Buscar o contrafluxo pode ser uma boa forma de se
lidar bem com a vida. Sabemos que não é fácil bancar esse movimento, pois, a pressão
da corrente é pra que nós nademos junto com todos, entretanto, pode-se conseguir
extrair muito mais sentido para as nossas existências quando seguimos pelo
contrafluxo.
Conhecedores do assunto comentam que enumeraram
esses movimentos contra a corrente e tentam segui-los com esforço e coragem. Às
vezes, se vai adiante, outras, não, mas sempre parando muito, mas muito mesmo,
para refletir sobre esses momentos.
Assim quando se vê crianças ganhando de presente
celulares caríssimos e ficando cada vez mais hipnotizadas e alienadas em seu
entorno, caberia então o uso do contrafluxo, que seria então parar um pouco e
pensar, que cabe segurar ao máximo a entrega desses aparelhos para os
pimpolhos. A mente infantil precisa do contato humano para se desenvolver com
mais saúde; as crianças constroem jogos mentais muito mais interessantes do que
o viciante “Angry Birds” (jogo disponível nos smartphones), o que é um desperdício
do tempo de infância.
Nunca houve tanta pressão em cima da vida acadêmica
das crianças de 3, 4, 5 anos. O sucesso delas é a meta buscada por milhões de
pais, perdendo-se assim, muitas vezes, a primeira infância que vai de zero a 6
anos. Queremos que elas sejam felizes, porém, o método escolhido pode trazer
graves repercussões psicológicas. O contrafluxo seria entender que brincar
é mais importante que estudar na primeira infância. As crianças pequenas
precisam de espaços que proporcionem socialização e contato com diversas
manifestações artísticas para formar o cérebro delas, assim brincar é
fundamental.
Vivemos num mundo de abundâncias. Nunca foi tão
fácil comprar objetos de consumo infantil. Já o contrafluxo seria lembrar-se sempre do
filósofo Sócrates que todos os dias ao visitar o mercado de Atenas, há mais de
dois mil e quinhentos anos, olhava os produtos e não comprava nada. Um dia um
vendedor parou e perguntou ao Filósofo (ele era muito conhecido em sua época),
por que o Sr. vem todo dia, olha os produtos e não compra nada? E ele respondeu:
“que chegava ali, olhava tudo para descobrir quanta coisa existe no mundo que ele
não precisa para ser feliz”. É claro que podemos presentear nossos filhos, mas
deixá-los completamente saciados é criar uma infância insaciável.
A abundância também está nos deslocamentos humanos,
nunca se viajou tanto no mundo, principalmente, a parques temáticos. Buscar
o contrafluxo seria entender que é maravilhoso
poder levar nossos filhos a parques temáticos que antes pareciam um sonho
distante, mas é também interessante proporcionar passeios que envolvam a
natureza e viagens culturais, além dos parques temáticos que são muito bacanas.
Mas, procurar levá-los a praias, cachoeiras, a museus, coisas que eles podem
nunca ver na vida deles.
Pais que tem meninas percebem como a questão da
beleza estética toma cada vez mais conta das crianças pequenas. Festas de
aniversário em salões de beleza, spas infantis, depilação precoce, etc. O contrafluxo aí seria entender que o momento
da não preocupação exagerada com a estética é o da infância. Só nesse período
elas poderão ficar com as unhas sujas de terra, correr sem medo de cair por
causa do salto, deixar o cabelo armar-se e rir desse acontecimento. A beleza
desse momento é a primeira infância. Nada contra as crianças ficarem bonitas,
mas deixem isto para a hora certa. A beleza verdadeira está no pleno
aproveitamento da infância.
Um dos grandes filósofos e pensador da educação do
Século 16 chamado Erasmo de Rotterdam, tem uma frase do ano de 1500, que diz
assim: “não tem nada mais monstruoso do que pegar uma criança e fazer com que
ela se pareça a um adulto”.
Nas grandes cidades é comum a gente ver as pessoas
se dirigirem ao litoral, pegar aqueles congestionamentos imensos e ficarem
horas e horas trancadas dentro de um carro, sem sair do lugar, às vezes viagens
que demorariam 3 horas se estenderem para 8 horas, 9 horas e ao chegar ao
destino final percebe-se que a praia está lotada. O antídoto seria então
utilizar-se do contrafluxo e viajar à vontade não nesses momentos em que o
masoquismo é o seu companheiro, mas, deixar passar o feriadão e viajar em momentos
mais tranqüilos e agradáveis com a família.
Fonte: Ilan Brenman –
Doutor em Educação.
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