domingo, 30 de novembro de 2014

Negócios da República

Lidar com pessoas ignorantes, e que pensa que sabe, dá uma mão de obra sem tamanho! Acredito que você já tenha vivido essa experiência.
Assim, em seu famoso discurso “Oração aos Moços”, Rui Barbosa um dos intelectuais mais brilhantes do seu tempo, um dos organizadores da República e co-autor da constituição da Primeira República referindo-se a Sócrates, filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga, que em certo dia, deu grande lição de modéstia a Alcebíades, órfão, que foi educado por Péricles, um célebre e influente estadista, orador e general da Grécia Antiga, um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V (a.C.), a quem disse:
“A pior espécie de ignorância é cuidar uma pessoa saber o que não sabe... Tal, meu caro Alcebíades, o teu caso. Entraste pela política, antes de a teres estudado. E não és tu só o que te vejas nessa condição; é esta mesma a da maior parte dos que se metem nos negócios da república. Apenas excetuo exíguo número, e pode ser que, unicamente, a Péricles, teu tutor; porque tem cursado os filósofos”.
Veja como ainda hoje, poucos são Péricles, na administração da coisa pública!
Em mesmo sentido, a sabedoria árabe tem provérbio delicioso a respeito do saber e não-saber.
Usando estilística dourada, ensina que, são quatro os homens: aquele que não sabe e não sabe que não sabe: é um tolo, evita-o; aquele que não sabe e sabe que não sabe: é um simples, ensina-lhe; aquele que sabe e não sabe que sabe: está dormindo, acorda-o; aquele que sabe e sabe que sabe: é sábio, segue-o.
E, na poeira deste ensinamento, V. Beda ou Venerável Beda, um monge inglês que viveu em mosteiros de São Pedro, em Monkwearmouth, e São Paulo, na moderna Jarrow, no nordeste da Inglaterra, dá também a sua penada sobre três classes de pessoas que são infelizes: a que não sabe e não pergunta; a que sabe e não ensina; e a que ensina e não o faz.
Para alguns, a ignorância deveria conduzir à humanidade, mas por vezes isto não acontece. Tinha razão, pois, o “Fortes”, quando na placa que punha todas as manhãs na porta do seu boteco, em Formiga, MG, que dizia: Toda ignorância é atrevida. Lembra, um pouco, a fúria de um touro miúra..., um touro bravo espanhol criado a partir da linhagem do rancho de gado Miura (Ganadería Miura), localizado na província de Sevilha, Espanha.

Voltemos a Rui Barbosa que ainda dizia:

“Não subestime a ignorância dos outros, pois eles podem piorar ainda mais a situação”.

“A chave misteriosa das desgra­ças que nos afligem, é esta, e só esta: a ignorância popular, mãe da servilidade e da miséria”.

E ainda...


"Vós, os que vos tendes entregado às artes, às letras, às ciências, não esqueçais que de todas elas a mãe é a liberdade, e que sem esta o desenvolvimento daquelas é uma quimera fatal. "

