domingo, 6 de dezembro de 2009

Ética e Cidadania, uma prática a pensar…

Prezado leitor, diante de tudo o que vimos pelas imagens da tv, referentes aos acontecimentos na governança ou desgovernança no Distrito Federal, para ser bastante didático, e não dizer o que todos nós sabemos de nossos governantes, resolvi escrever um pouco sobre o tema Ética e Cidadania.
São conceitos interessantes, mutáveis com o tempo, mas a sua essência se faz através de nossos valores pessoais, que nos sustentam como pessoa, como grupo, como estado, e principalmente, como nação.
Não é uma tarefa fácil falar sobre esse assunto, pois o tema envolve uma teorização filosófica e que não permite palavras de entendimento rápido, pelo contrário, requer um pouco de atenção, um pouco de meditação, mas, ao acabarmos de ler sobre esse assunto, estaremos mais informados, mais leves e, principalmente, mais confortados ou desconfortados conosco mesmo, pois ao nos avaliarmos, em meio ao nosso cotidiano, em meio à sociedade a qual pertencemos, em meio ao relacionamento com nossos pares nesta mesma sociedade, com nossos filhos, com nossa família, em nossa escola, etc., faremos talvez, uma prestação de contas de nossos atos, conosco mesmo, se assim posso dizer.
Pois, bem, o que vem a ser ética então?
Ética deve ser entendida como reflexão, estudo, moral dos seres humanos cuja legitimação se baseia na sua racionalidade, já que é impossível uma vida social sem normas preestabelecidas para um convívio em harmonia. Assim, é através da discussão democrática de princípios da convivência humana, que poderá ser estabelecida em boas ou más condutas sociais e individuais, normas válidas para todos que vivem em sociedade a fim de alcançar a harmonia e felicidade humana.
A ética é importante para a boa estruturação de uma sociedade e a sua falta pode provocar a autodestruição dessa própria sociedade em mutação. Atualmente, a comunicação em massa, principalmente à televisão, é responsável por um processo de degradação social com a transformação de vários valores ligados à vida, e ao modo como as pessoas se relacionam. A televisão tornou-se mais influente na transmissão de conceitos éticos e formação das pessoas, principalmente das crianças, do que a escola ou mesmo a família. Interessante perceber como tudo na televisão é banal, banaliza-se a vida, a violência, o sexo, casamento, provocando assim, uma inversão de valores, que é prejudicial ao indivíduo e à sociedade. Para especialistas, faz-se necessário, não uma censura, mas um maior controle, para que seja veiculada uma programação de qualidade na televisão, pois ela tem servido como um grande potencial de formador de opinião. Não é difícil, portanto, perceber que os grandes apresentadores de programas em horários nobres, têm muito mais força política e social de influência, do que, os próprios políticos naturais eleitos, para não dizer os pais.
Antes de aprofundar a discussão, é preciso distinguir ética e moral. Embora se confundam, há um acordo entre os estudiosos de que essas palavras têm significados distintos. A moral é constituída pelos juízos de valor, costumes e crenças de um povo, enquanto a ética é o estudo da ação humana e de suas conseqüências.
Isso indica que a moral é formada pelos hábitos, pela forma de encarar a vida e pelos costumes de um povo. Por isso, a moral pode variar: o que é moralmente correto para um povo, pode não ser para outro. Severino afirmou que a moral "é o conjunto de prescrições vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a orientação do agir de todos os membros dessa sociedade" (SEVERINO, 1997).
O mesmo ocorre com a ética: ela evolui, é aperfeiçoada ao longo do tempo. Com as transformações históricas, surge a necessidade de transformações éticas. Sabemos que uma ação é injusta porque temos uma idéia de justiça construída e aperfeiçoada ao longo da história que nos habilita a julgá-la como tal. Assim, a escravidão foi considerada normal entre os gregos e entre os nossos colonizadores. Foram precisos séculos para que a escravidão fosse definitivamente abolida do planeta (ou, pelo menos, universalmente considerada como repugnante). Hoje em dia, não há país que defenda pública e oficialmente a escravidão: todos os povos sabem que a liberdade alheia deve ser respeitada. Isso mostra que o nosso ideal ético evolui ao longo da história.
Há, no entanto, valores que devem permanecer, pois são fundamentais para a sobrevivência da sociedade. A liberdade, o respeito à diferença, a indiscriminação, e a preservação ambiental, são exemplos de valores fundamentais para o nosso tempo, sem os quais colocamos o mundo em risco.
Infelizmente, a ética está em falta em nosso meio. Empresas, jornais, escolas e governos valorizam, cada vez mais, pessoas que se importam mais com o Ter do que com Ser.
Considerando a grande crise política que vive o mundo, a miséria de dois terços do planeta, a conduta irresponsável das grandes potências, a atual crise ecológica, além de vários outros fatores preocupantes, pode-se perceber que a ética, mais do que nunca, é essencial.
A ética não se reduz apenas a seu aspecto social, pois à medida que desenvolvemos nossa reflexão crítica passamos a questionar os valores herdados, para então decidir se aceitamos ou não às normas. A decisão de acatar uma determinada norma é sempre fruto de uma reflexão pessoal consciente, que pode ser chamada de interiorização. É essa interiorização das normas que qualifica um ato como sendo moral. Por exemplo: existe uma norma no código de trânsito que nos proíbe de buzinar diante de um hospital. Podemos cumpri-la por razões íntimas, pela consciência de que os doentes sofrem com isso. Nesse caso houve a interiorização da norma e o ato é um ato moral. Mas, se apenas seguimos a norma por medo das punições previstas pelo código de trânsito, não houve o processo de interiorização e meu ato escapa do campo moral.
Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de ética. A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana. A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos a-críticos da moral vigente.
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros, relações justas e aceitáveis. Via de regra, está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
Bem, mas cidadania, o que vem a ser?
Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação.
A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia, quando necessário, assim como, até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país. "A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos•".
A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada. Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser cônscio das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.
Assim, é importante que, estejamos prontos para discutir e refletir sobre a necessidade que a ética e a cidadania têm na formação de uma sociedade sadia.

Uma adaptação de Osmir A. Cruz.

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