Nos
últimos meses a economia norte-americana vem dando sinais de melhora. Dados do
mercado de trabalho, o chamado “payroll”, vem mostrando um crescimento na criação
de empregos no mercado formal de trabalho. Assim o nível de emprego vem rodando
num nível mais alto, mais consistente com a recuperação da economia nos Estados
Unidos.
Essa
melhora faz com que alguns integrantes do Comitê de Política Monetária do FED
(Banco Central dos Estados Unidos) comessem a sinalizar que o comitê pode diminuir
o ritmo de estímulos monetários na economia norte-americana.
Atualmente,
o FED compra por mês US$ 85 bilhões em títulos da dívida americana e a
indicação é que nos próximos trimestres, se a economia continuar melhorando,
eles poderiam reduzir esse ritmo de compra de ativos, diminuindo o volume de
dólar em circulação no país e, consequentemente, no mundo.
Agências
de acompanhamento das políticas mundiais começam a projetar qual o período mais
adequado para que o Banco Central Americano comece a fazer este movimento de compra
de ativos. Agências apostavam que este início deveria ser no finalzinho de
dezembro, porém o “call” tem sido alterado para setembro, como uma data mais
provável para a redução dos estímulos monetários pelo FED, caso a economia
consiga evoluir em linha com o mercado.
Essa
indicação do FED de reduzir o estímulo monetário já apresentou um impacto
bastante relevante nas moedas ao redor do mundo. Assim, se o FED faz menos
estímulos monetários isso provoca um fortalecimento do dólar, fazendo depreciar
todas as outras moedas do planeta.
As
moedas de mercados emergentes e todos os países da América latina depreciaram bem
as suas moedas ante ao dólar, no último mês.
Se
a gente olhar a moeda da economia brasileira, o real, ela já se depreciou de cerca
de R$2,00 por dólar no início do mês passado para este mês e agora está rodando
entre R$2,10 e R$2,15 por dólar, que é uma depreciação significativa do real. E
ontem dia 10/06 a moeda americana fechou em R$2,148, após chegar a C$2,16 por
dólar e fazer com que o Banco Central brasileiro entrasse operando em mercado
vendendo dólar.
Mesmo
assim, a moeda norte-americana continuou pressionada, a partir da decisão da
agência de classificação de risco “Standard & Poor's” de melhorar a perspectiva da nota
de crédito dos Estados Unidos,
alimentando expectativas ainda maiores de que o banco central do país comece a
diminuir seu estímulo monetário.
Qual
é o problema da moeda brasileira se depreciar (desvalorizar)? O problema é na
inflação. A inflação brasileira está, rodando num nível alto, já faz algum
tempo, perto da meta do teto da banda do banco central em torno de 6,5%. Isso
quer dizer que tem pouco espaço para a depreciação do câmbio. Quando a taxa de
câmbio se deprecia, isso coloca mais pressão na inflação, elevam-se os preços
de produtos importados pela economia brasileira, baixa preços das “comodities
brasileiras” em reais destinadas ao exterior, sobem os custos na economia brasileira
como um todo colocando mais pressão na inflação que já está alta.
Por
causa desse pouco espaço que o governo tem para a taxa de cambio se depreciar analistas,
acreditam que o banco Central e o governo vão fazer intervenções no mercado de
cambio para trazer o real de novo a um nível mais baixo, procurando justamente
o inverso, apreciar (valorizar) a moeda brasileira artificialmente.
Projeções
de analistas dão conta de que a taxa de cambio vai terminar este ano e evoluir
no ano que vem em torno de R$2,05 e R$2,10 por dólar ou com um nível um pouco
mais apreciado que diminua um pouco mais os riscos inflacionários.
Esse
risco de inflação, esse problema de não ter espaço para depreciar a taxa de
cambio não acontece em todos os países emergentes. Olhando, por exemplo, para outros
países na América Latina como México, Chile, Colômbia e Peru. Esses países
estão com inflação um pouco mais baixa nos últimos anos e nos últimos meses a
inflação nestes países vem caindo, portanto, deixando este conjunto de países com
uma situação bastante confortável do lado da inflação e, portanto, permitindo,
pelo menos, no curto prazo uma depreciação maior na taxa de câmbio, ao
contrário do que o Brasil poderia permitir.
O
governo tem mostrado uma preocupação tardia com a inflação, o Banco Central
acelerou o ritmo de alta dos juros na ultima reunião do COPON com aumento de 50
pontos base, justamente para lutar contra estas pressões inflacionárias.
Com esta intervenção do Banco Central ontem dia 10,
ficou claro que essa atual taxa (do dólar) não interessa ao governo, porque
ela anularia o esforço do aumento na taxa de juros (a taxa selic) para 8% na
intenção de controlar a inflação.
O xadrez do mundo globalizado é assim mesmo
mexem por lá prejudica pelo lado de cá. Portanto, é preciso mais competência
governamental para dirigir a economia brasileira.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário