quarta-feira, 12 de junho de 2013

Entendendo o Mercado de Câmbio e seu impacto na economia

Nos últimos meses a economia norte-americana vem dando sinais de melhora. Dados do mercado de trabalho, o chamado “payroll”, vem mostrando um crescimento na criação de empregos no mercado formal de trabalho. Assim o nível de emprego vem rodando num nível mais alto, mais consistente com a recuperação da economia nos Estados Unidos.
Essa melhora faz com que alguns integrantes do Comitê de Política Monetária do FED (Banco Central dos Estados Unidos) comessem a sinalizar que o comitê pode diminuir o ritmo de estímulos monetários na economia norte-americana.
Atualmente, o FED compra por mês US$ 85 bilhões em títulos da dívida americana e a indicação é que nos próximos trimestres, se a economia continuar melhorando, eles poderiam reduzir esse ritmo de compra de ativos, diminuindo o volume de dólar em circulação no país e, consequentemente, no mundo.
Agências de acompanhamento das políticas mundiais começam a projetar qual o período mais adequado para que o Banco Central Americano comece a fazer este movimento de compra de ativos. Agências apostavam que este início deveria ser no finalzinho de dezembro, porém o “call” tem sido alterado para setembro, como uma data mais provável para a redução dos estímulos monetários pelo FED, caso a economia consiga evoluir em linha com o mercado.
Essa indicação do FED de reduzir o estímulo monetário já apresentou um impacto bastante relevante nas moedas ao redor do mundo. Assim, se o FED faz menos estímulos monetários isso provoca um fortalecimento do dólar, fazendo depreciar todas as outras moedas do planeta.
As moedas de mercados emergentes e todos os países da América latina depreciaram bem as suas moedas ante ao dólar, no último mês.
Se a gente olhar a moeda da economia brasileira, o real, ela já se depreciou de cerca de R$2,00 por dólar no início do mês passado para este mês e agora está rodando entre R$2,10 e R$2,15 por dólar, que é uma depreciação significativa do real. E ontem dia 10/06 a moeda americana fechou em R$2,148, após chegar a C$2,16 por dólar e fazer com que o Banco Central brasileiro entrasse operando em mercado vendendo dólar.
Mesmo assim, a moeda norte-americana continuou pressionada, a partir da decisão da agência de classificação de risco “Standard & Poor's” de melhorar a perspectiva da nota de crédito dos Estados Unidos, alimentando expectativas ainda maiores de que o banco central do país comece a diminuir seu estímulo monetário.
Qual é o problema da moeda brasileira se depreciar (desvalorizar)? O problema é na inflação. A inflação brasileira está, rodando num nível alto, já faz algum tempo, perto da meta do teto da banda do banco central em torno de 6,5%. Isso quer dizer que tem pouco espaço para a depreciação do câmbio. Quando a taxa de câmbio se deprecia, isso coloca mais pressão na inflação, elevam-se os preços de produtos importados pela economia brasileira, baixa preços das “comodities brasileiras” em reais destinadas ao exterior, sobem os custos na economia brasileira como um todo colocando mais pressão na inflação que já está alta.
Por causa desse pouco espaço que o governo tem para a taxa de cambio se depreciar analistas, acreditam que o banco Central e o governo vão fazer intervenções no mercado de cambio para trazer o real de novo a um nível mais baixo, procurando justamente o inverso, apreciar (valorizar) a moeda brasileira artificialmente.
Projeções de analistas dão conta de que a taxa de cambio vai terminar este ano e evoluir no ano que vem em torno de R$2,05 e R$2,10 por dólar ou com um nível um pouco mais apreciado que diminua um pouco mais os riscos inflacionários.
Esse risco de inflação, esse problema de não ter espaço para depreciar a taxa de cambio não acontece em todos os países emergentes. Olhando, por exemplo, para outros países na América Latina como México, Chile, Colômbia e Peru. Esses países estão com inflação um pouco mais baixa nos últimos anos e nos últimos meses a inflação nestes países vem caindo, portanto, deixando este conjunto de países com uma situação bastante confortável do lado da inflação e, portanto, permitindo, pelo menos, no curto prazo uma depreciação maior na taxa de câmbio, ao contrário do que o Brasil poderia permitir.
O governo tem mostrado uma preocupação tardia com a inflação, o Banco Central acelerou o ritmo de alta dos juros na ultima reunião do COPON com aumento de 50 pontos base, justamente para lutar contra estas pressões inflacionárias.

Com esta intervenção do Banco Central ontem dia 10, ficou claro que essa atual taxa (do dólar) não interessa ao governo, porque ela anularia o esforço do aumento na taxa de juros (a taxa selic) para 8% na intenção de controlar a inflação.
O xadrez do mundo globalizado é assim mesmo mexem por lá prejudica pelo lado de cá. Portanto, é preciso mais competência governamental para dirigir a economia brasileira.


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