A duplicação da BR-381 que liga Belo Horizonte a Governador Valadares no Vale do Rio Doce é a principal obra de
infraestrutura e logística de Minas Gerais no momento. Amargamente, tem
sido uma novela que se arrasta desde 2014, a qual tem prejudicado motoristas e
usuários que transitam pela estrada, além da população das cidades que margeiam
a rodovia.
A previsão inicial
da obra era de que as primeiras etapas seriam entregues aos motoristas no ano
passado, em 2016, o que, de fato, não ocorreu.
A duplicação abrange 303 km de extensão, a qual não é considerada grande,
porém, é preciso levar em conta a complexidade de execução da obra, dado o
elevado grau de desnível da região, com muitas montanhas e pedreiras a serem
vencidas.
Com licitação prevista para 8 lotes de execução a obra caminha dentro
das possibilidades orçamentárias governamentais e do processo de burocracia já
conhecidos aqui no Brasil. Concluídos mesmo estão os túneis do Rio
Piracicaba e de Antônio Dias e Prainha.
Por outro lado, enquanto
as obras não avançam satisfatoriamente, os acidentes trágicos continuam
acontecendo.
Defasada no tempo
a BR-381 tem características obscuras como pistas
simples sem divisão física entre as direções opostas, asfalto precário em
longos trechos, ausência de acostamento em boa parte a estrada e sinalização
deficitária, tendo ainda a quantidade de curvas como outra armadilha enfrentada
por motoristas e passageiros. Apenas nos 110 quilômetros entre a Capital
Mineira e João Monlevade, na região central da estrada, há cerca de 200 curvas,
de acordo com a PRF.
Outra dificuldade importante no andamento da
rodovia é a fraca mobilização política da chamada “bancada mineira” no empenho
constante em Brasília para exigir dotações orçamentárias que suporte a conclusão da rodovia. É preciso, portanto,
uma articulação mais intensa entre a mencionada “bancada mineira” e o
Ministério dos Transportes.
Além disso, é preciso que a obra tenha uma
constância de atividades para não gerar desperdício aos cofres públicos, pois,
obras paralisadas e inacabadas são as que mais prejuízos causam aos cofres
públicos que, por sua vez, recaem nos impostos pagos pelos brasileiros.
Considerando o conceito econômico do “efeito
multiplicador” que corresponde a um incremento de recursos através de um
investimento, seja em uma obra de infraestrutura de grande porte ou outra
qualquer de grande porte, o qual nos diz que o investimento dado pode gerar um
incremento maior que o recurso injetado inicialmente. Podemos dizer
simplificadamente, que a cada R$ 1 investido na duplicação da rodovia, R$ 3
deverão ser gerados no entorno da obra, portanto, aqui no centro leste do
estado. Como a obra está orçada em R$ 4 bilhões, seu efeito multiplicador se
dará a R$ 12 bilhões o que poderá alavancar os negócios e a economia da região
como um todo.
A obra em si já trás números interessantes como a contratação
de 5.729 empregados; utilização de 1.220 máquinas e a terraplenagem de 48,2
milhões de metros quadrados de área para ampliação de pistas, além de consumo
de 14 milhões de refeições, segundo a FIEMG (Federação
das Indústrias do Estado de Minas Gerais).
Em números a Nova
381 registra mais de R$ 4 bilhões em investimentos; mais de 205 Km de pistas
duplicadas; 64 obras de arte especiais como 17 pontes e 47 viadutos; 5 túneis com
2.385 metros de extensão; 20 passarelas; 99 paradas de ônibus e mais de 83.300 metros
de defensas metálicas (dispositivo ou sistema de proteção contínua da estrada).
Outro aspecto interessante é a posição geográfica
central de Minas Gerais; ponto de acesso, ligação e escoamento da produção
proveniente do sul e sudeste do estado para abastecer o norte e o nordeste do
país, o que coloca Minas Gerais como centro de integração dentro da economia
nacional, especialmente, entre as regiões Sul e Sudeste e as regiões Norte e
Nordeste.
Neste cenário, a rodovia se torna um dos elos de
importância do desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais, direcionando um
novo caminho que liga Minas Gerais e o Leste de Minas ao Norte o país.
Analogamente a isso, cabe aos setores públicos
constituídos no entorno da rodovia, a disposição de aproveitar essa injeção de
recursos na região para dotar seus municípios de uma boa infraestrutura de
educação; saúde; turismo e do setor de serviços; vislumbrando o desenvolvimento
de projetos conjuntos para atração de empresas para compor o cinturão da
rodovia.
Como inspiração eu lembraria projetos ligados ao aço; computação e
afins; a instalação do CEASA e de um porto seco na região; a qualificação da
mão de obra local; a criação de “corredores
industriais” com investimento na qualificação profissional e incremento de
escolas técnicas locais; a dinamização do setor de serviços; a criação e
desenvolvimento de um polo de excelência médico-hospitalar; o setor de
bioenergia; de energia solar; o fortalecimento da educação e saúde como centros
de excelência; o fortalecimento da
indústria metal mecânica e de componentes automobilísticos; a atração de
centros de distribuição; a implantação de um parque tecnológico; a dinamização
do turismo de negócios; a implantação de condomínios industriais para empresas
de médio porte; e o desenvolvimento de referência
em educação e comércio.
Por
fim, as cidades precisam se tornar reconhecidas pela variedade de serviços
públicos oferecidos, principalmente, através da Internet como abertura de
empresas em plataformas on-line, etc.
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