Ipatinga também deseja mudanças

Usando a velha máxima em política, de que “em mineração e eleição, somente depois da apuração” eu acrescentaria que, além dessa verdade, as urnas também falam e cabe aos agentes políticos interpretarem os significados dados pela sociedade.
Assim, creio que a cidade de Ipatinga como toda a região do Vale do Aço está sedenta por mudanças, embora somente a cidade de Ipatinga, com o maior colégio eleitoral da região tivesse dado o seu recado no Segundo Turno: Aécio Neves 53,06% e Dilma Rousseff 46,94% dos votos válidos.
Em realidade, temos presenciado em nossa região mais do mesmo. Não temos avançado enquanto região metropolitana, enquanto colar metropolitano, enquanto volume populacional, seguidos dos chavões já conhecidos das dificuldades na educação, no transporte, na saúde pública, segurança pública, etc.
Indústria e comércio locais estão em baixa. A dependência das grandes empresas ainda persiste na região. O que pulsa nas economias locais provém um pouco do comércio, ressentido pelo baixo desenvolvimento regional e da carência de novos empregos e de um pouco da indústria que precisa de novos ares com foco na diversidade para sobrevivência.
O setor de serviços que cresce em todas as partes do país e do mundo também sofre pela falta de renda da população.
Associemos a tudo isso o elevado grau de descontrole da economia brasileira, a elevada taxa de juros, a elevada inflação, a elevada carga tributária, a logística desfavorável da região e os aumentos dos preços administrados pelo governo federal que, erroneamente, ficaram represados nos últimos quatro anos. Desta maneira, presume-se, que a situação regional não é nada favorável.
Cabe então ao setor público como agente de organização e reorganização local dar as diretrizes para o desenvolvimento da região onde o turismo pode ser uma grande saída, dentre outros.
É preciso revigorar as escolas da região, em todos os níveis, trabalhando-as com alto padrão de ensino e que esse ensino se transborde para toda a sociedade regional no sentido de que ao se visitar o Vale do Aço, o visitante se sinta acolhido em um ambiente diferenciado, numa região diferenciada, onde se trabalha para o bem estar de toda a sociedade e quer ver isto reverberado e ampliado para todo o estado mineiro e para o país como um todo.
A política regional também não tem produzido nada de interessante. Falta-nos renovação aos quadros partidários e responsabilidades aos partidos políticos para apresentarem candidaturas que correspondam aos verdadeiros anseios da sociedade que tem ficado sem opção séria e adequada para direcionar o precioso voto e contar com o vigoroso empenho do eleito em prol das grandes causas da região, que se confundem com as grandes causas do país.
Assim, os acontecimentos mais importantes em nossa região ficaram por conta da iniciativa privada, e nesta visão, praticamente, o último acontecimento importante, reconhecido pela população, foi a construção do “Shopping do Vale do Aço” no ano de 2000, e que passa agora por um revigoramento e ampliação.
Por outro lado, é preciso desaparelhar e diminuir as folhas de pagamento (inchadas) das prefeituras locais, trazendo ética, probidade e qualidade administrativa aos setores públicos locais para que se possa realizar mais, proporcionando orgulho aos cidadãos e previsibilidade aos agentes econômicos, com administrações transparentes e inovadoras que venham ao encontro dos reais anseios da sociedade regional.

