terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Economia e o Emprego

O número de trabalhadores na indústria recuou 3,6% em julho na comparação a julho do ano passado, a maior queda desde novembro de 2009. A piora foi generalizada. Em todos os setores o nível de emprego caiu.  Em 14 regiões pesquisadas pelo IBGE e em 15 setores, dos dezoito pesquisados na indústria a queda foi flagrante.
Estes dados refletem, naturalmente, a situação da economia e o momento de dúvidas e incertezas em relação à sucessão presidencial.
Assim, a indústria parou de investir. A onda de consumo de eletrodomésticos está caindo, a onda de compra de carros já passou e as montadoras estão dando férias coletivas ou demitindo seus funcionários. Alguns setores estão, definitivamente, fechando e vem caindo as compras de produtos importados.
Há certa resistência ao desemprego em setores ligados ao pré-sal, mercado digital, tecnologia da informação e setores de alimentos, mas, eletrodomésticos, televisores, móveis, etc., o desempenho vai mal.
Grandes setores da indústria estão refletindo o momento de incertezas e de recessão, retraindo os seus investimentos, com reflexos em demissões de pessoal, no elevado nível de estoques indesejados, que vai desaguando na diminuição de cargos e postos de trabalho.
Especialistas acreditam que quem está empregado já pode colocar as barbas de molho, pois, em realidade a coisa está realmente preta e escamoteada com a retenção dos preços de combustíveis e energia elétrica, administrados pelo governo, até as eleições.  
Outros especialistas, que concordam também, que o país passa por recessão, dizem que muitas pessoas se iludem ouvindo os conselhos indignos de quem governa o país para que, enfeite a sua casa, compre coisas para a sua casa, compre televisores, sofás, geladeiras e tal, no sentido de estimular compras, se esquecendo que isto trás endividamento das famílias, ancorados em programas governamentais que doam casas e não estimulam a dignidade e o esforço das próprias famílias em trabalhar para conseguir atender as suas necessidades através de seu próprio esforço e de seu próprio mérito.  
Tudo isto resulta em que as famílias brasileiras estão super endividadas e 66% delas estão dependuradas em algum tipo de dívida. Vejam bem: 66% das famílias estão com dívidas e estão convivendo agora com dívidas e o desemprego. Onde iremos parar? Pesquisas apontam que existem mais de 55 milhões de brasileiros endividados no país. Isto é um número assustador!
O país está realmente numa situação difícil a qual os economistas chamam de “estagflação”, ou seja, estagnação econômica associada à inflação alta. Por outro lado, o baixo crescimento econômico do Brasil nos últimos anos foi movido ao mercado interno.
A presidente Dilma tem falado em crise internacional, mas o mercado internacional brasileiro representa 20% do PIB do país, isto é o que está ligado a exportação. O grosso de nosso PIB se refere aos outros 80% do mercado interno, que depende, exclusivamente, da gestão governamental, diga-se de passagem, ruim.  
Em função da má gestão governamental temos tido inflação alta e juros elevados, porque tardiamente o governo central teve que se curvar ao aumento de juros para combater a inflação, acrescido do elevado nível de endividamento das famílias e também de 3,5 milhões de empresas.
Interessante comentar que esse crescimento baixo que temos tido, aconteceu artificialmente, quando o governo se utilizou da base de isenção de impostos que, simplesmente, gerou um buraco de R$280 bilhões no caixa da nação, desde os últimos 5 anos o qual foi implantado, o que os economistas chamam de “renúncia fiscal”, ou seja, impostos que o governo deixa de arrecadar para beneficiar a indústria automobilística e de eletrodomésticos, ao mesmo tempo em que exerce uma tremenda transferência de renda através do programa “Bolsa Família” às famílias que nem sempre são realmente carentes, sem que cobre de seu beneficiário uma contrapartida de promessa de trabalho de quem recebe o benefício.
O programa Minha Casa Melhor distribui R$ 5 mil às famílias cadastradas para comprar móveis, etc. Mais uma vez o artificialismo de aquecimento de consumo sem que isto partisse de uma base de renda através do trabalho das pessoas. Porém, o ciclo se esgotou.
O governo não tem mais munição para manter este tipo de artifício. Tudo isto trouxe apenas endividamento das famílias e inflação alta. Com isto o governo está estourando e maquiando todas as suas contas, levando o país para a recessão. Sem novos caminhos, esse processo não nos deixa nenhuma perspectiva no curto prazo e médio prazo para reversão da situação.
Em um processo de recessão, o emprego é o primeiro a sofrer os impactos, pois, em geral, os empresários, não diminuem suas margens de lucro, e certamente irão se valer da demissão de funcionários para equilibrar o seu orçamento.
A situação da indústria também é ruim pela concorrência dos produtos industrializados importados, principalmente, da China. Imaginem se não houvesse essa concorrência dos produtos estrangeiros, a inflação seria ainda mais elevada pelo simples fato de que não teríamos produtos suficientes no mercado para atender aos consumidores brasileiros, o que, invariavelmente, faria os preços subirem ainda mais.
A indústria acaba sofrendo por todos os lados, pois, quando você diminui o consumo, o comerciante não vende e não faz encomendas à indústria, a indústria não produz, não produzindo tende a dar férias a seus empregados, depois da volta das férias, o funcionário normalmente é demitido. Vira um efeito cascata.
O Brasil, ao longo do tempo e em diferentes momentos, ao desprezar a educação formal, o ensino profissional e a pesquisa, limitou a modernização do país, aniquilou a competitividade e, em conseqüência disso, perdeu a visão do desenvolvimento econômico, auto-sustentável, como projeto permanente. Perdeu o seu tempo, ao crescer marginalmente, nos últimos anos. Aceitou, assim, a mediocridade do subdesenvolvimento imposto por sistemas e hábitos políticos que dominam o Poder Executivo e toda a vida nacional, com visão personalista, cartorial, eleitoreira e de curto prazo.
Nesse quadro, dificilmente se pode esperar, em curto e médio prazo, o benefício de reformas político-institucionais macroeconômicas, capazes de aliviar o peso absurdo do Estado brasileiro sobre a sociedade, e abrir caminho para a modernização e a desburocratização do país, condição para alcançar maior capacitação competitiva, que estimule o crescimento econômico e viabilize a desejada inserção internacional como instrumento da sustentação do crescimento e não fator para o seu aviltamento.
Assim, governos que mentem para o público o tempo todo acabam mais cedo ou mais tarde mentindo para si mesmos e, pior ainda, acreditando nas mentiras que dizem; o resultado é que sempre chegam a uma situação em que não sabem mais fazer a diferença entre o que é verdadeiro e o que é falso.

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