sábado, 26 de janeiro de 2013

México, nova ameaça ao Brasil

O desempenho modesto da economia brasileira tem levantado controvérsias entre os analistas nacionais e internacionais. E o questionamento mais contundente entre os especialistas é o de até quando o Brasil será a maior economia da América Latina? Para os economistas do banco japonês “Nomura” já há até uma data para que o Brasil seja desbancado dessa liderança: o ano de 2022.
De acordo com as previsões do banco “Nomura”, a economia do México, a segunda maior da região, poderá ultrapassar a do Brasil em uma década. A previsão do “Nomura” para 2012 é de um crescimento de 1,9% para o Brasil (previsões indicam que ficaremos com 0,9%) e de 3,7% para o México. Ao longo da próxima década, o banco “Nomura” prevê crescimento médio de 2,75% a 3,25% no Brasil e de 4,25% a 4,75% no México. Uma diferença bastante significativa.
Em 2011, enquanto o Brasil cresceu 2,7% produzindo riquezas da ordem de US$ 2,3 trilhões, o PIB mexicano se expandiu a uma taxa de 3,9%, produzindo US$ 1 trilhão. Mas nem sempre esse cenário prevaleceu. Em 2002, a economia mexicana era 37% superior a brasileira. Nos anos seguintes, com o crescimento acelerado da China e o aumento dos preços das commodities, o Brasil deu um salto, amparado também pelo aumento da oferta de crédito, que resultou em maior consumo.
Atualmente, o que se vê, é uma redução da demanda chinesa por commodities. Além disso, a queda de preço das matérias-primas também prejudica o desempenho da economia brasileira, que tem uma pauta de exportações baseada majoritariamente nesses produtos. E, com cerca de 60% das famílias brasileiras endividadas, será difícil que elas aumentem o consumo daqui para frente.
De acordo com analistas internacionais o México vem evoluindo de uma economia que produz produtos de baixo valor agregado para uma economia de fabricação de produtos de alta tecnologia.
O México está em melhor forma do que o Brasil por ter uma dívida menor, o governo desempenha um papel menor na economia e a inflação, aparentemente, esta mais controlada, do que a brasileira.
Conta positivamente ao México, a mão de obra mais barata do que a brasileira, muito pelas distorções crônicas da nossa economia que nem se quer está esboçada na mesa de decisões do atual governo.
Para consultores de mercados emergentes o destaque fica por conta de a China ser a grande parceira do Brasil e o México conta com os Estados Unidos como maior parceiro. Por outro lado, o setor de manufaturados e a indústria americana tem tido um bom desempenho, o que acarreta um bom desempenho para os mexicanos.
De tudo o que o México exporta, cerca de 80% vai para os Estados Unidos, sendo ainda os mexicanos o principal fornecedor de petróleo para os norte-americanos. Assim, o aumento da demanda por petróleo nos EUA beneficia largamente a economia do México como um todo.
O México possui uma carga tributária menor do que a brasileira e 30% dos impostos vêm do petróleo. Como a produção está caindo, o país terá que importar esse produto. Com isso, terá que aumentar a cobrança de impostos para compensar essa perda, o que tem impacto negativo sobre o crescimento.
Por outro lado o crescimento da economia americana continua lento, o que tem efeito maior sobre o desempenho do PIB mexicano. Essa proximidade oscila positivamente quando os EUA estão bem. E oscila negativamente nos momentos de crise dos norte-americanos. Em 2009, ano posterior à crise econômica que começou nos EUA, o PIB do México encolheu 6,5% exatamente por essa proximidade. Mas o México se recuperou rapidamente, usando medidas como corte de gastos governamentais, e cresceu 5,6% em 2010.
Para os economistas e especialistas internacionais, entre as vantagens do México sobre o Brasil estão os vários acordos comerciais que o país fechou diretamente com algumas nações, enquanto o Brasil se ateve a fechar acordos comerciais em bloco, apenas aqui no “Mercosul”.
Com esses acordos, o México exporta automóveis para diversos países, inclusive para o Brasil com vantagens fiscais. Os acordos fechados em bloco pelo Brasil produzem pouco efeito. O México tem políticas econômicas mais liberais que a brasileira e infelizmente temos tendido a intervencionismos pouco efetivos à economia brasileira.
O atual presidente do México, Enrique Peña Nieto, que venceu a eleição presidencial no ano passado prometendo reformas tem agora um longo caminho a percorrer atualizando o México com reformas necessárias e urgentes, entre elas no mercado de trabalho, que tem leis muito rígidas. Além disso, o novo presidente mexicano quer promover um crescimento anual de 6% ao ano fazendo reformas no mercado de trabalho, no setor petrolífero dominado pelo Estado, e na base tributária. Por aqui, o governo brasileiro tem anunciado uma série de medidas para impulsionar a indústria e proteger exportadores de uma taxa de câmbio forte, mas analistas criticam essas medidas pontuais e sem coordenação que efetivamente, não atacam problemas mais profundos como a alta carga tributária, dentre outros.

Um comentário:

  1. Muito boa análise, Sérgio. Aliás, como sempre o fazes. Eu gostaria, apenas, de ouvir de ti alguma sugestão para a nossa Nação em termos econômicos, que é a tua área, de modo que eu possa acompanhar melhor as demandas e ações governamentais. Grande abraço. João Alves/Londrina-PR.

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