Pensem nisso!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Contrafluxo

Buscar o contrafluxo pode ser uma boa forma de se lidar bem com a vida. Sabemos que não é fácil bancar esse movimento, pois, a pressão da corrente é pra que nós nademos junto com todos, entretanto, pode-se conseguir extrair muito mais sentido para as nossas existências quando seguimos pelo contrafluxo.
Conhecedores do assunto comentam que enumeraram esses movimentos contra a corrente e tentam segui-los com esforço e coragem. Às vezes, se vai adiante, outras, não, mas sempre parando muito, mas muito mesmo, para refletir sobre esses momentos.
Assim quando se vê crianças ganhando de presente celulares caríssimos e ficando cada vez mais hipnotizadas e alienadas em seu entorno, caberia então o uso do contrafluxo, que seria então parar um pouco e pensar, que cabe segurar ao máximo a entrega desses aparelhos para os pimpolhos. A mente infantil precisa do contato humano para se desenvolver com mais saúde; as crianças constroem jogos mentais muito mais interessantes do que o viciante “Angry Birds” (jogo disponível nos smartphones), o que é um desperdício do tempo de infância.
Nunca houve tanta pressão em cima da vida acadêmica das crianças de 3, 4, 5 anos. O sucesso delas é a meta buscada por milhões de pais, perdendo-se assim, muitas vezes, a primeira infância que vai de zero a 6 anos. Queremos que elas sejam felizes, porém, o método  escolhido pode trazer graves repercussões psicológicas. O contrafluxo seria entender que brincar é mais importante que estudar na primeira infância. As crianças pequenas precisam de espaços que proporcionem socialização e contato com diversas manifestações artísticas para formar o cérebro delas, assim brincar é fundamental.
Vivemos num mundo de abundâncias. Nunca foi tão fácil  comprar objetos de consumo infantil. Já o contrafluxo seria lembrar-se sempre do filósofo Sócrates que todos os dias ao visitar o mercado de Atenas, há mais de dois mil e quinhentos anos, olhava os produtos e não comprava nada. Um dia um vendedor parou e perguntou ao Filósofo (ele era muito conhecido em sua época), por que o Sr. vem todo dia, olha os produtos e não compra nada? E ele respondeu: “que chegava ali, olhava tudo para descobrir quanta coisa existe no mundo que ele não precisa para ser feliz”. É claro que podemos presentear nossos filhos, mas deixá-los completamente saciados é criar uma infância insaciável.
A abundância também está nos deslocamentos humanos, nunca se viajou tanto no mundo, principalmente, a parques temáticos. Buscar o contrafluxo seria entender que é maravilhoso poder levar nossos filhos a parques temáticos que antes pareciam um sonho distante, mas é também interessante proporcionar passeios que envolvam a natureza e viagens culturais, além dos parques temáticos que são muito bacanas. Mas, procurar levá-los a praias, cachoeiras, a museus, coisas que eles podem nunca ver na vida deles.
Pais que tem meninas percebem como a questão da beleza estética toma cada vez mais conta das crianças pequenas. Festas de aniversário em salões de beleza, spas infantis, depilação precoce, etc. O contrafluxo aí seria entender que o momento da não preocupação exagerada com a estética é o da infância. Só nesse período elas poderão ficar com as unhas sujas de terra, correr sem medo de cair por causa do salto, deixar o cabelo armar-se e rir desse acontecimento. A beleza desse momento é a primeira infância. Nada contra as crianças ficarem bonitas, mas deixem isto para a hora certa. A beleza verdadeira está no pleno aproveitamento da infância.
Um dos grandes filósofos e pensador da educação do Século 16 chamado Erasmo de Rotterdam, tem uma frase do ano de 1500, que diz assim: “não tem nada mais monstruoso do que pegar uma criança e fazer com que ela se pareça a um adulto”.
Nas grandes cidades é comum a gente ver as pessoas se dirigirem ao litoral, pegar aqueles congestionamentos imensos e ficarem horas e horas trancadas dentro de um carro, sem sair do lugar, às vezes viagens que demorariam 3 horas se estenderem para 8 horas, 9 horas e ao chegar ao destino final percebe-se que a praia está lotada. O antídoto seria então utilizar-se do contrafluxo e viajar à vontade não nesses momentos em que o masoquismo é o seu companheiro, mas, deixar passar o feriadão e viajar em momentos mais tranqüilos e agradáveis com a família.

Fonte: Ilan Brenman – Doutor em Educação.

