Este mês, ou mais precisamente, a partir dessa segunda-feira dia 13 de setembro os acionistas, e público em geral, podem fazer opção de compra das ações da Petrobrás.
Para quem vem acompanhando o mercado financeiro, as ações da Petrobrás vem sofrendo uma tremenda desvalorização, assim como o valor de mercado da estatal mista reflexo das indefinições da capitalização da empresa.
Cheio de incertezas quanto à base de calculo do preço do barril do petróleo dada por duas empresas especializadas, que através de estudos técnicos, deram valores totalmente opostos ao barril, assim mesmo a empresa optou por um preço médio que será aplicado no processo de capitalização. Deste modo, a definição sobre a capitalização da Petrobras pode ajudar as ações da companhia a reduzir parte das fortes perdas registradas nos últimos meses. No entanto, o prognóstico de longo prazo ainda é incerto.
No longo prazo, os especialistas concordam que é muito difícil prever o que vai acontecer com as cotações. Há muita indefinição no mercado sobre vários fatores essenciais para a formação do preço da ação, por exemplo, a cotação do petróleo no mercado internacional que é algo que oscila muito. Outra questão é de como será a produção de petróleo do pré-sal? Atualmente temos uma estimativa de produção. Mas nunca se procurou petróleo tão fundo antes na história. Então não se sabe, de fato, como será essa prospecção e qual será o resultado dela. Outra incógnita importante é de como será a atuação do governo à frente da Petrobrás.
Muitos questionam se faz algum sentido uma queda tão forte tanto dos papéis quanto do valor de mercado de uma empresa, com tão boas expectativas por conta da capitalização?
E a resposta é sim, pelo simples motivo de que a ação se comporta exatamente como o preço de uma alface na feira. Se existe muita alface sendo ofertada o preço cai, se falta alface o preço sobe. A expectativa conforma isso. A Petrobras pretende fazer uma enorme emissão de ações, então haveria sobra de ações no mercado. Portanto o preço da ação caiu. Essa é a justificativa.
Daí vem outro questionamento: o que deve fazer então o investidor nesse momento?
A resposta dos especialistas vem no seguinte sentido. Quem já é acionista da Petrobrás, ou quem já tem ações da empresa, ou participa de aplicações através dos recursos do FGTS nos fundos ligados à Petrobrás deve manter essas ações e se possível, se tiver condições financeiras para isso, deve sim participar da capitalização. Porque a idéia é a de que, quem não fizer isso, vai ser diluído, ou seja, sua participação na empresa vai diminuir muito de tamanho.
Aqueles que não possuem ações ainda ou está pensando em adquirir ações da Petrobrás como um investimento deverá esperar um pouco mais, pois há ainda muita indefinição. Não adianta surfar agora nessa alta que deve ser bastante expressiva, mas de curto prazo. Investir agora é bastante arriscado.
O investidor deve ficar atento e prestar a atenção quando começar a formação de preços da empresa que tem um nome bonito em inglês “book building” que é mais ou menos como uma pesquisa de mercado de um banco para saber quanto os investidores estão dispostos a pagar por um tipo de ação, daí se fecha um preço no final. O investidor deverá prestar a atenção também em quanto será esse preço, se vai ser muito acima ou não, da cotação atual da Petrobrás, assim como dos chamados “fatos relevantes da empresa” sobre os resultados os quais a Petrobrás vai começar a obter no pré-sal.
Não se pode esquecer que investimento em petróleo é algo de longuíssimo prazo, pois um campo petrolífero demora de 5 a 10 anos para se tornar plenamente operacional.
Para se entender o processo de capitalização da Petrobrás e porque ele é importante, o investidor ou o cidadão comum deve compreender que a empresa está diante da possibilidade de explorar um campo de petróleo que pode transformar o Brasil no terceiro ou quarto maior produtor de petróleo do mundo.
A dificuldade é que esse petróleo está a um “heverest” de profundidade. Ou seja, tem quatro mil metros de lâmina d’água e mais três mil metros de terra da crosta terrestre em sal, portanto, um petróleo que está muito no fundo. Além disso, nunca se extraiu petróleo tão profundo. Nunca houve um desafio tecnológico tão grande no mundo para se extrair petróleo. O detalhe é que existe muito petróleo, porém de difícil extração. Por isso, a Petrobrás para extrair todo esse petróleo precisará de recursos financeiros gigantescos. E dentro deste contexto deverá ser a maior oferta de ações de uma única empresa em todo o mundo, em toda a história empresarial.
Quanto aos cenários podemos dizer que no pior deles o que se pode imaginar é que o resultado do pré-sal vai ser muito aquém daquilo que se espera, mas não se imagina que a Petrobrás vai quebrar por conta desse processo. O que poderá acontecer é que a Petrobrás irá alocar uma quantidade imensa de recursos financeiros, fazer um esforço tremendo em novas tecnologias para extrair o petróleo do fundo do pré-sal e na hora da verdade se perceber que não tem tanto óleo assim ou o óleo é muito difícil de ser extraído e, por isso mesmo, muito caro, ou seja, acima da cotação média internacional. Isso deverá derrubar as cotações das ações da empresa, mas não será uma tragédia. Tornará um mau investimento para a empresa, com repercussões negativas, naturalmente, por um bom tempo nas cotações das ações.
Por outro lado, no melhor dos cenários, a Petrobrás se tornaria uma das maiores empresas produtoras de petróleo do mundo. Comparada às grandes petrolíferas americanas, às empresas árabes de petróleo ou até mesmo superar em larga escala a sua principal concorrente que é a Venezuelana PDVSA.
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