quarta-feira, 3 de julho de 2013

Como as manifestações do povo brasileiro impactam em governos e empresas

O Brasil passa por um momento singular de protestos contra o status quo – estado atual das coisas no país, o qual as pessoas se perguntam como tudo isto começou, quais serão os seus desdobramentos e como isto tudo se acabará.
Na realidade é uma resposta sempre difícil de ser dada. Uns buscam momentos parecidos na história da humanidade, outras buscam respostas na história recente e as respostas são diversas.
Acontece que o país está diante de um momento novo e com a representatividade política caindo aos pedaços pela desfaçatez e a cara de pau dos políticos plantonistas.
Antes do movimento das ruas já existia uma insatisfação exacerbada que podia ser verificada nas rodas de amigos, dentro dos ônibus, etc., e o boca a boca já ecoava pelas reformas do país via povo. Agora com a ajuda da internet, o “twitter” e o “facebook” associado às palavras de ordem das ruas ninguém segura mais o processo de mudanças que virão sem piedade, oriundo das ruas.
O certo é que depois desses movimentos, a sociedade brasileira não será mais a mesma. Se já havia um crescente aumento da exigência e da crítica em todos os setores, após estes protestos em massa, os cidadãos serão mais críticos e muito mais exigentes, pois a sede de justiça e por mudanças é grande e as administrações públicas, acostumadas a olhar para si mesmas tem dificuldades em entender o clamor da sociedade que realmente acordou.
Mas como isso atinge o ambiente de negócios? A maior parte das empresas ainda não começou a considerar o impacto desses movimentos como uma nova variável em seu plano estratégico. Algumas até consideram o movimento como passageiro, ansiando pela volta à normalidade das relações de troca e consumo como tem sido há tempos. O Varejo e os Serviços são mais atentos à segurança, o setor industrial removerá algumas políticas de RH, mas em geral, o impacto dos movimentos ainda não foi visto como tendência, que pode rever as relações empresa – cliente, repensar compostos de marketing e ser refletido no ambiente de inovação.
Os movimentos populares, especialmente os pacíficos, contam com 80% de aprovação dos brasileiros, inclusive da imprensa que também demorou muito para perceber a força do movimento e do momento de mudanças requerido. É moda, engajar-se e protestar, caminhar pelas ruas, exigir melhores condições de praticamente tudo. Essa aceitação tácita dos movimentos faz com que a sociedade incorpore também os pleitos de melhoria de serviços, que em muitos casos são decorrentes da atividade empresarial, contra a qual também há muitos protestos. E é aí que as figuras do cidadão e do consumidor começam a convergir.
Se de um lado, os protestos se iniciaram contra os diferentes níveis de Governo em suas funções essenciais de provedores de serviços públicos, de outro, uma grande parte desses serviços é prestada por empresas, muitas delas privadas, que em nome do Poder Público e em nome do próprio empreendedorismo, ocupam espaços e exercem o papel de prestadores de serviços dos quais, os protestos também têm sido direcionados.
Os serviços públicos, os quais, a iniciativa privada atua, ou que a sociedade entenda que são obrigações do Governo, é oferecido por empresas que atuam sob concessão, regulamentação ou fiscalização dos governos, e que, em nome do lucro eventualmente auferido, essas empresas acabam por ser entendidas como culpadas por alguma insatisfação do cidadão/consumidor. Sob a alcunha de “Poder Econômico” o próprio Governo, convenientemente, atribui às empresas, as falhas que em uma análise mais detida, são resultantes de um círculo vicioso que envolve processos não transparentes e pouco seguros de planejamento, contratação e entrega desses serviços ao empresariado.
Melhor seria se as empresas tivessem liberdade de prestar serviços de maneira adequada, por meio de regulação clara e pública, de existência de concorrência e da fiscalização por órgãos de terceira parte, politicamente isentos e que os Governos exercessem seu papel regulador e fiscalizador, atuando sempre que necessário, de modo transparente e aberto.
As empresas precisam se voltar às análises estratégicas e procurar entender que o consumidor mudou mais uma vez, tornou-se mais exigente, mais atento a detalhes e que acredita agora que sua insatisfação trará consequências ao mercado.

Este é um grande momento para que partidos políticos, governos e empresas se apropriem de um processo de inovações, responsabilidades e honestidade ao qual procurem se especializar em entender e, principalmente, atender este novo cidadão/consumidor de serviços públicos e privados com um atendendo cada vez melhor, ou seja, de alta qualidade.

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