Os novos prefeitos que assumiram seus mandatos em 1º de janeiro têm como
missão administrar a desordem financeira instalada na maioria dos municípios
brasileiros - o chamado colapso fiscal - caracterizado, principalmente, pela queda
de arrecadação cuja solução não ocorre, infelizmente, no curto prazo.
O estrago é
grande, os desmandos vão desde dívidas
milionárias com servidores públicos e fornecedores, a falta de atendimento
médico e de remédios nos postos de saúde, dificuldades financeiras para
pagar a folha de pessoal, além de convênios suspensos
com os governos federal e estadual e a já mencionada queda na arrecadação. Assim,
a lista de problemas que aguardam os novos prefeitos a partir de agora é extensa
e para a maior parte deles não existe solução viável em curto prazo. Portanto, o
cenário é sombrio.
O grau de
irresponsabilidade fiscal e ética é enorme. Prefeitos que estão saindo
encontraram uma forma
peculiar e fora da legislação para resolver seus problemas, criando outros
problemas aos prefeitos entrantes, provocando assim o chamado sumiço prévio de
receitas. Deste modo, muitos prefeitos anteciparam a arrecadação de IPTU de
2017 anunciando descontos convidativos. Outros
não somente anteciparam IPTU, como também a Taxa de Lixo de 2017.
Por ser um comportamento não previsto na
legislação vigente, principalmente, no que se refere à Lei de Responsabilidade Fiscal,
os Tribunais de Contas Estaduais deverão proibir a utilização desses recursos,
possivelmente, apenando seus autores.
Outro ponto
intrigante, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, é que 47,3% dos
prefeitos deixarão a seus sucessores os chamados Restos a Pagar, ou seja, despesas
empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro do ano findo.
As dificuldades, realmente, não são poucas.
O Estado de Minas Gerais, com dívida gigantesca, vem atrasando os repasses do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) do governo mineiro a seus municípios. Assim, em
vinte anos é a primeira vez que isso acontece. Deste modo o governo estadual
deve uma grande quantia de recursos para as prefeituras, destinada,
principalmente, à saúde, apesar de acordo com o Ministério Público para
parcelamento de repasse dos recursos, a primeira parcela, de R$ 90 milhões, não
foi repassada, confirmam especialistas.
O
quadro é preocupante, pois o ICMS
é a principal fonte de receita do estado e 25% desse recurso arrecadado tem
como destino o repasse semanal às prefeituras do estado.
Segundo
o Ranking de Eficiência de Municípios lançado pelo jornal Folha de São Paulo a
situação é pior do que parece, especialmente, para os Municípios que dependem
de recursos federais do Fundo de Participação
dos Municípios (FPM).
Outro dado ruim
registrado pelo ranking da Folha é que não há Município plenamente saudável
financeiramente no Brasil.
Assim,
a queda do FPM é sentida por todos os municípios, porém, ela é fatal para os pequenos,
pois 70% deles sobrevivem de transferências do Governo Federal, o que sugere que
as Prefeituras sejam autossustentáveis, isto é, que dependam de suas próprias
pernas e não do FPM. Para isso seria necessário uma reformulação estrutural dos
municípios fazendo com que houvesse uma junção de deles para formar um
município forte e sustentável o que requer ousadia e desprendimento por parte
dos munícipes.
Para economistas,
os prefeitos precisam se preparar para uma realidade ainda mais dura do que a
de 2016, pois o governo federal não será mais o hospital de estados e prefeituras.
Assim, as transferências voluntárias e ajuda financeira federal deverão ser eliminadas.
É chegado o momento de se buscar o enfrentamento dos problemas da administração
pública municipal do país sem a ajuda do Governo Federal.
Neste
contexto, a tônica para os novos prefeitos recaem no enxugamento
do quadro de secretarias e de cargos comissionados, fazendo com que o município
caiba dentro de seu orçamento, estabelecendo prioridades administrativas com melhoria
da gestão Pública, buscando proximidade com a realidade financeira do
município.
Cabe lembrar que
as pessoas que moram nos municípios pagam impostos e taxas ao governo
municipal. Com o dinheiro desses impostos e taxas, os prefeitos executam os
serviços públicos como limpeza e conservação das ruas, a manutenção da iluminação
pública, a distribuição de água e serviços de esgoto, assim como o serviço de
coleta de lixo, os cuidados com a educação, a saúde e a segurança pública.
Assim,
é um direito da comunidade exigir de seus representantes que o dinheiro dos
impostos e taxas, seja bem aplicado para o bem estar de seu povo.
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