O Brasil tem
avançado pouco em produtividade quando comparado aos países de primeiro mundo e
mesmo a seus concorrentes mais próximos.
Para temos uma ideia de como isso acontece basta verificar um estudo
recente da consultoria internacional “Conference Board” onde mostra que nos
anos 90, a produtividade brasileira correspondia a 25% da americana, e que quase
nada mudou em 30 anos. Ou seja, em 2016 cada brasileiro produziu, em média US$
30.265, contra US$ 121.260 de um americano.
A eficiência do
trabalho no Brasil está praticamente estagnada desde a década de 1980, salvo
raras exceções. Infelizmente, estamos parados, enquanto os outros países estão
melhorando seus processos. A nossa distância dos países do primeiro mundo e de
nossos concorrentes diretos vêm aumentado, sistematicamente. O que não é, nada
bom!
Segundo
especialistas o trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto
ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão
ou coreano em 20 minutos. Isso significa que a produtividade do Brasil é baixa,
mas não quer dizer que o brasileiro seja inapto. Há atrasos na formação pessoal
dos brasileiros e também na infraestrutura das empresas, o que afeta, radicalmente,
os resultados.
Em termos de riqueza, o Brasil produz em uma hora o equivalente a US$
16,75, valor que corresponde a 25% do que é produzido nos EUA, com US$ 67/h.
Comparado a outros países, como Noruega com US$ 75/h, ficamos a 22% deles; Luxemburgo
com US$ 73/h, ficamos a 23%; os Suíços com US$ 70/h, ficamos a 24% do que eles
produzem.
Num ranking com
124 nações, outros 76 países estão à nossa frente.
O diagnóstico já é sabido: a baixa
qualificação e capacidade dos trabalhadores, o que, normalmente, chamamos de Capital
Humano; assim como a tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas, a que
chamamos de Capital Físico; o investimento caro e abaixo do necessário, a que
chamamos de Capital Financeiro; e a nossa Infraestrutura, com a devida
precariedade de rodovias, ferrovias, hidrovias, além da insuficiência e
sucateamento de nossos portos.
Outro dado
interessante é o alastramento do trabalho informal que também agrava o quadro
de baixa produtividade no país. Afinal, temos cerca de 40 milhões de pessoas
nessa situação, atualmente. Isso significa que não é, somente, o trabalhador
que possui baixa qualidade, é que o seu emprego, também que se caracteriza como
de baixa qualidade.
Além dos problemas citados, existe o gigantismo de nossa burocracia que
se coloca como grande limitadora desse processo.
Imaginem uma
empresa com 500 funcionários. Para ela operar, além de seu sistema produtivo,
ela precisa fazer uso de 30 funcionários, apenas para atender a burocracia de passar o dia inteiro acompanhando as mudanças tributárias que ocorrem
nos âmbitos federal, estadual e municipal para cuidar corretamente do
recolhimento dos tributos, o que representa, 6% de seu
quadro de pessoal.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) estima que em
média 1,5% do faturamento das empresas, cerca de R$ 200 bilhões anuais se esvai
em burocracia.
De 1988 até
outubro de 2017, a burocracia estatal brasileira criou 377.566 normas
tributárias, das quais apenas 26.268 estavam em vigor nesta data. Incrível,
não?
O Brasil precisa,
pelo menos, trilhar dois caminhos: melhorar a educação em todos os níveis através
de investimentos e melhoria do gerenciamento das escolas e buscar a
modernização do capital físico das empresas, o que significa dizer, modernizar máquinas
e equipamentos empresariais.
A educação dos brasileiros precisa se tornar plural e voltada às
empresas. É preciso, proporcionar uma aproximação das
escolas às empresas, seja no
ensino superior, no ensino médio e ensino técnico, fazendo com que o trabalhador
chegue às empresas com conhecimento consolidado, e não sem a base necessária,
como acontece hoje.
Estudos da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), apontam que o setor
industrial brasileiro é 23% mais caro que o norte-americano, o que derruba toda
a competitividade dos produtos nacionais.
Por outro lado, os
setores nos quais a eficiência brasileira melhorou estão na agricultura,
reflexo da incorporação maciça de inovações tecnológicas; no mercado financeiro
devido ao salto dado com base nas tecnologias provenientes do mundo digital; na
indústria automotiva e na Embraer devido, principalmente, à robotização e à racionalização
do trabalho.
Dados de
especialistas, apontam que a renda “per capita” do brasileiro, simplesmente,
dobraria com a melhoria de produtividade. Nesse sentido, um relatório do Banco
Mundial sobre produtividade, lançado em 2018, aponta que a renda “per capita”
brasileira é aproximadamente 20% da renda “per capita” dos EUA. Se o Brasil
tivesse a mesma produtividade que os norte-americanos, a renda do país seria
mais de 50% da dos EUA, mesmo sem investimento adicional em máquinas e
equipamentos ou capital humano. Ou seja, a renda “per capita” atual mais do que
dobraria, somente, com melhorais de produtividade.
Segundo o relatório
“Competitividade Brasil” de 2018-2019, elaborado, anualmente, pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria), o Brasil está em 17º lugar na lista que compara o
desempenho de 18 países em nove fatores que têm impacto sobre a eficiência e o
desempenho das empresas na conquista de mercados, onde o último lugar é ocupado
pela Argentina.
Dentre os fatores
avaliados estão a disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e
custo de capital; infraestrutura e logística; peso dos tributos; ambiente macroeconômico;
competição e escala do mercado doméstico; ambiente de negócios; educação,
tecnologia e inovação.
No topo do ranking está
a Coreia do Sul, seguida do Canadá e Austrália. Entre os latino-americanos, o
Chile encontra-se no 8º lugar; o México no 11º lugar; a Colômbia no 14º lugar; e
Peru no 16º lugar, portanto, à frente do Brasil.
É preciso
compreender que a competitividade do país define o poder que as empresas têm de
conquistar mercados. E, à medida em que esse poder aumenta, a empresa gera mais
empregos, mais renda e contribui para o crescimento econômico do país.
Caso o Brasil não
resolva seus problemas de competitividade nas empresas, principalmente, as
questões tributárias e de infraestrutura, isso se transformará em dificuldades
na retomada da economia para que possamos alcançar um cenário de crescimento onde
o padrão de vida dos brasileiros se aproxime do padrão de vida dos países mais desenvolvidos.
Realmente o Brasil tem que investir na educação para formar profissionais que acompanham a inovação, como também melhoria em toda sua estrutura para chegamos próximo aos países concorrentes.
ResponderExcluirExcelente trabalho Sérgio
ResponderExcluirAbordagem perfeita e completa do tema. Patabens!
Infelizmente está realidade já faz um diferencial enorme em nossa economia.A educação é o alicerce capaz de sustentar e criar oportunidades para o ser humano e para toda comunidade onde está inserido. Não há nenhum outro caminho senão o conhecimento, a capacitação. Temos inúmeros formandos, más nós falta o profissional qualificado que tenha de fato o conhecimento. Diga-se de passagem, o diploma tornou-se um mero desejo em detrimento a formação e o conhecimento.
ResponderExcluirParabéns Sérgio! Excelente abordagem sobre o assunto.