domingo, 9 de novembro de 2014

Petróleo e Gás na Noruega

Por muitas décadas, a Noruega tem sido a força motriz por trás do sucesso do setor de petróleo e gás da Europa e certamente continuará sendo referência, pelo menos, pelos próximos 10 anos.
A Noruega, país com melhor funcionamento e estabilidade do mundo, soube lidar com a crescente demanda de energia desde os anos setentas, enfrentando regulamentos ambientais restritivos e métodos cada vez mais desafiadores de prospecção de recursos profundos.
A necessidade de formação de profissionais altamente qualificados foi um dos desafios enfrentados, já que a necessidade de profissionais na área crescia exponencialmente. Com a escassez de mão de obra qualificada em todo o setor petroleiro, não somente para o início das operações como também para atender a demanda futura foi imprescindível desenvolver pessoal para garantir o crescimento da indústria norueguesa de petróleo e gás.
Deste modo, tanto lá como cá se registrou o aumento de demanda por profissionais altamente qualificados como engenheiros e profissionais com experiência em GGRE (geologia, geofísica e engenharia de reservatórios) e nas áreas de SSMA (saúde, segurança e meio ambiente), finanças e TI (tecnologia da informação).
Como não poderia deixar de ser o crescimento e o aumento da demanda por profissionais qualificados que são atribuídos a vários fatores, tem como principal deles o avanço tecnológico.
A Noruega é reconhecida mundialmente por sua capacidade de desenvolvimento de novas tecnologias no setor de petróleo e gás, não apenas em relação aos projetos locais no Mar do Norte, mas também relacionados aos mercados emergentes e internacionais, como Brasil e Rússia. À medida que os países buscam o que há de mais avançado e melhor em tecnologia, eles procuram cada vez mais as empresas norueguesas para o fornecimento de equipamentos e talentos. Assim, quanto mais recursos petrolíferos são descobertos em ambientes inóspitos, a demanda por novos equipamentos especializados certamente aumentarão, o que coloca a Noruega em uma posição privilegiada.
Por outro lado, a competição por melhores talentos no setor também é um fator fundamental à medida que as empresas começam a planejar incursões futuras no mercado de energias renováveis incluindo o desenvolvimento de energia ondomotriz (energia proveniente do aproveitamento das ondas oceânicas)  e a eólica (proveniente do vento).
A descoberta recente de reservas no norte do país vem oferecendo novas oportunidades para muitas organizações, ao mesmo tempo em que gera demanda por profissionais qualificados como geólogos, geofísicos, engenheiros e especialistas em saúde e segurança.
Suprir a demanda por mão de obra qualificada para o setor tem sido um estímulo para que algumas empresas comecem a buscar no exterior os melhores candidatos para suprir a escassez de recursos humanos na área.
Em “Aberdeen”, na Escócia, diversos profissionais qualificados foram transferidos com sucesso do setor automotivo para os setores aeroespacial e de mineração - preenchendo cargos estratégicos na indústria de petróleo e gás, trazendo com eles novas idéias e habilidades.
Com o crescimento da indústria norueguesa de petróleo e gás e a falta de recursos humanos para o setor significou olhar para as próximas gerações e conscientizá-las das oportunidades futuras no setor petrolífero, incentivando cada vez mais estudantes a escolher cursos que embasem uma carreira no setor petrolífero.
Não foi à toa que uma grande delegação de empresários mineiros e representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Sebrae, participaram recentemente da maior feira mundial do setor de petróleo e gás em “Stavanger”na Noruega.
Minas Gerais não tem mar, mas possui o maior parque industrial metal mecânico do Brasil, (parte dele aqui em Ipatinga), com capacidade para atender o crescimento das encomendas da Petrobras na exploração dos campos submarinos do pré-sal. 
O resultado da experiência de empresários, liderados pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), foi o aprendizado durante a feira e o estabelecimento de contatos que possibilitem importar a experiência dos noruegueses em áreas de exploração de camadas profundas de petróleo em alto-mar. 
A tecnologia desenvolvida pelos nórdicos pode garantir mais competitividade e geração de empregos em Minas e também aqui em Ipatinga. 
A mudança que os Noruegueses promoveram nos últimos 40 anos aconteceu quando eles começaram a exploração de petróleo. Inicialmente se valeram de empresas estrangeiras, passaram por agregação de valor aos equipamentos de prospecção, desenvolveram as empresas locais e criaram novas tecnologias que trouxe todo esse desenvolvimento que eles possuem hoje.
Com um dos índices de qualidade de vida mais altos do mundo e pacotes de benefícios competitivos aos participantes das prospecções, a Noruega tem oferecido oportunidades atraentes para os talentos mais brilhantes do setor que através da ampliação das exportações de petróleo e gás para o mundo, da sua economia saudável e com uma substancial riqueza acumulada, nos levam a crer que a Noruega irá permanecer entre os países mais ricos do mundo por muito tempo, o que os contemplam com um futuro favoravelmente próspero e previsível.