O
número de trabalhadores na indústria recuou 3,6% em julho na comparação a julho
do ano passado, a maior queda desde novembro de 2009. A piora foi generalizada.
Em todos os setores o nível de emprego caiu. Em 14 regiões pesquisadas pelo IBGE e em 15 setores,
dos dezoito pesquisados na indústria a queda foi flagrante.
Estes
dados refletem, naturalmente, a situação da economia e o momento de dúvidas e
incertezas em relação à sucessão presidencial.
Assim,
a indústria parou de investir. A onda de consumo de eletrodomésticos está
caindo, a onda de compra de carros já passou e as montadoras estão dando férias
coletivas ou demitindo seus funcionários. Alguns setores estão, definitivamente,
fechando e vem caindo as compras de produtos importados.
Há
certa resistência ao desemprego em setores ligados ao pré-sal, mercado digital, tecnologia da informação e setores
de alimentos, mas,
eletrodomésticos, televisores, móveis, etc., o desempenho vai mal.
Grandes
setores da indústria estão refletindo o momento de incertezas e de recessão, retraindo
os seus investimentos, com reflexos em demissões de pessoal, no elevado nível de
estoques indesejados, que vai desaguando na diminuição de cargos e postos de
trabalho.
Especialistas
acreditam que quem está empregado já pode colocar as barbas de molho, pois, em
realidade a coisa está realmente preta e escamoteada com a retenção dos preços de
combustíveis e energia elétrica, administrados pelo governo, até as eleições.
Outros
especialistas, que concordam também, que o país passa por recessão, dizem que muitas
pessoas se iludem ouvindo os conselhos indignos de quem governa o país para que,
enfeite a sua casa, compre coisas para a sua casa, compre televisores, sofás,
geladeiras e tal, no sentido de estimular compras, se esquecendo que isto trás
endividamento das famílias, ancorados em programas governamentais que doam casas
e não estimulam a dignidade e o esforço das próprias famílias em trabalhar para
conseguir atender as suas necessidades através de seu próprio esforço e de seu
próprio mérito.
Tudo
isto resulta em que as famílias brasileiras estão super endividadas e 66% delas
estão dependuradas em algum tipo de dívida. Vejam bem: 66% das famílias estão
com dívidas e estão convivendo agora com dívidas e o desemprego. Onde iremos
parar? Pesquisas apontam que existem mais de 55 milhões de brasileiros
endividados no país. Isto é um número assustador!
O
país está realmente numa situação difícil a qual os economistas chamam de “estagflação”,
ou seja, estagnação econômica associada à inflação alta. Por outro lado, o baixo
crescimento econômico do Brasil nos últimos anos foi movido ao mercado interno.
A
presidente Dilma tem falado em crise internacional, mas o mercado internacional
brasileiro representa 20% do PIB do país, isto é o que está ligado a exportação.
O grosso de nosso PIB se refere aos outros 80% do mercado interno, que depende,
exclusivamente, da gestão governamental, diga-se de passagem, ruim.
Em
função da má gestão governamental temos tido inflação alta e juros elevados, porque
tardiamente o governo central teve que se curvar ao aumento de juros para
combater a inflação, acrescido do elevado nível de endividamento das famílias e
também de 3,5 milhões de empresas.
Interessante
comentar que esse crescimento baixo que temos tido, aconteceu artificialmente,
quando o governo se utilizou da base de isenção de impostos que, simplesmente, gerou
um buraco de R$280 bilhões no caixa da nação, desde os últimos 5 anos o qual
foi implantado, o que os economistas chamam de “renúncia fiscal”, ou seja,
impostos que o governo deixa de arrecadar para beneficiar a indústria
automobilística e de eletrodomésticos, ao mesmo tempo em que exerce uma tremenda
transferência de renda através do programa “Bolsa Família” às famílias que nem
sempre são realmente carentes, sem que cobre de seu beneficiário uma
contrapartida de promessa de trabalho de quem recebe o benefício.
O
programa Minha Casa Melhor distribui R$ 5 mil às famílias cadastradas para
comprar móveis, etc. Mais uma vez o artificialismo de aquecimento de consumo sem
que isto partisse de uma base de renda através do trabalho das pessoas. Porém,
o ciclo se esgotou.
O
governo não tem mais munição para manter este tipo de artifício. Tudo isto
trouxe apenas endividamento das famílias e inflação alta. Com isto o governo
está estourando e maquiando todas as suas contas, levando o país para a
recessão. Sem novos caminhos, esse processo não nos deixa nenhuma perspectiva
no curto prazo e médio prazo para reversão da situação.
Em
um processo de recessão, o emprego é o primeiro a sofrer os impactos, pois, em
geral, os empresários, não diminuem suas margens de lucro, e certamente irão se
valer da demissão de funcionários para equilibrar o seu orçamento.
A
situação da indústria também é ruim pela concorrência dos produtos
industrializados importados, principalmente, da China. Imaginem se não houvesse
essa concorrência dos produtos estrangeiros, a inflação seria ainda mais elevada
pelo simples fato de que não teríamos produtos suficientes no mercado para
atender aos consumidores brasileiros, o que, invariavelmente, faria os preços
subirem ainda mais.
A
indústria acaba sofrendo por todos os lados, pois, quando você diminui o
consumo, o comerciante não vende e não faz encomendas à indústria, a indústria
não produz, não produzindo tende a dar férias a seus empregados, depois da volta
das férias, o funcionário normalmente é demitido. Vira um efeito cascata.
O Brasil, ao longo do tempo e em diferentes momentos, ao desprezar
a educação formal, o ensino profissional e a pesquisa, limitou a modernização
do país, aniquilou a competitividade e, em conseqüência disso, perdeu a visão
do desenvolvimento econômico, auto-sustentável, como projeto permanente. Perdeu
o seu tempo, ao crescer marginalmente, nos últimos anos. Aceitou, assim, a
mediocridade do subdesenvolvimento imposto por sistemas e hábitos políticos que
dominam o Poder Executivo e toda a vida nacional, com visão personalista,
cartorial, eleitoreira e de curto prazo.
Nesse quadro, dificilmente se pode esperar, em curto e médio
prazo, o benefício de reformas político-institucionais macroeconômicas, capazes
de aliviar o peso absurdo do Estado brasileiro sobre a sociedade, e abrir
caminho para a modernização e a desburocratização do país, condição para
alcançar maior capacitação competitiva, que estimule o crescimento econômico e
viabilize a desejada inserção internacional como instrumento da sustentação do
crescimento e não fator para o seu aviltamento.
Assim, governos
que mentem para o público o tempo todo acabam mais cedo ou mais tarde mentindo
para si mesmos e, pior ainda, acreditando nas mentiras que dizem; o resultado é
que sempre chegam a uma situação em que não sabem mais fazer a diferença entre
o que é verdadeiro e o que é falso.
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