O
Brasil passa por um momento singular de protestos contra o status quo – estado
atual das coisas no país, o qual as pessoas se perguntam como tudo isto começou,
quais serão os seus desdobramentos e como isto tudo se acabará.
Na
realidade é uma resposta sempre difícil de ser dada. Uns buscam momentos
parecidos na história da humanidade, outras buscam respostas na história
recente e as respostas são diversas.
Acontece
que o país está diante de um momento novo e com a representatividade política
caindo aos pedaços pela desfaçatez e a cara de pau dos políticos plantonistas.
Antes
do movimento das ruas já existia uma insatisfação exacerbada que podia ser
verificada nas rodas de amigos, dentro dos ônibus, etc., e o boca a boca já
ecoava pelas reformas do país via povo. Agora com a ajuda da internet, o “twitter”
e o “facebook” associado às palavras de ordem das ruas ninguém segura mais o
processo de mudanças que virão sem piedade, oriundo das ruas.
O
certo é que depois desses movimentos, a sociedade brasileira não será mais a
mesma. Se já havia um crescente aumento da exigência e da crítica em todos os
setores, após estes protestos em massa, os cidadãos serão mais críticos e muito
mais exigentes, pois a sede de justiça e por mudanças é grande e as
administrações públicas, acostumadas a olhar para si mesmas tem dificuldades em
entender o clamor da sociedade que realmente acordou.
Mas
como isso atinge o ambiente de negócios? A maior parte das empresas ainda não
começou a considerar o impacto desses movimentos como uma nova variável em seu
plano estratégico. Algumas até consideram o movimento como passageiro, ansiando
pela volta à normalidade das relações de troca e consumo como tem sido há tempos.
O Varejo e os Serviços são mais atentos à segurança, o setor industrial removerá
algumas políticas de RH, mas em geral, o impacto dos movimentos ainda não foi
visto como tendência, que pode rever as relações empresa – cliente, repensar
compostos de marketing e ser refletido no ambiente de inovação.
Os
movimentos populares, especialmente os pacíficos, contam com 80% de aprovação dos
brasileiros, inclusive da imprensa que também demorou muito para perceber a
força do movimento e do momento de mudanças requerido. É moda, engajar-se e
protestar, caminhar pelas ruas, exigir melhores condições de praticamente tudo.
Essa aceitação tácita dos movimentos faz com que a sociedade incorpore também
os pleitos de melhoria de serviços, que em muitos casos são decorrentes da
atividade empresarial, contra a qual também há muitos protestos. E é aí que as
figuras do cidadão e do consumidor começam a convergir.
Se
de um lado, os protestos se iniciaram contra os diferentes níveis de Governo em
suas funções essenciais de provedores de serviços públicos, de outro, uma
grande parte desses serviços é prestada por empresas, muitas delas privadas,
que em nome do Poder Público e em nome do próprio empreendedorismo, ocupam
espaços e exercem o papel de prestadores de serviços dos quais, os protestos
também têm sido direcionados.
Os
serviços públicos, os quais, a iniciativa privada atua, ou que a sociedade
entenda que são obrigações do Governo, é oferecido por empresas que atuam sob
concessão, regulamentação ou fiscalização dos governos, e que, em nome do lucro
eventualmente auferido, essas empresas acabam por ser entendidas como culpadas
por alguma insatisfação do cidadão/consumidor. Sob a alcunha de “Poder
Econômico” o próprio Governo, convenientemente, atribui às empresas, as falhas
que em uma análise mais detida, são resultantes de um círculo vicioso que
envolve processos não transparentes e pouco seguros de planejamento,
contratação e entrega desses serviços ao empresariado.
Melhor
seria se as empresas tivessem liberdade de prestar serviços de maneira
adequada, por meio de regulação clara e pública, de existência de concorrência
e da fiscalização por órgãos de terceira parte, politicamente isentos e que os
Governos exercessem seu papel regulador e fiscalizador, atuando sempre que
necessário, de modo transparente e aberto.
As
empresas precisam se voltar às análises estratégicas e procurar entender que o
consumidor mudou mais uma vez, tornou-se mais exigente, mais atento a detalhes
e que acredita agora que sua insatisfação trará consequências ao mercado.
Este
é um grande momento para que partidos políticos, governos e empresas se apropriem
de um processo de inovações, responsabilidades e honestidade ao qual procurem se
especializar em entender e, principalmente, atender este novo cidadão/consumidor
de serviços públicos e privados com um atendendo cada vez melhor, ou seja, de
alta qualidade.
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