Os economistas
vêm apontando para um momento de dificuldades para o ano que vem. Assim, quem
vencer as eleições de outubro precisará iniciar reformas severas para conter uma
crise desnecessária plantada nesta última década.
Os motivos são muitos. Empresários, economistas e
pensadores da economia estão ligados aos equívocos cometidos pelo governo
federal, resultado da “nova matriz econômica” — como ficou conhecida a
política econômica adotada pela presidente Dilma Rousseff, em 2011.
Os
sinais são sentidos por profissionais, investidores, economistas, empresários,
e população em geral, visto que quem sente os efeitos mais severos do mau
momento econômico é o povo.
O
consumo das famílias vive um momento de desaceleração, tanto pelo fim dos
programas de incentivo ao consumo quanto pela menor oferta de crédito. Provém
daí parte da insatisfação que gerou os protestos iniciados no ano passado e
endossados pelo início da Copa mais cara do Mundo. Isso acontece porque temos
uma população até então acostumada a deter o poder de consumo que fazia girar a
economia do país. O governo criou essa prerrogativa e reside aí uma parte dos
equívocos dessa “nova matriz econômica”.
Aliado
à retração da indústria, à inflação e à baixa taxa de investimentos, criou um
cenário de crescimento baixo. Em 2013, por exemplo, o Brasil cresceu 2,5%.
Média menor do que a apresentada pelo mundo (3%), pelos países emergentes
(4,7%) e pela própria América Latina (2,7%). Não obstante, as projeções do
último Boletim Focus apontam que o Brasil crescerá apenas 0,79% em 2014,
fechando o governo Dilma com um crescimento médio de 1,5%, menor resultado dos
últimos 20 anos.
Para
o final deste ano, as previsões também não são animadoras, devido ao cenário
pessimista demonstrado pelo setor de serviços, em função do comércio e de
serviços da informação. Afora isso, a indústria também deve recuar ainda mais,
em virtude da indústria de transformação (que transforma matéria-prima em
produto final) e da construção civil, que sofre, entre outros motivos, com a
desaceleração do crédito imobiliário.
A
inflação fechou 2013 em 5,9%, bem acima da meta de inflação determinada pelo
Conselho Monetário Nacional de 4,5% e acima também da “meta informal” do Banco
Central (BC), que foi de 5,84%. Em maio, a inflação (em 12 meses) foi de 6,4%,
e, segundo o último relatório Focus, deve encerrar este ano em 6,5%, no topo do
intervalo de tolerância.
O
controle de preços governamental fez com que a inflação dos preços administrados
fosse de “apenas” 1,5%, enquanto a inflação dos preços livres está acima de 7%.
A título de comparação, em 2012, a inflação dos administrados foi de 3,7%, e
dos livres foi de 6,6%. À primeira vista, esse controle parece benéfico.
Contudo, a redução drástica do preço de alguns produtos, como aconteceu com a
energia elétrica, cria uma bola de neve que irá estourar no futuro, pois cria
dívidas que serão pagas pelo povo e tudo indica que essa bolha estourará no ano
que vem. É simples entender: compare com uma empresa, “se ela começar a vender
produtos abaixo do preço de custo ela quebra. Já o governo não quebra, ele
emite moeda e títulos das suas dívidas, que o povo irá pagar no futuro.” Um dos problemas da inflação alta é que ela aumenta a
incerteza de longo prazo e dificulta a obtenção de financiamento em condições
adequadas para toda a economia.
Além
da inflação a falta de confiança na economia brasileira faz com que a taxa de
investimentos seja menor. Sem investimentos não há melhorias no parque
industrial e setores vitais da economia. Em comparação com outros países da
América Latina, por exemplo, o Brasil está muito abaixo quando o assunto são
investimentos. Em 2013, a taxa de investimentos brasileira foi de
aproximadamente 18% do PIB. Em contrapartida, o mundo investiu 24,5%, os países
emergentes 32,2% e a América Latina 21,3%. Países como Chile (24%), Colômbia
(24,2%), México (22,2%) e Peru (27,6%), têm níveis bastante superiores aos
brasileiros.
Outro
fator que prejudica o crescimento econômico é a dificuldade para se negociar no
Brasil que limita os mecanismos de investimento. É preciso recuperar a
confiança do empresariado com regras mais claras que não mudem frequentemente.
A
alta tributação é outro fato que traz dificuldades para a poupança interna
brasileira que é baixíssima, (12,7%), o que também influencia nos
investimentos. Por que, então, a nossa poupança é tão baixa? Porque a
tributação no México é de 23%, na Colômbia de 28%, no Peru de 21%, no Chile de
24%. Uma média de 24,4%. No Brasil é de 37,7%. A média do PIB per capita nesses
países é de 13,7% e no Brasil é de 11,7%. Ou seja, não sobra nem para as
empresas nem para os indivíduos a capacidade de poupar.
A
falta de crescimento brasileira é gritante. Por exemplo, a participação no PIB
da previdência na China é de 2%. No Brasil, é de 12%.
O
chamado Custo Brasil — um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e
econômicas prejudica o investimento no Brasil e é um dos fatores que
comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional,
dificultando o comércio exterior.
A
política protecionista do governo caracterizada como
“nacional-desenvolvimentismo” gera efeitos negativos, já que torna as empresas
menos competitivas e ineficientes, provocando distorções na economia e gastos
públicos desnecessários. Assim, os gastos do governo brasileiro, em relação ao
PIB, ficam na casa dos 19%, enquanto os investimentos estão em 1,3%.
O
Brasil ainda é um país muito fechado, o que traduz um erro ideológico do
governo central. Proteger a indústria e o trabalhador nacionais é uma largada para
o atraso. Para se ter uma idéia, o nível de abertura do Brasil é de 21%,
enquanto em países como o Peru é de 44%; no Chile é de 57%; na Colômbia é de
32% e no México é de 63%. Em realidade há muita ideologia e pouca criatividade.
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