Acompanhamos o crescimento da economia brasileira no ano passado que registrou um índice recorde de 7,5% do PIB (produção gerada por um país num determinado período de tempo). Financeiramente o PIB atingiu a marca de R$3,4 trilhões, gerando uma renda “per capita” (por pessoa), de R$ 10 mil.
Para que tudo isto acontecesse registra-se um excelente cenário internacional favorável aos países emergentes, onde se destaca a entrada em massa de consumidores asiáticos no mercado o que virou o jogo em favor de países como o Brasil. Este movimento gerou um salto nos preços de commodities (materiais básicos da economia) impulsionando a produção e as exportações brasileiras, proporcionando, que empresas como a Vale, Petrobrás, BRF, JBS-Friboi, Marfrig e Cosan se consolidassem como multinacionais líderes em seus setores.
Assim, países como a China estão de olho em nosso país. Mais precisamente em nossas fazendas, minas e empresas da cadeia de recursos naturais, o que, economicamente, não nos é conveniente, claro.
Porém, a economia, a ciência da escassez, nos cobra por isso. Não basta apenas pisar no acelerador. Temos que cuidar de dosar a aceleração. Ajustar nossos gargalos e trilhar o caminho dentro de nossas condições. Dentro de nosso contexto não desenvolvido como infra-estrutura, custo Brasil, educação, saúde, etc.
Sendo assim, é preciso fazer revisões. A primeira delas é no crescimento da economia, considerada em 4,5% para 2011 agora com previsão de apenas 3,6% em 2011 e de 3,8% em 2012.
Outro curso que preocupa é a escalada da inflação que infelizmente saiu de controle e está chegando aos salários, nos serviços e nos itens básicos de consumo como o pão de queijo, por exemplo. A previsão dos analistas para a inflação brasileira é de 6,3% para este ano, batendo no topo da meta que é de 6,5%. Para 2012 sugerem uma inflação de 5% com tendência de alta, ou seja, acima do mínimo da meta de 4,5%.
A taxa de juros é um capítulo à parte. Sendo a mais elevada do mundo, atrai como um imã, dólares que não encontram remunerações tão elevadas em seus países de origem e aportam por aqui à busca de ganhos elevados. Isso pressiona a nossa moeda que se valoriza em relação ao dólar e destrói nossa indústria que fica sem competitividade para exportação e pressiona nossa balança comercial gerando déficits no confronto entre recursos que entram com as exportações e recursos que saem com nossas importações, que em longo prazo pode se refletir no nível de empregos. Além de provocar desindustrialização em várias cadeias produtivas como as de eletroeletrônicos e têxteis, principalmente. A previsão para a taxa selic é de 12,5% até o fim do ano e de 11,75% para 2012.
Cabe aos empresários brasileiros sem guarida, buscarem um controle adequado dos custos empresariais para sobreviverem, já pensando no longo prazo quando da exploração do Pré-sal, onde a entrada de dólares será maior tornando o real ainda mais valorizado.
O câmbio tem previsão de R$1,55 por dólar para o final deste ano e de R$1,65 por dólar para 2.012, já que o governo parece estar mais condescendente com a valorização do real. No início se trabalhou com um dólar a R$1,70 – depois o governo tentou defender um dólar de R$1,65 e agora nas últimas semanas o governo aparentemente deixou escapar um pouco a taxa de câmbio e não parece que a taxa vá voltar imediatamente a um nível mais forte.
Para resolver todas essas questões é preciso saber qual o papel que o Brasil quer desempenhar no mundo e construí-lo. Sem rumos não é possível. Porém, esse debate parece longe de acontecer por aqui, enquanto a China se destaca por ter rumo e planejamento de longuíssimo prazo.
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