Há tempos a
Previdência Social vem com dificuldades e com déficits sucessivos. Porém, os
governos sempre falham ao não colocar de maneira clara e objetiva os seus
problemas para a sociedade, trazendo assim, desconforto aos aposentados e aos
trabalhadores da ativa que se vêm dentro de um sistema desatualizado e
desestabilizado que compromete o curso das aposentadorias dos cidadãos já inativos
e das aposentadorias futuras do contingente ativo.
Assim, é importante
conhecer os números e as distorções do sistema previdenciário provocado,
principalmente, por privilégios dado a certo número de pessoas dentro do atual
sistema que invariavelmente serão aqueles que irão resistir às mudanças.
Nesse sentido, o
discurso governamental parece vir no caminho certo com a ideia de corrigir e
estancar os desvios, algo difícil dado aos melindres que provoca aos
privilegiados e, principalmente a esquerda atrasada e populista que compõe a
oposição ao governo central, porém é algo que precisa ser enfrentado.
Mudar as regras
do jogo é sempre difícil e a expectativa de direito é outro problema, pois ela é
apenas uma expectativa e se constitui em algo que ainda não se concretizou.
Assim, corrigir
as distorções da previdência social implica, primariamente, em cortes de privilégios.
Caso eles não aconteçam, não podemos chamar de reforma da previdência. Desse
modo, parece evidente que as coisas não ficarão como estão e caso fique o
sistema ruirá. Não temos alternativa!
Em entrevista concedida
na semana passada o presidente da república afirmou que todos os setores da
sociedade devem dar sua contribuição à Reforma da Previdência, inclusive, os
políticos. É bom que seja assim, pois de outro modo à conta recairia por toda a
sociedade que, como sabemos, não deseja pagar essa fatura de bondades concedida
aos políticos brasileiros.
Nesta entrevista
o presidente deu a entender que o texto base do governo vai unificar os regimes
público e privado de previdência. O que é correto, pois a unificação é
essencial para estabelecer equidade aos participantes do sistema.
Quando se compara
as realidades do servidor público e a do trabalhador do setor privado, o que se
tem de fato é a existência de uma linhagem superior (os servidores públicos) contra
uma linhagem inferior (os demais trabalhadores). E os números provam isso.
Contribuem para o
INSS, 54,8 milhões de pessoas. E estes sustentam o pagamento a 33 milhões de beneficiários.
E mesmo assim o buraco do INSS, em 2015, atingiu a cifra de R$85 bilhões.
Fazendo o cálculo
do rombo do setor privado para cada contribuinte ele fica em R$1.551,00 anuais.
Já no caso dos servidores públicos a conta chega a ser imoral. De 6 milhões de
servidores de estados, municípios e união que contribuem para o sistema geram pagamento
de benefícios a 3 milhões de pessoas, perfazendo um déficit de R$127 bilhões, correspondente
a R$20.000,00 de déficit anuais para
cada contribuinte.
Segundo estudos
da Fundação Getúlio Vargas a aposentadoria do setor público constitui-se em uma
casta salarial do Brasil superior que, portanto, é a maior responsável pela
insolvência do sistema previdenciário o que reforça a ideia de que a reforma da
previdência acaba por ter que ser feita, principalmente, por causa do setor
público.
Desse modo, os ajustes precisam ser amplos,
fazendo com que os militares também entrem na reforma, embora isto seja uma
parte delicada do processo de mudanças.
Os militares atuam com regime próprio, e
por suas próprias características, alguma diferenciação eles deverão ter em
relação aos demais contribuintes, principalmente, por ficar na reserva, o que não
exclui a sua contribuição ao sistema.
Os números mostram que atualmente existem
945.062 servidores federais, os quais produziram em 2015, um rombo de R$72,5
bilhões à previdência, sendo que desse total, a previdência dos militares
participou com 45% do rombo.
É bem verdade que será preciso elevar a
idade mínima da aposentadoria para 65 anos, porém, o que não pode é manter os
atuais privilégios aos privilegiados.