Como uma das dez
maiores economias do planeta, não podemos ficar de fora do jogo internacional.
Portanto, é hora de reinserirmos o Brasil no mundo.
O mundo, de certa
forma, olha para nós e espera que tenhamos posições internacionais de destaque,
como em papéis positivos na evolução da economia global, do comércio
internacional, e das questões relacionadas ao protecionismo exacerbado.
Para isso, será
necessário atentarmos aos princípios legais, contidos, em nossa Constituição, precisamente,
em seu artigo 4, onde diz que a República Federativa do Brasil, nas suas
relações internacionais, rege-se pelos princípios da independência nacional; da
prevalência dos direitos humanos; da autodeterminação dos povos; da não-intervenção;
da igualdade entre os Estados; da defesa da paz; da solução pacífica dos
conflitos; do repúdio ao terrorismo e ao racismo; da cooperação entre os povos
para o progresso da humanidade, e da concessão de asilo político.
Com a chegada do
novo governo, tem-se a impressão de que prevalecerá orientações de alguns
setores das Forças Armadas para elaboração estratégica da inserção
internacional do Brasil, certamente, com formulação de uma política externa proativa.
As forças
armadas, têm conhecimento nessa direção como na preservação dos interesses
nacionais, na condução das questões de estado, nos temas de defesa, na projeção
do país sem uso da força.
Nesse jogo
internacional, existem os interesses nacionais, os interesses internacionais e as
nossas prioridades como nação. E, dentre as prioridades, nos cabe capacitarmos
tecnologicamente para enfrentar os desafios da defesa nacional e das questões
de segurança e da tecnologia nacional.
Quando se argumenta
o lugar do Brasil no mundo, isso não é algo abstrato. Dentro deste contexto, temos
que discutir a nossa posição levando em conta os desafios que nos apresenta,
tanto no campo interno quanto no campo externo.
Os desafios
internos, se encontram na estabilidade da economia, na redução dos gastos
públicos, nas reformas tributária, na reforma da previdência, na reforma do
estado, na desburocratização, sem o que não vamos avançar em outras agendas. E,
do ponto de vista externo, tudo o que está acontecendo no mundo como o
protecionismo americano, a nova geopolítica, a emergência da China como país
hegemônico, etc.
Por aqui, falhamos,
pela não formulação de um planejamento estratégico para o país. Infelizmente, não
pensamos o país estrategicamente!
Desse modo, nossa
condição atual é de isolamento nas negociações comerciais do mundo.
Nos últimos
quatorze anos, o mundo negociou mais de 250 acordos de livre comércio, enquanto
o Brasil negociou apenas três. Com a autoridade Palestina, com Israel e com o
Egito. Ou seja, quase nada! Some-se a isso, o fato de estarmos atrasados em
nível de inovação e tecnologia, com o restante do mundo.
Pesquisas, da
CNI, e da FIESP, apontam que somente 2% das indústrias brasileiras, estão no
nível da indústria 4.0, o que é o estado da arte da indústria no mundo; e 30%
da indústria brasileira nunca ouviu falar nisso.
Essa é a
realidade do Brasil. Perdemos poder, perdemos espaço no comércio internacional
e na exportação de manufaturas, portanto, perdemos influência no mundo.
Além disso,
estamos crescendo menos do que o resto do mundo. Esse é o grande desafio, antes
de pensarmos nos projetos específicos. Portanto, um dos grandes obstáculos para
o governo atual.
Na realidade,
nossa projeção internacional depende de nossa conectividade e de nossa articulação
com a política macroeconômica do país. É preciso ter visão de médio e longo
prazo, com prioridades bem definidas, na defesa dos interesses do Brasil; pois,
a política externa só tem força e somente tem voz, se tiver o respaldo e a
conectividade na economia, o que não é diferente no resto do mundo.
Segundo
especialistas, as principais prioridades do Brasil seria uma aproximação maior
com os países desenvolvidos, sobretudo, os EUA e a Europa, por causa do
componente de inovação e tecnologia; e a preservação da política em relação à
China porque a China é o principal parceiro comercial com o Brasil.
Um dos aspectos
da nova geopolítica, requer o fortalecimento do regionalismo. Nesse aspecto a Aliança
para o Pacífico, seria uma mudança, uma inovação importante na política externa
brasileira. Assim, cabe o comentário: ou a gente se integra direito nos fluxos
dinâmicos do comércio internacional e da economia internacional e aumentamos a
nossa voz no exterior ou vamos ficar do jeito que estamos.
Cabe, então, ao
novo governo definir as prioridades. O que a gente quer do país
internacionalmente? O que o Brasil quer com relação à China? O que o Brasil
quer com relação aos EUA? O que o Brasil quer com relação à União Europeia? E quais
são as definições importantes na defesa do interesse do Brasil?
O que conta no
jogo internacional são os interesses do nosso país, e não apenas uma política
de solidariedade. Todas as nações têm seus interesses, e nós também temos os
nossos, o que é legitimamente, normal.
Afinal, somos a décima
economia do mundo, um país de dimensões continentais, com apetite e condições
de participar, proativamente, das questões do mundo e do comércio internacional.
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