orçamento do CNPQ – Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico para um ano é de R$ 1,5 bilhão.
Outro dado positivo para o país é um
programa da FAPESP que financia pesquisa para pequenas empresas. Veja que
somente nesse ano a FAPESP já contratou projeto com mais de 200 pequenas
empresas, o que indica quase um projeto por dia útil. São empresas que irão
desenvolver tecnologia pra crescer e gerar empregos para engenheiros, doutores,
mestres e químicos, dentre outros no estado de São Paulo.
São por esses fatos positivos que a
ciência e a tecnologia devam ser incentivadas e apoiadas aqui no Brasil,
trazendo retorno aos brasileiros e ajudando no interesse público.
A economia brasileira decresceu nos anos
de 2014 a 2016 e fez o Brasil entrar na UTI; o que fez decrescer a receita
fiscal federal e a também a estadual, gerando uma receita entre 5% e 6% menor
para a ciência e tecnologia. Com isso, decresceu a capacidade de aplicação em projetos,
porém, algo gerenciável se com critério, autonomia e previsibilidade.
Assim como o ITA – Instituto Tecnológico
de Aeronáutica nos deu a origem da aviação
brasileira, hoje o laboratório Síncrotron – um mecanismo de pesquisa de
física, química, ciências dos materiais e da biologia nos dará a possibilidade
de geração de tecnologia de ponta para o país.
O laboratório Síncrotron é um estudo brasileiro que vem de 30 anos de operação e desenvolvimento
e quando esse acelerador estiver pronto entre 2018 e 2019, ele será um dos dois
melhores do mundo! Isso significa que teremos cientistas do mundo inteiro
querendo vir para Campinas para usar essa máquina para fazer a ciência deles. Então, o estado
de SP, Campinas e o Brasil se tornarão num polo de pesquisa e de gente fazendo
fila para poder usar essa máquina desenvolvida aqui no país por nós brasileiros.
Porém, deveremos ser cuidadosos na formação de cientistas brasileiros para a
utilização do Laboratório Síncrotron para não deixarmos que somente
estrangeiros venham se utilizar do nosso conhecimento.
Vejam que ciência e tecnologia é um
negócio que se multiplica por muitas vezes e traz resultados!
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